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Os fonemas usados no português do Brasil são, muitas vezes, diferentes dos usados no português europeu, ou seja, uma mesma palavra tem notação fonética diferente no Brasil da dos outros países lusófonos. Existem vários dialetos dentro do português brasileiro e o europeu, entretanto, dentro de cada padrão, esses dialetos compartilham as mesmas peculiaridades básicas do ponto de vista fonético. O português brasileiro utiliza 34 fonemas, sendo treze vogais, dezenove consoantes e duas semivogais.
Fonema * | Características fonéticas | Exemplos ** | |
---|---|---|---|
Vogais | /a/ | Aberta, central, oral, não arredondada. | átomo, arte. |
/ɐ/ | Semiaberta (dialetalmente semifechada possível no Rio de Janeiro), central, oral (possivelmente nasal quando na sílaba tônica antes de consoante nasal), não arredondada. | pano, ramo, lanho. | |
/ɐ̃/ | Semiaberta, central, nasal, não arredondada. | antes, amplo, maçã, âmbito, ânsia. | |
/ɛ/ | Semiaberta, frontal, oral, não arredondada. | métrica, peça. | |
/e/ | Semifechada, frontal, oral, não arredondada | medo, pêssego. | |
/ẽ/ | Semifechada, frontal, nasal, não arredondada | sempre, êmbolo, centro, concêntrico, têm, também.** | |
/ɔ/ | semiaberta (dialetalmente aberta possível no Rio de Janeiro), posterior, oral, arredondada | ótima, ova. | |
/o/ | Semifechada, posterior, oral, arredondada | rolha, avô. | |
/õ/ | Semifechada, posterior, nasal, arredondada. | ombro, ontem, cômputo, cônsul. | |
/i/ | Fechada, frontal, oral, não arredondada | item, silvícola. | |
/ĩ/ | Fechada, frontal, nasal, não arredondada. | simples, símbolo, tinta, síncrono. | |
/u/ | Fechada, posterior, oral, arredondada | uva, útero. | |
/ũ/ | Fechada, posterior, nasal, arredondada. | algum, plúmbeo, nunca, renúncia, muito. | |
Consoantes | /m/ | Nasal, sonora, bilabial | marca. |
/n/ | Nasal, sonora, alveolar | nervo. | |
/ɲ/ ~ /ȷ̃/ | Nasal sonora palatal ou Aproximante palatal nasalizada (varia com o falante) | arranhado. | |
/b/ | Oral, oclusiva, bilabial, sonora | barco. | |
/p/ | Oral, oclusiva, bilabial, surda | pato. | |
/d/ | Oral, oclusiva, linguodental, sonora | data. | |
/t/ | Oral, oclusiva, linguodental, surda | telha. | |
/g/ | Oral, oclusiva, velar, sonora | gato. | |
/k/ | Oral, oclusiva, velar, surda | carro, quanto. | |
/v/ | Oral, fricativa, labiodental, sonora | vento. | |
/f/ | Oral, fricativa, labiodental, surda | farelo. | |
/z/ | Oral, fricativa, alveolar, sonora | zero, casa, exalar. | |
/s/ | Oral, fricativa, alveolar, surda | seta, cebola, espesso, excesso, açúcar, auxílio, asceta. | |
/ʒ/ | Oral, fricativa, pós-alveolar, sonora | gelo, jarro. | |
/ʃ/ | Oral, fricativa, pós-alveolar, surda | xarope, chuva. | |
/ʁ/ | Oral, vibrante, sonora, uvular. Inúmeros alófonos pelo território nacional, costuma ter esta exata pronúncia apenas em Santa Catarina, no Paraná, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e na Zona da Mata Mineira como resultado da maior influência europeia na região. | rato, carroça. | |
/ɾ/ | Oral, vibrante, sonora, alveolar | variação. | |
/ʎ/ | Oral, lateral aproximante, sonora, palatal. Ausente no dialeto caipira e socioletos de baixo prestígio por todo o território nacional, possuindo como alófonos /j/ e /l/ em tais ambientes. | cavalheiro. | |
/l/ | Oral, lateral aproximante, sonora, alveolar | luz. | |
Semivogais | /j/ ~ /ȷ̃/ | Oral, palatal, sonora | uivo, mãe, área, têm, também, vivem. |
/w/ ~ /w̃/ | Oral, velar, sonora. Uso como /ɫ/ vocalizado possui como alófono /ɻ/ no dialeto caipira e /ɫ/ em certos regionalismos do dialeto gaúcho, como o original do português europeu. | automático, móvel, pão, frequente, falam. |
Comparação com português europeu[editar | editar código-fonte]
Alguns autores sugerem que o português do Brasil seguiu as características do português europeu do Centro-Sul.[1] No entanto, dados históricos provam que a grande maioria dos imigrantes portugueses que se instalaram no Brasil durante não só o período colonial mas também no período pós-colonial eram oriundos das regiões Norte/Nordeste do país, o que sugere que o português do Brasil poderá ter uma grande influência dos dialetos setentrionais de Portugal.[2]
Alguns aspectos conservadores e inovadores da fonética brasileira:
Aspectos conservadores[editar | editar código-fonte]
Na maior parte do Brasil, os -s e -z em final de palavra ou diante de consoante surda são realizados como [s] (como em "atrás" ou "uma vez") ou como [z] diante de consoante sonora ("desde"), em vez de [ʃ] e [ʒ] como em Portugal.
