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Chapada Diamantina: diferenças entre revisões

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{{Info/Acidente geográfico
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|nome =Chapada Diamantina
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<div style="text-align: center;">
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| photo3a = Pico da da Serra das Almas.jpg{{!}}Pico da Serra das Almas
| photo3b = Rio de Contas. Igreja de Pedra-Santana. Foto- Tatiana Azeviche-Setur (26454952203).jpg{{!}}Igreja de Pedra
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| photo5c = Cachoeira da Fumacinha.JPG{{!}}Cachoeira da Fumacinha
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<!-- Localização -->
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<!-- Características gerais -->
<!-- Características gerais -->
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A '''Chapada Diamantina''' é uma região de [[serra]]s situada no centro do estado [[Brasil|brasileiro]] da [[Bahia]]. Faz parte do conjunto de [[serras e planaltos do Leste e do Sudeste]] do [[relevo do Brasil]]. Com a [[Serra do Espinhaço]] compõe uma vasta [[cordilheira]] em formato de bumerangue conhecida por ''[[Cadeia do Espinhaço]]'', que se estende da Chapada, na Bahia, ao [[Quadrilátero Ferrífero]], no estado de [[Minas Gerais]].<ref>{{Citar tese|url=https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/34064 |título=Áreas de proteção ambiental municipais do Mosaico do Espinhaço: territórios protegidos? Interfaces entre conservação ambiental e gestão integrada |data=2019-09-23 |acessodata=2023-01-16 |tipo=Dissertação|grau=mestrado|instituição=Universidade Federal de Minas Gerais |ultimo=Lima |primeiro=Maíra Cristina de Oliveira}}</ref> Além disso, trata-se de um [[escudo cristalino]] formado no [[Pré-Cambriano]].


Na região estão situadas as maiores altitudes da [[Região Nordeste do Brasil]]: o [[Pico do Barbado]], com 2 033 metros, [[Pico do Itobira]] e o [[Pico das Almas]].<ref>{{Citar web|url=http://www.chapadadiamantina.com.br/conheca_carro.html|titulo=Chapada Diamantina|acessodata=2016-08-08|obra=www.chapadadiamantina.com.br}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.aventuraseco.com.br/2013/07/pico-dobarbadoitobira-paracompletar-o.html|titulo=Aventuras ECO: Pico do Barbado/Itobira|acessodata=2016-08-08|obra=www.aventuraseco.com.br|arquivodata=2016-08-22|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160822043359/http://www.aventuraseco.com.br/2013/07/pico-dobarbadoitobira-paracompletar-o.html}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/bahia/noticia/2012/09/incendio-atinge-area-da-bahia-com-pico-mais-alto-do-nordeste-do-pais.html|titulo=Incêndio atinge área da Bahia com pico mais alto do nordeste do país|data=2012-09-21|acessodata=2016-08-08}}</ref> Igualmente, estão na Chapada Diamantina as [[Nascente (hidrografia)|nascentes]] de quase todos os rios das bacias do [[Rio Paraguaçu|Paraguaçu]], do [[Rio Jacuípe (Bahia)|Jacuípe]] e do [[Rio de Contas]]. Estas correntes de águas brotam nos cumes, deslizam pelo relevo, despencam em [[Queda de água|cachoeiras]] e formam transparentes piscinas naturais, como a [[Cachoeira da Fumaça (Bahia)|Cachoeira da Fumaça]] e o [[Poço do Diabo]].


'''Chapada Diamantina''' é uma região de [[serra]]s, situada no centro do estado [[brasil]]eiro da [[Bahia]], parte de uma vasta cordilheira conhecida por ''[[Cadeia do Espinhaço]]''{{Nota de rodapé|A formação tem início no estado de Minas Gerais, ao sul, estendendo-se até o norte para a Bahia até a Chapada Diamantina, voltando-se para o oeste com larguras que variam de 50 a 100 km, uma extensão total de {{fmtn|1200}} km (dos quais 550 km estão em solo mineiro) e altitudes que variam de 800 a {{fmtn|2100}} m.<ref name=ufmg>{{citar web|url=https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/34064|título=Áreas de proteção ambiental municipais do Mosaico do Espinhaço: territórios protegidos? |autor=Maíra Cristina de Oliveira Lima |ano=2019 |publicado=UFMG |acessodata=27/12/2022 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20221227161614/https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/34064 |arquivodata=27/12/2022|urlmorta=}}</ref>}} "(...) é um extenso planalto ({{fmtn|38000}} km²), que corresponde a 15% do Estado da Bahia"<ref>{{citar web|url=https://www.academia.edu/download/54710261/MOURA_MARQUES_NOGUEIRA_2008.pdf |título=“Peixe sabido, que enxerga de longe”: Conhecimento ictiológico tradicional na Chapada Diamantina, Bahia |autor1=Flávia de Barros Prado Moura |autor2=José Geraldo Wanderley Marques|autor3=Eliane Maria de Souza Nogueira |ano=2008 |publicado=Biotemas, nº 21 (vol. 3): 115-123 |acessodata=23/1/2023 |arquivourl=https://archive.ph/M7aW1 |arquivodata=23/1/2023 |urlmorta=}}</ref>{{Nota de rodapé|Outros cálculos dão uma área superior a {{fmtn|41000}} km², como se vê no texto do artigo.}}
A vegetação é composta de espécies da [[caatinga]] [[Semiárido brasileiro|semiárida]] e da flora serrana, com destaque para as [[bromélias]], [[orquídeas]] e [[sempre-viva]]s. A região conta com diversas áreas protegias, como o [[Parque Nacional da Chapada Diamantina]], administrado pelo [[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio); o [[Parque Estadual do Morro do Chapéu]], a [[Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara]], a [[Área de Proteção Ambiental da Serra do Barbado]], e a [[Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho]].
Nela nascem quase todos os [[rio Paraguaçu|rios das bacias do Paraguaçu]], [[rio Jacuípe (Bahia)|do Jacuípe]] e do [[Rio de Contas]]. Ali estão as maiores altitudes da [[Região Nordeste do Brasil]]: o [[Pico do Barbado]], com {{fmtn|2033}} metros, [[Pico do Itobira]] e o [[Pico das Almas]].<ref>{{Citar web|url=http://www.aventuraseco.com.br/2013/07/pico-dobarbadoitobira-paracompletar-o.html|titulo=Aventuras ECO: Pico do Barbado/Itobira|acessodata=2016-08-08|obra=www.aventuraseco.com.br|arquivodata=2016-08-22|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160822043359/http://www.aventuraseco.com.br/2013/07/pico-dobarbadoitobira-paracompletar-o.html}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/bahia/noticia/2012/09/incendio-atinge-area-da-bahia-com-pico-mais-alto-do-nordeste-do-pais.html|titulo=Incêndio atinge área da Bahia com pico mais alto do nordeste do país|data=2012-09-21|publicado=G1 |acessodata=2016-08-08 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230107134227/http://g1.globo.com/bahia/noticia/2012/09/incendio-atinge-area-da-bahia-com-pico-mais-alto-do-nordeste-do-pais.html |arquivodata=7/1/2023}}</ref> A formação geográfica faz parte do conjunto de [[serras e planaltos do Leste e do Sudeste]] do [[relevo brasileiro]] e constitui-se como prolongamento da [[Serra do Espinhaço]], portanto, é um [[escudo cristalino]] formado no [[Pré-Cambriano]].<ref>{{citar livro|título=Geografia do Nordeste |autor=Aristotelina Pereira Barreto Rocha. et al.|edição= 2. ed. |lugar=Natal |editora=EDUFRN |ano=2010 |isbn=9788572738309| url=http://sedis.ufrn.br/bibliotecadigital/site/pdf/geografia/Geo_Nord_LIVRO_WEB.pdf |arquivourl=http://sedis.ufrn.br/bibliotecadigital/site/pdf/geografia/Geo_Nord_LIVRO_WEB.pdf |arquivodata=23/12/2017 |acessodata=8 de agosto de 2016}}</ref><ref>Letícia Couto Bicalho. ''Geografia''. Juiz de Fora: 2014, UFJF. Disponível em: http://www.ufjf.br/cursinho/files/2014/05/Apostila.Geo_.Fisica.pdf {{Wayback|url=http://www.ufjf.br/cursinho/files/2014/05/Apostila.Geo_.Fisica.pdf |date=20160117040251 }}. Acesso em 8 de agosto de 2016.</ref>. Em suas variadas paisagens, com ecossistemas que incluem a caatinga, cerrado, campos rupestres e até ilhas de mata atlântica, existem diversas áreas de proteção ambiental nas três esferas administrativas - federal, estadual e municipal, tais como o [[Parque Nacional da Chapada Diamantina]], o [[Parque Estadual do Morro do Chapéu]] ou a [[Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara]].


