Comissão Eleitoral Monárquica

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Comissão Eleitoral Monárquica
Comissão Eleitoral Monárquica
Fundação 1969
Dissolução 1969
Ideologia Monarquismo
Nacionalismo Português
Tradicionalismo
Conservadorismo
Conservadorismo social
Constitucionalismo
Antecessor Causa Monárquica
(não oficialmente)
Sucessor Convergência Monárquica
(não oficialmente)
Cores Azul e Branco

A Comissão Eleitoral Monárquica (CEM) foi formada em 1969 para concorrer pelo círculo de Lisboa às eleições legislativas para a Assembleia Nacional de Outubro desse ano.

A divisão da direita política relativamente à atitude perante a ditadura portuguesa fazia-se sentir no campo monárquico. Embora a maior parte dos monárquicos tenha sido integrada no Estado Novo ou manifestado tolerância para com a política de Salazar, alguns dos fundadores do Integralismo Lusitano, como Almeida Braga e José Hipólito Raposo, criticaram este regime autoritário, designando-o por "salazarquia", e aproximaram-se várias vezes da sua oposição. A defesa da autonomização dos sectores monárquicos relativamente ao já fragilizado Estado Novo fora já expressa em actos eleitorais anteriores.

Rolão Preto chegou a declarar que "o Estado Novo foi a ruína da Nação".

As oportunidades de participação política criadas pela descompressão marcelista motivam a criação da CEM, que apresenta uma lista própria no círculo de Lisboa. Entre os doze candidatos, destacam-se figuras como o antigo chefe nacional-sindicalista Francisco Rolão Preto (o qual fora apoiante das candidaturas presidenciais oposicionistas de Quintão Meireles e Humberto Delgado), o académico de formação integralista Henrique Barrilaro Ruas (antigo membro do Conselho da Lugar-Tenência da Causa Monárquica, que abandonara em Novembro de 1968 para intervir na política), que seria o principal rosto público da CEM, ou ainda o industrial Fernando Honrado. Diferentes gerações de monárquicos conviveram numa lista em que as idades variam entre os 75 anos do ex-integralista Joaquim Toscano de Sampaio e os 25 anos do estudante Manuel Magalhães e Silva.

Embora vários dos membros da CEM tivessem desempenhado funções na Causa Monárquica, a sua iniciativa ocorre à margem desta organização monárquica que, colocando acima de tudo a defesa das colónias, apelava à unidade nacional, traduzida no apoio ao Estado Novo. A lista encabeçada por Rolão Preto contaria também com a oposição de António de Sèves, lugar-tenente do pretendente ao trono, Duarte Nuno de Bragança. O sector mais tradicionalista e conservador dos monárquicos portugueses encara negativamente o liberalismo manifestado pela CEM e as críticas desta lista ao Estado Novo. Por seu lado, a Liga Popular Monárquica (LPM) reclama a presença dos monárquicos na Assembleia Nacional, o órgão legislativo do Estado Novo.

Mesmo as diversas críticas ao regime autoritário então vigente, a CEM considerava desadequada à finalidade das eleições pôr em causa a existência do Estado Novo. Por esta razão, a Comissão adoptará uma posição algo ambígua relativamente à apreciação deste regime político, sendo por exemplo o colonialismo (não isento porém de críticas da CEM à política colonial da União Nacional) um elemento de aproximação entre a CEM e o Estado Novo.

No entanto, os monárquicos independentes da CEM estabeleceram boas relações com a Comissão Democrática Eleitoral (CDE) e a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD) e insistiram muito na questão das liberdades públicas, cuja restauração reclamavam, elegendo como prioridade a abolição da censura e a criação de uma lei que permitisse a livre expressão da imprensa.

A Comissão Eleitoral Monárquica obterá no sufrágio de 26 de Outubro apenas 1352 votos, correspondentes a 0,8% do total registado no círculo de Lisboa. Apesar de uma votação quase irrelevante, os membros da CEM destacaram-se pela sua participação, que simboliza que os monárquicos, ou pelo menos uma parte deles, se afirmaram disponíveis para fazer parte de um futuro sistema democrático e pluralista.

Resultados Eleitorais[editar | editar código-fonte]

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data Líder CI. Votos % +/- Deputados +/- Status Notas
1969 Henrique Barrilaro Ruas 4.º 1 324
0,12 / 100,00
0 / 130
Extra-parlamentar

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CRUZ, Manuel Braga da, “Monárquicos”, in Dicionário de História de Portugal, vol. 8, coordenação de António Barreto e Maria Filomena Mónica, Lisboa, Livraria Figueirinhas, 1999.
  • Dossier da Comissão Eleitoral Monárquica, Lisboa, Livraria Editora Pax, 1973.
  • As Eleições de Outubro de 1969. Documentação básica, coordenação de João Palma Ferreira, Lisboa, Publicações Europa-América, 1970.
  • PINTO, Jaime Nogueira, Portugal: Os Anos do Fim. A revolução que veio de dentro, Lisboa, Sociedade de Publicações Economia e Finanças, 1976.
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