As vogais átonas permaneceram abertas, perpetuando "mais uma vez a pronúncia de Portugal antes das grandes mutações fonéticas do século XVIII".[3]
Por outro lado, certas inovações fonéticas ocorridas no português europeu no século XIX foram ignoradas no Brasil: manteve-se a pronúncia [ej] em ditongos como do "ei" em "primeiro", versus a pronúncia [ɐj]; a pronúncia do "e" tônico como [e], versus [ɐ], em palavras como "espelho" ou "vejo".[4]
Aspectos inovadores[editar | editar código-fonte]
Entre outros, assinalam-se os seguintes: Desaparição da oposição entre timbre aberto e fechado nas vogais tônicas a, e e o seguidas de consoante nasal (ex: "vênia" vs. "vénia", "Antônio" vs. "António"); O mesmo fenômeno ocorre nas vogais das sílabas pretônicas (ex: o primeiro "a" de cadeira, pronunciado /a/ no Brasil e /ɐ/ em Portugal); Vocalização do "l" velar, como em "animal", que em algumas regiões é pronunciado [ɐ̃niˈmaw].[5]
Os fenômenos fonológicos do PB que não ocorreram no PE ora são apresentados pelos tupinólogos como provas da influência tupi, ora pelos africanistas como influência das línguas dos escravos. Alguns autores, porém, contestam a tese de que esse tipo de influência tenha sido determinante, preferindo interpretar tais mudanças fonéticas como "desenvolvimento ou a realização de tendências latentes, embrionárias ou incipientes na língua-tronco",[6] porquanto tais fenômenos são encontrados em outras línguas neolatinas:
- ensurdecimento e queda do r final: ocorre também em francês, provençal, catalão, andaluz, etc.;
- ieísmo (e. g. *muier por mulher ou *trabaio por trabalho): no francês, em espanhol, no galego, em Portugal, em dialetos crioulos portugueses;
- redução de nd a n nos gerúndios (e. g. *andano em vez de andando): efetuou-se no catalão antigo, aragonês, italiano centro-meridional;
- alguns casos de epêntese (e. g., *fulô por flor ou *quelaro por claro): aparece na evolução do latim nas diversas línguas românicas;
- terminação verbal átona desnasalizada (e. g. *amaro por amaram): ocorre o mesmo em alguns falares do Norte de Portugal, como o do Baixo Minho;
- queda ou vocalização do l final (e. g. *finaw em vez de final): possível de ouvir também em algumas zonas do Alto Minho, no Norte de Portugal, e da Madeira, em Portugal Insular.
Nota: o asterisco (*) marca as palavras ortograficamente incorretas
Nasalização[editar | editar código-fonte]
A nasalização é muito mais presente no português brasileiro que no europeu. Isso é especialmente perceptível em vogais antes de /n/ ou /m/ seguidos de vogal; no PB, são pronunciadas com tanta nasalização quanto as vogais foneticamente nasalizadas, enquanto no PE quase não têm nasalização. Pelo mesmo motivo, vogais abertas (que não ocorrem em nasalização no português em geral) não ocorrem antes de /n/ ou /m/ no PB, mas ocorrem no PE. Isso pode afetar a escrita das palavras, sendo a explicação para a maior parte das duplas grafias permitidas pelo Acordo Ortográfico, como harmónico [ɐɾˈmɔniku] e harmônico [aɦˈmõniku]. Um outro caso é a distinção que o PE faz entre falamos [fɐˈlɐmuʃ] e falámos [fɐˈlamuʃ], enquanto os brasileiros pronunciam os dois tempos verbais como [faˈlɐ̃mus].
