Vodum: diferenças entre revisões

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'''Vodum''', '''vodun''', '''voodoo''', '''vudu''' ou '''vodu'''<ref>{{Citar priberam|vudu}}</ref> são termos que se referem aos vários ramos de uma tradição [[Religião|religiosa]] baseada nos [[Antepassado|ancestrais]] que tem as suas raízes primárias entre os povos [[Ewés|Ewe]]-[[Fons|Fon]] do [[Benim]], onde é, hoje, a religião nacional, com mais de 7 milhões de adeptos. Além da tradição fon, ou do [[Reino do Daomé|Daomé]], que permaneceu na África, existem tradições relacionadas que lançaram raízes no [[Novo Mundo]] durante a época do [[Tráfico negreiro|tráfico transatlântico de escravos]] (século XVI - século XIX) e que persistem até hoje, como o [[candomblé]] [[brasil]]eiro, o [[vodu haitiano]], a [[santería]] [[cuba]]na, o [[Voodoo da Louisiana|vudu da Luisiana]] ([[Estados Unidos]]), etc. "Vodum" pode designar tanto a religião quanto os [[espírito]]s centrais nessa religião.
'''Vodum''', '''vodun''', '''voodoo''', '''vudu''' ou '''vodu'''<ref>{{Citar priberam|vudu}}</ref> são termos que se referem aos vários ramos de uma tradição [[Religião|religiosa]] baseada nos [[Antepassado|ancestrais]] que tem as suas raízes primárias entre os povos [[Ewés|Ewe]]-[[Fons|Fon]] do [[Benim]], onde é, hoje, a religião nacional, com mais de 7 milhões de adeptos. Além da tradição fon, ou do [[Reino do Daomé|Daomé]], que permaneceu na África, existem tradições relacionadas que lançaram raízes no [[Novo Mundo]] durante a época do [[Tráfico negreiro|tráfico transatlântico de escravos]] (século XVI - século XIX) e que persistem até hoje, como o [[candomblé]] [[brasil]]eiro, o [[Tambor de Mina|tambor de mina]] do [[Maranhão]], o [[vodu haitiano]], a [[santería]] [[cuba]]na, o [[Voodoo da Louisiana|vudu da Luisiana]] ([[Estados Unidos]]), etc. "Vodum" pode designar tanto a religião quanto os [[espírito]]s centrais nessa religião.


==África==
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Revisão das 13h10min de 3 de dezembro de 2018

 Nota: Para outros significados, veja Vodum (desambiguação).

Vodum, vodun, voodoo, vudu ou vodu[1] são termos que se referem aos vários ramos de uma tradição religiosa baseada nos ancestrais que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon do Benim, onde é, hoje, a religião nacional, com mais de 7 milhões de adeptos. Além da tradição fon, ou do Daomé, que permaneceu na África, existem tradições relacionadas que lançaram raízes no Novo Mundo durante a época do tráfico transatlântico de escravos (século XVI - século XIX) e que persistem até hoje, como o candomblé brasileiro, o tambor de mina do Maranhão, o vodu haitiano, a santería cubana, o vudu da Luisiana (Estados Unidos), etc. "Vodum" pode designar tanto a religião quanto os espíritos centrais nessa religião.

África

Ver artigo principal: vodum da África Ocidental
Área original do vodu e das línguas gbe

O vodum da África Ocidental (Vodun ou Vudun na língua fon do Benin e da Nigéria e na língua ewe do Togo e Gana) é uma religião tradicional da costa da África Ocidental, da Nigéria a Gana. É distinta das religiões animistas tradicionais do interior desses mesmos países, e semelhante a diversas religiões surgidas com a diáspora africana no Novo Mundo, como o vodu haitiano, o vodu da República Dominicana, o candomblé jeje no Brasil, o voodoo da Luisiana e a santería em Cuba, que são sincretizadas com o cristianismo e as religiões tradicionais africanas do povo bacongo.