A vegetação é exuberante, composta de espécies da caatinga semiárida e da flora serrana, com destaque para as [[bromélia]]s, [[orquídea]]s e [[sempre-viva]]s. Sua população total estimada em 2014 era de {{fmtn|395620}} habitantes. Sendo [[Seabra]], [[Morro do Chapéu]] e [[Iraquara]] as três cidades mais populosas, segundo dados do [[Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]] (IBGE).<ref>{{citar web |url=http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=292990 |título=Seabra |editor=IBGE|acessodata=1 de abril de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=292170 |título=Morro do Chapéu |editor=IBGE|acessodata=1 de abril de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=291440 |título=Iraquara |editor=IBGE|acessodata=1 de abril de 2015}}</ref> "''A Chapada Diamantina é uma vasta extensão de terras com características geográficas, sociais, econômicas, culturais e dialetais diferenciadas do restante do estado da Bahia. Como descreve Seabra (2017, p. 9) “[...] desponta como um conjunto de terras elevadas que parte do coração da Bahia até alcançar o norte de Minas Gerais. Na Bahia, a região montanhosa se estende por 41.994 km2 [...]”, o equivalente, por sua extensão territorial, a muitos países da Europa."'' (citado na obra: "O país do garimpo e sua sócio-história").<ref>{{citar web|url=https://www.revistas.uneb.br/index.php/garimpus/article/view/8463|título=O léxico dos garimpeiros da Chapada Diamantina na obra 'Cascalho' de Herberto Sales|autor=Antônio Marcos de Almeida Ribeiro |ano=2021 |publicado=Revista Garimpus, 23 (Uneb) |acessodata=24/1/2023 |arquivourl=https://archive.ph/uzNwO |arquivodata=24/1/2023 |urlmorta=}}</ref>
A [[formação geológica]] inspirou a delimitação de [[divisão administrativa|divisões administrativas]] homônimas para o planejamento de [[políticas públicas]] pelo Governo do Estado da Bahia.<ref>{{citar tese|url=https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/7293673.pdf|título=CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO: O CASO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA|autor=Maria Medrado Nascimento|ano=2019|grau=doutorado|periódico=Tempos Históricos|volume=23|issn=1983-1463|em=299-327}}</ref>{{rp|302}}<ref name=":1">{{Citar tese |url=https://repositorio.ufba.br/handle/ri/19347 |título=TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE NA BAHIA: Saúde, Educação, Cultura e Meio Ambiente frente à Dinâmica Territorial |data=2016-06-01 |acessodata=2023-01-16 |tipo=Dissertação|grau=mestrado|instituição=Universidade Federal da Bahia |ultimo=Flores |primeiro=Cintya Dantas |lingua=pt-BR}}</ref> Em [[regionalização]] instituída em 1991, delimitou-se a [[Região Econômica]] Chapada Diamantina, abrangendo 29 municípios.<ref name=":1" /><ref>{{citar web|url=https://www.sei.ba.gov.br/site/geoambientais/mapas/pdf/regioes_economicas_2015.pdf|título=REGIÕES ECONÔMICAS - ESTADO DA BAHIA - 2015|ano=2015|publicado=Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - Secretaria de Planejamento - Governo do Estado}}</ref> Paralelamente na mesma década, desenvolveu-se a regionalização do [[turismo na Bahia]], na qual a Zona turística da Chapada Diamantina foi por algum tempo a única do [[interior baiano]] e chegou a ser dividida em quatro circuitos (Chapada Norte, do Diamante, do Ouro e Chapada Velha).<ref>{{Citar conferência |ultimo=Souza |primeiro=Aline Conceição |ultimo2=Serra |primeiro2=Maurício |url=http://www.uesc.br/eventos/viiisemeconomia/anais/gt1/gt1_t4.pdf |titulo=O processo de configuração do Território Turístico Baiano de 2004-2017 |acessodata=16 de janeiro de 2023 |publicado=Departamento de Economia da [[Universidade Estadual de Santa Cruz]] |anooriginal=2018 |conferencia=VIII SEMANA DE ECONOMIA}}</ref><ref>{{Citar tese|url=http://www.planterr.uefs.br/arquivos/File/TCC2015/ANDREIA.pdf|titulo=TURISMO E PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO NA BAHIA: IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM VALENÇA|tipo=dissertação|nome=Andreia Rita Pereira de|sobrenome=Sousa|ano=2015|universidade=Universidade Estadual de Feira de Santana|local=Feira de Santana|grau=mestrado profissional}}</ref> Em 2007, passou a vigorar uma nova regionalização que estabeleceu o Território de Identidade Chapada Diamantina,<ref name=":1" /> composto por 24 municípios<ref name="Não_nomeado-20230316152111">{{citar web|url=http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/chapadadiamantinaba/one-community?page_num=0 |título=Território da Chapada |acessodata=2 de abril de 2015|urlmorta= sim|wayb=20150930222139}}</ref> e ocupado por uma população total de 359 677 habitantes (conforme [[Censo demográfico do Brasil de 2010|censo de 2010]]), sendo [[Seabra]], [[Morro do Chapéu]] e [[Iraquara]] os três municípios mais populosos.<ref>{{citar web|url=http://sit.mda.gov.br/download/ptdrs/ptdrs_qua_territorio031.pdf |título=Municípios que compõem o Território da Chapada Diamantina |acessodata=27 de novembro de 2016|urlmorta= sim|wayb=20220618041600}}</ref>{{rp|13-14}} Os 24 municípios do território de Identidade são: [[Abaíra]], [[Andaraí]], [[Barra da Estiva]], [[Ibitiara]], [[Itaeté]], [[Marcionílio Souza]], Morro do Chapéu, [[Novo Horizonte (Bahia)|Novo Horizonte]], [[Palmeiras]], [[Rio de Contas]], Seabra, [[Souto Soares]], [[Tapiramutá]], [[Utinga (Bahia)|Utinga]], [[Wagner]], [[Boninal]], [[Bonito (Bahia)|Bonito]], [[Ibicoara]], Iraquara, [[Jussiape]], [[Lençóis]], [[Mucugê]], [[Nova Redenção]] e [[Piatã]].<ref name="Não_nomeado-20230316152111"/>


A partir de 2015 o governo do estado efetuou a subdivisão administrativa do território baiano em vários "Territórios de Identidade" (TI) dando a um deles o nome de ''Território de Identidade Chapada Diamantina'' e integrado por vinte e quatro dos municípios localizados na região central; além dela há o TI do ''Piemonte da Chapada Diamantina''. Paralelamente a esta divisão existe ainda, independente daquela, a divisão do território em treze "zonas turísticas", sendo a ''Zona Turística da Chapada Diamantina'' uma delas.
== Geologia ==
[[Imagem:Bahia satélite strm.png|thumb|esquerda|Mapa do relevo da Bahia, no qual se destaca a Chapada no meio do estado]]


A região apresenta características históricas e culturais peculiares, com repercussão no vocabulário, manifestações religiosas e sociais próprias. Ali nasceram alguns expoentes nacionais como [[Milton Santos]], [[Abílio César Borges]], [[Afrânio Peixoto]], [[Moraes Moreira]], entre outros.
A Chapada Diamantina é uma [[chapada]] limitada por penhascos de 41 751 quilômetros quadrados localizada na Bahia central. As rochas da Chapada Diamantina fazem parte da unidade geológica conhecida como Supergrupo Espinhaço, que tomou este nome por ocorrer na serra do Espinhaço, no estado de [[Minas Gerais]]. Apresenta-se em geral como um altiplano extenso, com altitude média entre 800 e 1 200 m acima do nível do mar.{{sfn|Unidade de Conservação ... MMA}}


==Histórico ==
As montanhas mais altas do [[Nordeste do Brasil|Nordeste]] brasileiro estão na Chapada Diamantina: o [[Pico do Barbado]] com 2 033 metros, o Pico do Itobira com 1 970 metros e o [[Pico das Almas]] com 1 958 metros. As serras que compõem a Chapada Diamantina são as divisoras de águas entre a [[bacia do rio São Francisco]] (rios S. Onofre, Paramirim) e os rios que deságuam diretamente no [[oceano Atlântico]], como o Rio de Contas e o [[rio Paraguaçu]].{{sfn|Unidade de Conservação ... MMA}}
===pré-história===
Durante a [[Último período glacial|última glaciação]] (cerca de 24 mil anos atrás) a Chapada tinha maior umidade e clima mais ameno, sendo então habitada por seres da [[megafauna]], cujos restos foram encontrados em alguns trechos de sua área, e que atestam que a configuração do terreno já era similar à que atualmente se vê.<ref name=odete/> A localização de mais de quatro mil ossos, dos quais um exemplar de [[megatério]] completo, na gruta do [[Poço Azul]] inspirou a realização de um premiado [[documentário]] intitulado [[O Brasil da Pré-História: o mistério do Poço Azul]], em 2007, exibido em mais de cinquenta países antes de sua estreia na televisão brasileira.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2014/12/museu-de-araraquara-sp-exibe-filme-gravado-na-chapada-diamantina-ba.html |título=Museu de Araraquara, SP, exibe filme gravado na Chapada Diamantina, BA |autor=|data=12/12/2014 |publicado=G1 |acessodata=5/5/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230508000533/https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2014/12/museu-de-araraquara-sp-exibe-filme-gravado-na-chapada-diamantina-ba.html|arquivodata=8/5/2023 |urlmorta=}}</ref>


Quando da chegada dos colonizadores, a região norte da Chapada (Jacobina, Morro do Chapéu), eram habitadas por tribos de [[Payayás]] e outras etnias que, então, sofreram intenso combate na chamada "guerra de conquista" do território, onde os nativos, tratados como bárbaros, eram perseguidos, [[catequese|catequisados]], forçados ao aldeamento, e outras formas de assimilação ou aniquilação, para darem lugar aos empreendimentos levados a cabo no processo de expansão lusitana do território, como a instalação de fazendas, currais, garimpos, etc.<ref name=ufrb>{{citar web|url=http://repositorioexterno.app.ufrb.edu.br/bitstream/123456789/2239/1/TCE_Solon%20Santos.pdf |título=Etnogênese Payayá: Pesquisa e Ensino da História Indígena na Chapada Diamantina |autor=Solon Natalício Araújo dos Santos |ano=2020 |publicado= Universidade Federal do Recôncavo da Bahia |acessodata=18/7/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230718033736/http://repositorioexterno.app.ufrb.edu.br/bitstream/123456789/2239/1/TCE_Solon%20Santos.pdf |arquivodata=18/7/2023 |urlmorta=}}</ref>
O parque nacional situa-se na [[Serra do Sincorá]], no leste do planalto, uma área de estruturas fortemente erodidas. A cordilheira é alongada na direção norte-sul e tem uma largura média de 25 quilômetros.{{sfn|Chapada Diamantina National Park – Bahia Guide}} [[Ouro]] e [[diamante]]s foram encontrados na cordilheira.{{sfn|Chapada Diamantina National Park – Bahia Guide}}


A denominação genérica dada a esses povos era de "tapuias", indígenas de linguagem majoritariamente [[Línguas cariris|cariri]], e que pertenciam ao [[tronco macro-jê]]. Nas áreas da Chapada praticavam o extrativismo dos frutos locais (como o [[umbu]]), caça, pesca e cultivos de plantas como o amendoim, aipim, batata-doce, etc., num estilo de vida nômade ou semi-nômade. A herança dessa forma de conquista fez com que muitos desses povos perdessem sua identidade e, até, fossem considerados extintos, como foi o caso do povo Payayá que, entretanto, persiste numa fazenda entre as cidades de Utinga e Morro do Chapéu.<ref name=ufrb/>
=== Formação ===
[[Imagem:Parque Nacional da Chapada Diamantina - Bahia - Brasil(4).jpg|thumb|esquerda|Poço Encantado, um lago subterrâneo com uma janela natural]]
A Chapada Diamantina nem sempre foi uma imponente cadeia de serras. Há cerca de 1 bilhão e 700 milhões de anos, iniciou-se a formação da [[bacia sedimentar]] do Espinhaço, a partir de uma série de extensas [[Depressão (geografia)|depressões]] que foram preenchidas com materiais expelidos de [[vulcão|vulcões]], [[areia]]s sopradas pelo [[vento]] e [[cascalho]]s caídos de suas bordas. Sobre essas depressões depositaram-se [[sedimento]]s em uma região em forma de bacia, sob a influencia de [[rio]]s, ventos e [[mar]]es. Posteriormente, aconteceu um fenômeno chamado [[soerguimento]], que elevou as camadas de sedimentos acima do [[nível do mar]], pressionada pela [[epirogênese|força epirogenética]], tendo aos pouco um sofrível erguimento ao longo de milhões de anos.{{Carece de fontes|Brasil=sim|geografia=sim|data=setembro de 2008}}


====Sítios arqueológicos ====
As inúmeras camadas de [[arenito]]s, [[conglomerado]]s, e [[calcário]]s, hoje expostas na Chapada Diamantina, representam os depósitos sedimentares primitivos; a paisagem atual é o produto das atividades daqueles agentes ao longo do [[tempo geológico]].{{carece de fontes}}
[[Ficheiro:Cave art in Serra das Paridas, Chapada Diamantina LourdesBallesteros (02).jpg|miniaturadaimagem|Arte rupestre da [[Serra das Paridas]].]]
O primeiro estudioso que registrou gravuras rupestres na região foi [[Valentín Calderón]], localizando nas décadas de 1960 e 1970 figuras que qualificou como "geométrica ou muito primitiva. Encontramo-la (...) em diversos pontos da Chapada, especialmente nos sopés desta, perto da estrada que vai de Irecê ao Morro do Chapéu".<ref name=calderon>{{citar web|url=http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Tese_Representa%C3%A7%C3%B5es%20Rupestres%20no%20Piemonte%20da%20Chapada%20Diamantina.pdf|título=Representações rupestres no Piemonte da Chapada Diamantina (Bahia - Brasil) |autor=Carlos Alberto Santos Costa |ano=|publicado=Universidade de Coimbra (pelo IPHAN)|acessodata=19/7/2023 |arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>


O sitio da [[Serra das Paridas]] (Lençóis) e a [[Lapa do Sol]] (Iraquara), são dois dos pontos com inscrições rupestres que podem ser visitados por turistas.<ref name=calderon/>
== Áreas protegidas ==