De acordo com muitos historiadores, entre eles os célebres Teodoro Sampaio, Mário de Andrade e Roquette-Pinto, a nasalação da maior parte dos falares brasileiros é uma herança tipicamente indígena.[7] Que as línguas autóctones desta parte das Américas, especialmente o tupi-guarani, eram muito nasais, é indiscutível.[7]
No livro Aspectos da música brasileira, de Mário de Andrade, há a seguinte citação de Teodoro Sampaio:
(...) O vício da nasalação, herdado do índio, leva ainda hoje o brasileiro a fazer nasais sons que em vocábulos portugueses absolutamente não o são brasileira é um vício que os índios exclusivamente nos herdaram.
Uma exceção importante é a maior cidade do país, São Paulo, onde, supostamente pela influência da forte imigração italiana, a nasalização de vogais tônicas antes de consoante nasal não ocorre. Dessa forma, a palavra homens é pronunciada em São Paulo com um /o/ oral, não nasal, ao invés do /õ/ nasal ouvido em grande parte do Brasil. Isso é tornado especialmente relevante pela condição de São Paulo como grande centro da mídia brasileira, sede das principais emissoras de televisão (à exceção da Rede Globo), o que faz com que essa pronúncia não nasal seja ouvida em boa parte da programação nacional de televisão e rádio.
Um fenômeno relacionado ao já descrito é uma divergência de pronúncia da consoante representada por nh. No PE, a pronúncia é sempre [ɲ], mas, em boa parte do Brasil, é realizada como a semivogal nasalizada [j̃].[8] Exemplo: manhãzinha [mɐ̃j̃ɐ̃zĩj̃ɐ].
Redução de vogais[editar | editar código-fonte]
A redução de vogais é uma característica fonética notável da língua portuguesa, mas sua intensidade e frequência são variáveis entre a variante europeia e a brasileira.
De forma geral, os brasileiros pronunciam as vogais de forma mais aberta que os portugueses, mesmo quando estão reduzindo-as.[9] Nas sílabas seguintes à tônica, o PB geralmente pronuncia o O como [u], o A como [ɐ] e o E como [i]. Alguns dialetos do PB seguem esse padrão também nas vogais anteriores à sílaba tônica.
Em contraste, o PE pronuncia o A átono principalmente como [ɐ], elide (não pronuncia) algumas vogais átonas ou as reduz a uma vogal [ɨ] (um som que não existe no português do Brasil). Por exemplo, a palavra setembro é [seˈtẽbɾu]/[sɛˈtẽbɾʊ] no Brasil mas [s(ɨ)ˈtẽbɾu] em Portugal.
A principal diferença entre os dialetos internos do Brasil é a presença frequente ou não de vogais abertas em sílabas átonas. Em geral, os dialetos do Sul-Sudeste sempre pronunciam E e O átonos como [e] e [o], isso quando não são reduzidos a [i] e [u]. Nesse caso a pronúncia pode variar de palavra para palavra ou até de falante para falante. Em contraste, nos sotaques do Norte e Nordeste há muitas regras complexas, ainda não muito estudadas, que determinam a pronúncia aberta de E e O em posição átona em muitas palavras. Exemplo: “rebolar”, que se fala [heboˈla] no Sudeste e [hɛbɔˈla] no Nordeste.
Uma outra diferença perceptível, mesmo que pequena, entre os dialetos é a frequência de nasalização das vogais antes de M e N. No Norte-Nordeste, são nasalizadas quase sempre, enquanto no Sul-Sudeste podem permanecer não nasalizadas se forem átonas. Um exemplo famoso é a pronúncia de banana. No Nordeste se fala [bɐ̃ˈnɐ̃nɐ], enquanto no Sul a pronúncia é [baˈnɐ̃nɐ].
Palatalização de 'di' e ti'[editar | editar código-fonte]
Uma das tendências mais notáveis do PB moderno é a palatalização de /d/ e /t/ na maioria das regiões; esses sons são pronunciados como [dʒ] e [tʃ] (ou [dᶾ] e [tᶴ]), respectivamente, antes de /i/. A palavra presidente, por exemplo, se fala [pɾeziˈdẽtᶴi] nas regiões brasileiras em que esse fenómeno ocorre, mas [pɾɨziˈdẽt(ɨ)] em Portugal.