É praticado pelos Ewe, Kabye, Mina, Fon e (com um nome diferente) os povos iorubás do sudeste do Gana, Togo meridional e central, Benin meridional e central, e sudoeste da Nigéria. A palavra vodún (pronunciado vodṹ - ou seja, com um u nasal em um tom alto) é o termo Gbe (Ewe-Fon) para a palavra "espírito".

60% da população do Benim, cerca de 4,5 milhões de pessoas, praticam vodum. Além disso, muitos dos 15% da população beninense que se denominam "cristãos" praticam, na verdade, uma religião sincretizada, semelhante ao vodu haitiano ou ao candomblé brasileiro. Muitos deles são descendentes de escravos libertos brasileiros que se fixaram na costa perto de Ouidah. Em Togo, cerca de metade da população indígena pratica religiões, das quais o vodum é, de longe, a mais seguida, com cerca de 2,5 milhões de seguidores. Pode haver outros milhões de vodúnsis entre os ewés de Gana: 13% da população de 20 milhões são ewe e 38% dos ganenses pratica religiões tradicionais. Cerca de 14 milhões dos nigerianos pratica religiões tradicionais, principalmente o vodum.

Brasil

A tradição e a cultura dos escravos jejes, ewés, fons, minas, fantes e axântis deram origem no Brasil às tradições conhecidas como:

Cuba

A tradição fon mais ou menos "pura" de Cuba é conhecida como La Regla Arará. Ver também: Santería.

Estados Unidos

Ver artigo principal: Voodoo da Louisiana

É importante notar que a palavra Voodoo é a mais comum, conhecida e usada na cultura popular americana, embora seja vista como ofensiva pelas comunidades praticantes da Diáspora africana. As soletrações diferentes deste termo podem ser explicadas como segue:

A palavra voodoo é usada para descrever a tradição creole de New Orleans; vodou é usado para descrever a tradição vodu haitiana.

O vudu da Luisiana, também conhecido como New Orleans Voodoo, é uma religião da diáspora africana, uma forma de espiritualidade que foi desenvolvida falando-se a língua francesa e o Creole pela população Afro-americana do estado de Luisiana, nos Estados Unidos.

Haiti

Ver artigo principal: vodu haitiano

O vodu haitiano, chamado de Sèvis Gine ("serviço africano") no Haiti, tem também fortes elementos dos povos Igbo, Congo da África Central e o ioruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou "nações" da África tenham representação na liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios tainos, os povos originais da ilha agora conhecida como Hispaniola.

Formas crioulas de vodu existem no Haiti (onde é nativo), na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como santería) em Cuba, candomblé e umbanda no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas.

Voduns

Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, que criou a terra e os seres vivos e engendrou os voduns, divindades que a ("Mawu" é do gênero feminino) secundariam no comando do universo. Ela é associada a Lissá, que é masculino, e também corresponsável pela criação, e os voduns são filhos e descendentes de ambos. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital).

Os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem, basicamente, 4 famílias principais:

  • Os Ji-vodun, ou "voduns do alto", chefiados por (forma basilar de Heviossô).
  • Os Ayi-vodun, que são os voduns da terra, chefiados por Sakpatá.
  • Os Tô-vodun, que são voduns próprios de uma determinada localidade (variados).
  • Os Henu-vodun, que são voduns cultuados por certos clãs que se consideram seus descendentes (variados).

No Brasil, os voduns são cultuados nos terreiros de candomblé, sobretudo nos da nação jeje, onde ainda se conserva alguma lembrança da divisão por famílias.