=== Parque Nacional da Chapada Diamantina ===
===Entradas e bandeiras: o período colonial ===
"O povoamento não indígena dessa área interiorana teve início ainda no século XVII, mas os processos migratórios que mais marcaram a região aconteceram predominantemente no final do século XVIII e primeira metade do XIX,com a exploração de minério por meio do garimpo", como afirmou Gabriel Banaggia.<ref name=jare/>

A primeira [[Entradas e bandeiras|bandeira]] a penetrar a Chapada teria ocorrido em 1560 por Vasco Rodrigues Caldas, "fidalgo português, foi vereador na Bahia", que teria se solicitado a [[Mem de Sá]] autorização para penetrar nos sertões nos moldes da anteriormente realizada por [[Francisco Bruza Espinosa]] e, partindo pelo [[rio Paraguaçu]], foi possivelmente o primeiro colonizador europeu a atingir a Chapada Diamantina, nas regiões hoje das cidades de Itaetê, Nova Redenção e Andaraí.<ref>{{citar livro|autor=Renato Luís Sapucaia Ribeiro |título=Chapada Diamantina: história, riquezas e encantos |edição=4ª |editora=EGBA |lugar=Salvador |ano=2006 |página=p. 47|páginas=234 |isbn=8575051385}}</ref> Em carta do padre [[Manuel da Nóbrega]], este teria registrado que ele "destruiu aldeias, massacrou e trouxe muitos cativos para Salvador" e, noutra expedição dois anos depois, em informe do padre Leonardo Valle, teria retrocedido ante a resistência dos [[tupinaés]].<ref>{{citar web|último=BONFIM |primeiro=Alexandre |título=Capitania do Paraguaçu |publicado=BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa |url=http://lhs.unb.br/atlas/Capitania_do_Paragua%C3%A7u |acessodata= 24 de maio de 2023 }}</ref>

A descoberta de ouro no [[Rio Brumado|Rio de Contas Pequeno]], quando era vice-rei [[Miguel Pereira da Costa]] gerou um extenso relatório por seu "Mestre de Campo do Engenho", em 1721, como registrou Urbino Vianna. Em razão desta descoberta, quando era vice-rei o [[Vasco Fernandes César de Meneses|Conde de Sabugosa]], este manda erigir vilas - como Minas do Rio de Contas e Jacobina, e estradas de comunicação entre estas e as zonas mineiras ao sul e ao litoral, ao norte.<ref name=urbino>{{citar livro|autor=Urbino Vianna |título=Bandeiras e Sertanistas Baianos |editora=[[Companhia Editora Nacional]] |ano=1935 |páginas=209|volume=vol. 67 |coleção=Brasiliana, série 5 |url=https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bandeiras_e_Sertanistas_Bahianos.pdf |citação=As citações foram atualizadas ortograficamente}}</ref>

A colonização do sertão não foi obra pacífica, nem as bandeiras e entradas em busca de ouro e pedras preciosas tiveram facilidades, e [[Oliveira Viana]] registrou: "cada curral avançado no deserto é uma vendeta contra a selvageria. Cada sesmaria, um futuro campo de luta. Cada engenho uma fortaleza improvisada." (pág. 91) Registra Urbino Vianna que no século XVII "Jacobina e Rio de Contas estabeleceram um dique aos crimes, que se perpetravam em número assustador", tendo ocorrido apenas em Jacobina, entre 1710 e 1721 "quinhentos e trinta e dois homicídios por armas de fogo."<ref name=urbino/>

Urbino Vianna reporta ainda que "um dos vultos notáveis" da penetração colonialista nos sertões baianos foi [[Antônio Guedes de Brito]], possuidor de cento e sessenta léguas de terras" a partir de sua morada, em [[Morro do Chapéu]]; fundara o [[morgado]] Guedes de Brito e, sendo ele membro da [[Casa da Ponte]], esta grande porção territorial encontrava limites somente com as pertencentes à [[Casa da Torre]]. (pág. 138)<ref name=urbino/>

==="Chapada Velha" - o ciclo do ouro ===
[[Ficheiro:Casa de Câmara e Cadeia em perspectiva - Rio de Contas (BA).jpg|320px|miniaturadaimagem|Casa de Câmara e Cadeia, em Rio de Contas: registro da riqueza no "ciclo do ouro" da Chapada.]]
Registrou o militar [[Durval Vieira de Aguiar]] que "o Rio de Contas ''nadou em ouro'', de uma maneira tal que pareciam exageradas as arrobas de que falam os arquivos da Câmara e os próprio Compromissos das Irmandades. A moeda corrente era o ouro em pó ou em barra; sendo a ''oitava'' quase que a unidade monetária".<ref name=durval>{{citar livro|autor=Durval Vieira de Aguiar |título=Descrições práticas da Província da Bahia : com declaração de todas as distâncias intermediárias das cidades, vilas e povoações |editora=Livraria Editora Cátedra |edição=2ª ed. |páginas=320 |ano=1979 |lugar=Rio de Janeiro |url=https://books.google.com/books?id=lBMsAAAAYAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ViewAPI }}</ref>

Sobre o desenvolvimento da região aurífera da Chapada o historiador [[Licurgo Santos Filho]], no seu [[Uma Comunidade Rural do Brasil Antigo (Aspectos da Vida Patriarcal no Sertão da Bahia nos Séculos XVIII e XIX)|Uma Comunidade Rural do Brasil Antigo]], registra que o povoamento iniciara-se às margens do [[rio Brumado]] (também denominado "rio de Contas Pequeno", à época), onde hoje se acha a cidade de Livramento de Nossa Senhora, arraial que em 1724 se emancipara e, em razão de epidemias que ali grassavam, tiveram autorização para mudarem a sede, erguida onde hoje está a cidade de Rio de Contas, passando Livramento a ser conhecida como "Vila Velha".<ref name=licurgo>{{citar livro|autor=Licurgo Santos Filho|título=Uma Comunidade Rural do Brasil Antigo (Aspectos da Vida Patriarcal no Sertão da Bahia nos Séculos XVIII e XIX) |editora=[[Companhia Editora Nacional]] |ano=1956 |páginas=447 |lugar=São Paulo}}</ref>

Santos Filho registrou que a nova povoação "prosperou (...) surgiram e multiplicaram-se as casas de taipa, de porta e janela, moradias dos mineiros e dos novos habitantes, comerciantes e homens de negócio, artífices e homens de ofício, autoridades, gente da Igreja, o cirurgião-barbeiro, o boticário, afinal, toda a população de uma vila florescente, afamada pelo ouro extraído em suas cercanias". O autor fala ainda que para lá acorreram "milhares, talvez, de cristãos-novos", ali refugiados das devassas no Reino, de tal forma integrando-se na vida local que, ao se instalar o "Familiar do Santo Ofício, Miguel Lourenço de Almeida", não há registro de qualquer perseguição, limitando-se este ao papel de "senhor feudal". Registra, ainda, as estradas da "rota de currais" pelas quais escoavam a produção e comunicava-se a região com a capital, os estados de Goiás e Minas Gerais, e também ao Piauí.<ref name=licurgo/>

Durval Aguiar aventa como possibilidades então narradas para o fim desse ciclo as "exigências do opressivo imposto do ''quinto'', feitas pelos agentes do fisco em favor do reino de Portugal; outros dizem que o governo português, no intuito de não provocar a usura dos invasores holandeses, a mandou proibir; outros, mais razoavelmente, asseveram que a mineração do ouro, já um tanto enfraquecida por todos esses e outros embaraços, só veio a cessar em 1844 quando foram descobertas as primeiras lavras de diamantes do Mucugê e Lençóis, que tanto floresceram de 1848 a 1872."<ref name=durval/>
===ciclo do diamante ===
[[Ficheiro:Museu Vivo do Garimpo.jpg|miniaturadaimagem|O [[Museu Vivo do Garimpo]], em Mucugê, numa típica casa de pedras dos tempos do garimpo]]
A região originalmente denominada "Lavras Diamantinas" veio a denominar toda a Chapada e "marca uma divisão histórica dos municípios pertencentes à região conforme apresentassem ou não possibilidade de extração da pedra. As cidades mais antigas pertencem assim à região das lavras, no centro da Chapada Diamantina", como assinalou Gabriel Banaggia.<ref name=jare/>

Com o título de ''Diamond Mine of Sincura'', o jornal [[Austrália|australiano]] ''The Maitland Mercury'' registrava, já em 1842, a existência da mineração na região da Serra do Sincorá, falando da insegurança na região do garimpo e da qualidade dos diamantes ali encontrados. A notícia narra que a descoberta dos [[diamante]]s fora feita por um escravo que, em outubro de 1841, tentara vender 700 [[quilate]]s da pedra e fora aprisionado; sem dele conseguirem obter a indicação de onde estavam os diamantes, então permitiram-lhe a fuga convenientemente e puseram indígenas experientes para segui-lo, vindo a capturá-lo com o tesouro próximo a [[Cachoeira (Bahia)|Cachoeira]] - então a segunda maior cidade do estado, confirmando a existência das pedras. Foi pesquisada então uma vasta área do [[rio Paraguaçu|Paraguaçu]]{{Nota de rodapé|Embora a matéria muitas vezes mencione o rio Paraguaçu, em outras passagens refere-se ao povoado de Paraguaçu; neste caso, fala de Mucugê, cujo nome original era "Vila de Santa Isabel do Paraguaçu" e depois São João do Paraguaçu.}} no entorno da [[serra do Sincorá]], e as minas foram descobertas.<ref name=mercury>{{citar periódico|periódico=The Maitland Mercury & Hunter River General Advertiser, the Athenaeum,|url=https://trove.nla.gov.au/newspaper/article/680941/124694|título=Diamond Mine of Sincura |página=4 |número=191 |autor=|data=2/5/1846 |publicado=NLA |acessodata=7/10/2023 |citação=Artigo original transcrito e traduzido no [https://pt.wikisource.org/wiki/Mina_de_Diamante_do_Sincor%C3%A1 Wikisource].}}</ref>

Assim, já nos meses iniciais os primeiros aventureiros ("condenados e assassinos") para lá acorreram. Logo milhares de pessoas estabeleciam os povoados, chegando Lençóis a contar com vinte mil pessoas e três mil casas. Sem a presença estatal, os próprios mineiros estabeleceram seu código de regras. Três quintos da produção foi para a Inglaterra, um quinto para a França e Hamburgo e o quinto restante aos comerciantes do Rio de Janeiro e Salvador - uma quantidade tão grande que os lapidadores da Europa não conseguiam lapidar a metade e o preço da joia ameaçava desvalorizar-se.<ref name=mercury/>

De sua passagem pela Chapada em 1880, registrou [[Teodoro Sampaio]] na obra ''O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina'': "''Se, porém, quisermos determinar com mais precisão a zona diamantífera, no interior da Bahia, teríamos de destacar, entre os onze graus e os catorze graus de latitude sul, o mais largo trecho da chapada, cujos limites por linhas naturais seriam, a começar pelo oeste: o rio São Francisco desde o Xiquexique até a barra do Paramirim, e por este acima até as suas nascentes no pico das Almas, daí pelo curso do rio Brumado até sua barra no rio de Contas, seguindo depois por este abaixo até onde lhe entra pela esquerda o rio Sincorá. Daí, tomando para o norte, sobe o Sincorá até as suas cabeceiras e, transpondo a serra do mesmo nome, ganha as nascentes do rio Una, cujo curso desce até sua foz no Paraguaçu. Remonta o curso deste até a barra do rio Santo Antônio, e subindo por este acima vai até a foz do rio Utinga, cujo curso subirá até as suas cabeceiras nas vizinhanças do morro do Chapéu, e, prosseguindo ao norte para além das nascentes do rio Jacuípe, sobe até o paralelo de onze graus de latitude sul, que ficará sendo o limite do lado setentrional''".<ref>{{citar livro|autor=Teodoro Sampaio |título=O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina |editora=Companhia das Letras |ano=2002|capítulo= A Chapada Diamantina |página=245 |páginas=352 |isbn=8535902562}}</ref>