Essa pronúncia deve ter começado no Rio de Janeiro e ainda é frequentemente associada a essa cidade, mas atualmente é a norma em muitos outros estados e grandes cidades, como Belo Horizonte e Salvador. Recentemente, foi difundida para algumas regiões do estado de São Paulo (talvez pela imigração), onde é comum para a maioria dos falantes abaixo de 40 anos, em média. Sempre foi a norma na comunidade japonesa do Brasil, por ser também uma característica da língua japonesa. As regiões que ainda preservam o [ti] e o [di] não palatalizados se localizam principalmente no Nordeste e no Sul do país, por conta da influência maior do português europeu (no Nordeste) e do italiano e do espanhol (no caso do Sul).
Epêntese em encontros consonantais[editar | editar código-fonte]
O PB tende a desfazer encontros consonantais em que a primeira consoante não seja /r/, /l/, ou /s/ por meio da inserção da vogal epentética /i/, que também pode ser caracterizada, em certos contextos, como um xevá.[10]
Esse fenómeno acontece predominantemente em posição pretónica e com os encontros consonantais ks, ps, bj, dj, dv, kt, bt, ft, mn, tm e dm, isto é, encontros consonantais que não são comuns em português. Exemplo: "opção": [ɔpˈsɐ̃ʊ̃] > [ɔpiˈsɐ̃ʊ̃]).
No entanto, algumas regiões brasileiras (como Minas Gerais e partes do Nordeste) apresentam uma tendência oposta, de reduzir a vogal átona [i] em uma vogal muito fraca, o que faz com que partes ou destratar sejam frequentemente realizados como [pahts] e [dstɾaˈta]. Esse fenómeno pode ocorrer ainda mais intensamente em vogais átonas pós-tónicas (exceto as finais), causando a redução da palavra e a criação de encontros consonantais: prática > prát'ca; máquina > maq'na; abóbora > abobra; cócega > cosca).[11]
Supressão do R e vocalização do L[editar | editar código-fonte]
Na maioria das regiões do Brasil, [ʀ] (o som do dígrafo RR) é enfraquecido a [χ] ou [h], e o som representado pela letra R em fim de sílaba (qualquer que seja esse som no dialeto em questão), quando está no fim de verbos, costuma ser suprimido em contextos não formais. Assim, matar e correr são normalmente pronunciados como [maˈta] e [koˈhe]. Isto também é visto em PE, mas com menos frequência.[12]
Paralelamente, o som /l/ em fim de sílaba é pronunciado como [u̯] em quase todos os dialetos do país. Esses fenômenos, combinados com o fato de que /n/ e /m/ não ocorrem em fim de sílaba em português (sendo substituídos pela nasalização da vogal anterior), fazem com que o PB tenha uma fonologia que favorece fortemente sílabas abertas. Na quase totalidade do Brasil, a letra 'r' possui fonologia de [h], como exemplo a palavra "porta" fica pronunciada ['pohta]. Os únicos locais em que isso não ocorre é em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, talvez por conta da grande imigração portuguesa, italiana, alemã e eslava.
Dialetos do português brasileiro[editar | editar código-fonte]
A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, apesar das dimensões continentais do Brasil. A comparação das variedades dialetais do português brasileiro com as do português europeu leva à conclusão de que aquelas representam em conjunto um sincretismo destas, já que quase todos os traços regionais ou do português padrão europeu que não aparecem na língua culta brasileira são encontrados em algum dialeto do Brasil.
Há pouca precisão na divisão dialetal brasileira. Alguns dialetos, como o dialeto caipira, já foram estudados, estabelecidos e reconhecidos por linguistas tais como Amadeu Amaral. Contudo, há poucos estudos a respeito da maioria dos demais dialetos, e atualmente aceita-se a classificação proposta pelo filólogo Antenor Nascentes. Em entrevista ao jornal da UNICAMP,[13] o linguista Ataliba Teixeira de Castilho diz que o padrão do português paulista espalhou-se pelo Brasil. "Se você olhar mapas que retratem os movimentos das bandeiras, das entradas e dos tropeiros, verá que os paulistas tomaram várias direções, para Minas e Goiás, para o Mato Grosso, para os estados do sul. Tudo isso integrava a Capitania de São Paulo. Na direção do Vale do Paraíba, eles levaram o português paulista até Macaé, no estado do Rio de Janeiro. Era paulista a língua que se falava no Rio de Janeiro. Isso mudou em 1808, quando a população do Rio era de 14 mil habitantes e D. João VI chegou com sua Corte, cerca de 16 mil portugueses. Não eram portugueses quaisquer. Eram portugueses da Corte. Seu prestígio fez com que imediatamente a língua local fosse alterada.