  • Fá - Vodun do oráculo, senhor da adivinhação.
  • Ayizàn - Senhora guardiã do portal entre os dois mundos (espiritual e material).
  • Elégbá - Elégbátó, Dono das ruas, dinheiro, mercados e da fala é também muito comum sua presença nas entradas dos templos para a proteção dele.
  • Gú- Senhor de Húntójí, o ferreiro e agricultor, dono e criador de todas as armas. Caçador e guerreiro.
  • Atólú - Vodun guerreiro, guardião do palácio do rei de Savalú, Toxwyó da cidade de Savé.
  • Agé - Agé gbénú, vodun caçador e guardião das matas, Isaýin, Igbò e Agémà seriam de sua família e junto aos Zàngbétó são os donos de toda a folha e a cura através dela.
  • Lòkò- Divindade que reside dentro de uma árvore, o primogênito dentre os voduns e junto a agé são responsável no Candomblé brasileiro por observar e manter os preceitos e e segredos do culto ao Vódùn. temos em sua família: Lòkò-hokò, Lòkò Kpásè e Atindánlokò.
  • Akó Gbèsén- Divindade representado pela Serpente, chefe de um imenso panteão vodun ao qual encontramos Akótókwén, Gbáfònnú, Dàngbádaá, Dàngbè, Aidò-wédó, Azlí, Jíkún, Dàndááxò, Tòkwèn e Flékwèn.
  • Sákpátá - Vódùn da Varíola, possui muitos títulos, tem relação com as doenças, enfermos e a cura. Tem grande enfase no culto do candomblé Její Savalú, seria seus titulos Azònsú, Azònwaní, Ayíonò, Azòn, Jéxòsú e em sua família encontramos: Ohólú, Avímaádjí ou Azòn djí, Azilé, Kpálálá e Yieowá.
  • Sògbò- Vódùn do raio, que junto a sua família está relacionado a muitos fenômenos da natureza como a Chuva, Tempestades, furacões tufões, fogo e etc. e dentro de sua família encontramos muitos outros voduns pertencentes ao panteão de voduns das aguas, então temos: Hèvíosò, Gbádé, Càngò, Akloòmblé, Adèèn, Avlékété,e etc.
  • Hú - Vodun chefe do panteão dos voduns das aguas, nela temos outro voduns como: Tòkpádún, Tògbòsí, Agbè, Nayiè Watá.
  • Nánà - Senhora da Vida e da morte, Vodun muito respeitada dentro do candomblé e com grande importância para os Savalú.
  • Kenesí - equivalente ao culto das Iyamí do yorubá, culto pouco conhecido no Brasil
  • Kututó - Equivalente ao culto de Babá Eegun do yorubá, culto pouco conhecido no brasil e não feito em casas de candomblé.

É muito comum também, perceber a participação dos voduns em outras famílias e saber que existem muitos outros voduns que o culto não chegou até o brasil ou que o culto foi agrupado a outra divindade.

Rituais

Voduns não usam roupas luxuosas, não gostam de roupas de festa e, geralmente, preferem a boa e velha roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os voduns estão sempre de olhos abertos e, salvo algumas exceções, conversam (usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura.

encontramos nas casas de culto ao vodun no brasil alguns rituais específicos como :Sanjetò, Tò, Kpolé, Ajahutó, Kan, Zò, Kundá, Vivawe, Sanjegbè, Nahùnnú, Gbo le Gbo le, Agidazen.

Iniciação

A iniciação ao culto dos voduns é complexa principalmente no começo da sistematização e organização do candomblé que a tornava muito longa e bem duradoura com fundamentos internos e externos e muitos ritos que enriqueciam mais ainda o povo její e o diferenciava de outras culturas como o processo do Glá, Dengwe, Mixaô, aprendizagem do Húngbè, Núbyatô e etc.

Hierarquia

  • Gàniyákú- " A senhora da saia longa" ou a mais velha entre os jejís, por isso geralmente esse titulo e ocupado pela representante da casa matriz de cada vertente Její seja ela Maxí ou Savalú.
  • Húngbónò - Hùngbónà - aquele ou aquela que possui os conhecimentos sobre o culto ao vódùn, titulo dado ao sacerdote assim que toma a frente de uma casa.
  • Dònné - Dònté e o primeiro titulo ao qual o recém sacerdote passa a ser chamado.
  • Méjító- é um titulo oriundo do Kpó-Dáágbá (casa de grande referência její do Rio de Janeiro), titulo sacerdotal assumido por mulheres.
  • Vódùnnò - Vódúnnà - titulo daquele ou aquela que é o zelador do templo de um determinado Vódùn.
  • Méhùntó - Méhùnnà - auxiliares maiores do Zelador, no Maxí encontramos: Méhuntó e Deré/ Mehuntó e Hunsô, postos similares à Babá Kekerê e Iya Kekerê.
  • Ogà e Anágàn - Homem e mulher que não é tomado pelo vodun e que pode receber diversos postos como Kpènjígán, Húntó, Ekedjí, Hùnsó, Dúgàn e etc.
  • Hùnsémà ou Sénmàtó - posto dado para aquele que irar cuidar do plantio e coisas voltadas para as folhas, arvores e etc.
Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Vodum