A lavra dos diamantes se dava inicialmente no leito dos rios [[Rio Cumbuca|Cumbuca]], [[Rio Piabinha|Piabinha]] e [[Rio Mucugê|Mucugê]], bem como nos riachos e córregos afluentes. Mas mesmo áreas hoje centrais de povoamento, como o centro de Mucugê, também foram garimpadas. A divisão das partes dos rios entre garimpeiros legou alguns nomes daqueles que ali detinham a posse da lavra, como a [[Cachoeira do Tiburtino]] no Cumbuca, ou o poço de Zé Leandro, nomes que remetem aos gruneiros que ali trabalhavam, mesmo sem que tivessem a propriedade das terras, e que permaneceram até a atualidade.<ref name=elianeramos>{{citar web|url=https://s3.amazonaws.com/ppgm.uefs.br/disserta%C3%A7%C3%A3o_defesa_Eliane_final_enviar_2.pdf|título=O garimpeiro e o ambiente no município de Mucugê, Bahia, Brasil: uma abordagem etnoecológica|autor=Eliane Ramos Espírito Santo|ano=2015 |publicado=UEFS |acessodata=13/4/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230413220033/https://s3.amazonaws.com/ppgm.uefs.br/disserta%C3%A7%C3%A3o_defesa_Eliane_final_enviar_2.pdf |arquivodata=13/4/2023 |urlmorta=}}</ref>

Essa atividade impactou não somente na vegetação nativa, como alterou mesmo o leito de rios em sua profundidade, curso e velocidade do fluxo pois, além da mineração diretamente neles, a atividade necessitava de bastante água para lavar o "cascalho", de forma que nos tempos em que não havia bombas, eram feitas barragens e aquedutos para os locais distantes dos leitos ou para cursos d'água secos na estiagem, onde chegavam por ação da gravidade, ainda existindo muitos vestígios dessas obras antigas, como ainda das casas de pedras erguidas muitas vezes junto aos paredões de rocha, grutas (ou "grunas"), que assim se tornavam elementos da arquitetura e são atualmente mais um dos atrativos turísticos.<ref name=elianeramos/>

====Carbonado: de "ferrujão" a tesouro mineral ====
O [[Carbonado (diamante)|carbonado]] é uma forma de [[diamante]] de grande dureza que, durante a exploração da pedra preciosa na Chapada era simplesmente descartada pelos garimpeiros, que a chamavam de "ferrujão". Assim como a joia, era encontrado no meio do cascalho, nas áreas de [[aluvião]] e foi apenas a partir de 1870 que se descobriu sua utilização industrial e passou a ter valor comercial, sendo a região um dos únicos depósitos então conhecidos.<ref name=ferrujão>{{citar periódico|periódico=[[Bahia Illustrada]] |título=O Carbonado |número=nº 6 |página= p. 22 |data=1/5/1918 |lugar=Rio de Janeiro|citação=Disponível no acervo da Biblioteca Nacional do Brasil ([http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=066940&pasta=ano%20191&pesq=chapada%20diamantina&pagfis=270 pesquisa])}}</ref>

Na chapada, segundo registrou [[Gonçalo de Athayde Pereira]], seu comércio foi introduzido pelo francês Albano Chabaribère, que residia na região das Lavras, adquirindo-os pelo valor de 160 réis por oitava (medida equivalente a 17 quilates). O maior carbonado já encontrado pesava {{fmtn|3167}} [[quilate]]s, pelo velho garimpeiro Sérgio Borges de Carvalho no garimpo do "Brejo da Lama" (a 10 km da cidade de Lençóis). Foi então vendida para o comerciante José Bezerra por 114 contos de réis. Toda a produção era exportada, pois não existia seu uso no Brasil à época, tendo por destinos a Europa e Estados Unidos.<ref name=ferrujão/>

===A capital baiana na Chapada ===
No final do século XIX, com a [[Proclamação da República do Brasil|Proclamação da República]], e o movimento de urbanização planejada que levou às mudanças das capitais [[Minas Gerais|mineira]] e [[Goiás|goiana]] para novas cidades "edificadas para este fim", também na Bahia o então governador [[Rodrigues Lima]] cogitou a mudança da capital para a região do "[[Bacia do Paraguaçu|Alto Paraguaçu]], proximidades da serra do Sincorá", cabendo os estudos a uma comissão chefiada pelo engenheiro [[João Carlos Greenhalgh]].<ref>{{citar livro|autor=[[Erivaldo Fagundes Neves]] |título=História Regional e Local fragmentação e recomposição da história na crise da modernidade |editora=Arcadia |ano=2002 |páginas=124 |página=14 |capítulo=Modernidade |isbn=8573950668 |local=Salvador }}</ref>

"O local pretendido seria no distrito de [[Cascavel (Ibicoara)|Cascavel]], hoje pertencente a Ibicoara-Ba. O lugar era promissor devido ao terreno ser bem nivelado, mas após avaliação técnica dos engenheiros responsáveis não foi aprovado pelo fato de a quantidade de água não ser suficiente para abastecer uma capital", como registrou Antônio Marcos de Almeida Ribeiro, aditando que, no mesmo período, houve a "cogitação de Lençóis sediar um vice-consulado francês, todavia nunca se constatou por documento a comprovação desse fato".<ref name=amar>{{citar web|url=https://itacarezinho.uneb.br/index.php/garimpus/article/view/8463 |título=O léxico dos garimpeiros da Chapada Diamantina na obra cascalho de Herberto Sales|autor=Antônio Marcos de Almeida Ribeiro |ano=2021 |publicado=Garimpus: Revista de Linguagens, Educação e Cultura na Chapada Diamantina, v. 2 n. 1, Uneb |local=Seabra |acessodata=11/5/2023 |arquivourl=https://archive.ph/tgFtS|arquivodata=11/5/2023 |urlmorta=}}</ref>

===Coronelismo: Horácio de Matos, "o supercoronel" ===
[[Ficheiro:HMBatalhão Chapada Diamantina.jpg|miniaturadaimagem|[[Horácio de Matos|Matos]] (sentado) e o comando do ''Batalhão Patriótico Chapada Diamantina'']]
Era a política da Chapada, no final do século XIX e começo do seguinte, dominada por [[coronelismo|coronéis]] que formavam uma rede de inimizades e alianças. [[Militão Coelho|Militão Rodrigues]] em [[Barra do Mendes]], [[Francisco Dias Coelho|Dias Coelho]] em [[Morro do Chapéu]], Manuel Fabrício em Campestre (hoje distrito de Brotas de Macaúbas), José João de Oliveira e Clementino Matos em Brotas de Macaúbas, eram os principais. Neste contexto, sobrinho de Clementino e iniciado por Dias Coelho de quem foi aprendiz, surge a figura de [[Horácio de Matos]] em meio a lutas. Após obter uma trégua nas disputas com Militão, Horácio recebe do tio moribundo a chefia do clã e, a partir dali, enfrenta diversas batalhas até tornar-se intendente da principal cidade da Chapada à época, Lençóis. Das batalhas havidas nas primeiras décadas do século XX Horácio sagrou-se como a liderança de vasta região que lhe valeram o apelido de "governador do sertão" e, quando a [[Coluna Miguel Costa-Prestes]] corta o país pregando a revolução, o "título" de coronel é feito fatual, chefiando então o "Batalhão Patriótico Chapada Diamantina" que persegue a Coluna desde a Bahia até o território [[Bolívia|boliviano]], para onde fugira e se dissolvera.<ref>{{citar livro|autor=Edízio Mendonça |título=Campestre e seus Horrores |editora=EGBA |lugar=Salvador |ano=2006|páginas=|isbn=85-7505-126-1}}</ref><ref name=memoria>{{citar periódico|periódico=Memórias da Bahia |autor=Elieser César |título=O Coronel da Bahia |página=pp. 6-21 |ano=2002 |mês=novembro |lugar=Salvador |número=nº 4 |editora=Empresa Baiana de Jornalismo S.A. }}</ref><ref>{{citar livro|autor=Walfrido Moraes |título=Jagunços e Heróis - A Civilização do Diamante nas Lavras da Bahia|editora=Civilização Brasileira |ano=1963|lugar=Rio de Janeiro |páginas=|id=}}</ref>

O brasilianista coreano radicado nos Estados Unidos, Eul-Soon Pang, assim resumiu o poderio de [[Horácio de Matos]]: "um comerciante e depois coronel guerreiro, sem instrução, de Lavras Diamantinas, na Bahia, foi reconhecido pelo governo federal, em 1920, como líder absoluto de uma região que abrangia doze municípios,{{Nota de rodapé|Essa área, atualmente, engloba mais de quarenta municípios, com as emancipações que ocorreram desde então.}} com pleno direito de manter sua força armada pessoal e o privilégio de nomear seus próprios deputados nos legislativos estaduais e federal".<ref>{{citar livro|autor=Eul-Soon Pang |título=Coronelismo e Oligarquias (1889-1943): a Bahia na Primeira República Brasileira |editora=[[Editora Civilização Brasileira]]|ano=1979|local=Rio de Janeiro|tradutor=Vera Teixeira Soares |página=53 |páginas=268 |colecao=Retratos do Brasil |volume=128 |capítulo=1 - Coronelismo: Um Enfoque Oligárquico da Política Brasileira |seção=Coronelismo Interestadual e Acordos Regionais}}</ref> O mesmo autor ainda assinala, num subtítulo: "O Supercoronel Horácio de Matos e o PRD", assinalando que seu poderio somente era equiparável ao exercido pelo [[Padre Cícero]], no [[Ceará]].<ref>Pang, op. cit., p. 119 </ref>

Em 1931, após promover o desarmamento do sertão exigido pelo interventor no estado com a instauração do [[Estado Novo (Brasil)|Estado Novo]], Horácio foi preso sem acusação e, logo após ser solto, na capital, foi assassinado ao lado da filha de seis anos, marcando assim o fim da era do antigo coronelismo.<ref name=memoria/>

==Geografia ==
[[Ficheiro:Chapada Diamantina show in map.png|miniaturadaimagem|esquerda|Mapa [[orografia|orográfico]] da Bahia, com a Chapada ao centro, em formato de "V".]]
O relevo da Chapada é considerado do tipo [[Montes Apalaches|apalacheano]], marcado por "um relevo estrutural esculpido em antigas formações dobradas, exumadas pela denudação. Esse relevo caracteriza-se por um alinhamento paralelo de cristas e vales. As cristas formadas nos estratos mais resistentes e os vales formados nos menos resistentes", como o pesquisador M. A. Suertegaray registrou.<ref>SUERTEGARAY, M.A. (org.) Terra: feições ilustradas. Porto Alegre – RS: Editora da UFRGS, 2003.</ref> Tem seu limite sul com a [[Serra do Espinhaço]].<ref name=cezar>{{citar tese|autor=Rodrigo Valle Cezar |título=Carta Geoambiental (1:50.000) e Trilhas Interpretativas da Zona Turística do Vale do Pati, Chapada Diamantina – BA |ano=2011 |publicado=Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro |url=https://repositorio.unesp.br/handle/11449/92758 |acessodata=16/1/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20210515071330/https://repositorio.unesp.br/handle/11449/92758 |arquivodata=15/5/2021 }}</ref>