A primeira célula mais marcante do português brasileiro surgiu em Minas Gerais com a exploração de pedras preciosas, quando bandeirantes paulistas, escravos, índios e europeus criaram um jeito de pronunciar que se espalhou pelo país através do comércio e outras formas. Os principais dialetos do português brasileiro são:
- Baiano — falado predominantemente na Bahia, mas utilizado em regiões de Sergipe e de Minas Gerais.[14] Possui duas variantes principais, que são a soteropolitana-litorânea (mais ao leste, norte e oeste) e a catingueira (mais ao centro e sul);[15]
- Brasiliense — dialeto utilizado em Brasília e em sua área metropolitana.[16]
- Caipira — falado na região que compreende o interior de São Paulo, sul de Goiás, o extremo norte do Paraná, parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro;[14]
- Costa Norte ou cearensês — falado basicamente no Ceará, no Piauí e em partes do Maranhão;[14]
- Carioca — próprio da cidade do Rio de Janeiro e sua região metropolitana;[14]
- Florianopolitano ou manezês — é um dialeto, derivado do sulista e do gaúcho e com características do dialeto açoriano, utilizado na Região Metropolitana de Florianópolis e em regiões do litoral catarinense.[14]
- Fluminense ou sudestino (ouvir) — dialeto usado principalmente no Espírito Santo, na região serrana e no norte do estado do Rio de Janeiro, com falantes no sudeste de Minas Gerais;[14]
- Gaúcho ou guasca — predominantemente no Rio Grande do Sul, contudo falado em regiões de Santa Catarina;[14]
- Mineiro ou montanhês — utilizado principalmente nas regiões central e leste de Minas Gerais;[14]
- Neutro — geralmente usado nos meios de comunicação em massa pelos seus profissionais, mas também usado em algumas regiões urbanas brasileiras e em cursos de português para estrangeiros;[17][18]
- Nordestino (ouvir) — falado em boa parte dos interiores da Região Nordeste do Brasil,[14] como em Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, parte de Sergipe, parte do Piauí, parte do Maranhão, sul do Ceará e norte da Bahia.[19] Possui diferenças linguísticas - subdialetos, sendo os três principais: litorâneo, ou oriental, se estendendo desde Aracaju até Natal; do interior, falado nas regiões do agreste e da caatinga; e dos cocais (ocidental), falado em partes do Piauí e do Maranhão;
- Nortista — utilizado em todos os estados da bacia do rio Amazonas (excetuando-se somente a região do arco do desflorestamento).[14] Considera-se que tenha até seis subdialetos: o cametaês, utilizado na região de Cametá e em algumas regiões da Ilha do Marajó; o bragantinês, falado na região de Bragança; o metropolitano amazônico, falado nas capitais Belém e Manaus; e as três zonas de contato fronteiriço oiapoquês,[20] roraimês[21] e acreanês.[nota 1][22]
- Amazônico Ocidental — utilizado na região amazônica ocidental extrema, nomeadamente: Sudoeste Amazonense, incluindo a região de Boca do Acre e em todo o Estado do Acre, que compartilham aspectos históricos-culturais importantes, como, uma vez pertencendo a Confederação Peru-Boliviana, o Primeiro Ciclo da Borracha e o Fuso Horário do Acre, sociologicamente, é considerada uma região homogênea. Diferindo do dialeto nortista tradicional, no qual a realização fonética do "s" sempre há som de ch, na Amazônia Ocidental, somente haverá o som de ch cuja palavras o "s" se encontre no meio da palavra, como exemplos; costa, festa ou destino, assim como aquela observada no dialeto da costa norte. Dentro do Interior do Brasil, é uma das poucas áreas onde a realização fonética do "r" se assemelha àquela observada no dialeto carioca (aberta), outros exemplos interioranos consoantes onde se observa este fenômeno: dialeto brasiliense e dialeto belo-horizontino.[23]
- Paulistano — utilizado basicamente na Macrometrópole de São Paulo (com exceção dos municípios falantes do dialeto caipira);[14]
- Recifense ou mateiro — utilizado na Região Metropolitana do Recife, e em áreas próximas;[14]
- Serra amazônica[24] ou do arco do desflorestamento — utilizado no sul e leste da região Amazônica (nas regiões montanhosas, por isso Serra Amazônica): centro e sul de Rondônia, norte de Mato Grosso, oeste, centro e norte do Tocantins, sudoeste do Maranhão e sudeste do Pará. São marcantes as diferenças entre o dialeto desta região e o da bacia amazônica;
- Sertanejo — utilizado nos estados de Goiás, sul de Mato Grosso, em parte do Tocantins, e em parte do Mato Grosso do Sul;[14]
- Sulista — utilizado em todo o Paraná, com exceção da região norte, praticamente todo o estado de Santa Catarina e no sul do estado de São Paulo.[14]
Diversos linguistas têm estudado os vários dialetos do português brasileiro e verificam que os dialetos individuais se podem agrupar em grupos maiores e estes, por sua vez, em dois grandes grupos - o do norte e o do sul. Na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1996) Celso Cunha e Lindley Cintra citam Antenor Nascentes sobre este assunto:
"De acordo com Antenor Nascentes é possível distinguir dois grupos de dialectos brasileiros – o do Norte e o do Sul -, tendo em conta dois traços fundamentais:
a) abertura das vogais pretônicas, nos dialectos do Norte, em palavras que não sejam diminutivos nem advérbios em mente: pègar por pegar, còrrer por correr;
b) o que ele chama um tanto impressionisticamente «cadência» da fala: fala «cantada» no Norte, fala «descansada» no Sul.