Referências

  • Ajayi, J.F. and Espie, I. "Thousand Years of West African History" (Ibadan: Ibadan University Press, 1967).
  • O Livro dos Deuses Voduns, Vodun no Brasil-
  • Akyea, O.E. "Ewe." New York: (The Rosen Group, 1988).
  • Asamoa, A.K. "The Ewe of South-Eastern Ghana and Togo: On the eve of colonialism," (Ghana: Tema Press. 1986).
  • Ayivi Gam l . Togo Destination. High Commissioner for Tourism. Republic of Togo, 1982.
  • Bastide. R. African Civilizations in the New World. New York: Harper Torchbooks, 1971.
  • Decalo, Samuel. "Historical Dictionary of Dahomey" (Metuchen, N.J: The Scarecrow Press, 1976).
  • Deren, Maya. "Divine Horsemen: The Living Gods of Haiti." (London: Thames and Hudson, 1953).
  • "Demoniacal Possession in Angola, Africa". Journal of American Folk-lore. Vol VI., 1893. No. XXIII.
  • Ellis, A.B. "Ewe-Speaking Peoples of the Slave Coast of West Africa" (Chicago: Benin Press, 1965).
  • Fontenot, Wonda. L. "Secret Doctors: Enthnomedicine of African Americans" (Westport: Bergin & Garvey, 1994).
  • Hazoum ‚ P. “Doguicimi. The First Dahomean Novel" (Washington, DC: Three Continents Press, 1990).
  • Herskovits, M.J. and Hersovits, F.S. Dahomey: An Ancient West African Kingdom. Evanston, IL: Northwestern University,
  • Hindrew, Vivian M.Ed., Mami Wata: African's Ancient God/dess Unveiled. Reclaiming the Ancient Vodoun heritage of the Diaspora. Martinez, GA: MWHS.
  • Hindrew, Vivian M.Ed., Vodoun: Why African-Americans Fear Their Cosmogentic Paths to God. Martinez, GA. MWHS:
  • Herskovits, M.J. and Hersovits, F.S. "An Outline of Dahomean Religious Belief" (Wisconsin: The American Anthropological Association, 1933).
  • Hurston, Zora Neale. "Tell My Horse: Voodoo And Life In Haiti And Jamaica." Harper Perennial reprint edition, 1990.
  • Hyatt M. H. "Hoodoo-Conjuration-Witchcraft-Rootwork" (Illinois: Alama Egan Hyatt Foundation, 1973), Vols. I-V.
  • Journal of African History. 36. (1995) pp. 391–417.Concerning Negro Sorcery in the United States;
  • Language Guide (Ewe version). Accra: Bureau of Ghana Languages,
  • Manoukian, Madeline. “The Ewe-Speaking People of Togland and the Gold Coast”. London: International African Insittute, 1952.
  • Maupoil, Bernard. "La Geomancie L'ancienne des Esclaves" (Paris: L'universit‚ de Paris, 1943).
  • Metraux, Alfred. "Voodoo In Haiti." (Pantheon reprint edition, 1989)
  • Newbell, Pucket. N. “Folk Beliefs of the Southern Negro”. S.C.: Chapel Hill, 1922.
  • Newell, William, W. "Reports of Voodoo Worship in Hayti and Louisiana," Journal of American Folk-lore, 41-47, 1888. p. 41-47.
  • Pliya, J. "Histoire Dahomey Afrique Occidental" (Moulineaux: France, 1970).
  • Slave Society on the Southern Plantation. The Journal of Negro History. Vol. VII-January, 1922-No.1.

Ver também

Ligações externas

em inglês

Predefinição:Mitologia Africana