Seu relevo divide-se em dois grandes grupos: as serras da Borda Oriental e as da Borda Ocidental. Na Oriental predomina a [[Serra do Sincorá]], possuindo altitudes que vão de {{fmtn|1600}} (a oeste) a 400 metros (a leste) e as cidades que a partir do século XIX viveram o ciclo do diamante. Na Borda Ocidental estão os cumes mais altos do estado, e cidades históricas que vivenciaram o ciclo do ouro, no século XVIII.<ref name=camara/>

Geograficamente o território da Chapada possui algumas divisões, baseadas na conformação geomorfológica das suas partes. Dentre estas, o Plano Diretor de Recursos Hídricos das sub-bacias dos rios Verde e Jacaré, de 1995, descreve as seguintes (em domínio público):

Serras da Borda Ocidental - "Englobam os relevos montanhosos da parte ocidental das áreas elevadas da Chapada Diamantina, com altitudes variando de 750 a {{fmtn|1850}} metros e médias situadas entre {{fmtn|1000}} e {{fmtn|1200}} metros. A morfologia está representada por elevações residuais, com cristas orientadas e paralelas aos vales estreitos entalhados sobre as rochas mais friáveis (siltitos, argilitos)".<ref name=bacia>{{citar web|url=https://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/CDOC/docs/planos_diretores/Bahia/pdfs/PDRH_BACIA_RIOS_VERDE_E_JACAR%C3%89_MARGEM_DIREITA_DO_LAGO_SOBRADINHO.pdf|titulo=Plano Diretor de Recursos Hídricos {{!}} Bacia dos Rios Verde e Jacaré, Margem Direita do Lago de Sobradinho|acessodata=7 de outubro de 2022 |ano=1995|arquivourl=http://web.archive.org/web/20190127095958/http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/CDOC/docs/planos_diretores/Bahia/pdfs/PDRH_BACIA_RIOS_VERDE_E_JACAR%C3%89_MARGEM_DIREITA_DO_LAGO_SOBRADINHO.pdf|arquivodata=27 de janeiro de 2019}}</ref>

Pediplanos Centrais- "Compreendem relevos planos que se apresentam a diferentes níveis. Apresentam altitudes médias que variam de {{fmtn|1000}} a {{fmtn|1200}} metros, podendo chegar a {{fmtn|1300}} metros na região da Chapada da Aldeia de Baixo e na [[Serra da Estiva]] (...) As formas de relevo que constituem essa unidade, englobadas de aplanamento, resultam da superfície de aplanamento que foi degradada, retocada e inumada, interrompida por cristas residuais de camadas mais resistentes".<ref name=bacia/>

Blocos Planálticos Setentrionais – "São representados por compartimentos elevados e feições estruturais esculpidas sobre os metassedimentos do grupo Chapada Diamantina. Compreendem elevações residuais correspondentes a uma anticlinal falhada e escavada, cujas bordas, situadas no contato metaconglomerados/metarenitos com metassiltitos/metargilitos, são escarpadas".<ref name=bacia/>

===Divisões políticas e regiões administrativas===
A [[formação geológica]] inspirou a delimitação de [[divisão administrativa|divisões administrativas]] homônimas para o planejamento de [[políticas públicas]] pelo Governo do Estado da Bahia.<ref>{{citar tese|url=https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/7293673.pdf|título=CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO: O CASO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA|autor=Maria Medrado Nascimento|ano=2019|grau=doutorado|periódico=Tempos Históricos|volume=23|issn=1983-1463|em=299-327}}</ref>{{rp|302}}<ref name=":1">{{Citar tese |url=https://repositorio.ufba.br/handle/ri/19347 |título=TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE NA BAHIA: Saúde, Educação, Cultura e Meio Ambiente frente à Dinâmica Territorial |data=2016-06-01 |acessodata=2023-01-16 |tipo=Dissertação|grau=mestrado|instituição=Universidade Federal da Bahia |ultimo=Flores |primeiro=Cintya Dantas |lingua=pt-BR}}</ref>

Na divisão realizada em 1945 pelo Conselho Nacional de Geografia, que dividia o país em "zonas fisiográficas" a "Zona da Chapada Diamantina" contava, na divisão territorial da época, com as seguintes cidades: Andaraí, Barra da Estiva, Brotas de Macaúbas, Ibitiara, Irecê, Ituaçu, Lençóis, Livramento do Brumado (atual Livramento de Nossa Senhora), Mucugê, Oliveira dos Brejinhos, Palmeiras, Piatã, Rio de Contas, Santo Inácio e Seabra.<ref name=bandeira/>

Em [[regionalização]] instituída em 1991, delimitou-se a [[Região Econômica]] Chapada Diamantina, abrangendo 29 municípios.<ref name=":1" /><ref>{{citar web|url=https://www.sei.ba.gov.br/site/geoambientais/mapas/pdf/regioes_economicas_2015.pdf|título=REGIÕES ECONÔMICAS - ESTADO DA BAHIA - 2015|ano=2015|publicado=Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - Secretaria de Planejamento - Governo do Estado}}</ref> Paralelamente na mesma década, desenvolveu-se a regionalização do [[turismo na Bahia]], na qual a Zona turística da Chapada Diamantina foi por algum tempo a única do [[interior baiano]] e chegou a ser dividida em quatro circuitos (Chapada Norte, do Diamante, do Ouro e Chapada Velha).<ref>{{Citar conferência |ultimo=Souza |primeiro=Aline Conceição |ultimo2=Serra |primeiro2=Maurício |url=http://www.uesc.br/eventos/viiisemeconomia/anais/gt1/gt1_t4.pdf |titulo=O processo de configuração do Território Turístico Baiano de 2004-2017 |acessodata=16 de janeiro de 2023 |publicado=Departamento de Economia da [[Universidade Estadual de Santa Cruz]] |anooriginal=2018 |conferencia=VIII SEMANA DE ECONOMIA}}</ref><ref>{{Citar tese|url=http://www.planterr.uefs.br/arquivos/File/TCC2015/ANDREIA.pdf|titulo=TURISMO E PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO NA BAHIA: IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM VALENÇA|tipo=dissertação|nome=Andreia Rita Pereira de|sobrenome=Sousa|ano=2015|universidade=Universidade Estadual de Feira de Santana|local=Feira de Santana|grau=mestrado profissional}}</ref> Em 2007, passou a vigorar uma nova regionalização que estabeleceu o Território de Identidade Chapada Diamantina,<ref name=":1" /> composto por 24 municípios<ref name=territorios>{{citar web|url=http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/chapadadiamantinaba/one-community?page_num=0 |título=Território da Chapada |acessodata=2 de abril de 2015|urlmorta= sim|wayb=20150930222139}}</ref> e ocupado por uma população total de 359 677 habitantes (conforme [[Censo demográfico do Brasil de 2010|censo de 2010]]), sendo [[Seabra]], [[Morro do Chapéu]] e [[Iraquara]] os três municípios mais populosos.<ref>{{citar web|url=http://sit.mda.gov.br/download/ptdrs/ptdrs_qua_territorio031.pdf |título=Municípios que compõem o Território da Chapada Diamantina |acessodata=27 de novembro de 2016|urlmorta= sim|wayb=20220618041600}}</ref>{{rp|13-14}} Os 24 municípios do território de Identidade são: [[Abaíra]], [[Andaraí]], [[Barra da Estiva]], [[Ibitiara]], [[Itaeté]], [[Marcionílio Souza]], Morro do Chapéu, [[Novo Horizonte (Bahia)|Novo Horizonte]], [[Palmeiras]], [[Rio de Contas]], Seabra, [[Souto Soares]], [[Tapiramutá]], [[Utinga (Bahia)|Utinga]], [[Wagner]], [[Boninal]], [[Bonito (Bahia)|Bonito]], [[Ibicoara]], Iraquara, [[Jussiape]], [[Lençóis]], [[Mucugê]], [[Nova Redenção]] e [[Piatã]].<ref name=territorios/>

===cidades ===
Algumas cidades têm todo o seu território nos seus altiplanos, outras, contudo, apenas uma parte está ali. Uma relação mais conservadora relaciona as seguintes cidades: Abaíra, [[Andaraí]], [[Barra da Estiva]], Barra do Mendes, [[Boninal]], [[Bonito (Bahia)|Bonito]], [[Brotas de Macaúbas]], Érico Cardoso, Ibicoara, [[Ibitiara]], [[Iramaia]], [[Iraquara]], [[Itaetê]], [[Jacobina]], Jussiape, Lençóis, [[Paramirim]], [[Marcionílio Souza]], [[Morro do Chapéu]], Mucugê, [[Nova Redenção]], [[Novo Horizonte (Bahia)|Novo Horizonte]], Palmeiras, [[Paramirim]], Piatã, Rio de Contas, [[Rio do Pires]], [[Ruy Barbosa (Bahia)|Ruy Barbosa]], Seabra, [[Souto Soares]], [[Tapiramutá]], [[Utinga (Bahia)|Utinga]] e [[Wagner (Bahia)|Wagner]]; autores como Renato Luís Bandeira acrescentam aquelas situadas nas serras ocidentais, como [[Boquira]], [[Botuporã]], [[Gentio do Ouro]], [[Ipupiara]], [[Macaúbas]], [[Oliveira dos Brejinhos]] e [[Tanque Novo]], e ainda aquelas mais ao norte, como [[América Dourada]], [[Barro Alto (Bahia)|Barro Alto]], [[Cafarnaum (Bahia)|Cafarnaum]], [[Canarana (Bahia)|Canarana]], [[Ibipeba]], [[Ibititá]], [[Irecê]], [[João Dourado]], [[Lapão (Bahia)]], [[Presidente Dutra (Bahia)|Presidente Dutra]] e [[Uibaí]].<ref name=bandeira>{{citar livro|autor=Renato Luís Bandeira|título=Chapada Diamantina: história, riquezas e encantos|editora=Secult-BA|ano=2006 |páginas=233 |isbn=8575051385 |edição=4ª |lugar=Salvador}}</ref>

===Clima ===
Possui um clima diferente da região de seu entorno, marcadamente de semi-árido, ali se caracterizando por tropical semi-úmido, com temperadura média anual entre 20°C e 24°C e, com a barreira orográfica que forma, possui uma média pluviométrica anual superior a {{fmtn|1000}} mm (em Lençóis essa média supera os {{fmtn|1400}} mm).<ref name=camara>{{citar web|url=https://bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2232/historia_ambiental_borattoetalii.pdf |autor1=Roseli Senna Ganem |autor2=Maurício Boratto Viana |título=História ambiental do Parque Nacional da Chapada Diamantina - Ba |ano=2006 |publicado=Câmara dos Deputados |acessodata=26/3/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20220305181638/https://bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2232/historia_ambiental_borattoetalii.pdf |arquivodata=5/3/2022 |urlmorta=}}</ref>