A fronteira entre os dois grupos de dialectos passa por «uma zona que ocupa uma posição mais ou menos equidistante dos extremos setentrional e meridional do país. Esta zona se estende, mais ou menos, da foz do rio Mucuri, entre Espírito Santo e Bahia, até à cidade de Mato Grosso, no Estado do mesmo nome.»"[25]
Assim, de acordo com as suas características (maior ou menor semelhança entre eles), os dialetos do português brasileiro acima mencionados podem ser agrupados do seguinte modo:
Grupos de Dialetos[19][26][27][28]
- Norte
- Amazônico/Nortista (inclui as cidades de Belém, Manaus, Macapá, Boa Vista, Rio Branco e Porto Velho)
- Baiano (inclui as cidades de Salvador, Aracaju, Vitória da Conquista e Barreiras)
- Nordestino (inclui as cidades de Natal, Maceió, São Luís, Petrolina/Juazeiro e Oeiras)
- Sul
- Fluminense Lato (inclui as cidades de Campos, Vitória, Juiz de Fora)
- Carioca (Rio de Janeiro e arredores)
- Mineiro/Montanhês (inclui as cidades de Belo Horizonte, Ouro Preto, Lavras e Ipatinga, Governador Valadares e Barbacena)
- Sulista Lato
- Paulista Lato
- Paulistano/Paulista Próprio (inclui São Paulo, Santos e arredores)
- Caipira (inclui as cidade de Campinas, Ribeirão Preto, Uberlândia, Catalão e Goiânia)
- Sertanejo (inclui as cidades de Campo Grande, Cuiabá, Jataí, Barra do Garças e Niquelândia)
- Sulista Estrito (inclui as cidades de Curitiba, Foz do Iguaçu, Joinville e Chapecó)
- Gaúcho (inclui as cidades de Porto Alegre, Santa Maria e Uruguaiana)
- Paulista Lato
- Fluminense Lato (inclui as cidades de Campos, Vitória, Juiz de Fora)
- Dialetos Híbridos
- Brasiliense (inclui Brasília e arredores)
- Serra amazônica[24]/Arco do desflorestamento (inclui Palmas, Marabá, Sinop, Araguaína, Ji-Paraná e Imperatriz)
Dialeto padrão[editar | editar código-fonte]
Os dialetos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro são os que têm maior exposição nacional, devido à condição de centro econômico e midiático das duas cidades. O dialeto paulistano é apontado como o mais prestigioso entre os brasileiros,[29] enquanto que o dialeto do Rio de Janeiro[30] é apontado com maior frequência como possível dialeto padrão brasileiro.[31] Desde a década de 1960, o dialeto usado como padrão na mídia é definido como sendo neutro, por carregar elementos comuns à maioria dos sotaques do Brasil.[17][18]
Referências
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- ↑ Paul Teyssier, "História da Língua Portuguesa", Lisboa: Livraria Sá da Costa, p. 81.
- ↑ Paul Teyssier, "História da Língua Portuguesa", Lisboa: Livraria Sá da Costa, pp. 80-81.
- ↑ Paul Teyssier, "História da Língua Portuguesa", Lisboa: Livraria Sá da Costa, pp. 81-83.
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