===Hidrografia ===
{{AP|Lista de rios na Chapada Diamantina}}
Com uma extensão territorial equivalente à [[Bélgica]], a [[Chapada Diamantina]] é considerada um "berçário de rios".<ref name=berçario>{{citar web|url=https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/chapada-diamantina-e-bercario-de-rios-e-guarda-o-pico-do-barbado.ghtml|título=Chapada Diamantina é berçário de rios e guarda o Pico do Barbado |autor=|data=2/8/2017 |publicado=G1 |acessodata=23/2/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20170803001510/https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/chapada-diamantina-e-bercario-de-rios-e-guarda-o-pico-do-barbado.ghtml |arquivodata=3/8/2017 |urlmorta=}}</ref> De fato, "a quantidade de rios é tão grande que a região é considerada um oásis dentro do sertão baiano" pois ali "estão abrigadas as nascentes das três maiores bacias hidrográficas do estado".<ref name=bandeira/>

==Geologia ==
{{AP|Geologia da Chapada Diamantina}}
A formação do relevo chapadiano data de um processo que teve início há 1,7 bilhão de anos, no qual agiram dois processos [[Tectónica de placas|tectônicos]], a formação de mares, montes e desertos sucessivos (como o [[Deserto Tombador]] ou o [[Mar Bambuí]]) em processos de sedimentação e soerguimento, levando a uma diversidade geológica que deram a conformação atual onde a Chapada destaca-se do [[Supergrupo Espinhaço]] com várias formações geológicas (como a [[Formação Ouricuri do Ouro|Ouricuri do Ouro]], [[Formação Mangabeira|Mangabeira]] ou a [[Formação Guiné|Guiné]]) que hoje se vê no relevo sedimentar de planaltos, chapadas tabulares, [[cuesta]]s, etc.<ref>{{citar web|url=https://www.scielo.br/j/sn/a/xvQbYhgLGsprzg4xKzsdGGh/?lang=pt |título=Análise geoambiental de uma microbacia hidrográfica no município de Lençóis, Chapada Diamantina (Bahia), Brasil |autor1=Jonatas Batista Mattos |autor2=Francisco Carlos Fernandes de Paula|ano=2022 |publicado=Scielo (Sociedade & Natureza, vol. 1, n. 29)|acessodata=16/4/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230416144806/https://www.scielo.br/j/sn/a/xvQbYhgLGsprzg4xKzsdGGh/?lang=pt|arquivodata=16/4/2023|urlmorta=}}</ref><ref name=odete>{{citar web|url=https://repositorio.ucs.br/xmlui/handle/11338/6505 |título= O perfil do geoturista no território proposto para o Geoparque Serra do Sincorá – BA |autor= Natália Augusta Rothmann Eschiletti |data=3/7/2020 |publicado=UCS |acessodata=16/3/2023 |arquivourl=https://archive.ph/zVYHw |arquivodata=6/3/2023 |urlmorta= |citação=PDF arquivado como html.}}</ref><ref name=camara/>

A Chapada traz registros de três [[paleoceanografia|paleoceanos]] na configuração de suas rochas: o [[Mar Espinhaço]] formado cerca de {{fmtn|1750}} milhões de anos atrás<ref name=borges/> e que, a seguir, deu lugar ao [[Deserto Tombador]];<ref>{{citar web|url=https://repositorio.ucs.br/xmlui/handle/11338/6505 |título= O perfil do geoturista no território proposto para o Geoparque Serra do Sincorá – BA |autor= Natália Augusta Rothmann Eschiletti |data=3/7/2020 |publicado=UCS |acessodata=16/3/2023 |arquivourl=https://archive.ph/zVYHw |arquivodata=6/3/2023 |urlmorta= |citação=PDF arquivado como html.}}</ref> o [[Mar Caboclo]], formado num período de há cerca de {{fmtn|1100}} milhões de anos com águas agitadas e, finalmente, o citado Mar Bambuí, de águas calmas e datado de cerca de {{fmtn|700}} milhões de anos atrás.<ref name=borges>{{citar web|url=https://geobservatorio.com/blog/os-mares-ancestrais-da-chapada-diamantina|título=Os mares ancestrais da Chapada Diamantina |autor=Ricardo Borges |data=18/3/2021 |publicado=Geobservatório |acessodata=16/5/2023 |arquivourl=https://archive.ph/ySVMZ |arquivodata=16/5/2023|urlmorta=}}</ref>

===Espeleologia ===
Tem-se que "O maior acervo espeleológico da América do Sul está integrado ao patrimônio natural da Chapada. Entre as centenas de cavernas, uma das mais conhecidas é a do [[Poço Encantado]], cuja incidência de luz transforma a coloração da água, tão cristalina que permite observar o fundo, a 60 metros. Com características semelhantes, no [[Poço Azul]] é permitido mergulhar. Das cavernas secas, Torrinha, [[Lapa Doce]], [[Gruta da Paixão|Paixão]], [[Gruta do Lapão|Lapão]], Bolo de Noiva, Fumaça, [[Gruta Azul (Iraquara)|Gruta Azul]] e Brejões são as mais visitadas".<ref name=berçario/> O cronista Renato Bandeira assim registrou: "Há grutas fantásticas. Existem centenas delas espalhadas pela região, sendo que as principais são: a do Lapão, em Lençóis; a da [[Gruta da Pratinha|Pratinha]], da Lapa Doce, da Torrinha em Iraquara; a dos Brejões, em Morro do Chapéu, a da Mangabeira em Ituaçu, a do Buraco do Cão, em Seabra e muitíssimas outras."<ref name=bandeira/>

O sistema de cavernas existente em [[Iraquara]] é considerado o mais importante do país, do qual faz parte a [[gruta do Ioiô]], onde foram encontrados muitos [[fóssil|fósseis]].<ref>{{citar periódico|periódico=Journal of South American Earth Sciences |issn=0895-9811 |ano=2020 |mês=março |volume=98 |número=|autor1=Estevan Eltink |autor2=Mariela Castro |autor3=Felipe Chinaglia Montefeltro |autor4=Mario André Trindade Dantas |autor5=Carolina Saldanha Scherer |autor6=Paulo Victor de Oliveira |autor7=Max Cardoso Langer |título=Mammalian fossils from Gruta do Ioiô cave and past of the Chapada Diamantina, northeastern Brazil, using taphonomy, radiocarbon dating and paleoecology |url=https://www-sciencedirect-com.wikipedialibrary.idm.oclc.org/science/article/pii/S0895981119302354?via%3Dihub |acessodata=7/4/2023 |língua=en |doi=10.1016/j.jsames.2019.102379}}</ref>

==Ecologia ==
A Chapada Diamantina configura-se em verdadeiro oásis em meio à caatinga possuindo, além desse bioma, elementos de campos rupestres, cerrado e floresta decidual.<ref name=camara/> "Num ambiente tão amplo e longe de ser explorado totalmente, pesquisadores do Ministério do Meio Ambiente catalogaram 854 espécies da flora e 506 da fauna – 55 mamíferos –, com destaque para a onça-pintada e o [[guigó-da-caatinga]]".<ref name=berçario/>

===Flora ===
A vegetação chapadense é considerada de "mosaico", por sua enorme variedade. Como afirmam SANTOS et al., "Diferentes tipos de vegetação coexistem em pequenas áreas, condicionadas por pequenas variações litológicas, topográficas, hidrológicas e microclimáticas. Em geral, as principais formações vegetais encontradas na Chapada Diamantina são: "campo limpo", "campos rupestres" (campos rupestres), "campos gerais" (campos campestres), cerrado vegetação) e "matas ou floresta estacional" (florestas ou mato ou floresta caducifólia) (...) Existem também zonas de transição com características próprias onde coexistem espécies de dois ou mais ecossistemas".<ref>{{citar periódico|periódico=Geosciences |issn=2076-3263 |ano=2020 |mês=março |volume=10 |número=3|autor1=Sarah Moura B. dos Santos |autor2=António Bento Gonçalves |autor3=Washington Franca Rocha |autor4=Gustavo Baptista |título=Assessment of Burned Forest Area Severity and Postfire Regrowth in Chapada Diamantina National Park (Bahia, Brazil) Using dNBR and RdNBR Spectral Indices |url=https://eds.s.ebscohost.com/eds/Citations/FullTextLinkClick?sid=f8bedd8a-1f52-4175-a46f-3d8f6d880e8c@redis&vid=1&id=pdfFullText |acessodata=7/4/2023 |língua=en}}</ref>

===Fauna ===
[[Ficheiro:-i---i- (6273470275).jpg|miniaturadaimagem|Mico na região central da Chapada]]
[[Ficheiro:Gymnodactylus vanzolinii - Mucugê, Bahia.png|miniaturadaimagem|Geco-de-dedos-nus do Vanzolini, fotografado em Mucugê.]]
A região possui espécie endêmicas únicas, muitas delas apenas recentemente descobertas e descritas, como o [[Gymnodactylus vanzolinii|Geco-de-dedos-nus do Vanzolini]], pequeno réptil listrado de hábitos noturnos nomeado em homenagem a [[Paulo Emílio Vanzolini]].<ref>{{citar web|url=http://www.mapress.com/zootaxa/2009/f/z02008p052f.pdf |autor=Cassimiro & Rodrigues |ano=2009 |título=A new species of lizard genus ''Gymnodactylus'' Spix, 1825 (Squamata: Gekkota: Phyllodactylidae) from Serra do Sincorá, northeastern Brazil, and the status of ''G. carvalhoi'' Vanzolini, 2005. |publicado=Zootaxa 2008: 38-52 |acessodata=6/10/2023 }}</ref>

Em cavernas como a [[Gruna das Cobras]] e [[Gruna da Parede Vermelha]] pesquisadores têm encontrado espécies únicas, como a nova espécie de aracnídeo (''Tmesiphantes hypogeus'' sp. nov.) nelas localizada e considerada a primeira espécie de [[tarântula]] [[Troglóbio|troglóbia]] do Brasil,<ref>{{citar web|url=https://www.scielo.br/j/aabc/a/89y6FgPqqGnHHrbksxFkNBz/?lang=en&format=pdf |título=Tmesiphantes hypogeus sp. nov. (Araneae, Theraphosidae), a primeira tarântula troglóbia do Brasil |autor1=Rogério Bertani |autor2=Maria Elina Bichuette |autor3=Denis R. Pedroso |data=6 de março de 2012 |publicado=Scielo |acessodata=25/3/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20220523221536/https://www.scielo.br/j/aabc/a/89y6FgPqqGnHHrbksxFkNBz/?lang=en&format=pdf|arquivodata=23/5/2022 |urlmorta=}}</ref> a [[Caverna do Criminoso]] que é habitat de duas espécies de peixes troglóbios da família ''Copionodontíneos'' ([[bagre]]s).<ref>{{citar web|url=https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/2022/3698.pdf?sequence=1|título=Comportamento e distribuição de bagres subterrâneos e epígeos, subfamília Copionondontinae Pinna, 1992 (siluriformes, Trichomycteridae) da Chapada Diamantina, Bahia Central |autor=Bianca Rantin |ano=2011 |publicado=UFSCar |acessodata=4/6/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230604142112/https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/2022/3698.pdf?sequence=1|arquivodata=4/6/2023 |urlmorta=}}</ref> ou ainda a [[Gruna do Cantinho]] onde, em 2012, pesquisadores encontraram pequenas centopeias (lacraias)" pela primeira vez e, em novas pesquisas, foi identificada nova espécie cavernícola que foi batizada de ''Scolopocryptops troglocaudatus''.<ref>{{citar web|url=http://www.blog.gpme.org.br/?p=7640|título=Nova espécie de centopeia é descrita – a primeira troglóbia da Chapada Diamantina, Bahia e da Subfamilia Scolopocryptopinae! |autor=|data=|publicado=Grupo Pierre Martin de Espeleologia |acessodata=12/7/2023 |arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>

===Ameaças aos ecossistemas ===
Como afirmam SANTOS et al., o fogo está presente nas atividades tradicionais da região da Chapada, até mesmo no interior do Parque Nacional, e "No Brasil, pouco se sabe sobre a dinâmica das queimadas em regiões como a Chapada Diamantina, onde predominam os "campos rupestres", visto que a deflagração de queimadas neste ecossistema pode ser um distúrbio natural, e a atividade humana tende a aumentar a repetitividade e extensão desse fenômeno. No caso do PNCD, alguns estudos apontam para o fato de que, embora a área de conservação tenha sofrido incêndios florestais após sua implantação, algumas regiões do parque não são afetadas por incêndios há muitos anos. Em 2015 o Parque Nacional da Chapada Diamantina foi devastado por vários incêndios que duraram quatro meses, de setembro a dezembro, período típico de incêndios na região".<ref>{{citar periódico|periódico=Geosciences |issn=2076-3263 |ano=2020 |mês=março |volume=10 |número=3|autor1=Sarah Moura B. dos Santos |autor2=António Bento Gonçalves |autor3=Washington Franca Rocha |autor4=Gustavo Baptista |título=Assessment of Burned Forest Area Severity and Postfire Regrowth in Chapada Diamantina National Park (Bahia, Brazil) Using dNBR and RdNBR Spectral Indices |url=https://eds.s.ebscohost.com/eds/Citations/FullTextLinkClick?sid=f8bedd8a-1f52-4175-a46f-3d8f6d880e8c@redis&vid=1&id=pdfFullText |acessodata=7/4/2023 |língua=en}}</ref>

===Áreas de proteção ambiental ===
O território da Chapada possui diversas áreas de proteção ambiental instaladas e outras, como os geoparques, projetadas.

Dentre as existentes estão o Parque Nacional da Chapada Diamantina, e parte da [[Floresta Nacional Contendas do Sincorá]], mantidos pelo governo federal, as estaduais Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho, a Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara, a [[Área de Proteção Ambiental da Serra do Barbado]] e a [[Área de Relevante Interesse Ecológico Nascentes do Rio de Contas]], e também o Parque Estadual Morro do Chapéu e [[Parque Estadual das Sete Passagens]]. Na esfera municipal existem o [[Parque Natural Municipal do Morro do Pai Inácio]], o [[Parque Natural Municipal do Boqueirão]] e o [[Parque Natural Municipal do Riachinho]] (em Palmeiras), o [[Parque Natural Municipal da Muritiba]] (mais conhecido como Serrano, em Lençóis), o [[Parque Municipal da Serra da Santana]] (em Piatã), o [[Parque Municipal Natural da Serra das Almas]] (em Rio de Contas), o [[Parque Municipal de Mucugê]] (nesta cidade, com o [[Museu Vivo do Garimpo]], o [[Parque Natural Municipal do Espalhado]] (em Ibicoara) ou ainda o [[Monumento Natural da Cachoeira do Ferro Doido]] (em Morro do Chapéu).

==== Parque Nacional da Chapada Diamantina ====
{{excerto|Parque Nacional da Chapada Diamantina}}
{{excerto|Parque Nacional da Chapada Diamantina}}


=== Parque Estadual do Morro do Chapéu ===
==== Parque Estadual do Morro do Chapéu ====
{{excerto|Parque Estadual do Morro do Chapéu}}
{{excerto|Parque Estadual do Morro do Chapéu}}


=== Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara ===
==== Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara ====
{{excerto|Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara}}
{{excerto|Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara}}


=== Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho ===
==== Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho ====
{{excerto|Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho}}
{{excerto|Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho}}

==Cultura ==
Assinala Antônio Marcos A. Ribeiro que "a Chapada Diamantina é uma vasta extensão de terras com características geográficas, sociais, econômicas, culturais e dialetais diferenciadas do restante do estado da Bahia" e que "evidências que comprovam peculiaridades de um falar regional/popular na literatura que trata do garimpo nas lavras diamantinas".<ref name=amar/>

A religiosidade ancestral conservou-se em várias tradições populares, como é o caso do ''terno das almas'', em Andaraí, que tem seu ápice na Semana Santa, onde realizam "uma espécie de penitência em que um grupo de pessoas, em sua maioria mulheres, sai pelos becos e ruas das cidades envoltas em lençóis brancos e, ao som da matraca, realizam as estações (paradas), nas quais entoam preces, benditos e incelências como um coro polifônico em favor das almas".<ref>{{citar web|url=https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/15532/9211 |título=Vista do Reza não é música: a lamentação das almas na |autor=Carolina Pedreira |ano=2010 |publicado=UFRGS |acessodata=10/10/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20150919050218/https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/15532/9211 |arquivodata=19/9/2015 |urlmorta=}}</ref> Romarias, como a que anualmente ocorre no antigo povoado de [[Morro do Fogo]], em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, atraem fiéis [[Igreja Católica Apostólica Romana|católicos]] e ainda turistas de aventura que, no dia da festa, participam das comemorações religiosas e, a seguir, da parte profana.<ref name=eco>{{citar web|url=https://oecojornal.com.br/morro-do-fogo-momentos-de-uma-romaria-que-se-foi/ |título=MORRO DO FOGO: Momentos de uma Romaria que se foi… |autor=|ano=2016|publicado=O Eco |acessodata=18/2/2023 |arquivourl=https://archive.ph/ioZw3 |arquivodata=18/2/2023 |urlmorta=}}</ref>

Dentre as manifestações religiosas da Chapada tem-se o [[jarê]], de matriz africana e diferenciada do [[candomblé]], com quem guarda semelhanças. Existente na região de Lençóis, traz em suas práticas elementos de origem indígena.<ref name=jare>{{citar web|url=https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/206|título=Conexões afroindígenas no jarê da Chapada Diamantina|autor=Gabriel Banaggia |ano=2017 |publicado=Revista de Antropologia da UFSCar, 9 (2), p. 123-133 |acessodata=1/10/2023 |arquivourl=https://archive.ph/IUNiD |arquivodata=1/10/2023 |urlmorta=}}</ref>

Em Rio de Contas ocorre a procissão de ''[[Corpus Christi]]'' no mês de junho de cada ano, a festejar o "Santíssimo Sacramento" - padroeiro da cidade, encerrando os festejos com a presença de uma multidão.<ref>{{citar web|url=https://oecojornal.com.br/cidade-celebra-corpus-cristi-o-padroeiro/ |título=Hoje (19) e amanhã (20), Rio de Contas recebe multidão para a maior festa católica do ano |autor=Samuel Rodrigues |data=19/6/2019 |publicado=O Eco |acessodata=16/1/2023 |arquivourl=https://archive.ph/JHTJW |arquivodata=17/1/2023 |urlmorta=}}</ref> O carnaval dessa cidade é um dos mais tradicionais do estado.<ref>{{citar web|url=https://www.jussiup.com.br/2012/02/protesto-marca-carnaval-2012-de-rio-de.html|título=Protesto marca Carnaval 2012 de Rio de Contas |autor=Will Assunção |data=22/2/2012 |publicado=Jussi Up |acessodata=16/1/2021 |arquivourl=https://archive.ph/bvu17 |arquivodata=17/1/2023 |urlmorta=}}</ref>

===Patrimônio tombado ===
{{Imagem dupla|right|Cemitério Bizantino 56.jpg|205|Lençóis - Chapada Diamantina 2012 03.jpg|170|Cemitério bizantino de Mucugê|Mercado de Lençóis}}
Além das áreas de proteção ambiental, na Chapada existem diversos bens tombados nacionalmente pelo [[IPHAN]] ou estadualmente pelo [[IPAC]]. No primeiro caso tem-se como exemplo o [[Conjunto Arquitetônico de Rio de Contas]] (tombado em 1980) com monumentos como a [[Igreja de Nossa Senhora Santana]], construída em alvenaria de pedra sem que tenha sido aplicada alguma camada de reboco (tombada em 1958).<ref name=vivaufba>{{citar web|url=https://repositorio.ufba.br/handle/ri/11687 |título=A representação de sítios históricos: documentação arquitetônica digital |autor=Fabiano Mikalauskas de Souza Nogueira |ano= 2010 |publicado=UFBA |acessodata=16/1/2021 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230117014702/https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/11687/1/Fabiano_Mikalauskas_DISS.pdf |arquivodata=17/1/2021 |urlmorta=}}</ref>

Constitui patrimônio nacional o [[Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Lençóis]] (tombado em 1973)<ref>{{Citar web |url=http://www.ipatrimonio.org/lencois-conjunto-arquitetonico-e-paisagistico/ |titulo=Lençóis - Conjunto Arquitetônico e Paisagístico |publicado=ipatrimônio |acessodata=2021-07-16 |lingua=pt-BR}}</ref> e também o de [[Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Mucugê|Mucugê]] (em 1980).<ref>{{Citar web |url=http://www.ipatrimonio.org/mucuge-conjunto-arquitetonico-e-paisagistico/ |titulo=Mucugê - Conjunto Arquitetônico e Paisagístico |publicado=ipatrimônio |acessodata=2021-07-16 |lingua=pt-BR}}</ref> Nesta última cidade destaca-se o [[Cemitério Santa Isabel]], chamado de "bizantino", uma das únicas necrópoles tombadas nacionalmente.<ref>{{citar web|url=https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/16977/1/CarolinoMSB_DISSERT_Parcial.pdf|título=Ruínas sobre a Serra do Sincorá: a patrimonialização de Mucugê e do Cemitério Santa Isabel (Bahia, 1970-2012)|autor=Carolino Marcelo de Sousa Brito |data=março de 2013 |publicado=|acessodata=15/1/2023 |lugar=Natal |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230115152334/https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/16977/1/CarolinoMSB_DISSERT_Parcial.pdf|arquivodata=15/1/2023 |urlmorta=}}</ref> Em Andaraí existe o [[Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Igatu e ruínas de habitações de pedra]], no antigo povoado de Xique-Xique.<ref>{{citar web |url=http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/126 |titulo=IPHAN |publicado=Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 22 de julho de 2021}}</ref><ref>{{citar web |url=http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/113 |titulo=Igatu (Andaraí - BA) |publicado=Portal IPHAN. Consultado em 21 de julho de 2021}}</ref>. Também o [[rio Mucugezinho]] foi, no ano 2000, junto ao [[Morro do Pai Inácio]], listado pelo IPHAN como patrimônio tombado no livro dos registros "arqueológico, etnográfico e paisagístico".<ref>{{citar web|url=http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Lista%20Bens%20Tombados%20por%20Estado.pdf |título=Bens tombados e em processo de tombamento em andamento|autor=Institucional |data=9/12/2015|publicado=IPHAN |acessodata=11/1/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20221108103122/http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Lista%20Bens%20Tombados%20por%20Estado.pdf |arquivodata=8/11/2022 |urlmorta=}}</ref>


===Literatura ===
{{AP|Bibliografia sobre a Chapada Diamantina}}
{{Caixa de citação
|largura = 30%
|título=
|"Nessas terras altas, cretáceas, xistosas, nesses ares finos e salubres, temperados e retemperadores, havia ouro e diamantes, das Minas do Rio de Contas e das Lavras Diamantinas; havia, pelo campo e pelas rechãs, mocambos e pastagens, para gado infinito, e aluviões adustos, para algodão e café..."
|autor = ''Afrânio Peixoto'' (in Sinhazinha, Ediouro, cap. 17)
}}
[[Ficheiro:Biblioteca Pública Municipal Herberto Sales.jpg|miniaturadaimagem|Biblioteca Pública Municipal, de Andaraí, nomeada em homenagem a [[Herberto Sales]]]]
Luiz Alexandre Brandão Freire informa que "a região da Chapada Diamantina protagonizou obras de romance que também são fontes fundamentais para compreensão das dinâmicas históricas da região".<ref>{{citar web|url=https://www.encontro2020.bahia.anpuh.org/resources/anais/19/anpuh-ba-eeh2020/1604269455_ARQUIVO_e0779608688e48939f53e0218008b4b8.pdf |título=Lavras Diamantinas (Bahia, séc. XIX): Reflexões sobre a Historiografia |autor=Luiz Alexandre Brandão Freire |ano=2020 |publicado=Anpuh |acessodata=25/1/2023 |arquivourl=https://archive.ph/Dup38 |arquivodata=26/1/2023 |urlmorta=}}</ref>

Vários livros retratam a vida na Chapada Diamantina. O mais antigo deles, provavelmente, foi o romance "Lavras Diamantinas" que "foi escrito em 1870", embora publicado somente em 1967, por Marcelino José das Neves que, "na flor da mocidade (...) havia (...) seguido para a zona das 'lavras', eldorado que surgira e era procurado por aventureiros de todo o grande Estado, em cujo solo riquíssimo e ubérrimo, jazem as mais custosas gemas e cresce todo tipo de vegetação".<ref>{{citar livro|último2=Neves Lobão|primeiro2=Maria Theodolina |capítulo=Prefácio |primeiro1=Marcelino José das|último1=Neves |título=Lavras Diamantinas |editora=Fundação Gonçalo Muniz |lugar=Salvador |ano=1967 |páginas=417 |id=}}</ref>

[[Herberto Sales]], nascido em [[Andaraí]], foi dos autores que mais trouxeram a Chapada Diamantina como cenário de suas obras, a principiar pelo seu romance de estreia, [[Cascalho (livro)|Cascalho]], de 1944, seguido por "Além dos Marimbus" em 1945; "Cascalho" "é realmente um tratado, um referencial de garimpagem, envolvendo todas as lutas e conquistas pelo diamante, pelo dinheiro", no dizer de Lícia Maciel Neves.<ref>{{citar livro|autor1=[[Hélio Pólvora]]|autor2=[[Ruy Espinheira Filho]]|autor3=[[Aramis Ribeiro Costa]]|autor4=Lícia Maciel Neves|autor5=Fernanda Weichenberg |numero-autores=3|título=Herberto Sales: a saga de um bamburrar literário |editor=Dhan Ribeiro |editora=Kalango|lugar=Simões Filho |ano=2017 |páginas=195|isbn=9788589526913 }}</ref>

Na parte histórica tem-se como precursor [[Gonçalo de Athayde Pereira]] que, no dizer de [[Erivaldo Fagundes Neves]], foi "o [[corografia|corógrafo]] da Chapada Diamantina" que "descreveu minuciosamente rios, serras, flora e fauna, produtos comercializados" mas que "usara como fonte, fundamentalmente, informes orais, que ofereceram dados circunstanciais, de modo genérico, sendo, por outro lado, ufanista, ao narrar paisagens".<ref name=quimera>{{citar livro|autor1=Erivaldo Fagundes Neves |autor2=Delmar Alves de Araújo |autor3=Ronaldo de Salles Sena |título=Bambúrrios e Quimeras (olhares sobre Lençóis: narrativa de garimpos e interpretações da cultura |editora=UEFS - Grafinort |local=Feira de Santana |ano=2002 |páginas=260 |isbn=9788573950694}}</ref>

Ambientado na Chapada, a obra [[Torto Arado]] de [[Itamar Vieira Júnior]] tornou-se o livro mais vendido no Brasil pela Amazon no ano de 2021. Sem especificar um período histórico, o romance retrata as condições de quase escravidão vivida por trabalhadores nas fazendas locais.<ref>{{citar web|url=https://veja.abril.com.br/cultura/torto-arado-desbanca-autoajuda-e-e-o-livro-mais-vendido-do-ano-na-amazon/|título=‘Torto Arado’ desbanca autoajuda e é o livro mais vendido do ano na Amazon |autor=Amanda Capuano |data=28/12/2021 |publicado=Veja|acessodata=|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>

=== Filmografia ===
A Chapada foi cenário de algumas produções filmográficas, tanto no cinema como na televisão:
*[[Cascalho (filme)]], de Tuna Espinheira. Baseada no livro homônimo do Herberto Sales, mas quem fez o artigo não viu isso.
*[[Diamante Bruto]] filme de 1979 de [[Orlando Senna]] estrelado por [[José Wilker]], foi baseado no romance ''[[Bugrinha]]'' de [[Afrânio Peixoto]] e contou com a participação dos moradores de Lençóis. O próprio filme motivou a realização de um documentário em 2005 por Conceição Senna.<ref>{{citar web|url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/acontece/ac0912200601.htm |título=Documentário faz retrato amargo de cidade mudada |autor=Sérgio Rizzo |data=9 de dezembro de 2006 |publicado=Folha de S.Paulo |acessodata=31/1/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230201012703/https://www1.folha.uol.com.br/fsp/acontece/ac0912200601.htm |arquivodata=1/2/2023 |urlmorta=}}</ref>
*A Lenda do Pai Inácio, de [[Pola Ribeiro]].
*[[Pedra sobre Pedra]], novela da [[rede Globo]] tem seu início mostrando atrações da Chapada, como o [[Cemitério Santa Isabel]].<ref>{{citar web|url=https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/16977/1/CarolinoMSB_DISSERT_Parcial.pdf|título=Ruínas sobre a Serra do Sincorá: a patrimonialização de Mucugê e do Cemitério Santa Isabel (Bahia, 1970-2012)|autor=Carolino Marcelo de Sousa Brito |data=março de 2013 |publicado=|acessodata=15/1/2023 |lugar=Natal |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230115152334/https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/16977/1/CarolinoMSB_DISSERT_Parcial.pdf|arquivodata=15/1/2023 |urlmorta=}}</ref>
*a [[gruta da Fumaça]] serviu de locação para a telenovela [[A Favorita]], da [[rede Globo]].<ref>{{citar periódico|periódico=Conexão Subterrânea |número=N. 108 |autor=Leda Zogbi |título=Remapeada Gruta da Fumaça, Iraquara, Bahia |página=p. 2 |data=30/4/2013 |id=ISSN 1981/1594 }}</ref>
*a [[gruta da Pratinha]] também foi cenário em telenovelas da rede Globo, como [[Agora É que São Elas]], A Favorita e Pedra sobre Pedra. A mesma emissora realizou ali duas reportagens no programa [[Globo Repórter]].<ref>{{citar web|url=https://www.bahia.ba.gov.br/2008/05/noticias/turismo/rede-globo-filma-novela-na-bahia/|título=Rede Globo filma novela na Bahia |autor=|data=16/5/2008 |publicado=bahia.ba.gov.br |acessodata=12/5/2023 |arquivourl=https://archive.ph/TdP8D |arquivodata=12/5/2023 |urlmorta=}}</ref>
*[[O Brasil da Pré-História: o mistério do Poço Azul]], documentário [[França|franco]]-brasileiro de 2007, que mostra as descobertas fósseis da [[megafauna]] no [[Poço Azul]].<ref>{{citar web|url=https://culturaecurriculo.fde.sp.gov.br/administracao/Anexos/Documentos/320130610131039O%20Brasil%20da%20Pr%C3%A9-Hist%C3%B3ria%20%E2%80%93%20O%20Mist%C3%A9rio%20do%20Po%C3%A7o%20Azul.pdf |título=O Brasil da Pré-História: o Mistério do Poço Azul|autor=|data=|publicado=fde.sp.gov.br |acessodata=6/5/2023 |arquivourl=https://archive.ph/9Vcxb |arquivodata=6/5/2023|urlmorta=|citação=PDF arquivado como html.}}</ref>

==Economia ==
===Mineração ===
O ouro ainda é uma das principais riquezas da Chapada, sendo a [[mina de Jacobina]] a maior do [[Região Nordeste do Brasil|Nordeste brasileiro]]; explorado por empresa canadense é um dos principais empregadores da cidade, havendo ainda a possibilidade de expansão da extração do mineral em Ibitiara, mais ao centro da Chapada.<ref>{{citar web|url=https://www.bahianoticias.com.br/noticia/240022-fonte-de-riqueza-de-jacobina-conheca-a-mineradora-que-mais-produz-ouro-no-nordeste|título=Fonte de riqueza de Jacobina: conheça a mineradora que mais produz ouro no Nordeste |autor=João Brandão|data=2/10/2019 |publicado=Bahia Notícias |acessodata=9/10/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20231009212709/https://www.bahianoticias.com.br/noticia/240022-fonte-de-riqueza-de-jacobina-conheca-a-mineradora-que-mais-produz-ouro-no-nordeste |arquivodata=9/10/2023 |urlmorta=}}</ref>

===Turismo ===
[[Ficheiro:Chapada Diamantina banner.JPG|semmoldura|centro|800px]]

O fim da atividade garimpeira trouxe um período de decadência à região e a iniciativa de fazer do turismo uma atividade econômica viável teve início na década de 1960 com o então prefeito de Lençóis, Olímpio Barbosa Filho que, ainda, tentou implementar atividades agrícolas. A existência de casario antigo e rico patrimônio natural, junto a uma experiência neste sentido levada a cabo por uma cidade do estado de São Paulo, fez com que o governante criasse o Conselho Municipal de Turismo, e envolvesse toda a comunidade - " pedreiros, [[lavadeira]]s, estudantes e professores" - numa luta que levou, anos depois, à criação do Parque Nacional e à colocação da região como potencialmente turística nos projetos governamentais.<ref>{{citar web|url=https://www.encontro2020.bahia.anpuh.org/resources/anais/19/anpuh-ba-eeh2020/1608582674_ARQUIVO_3082522e82255e2f34fec48fc33ce003.pdf |título=Povos originários do Sul da Chapada Diamantina: (re)conhecimento da história local e educação patrimonial |autor1=Ingrid Barbosa Gonçalves |autor2=Arthur Cavalcanti de Oliveira Damasceno |ano=2019 |publicado=Anpuh |acessodata=8/5/2023 |arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>

Como forma de sistematizar a atividade turística, a cadeia montanhosa foi dividida pela Bahiatursa em três "circuitos" distintos por suas afinidades históricas e culturais: Chapada Norte, com foco em [[Morro do Chapéu]]; Circuito do Diamante, abrangendo o PARNA-CD e região circunvizinha e, finalmente, o Circuito do Ouro, abrangendo a [[Área de Proteção Ambiental da Serra do Barbado]] e foco em [[Rio de Contas (Bahia)|Rio de Contas]].<ref name=giovanna>{{citar web|url=https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/236071/silva_gip_tcc_rosa.pdf |título=Turismo de base comunitária e suas funcionalidades: uma análise sobre a comunidade do Vale do Pati no Parque Nacional da Chapada Diamantina - BA |autor=Giovanna Isabele Pereira da Silva |data=2/8/2022 |publicado=Unesp |acessodata=2/3/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20230303013320/https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/236071/silva_gip_tcc_rosa.pdf |arquivodata=3/3/2023 |urlmorta=}}</ref>

===Parques eólicos ===
Segundo o governo do estado informou, em 2019, "dos 23 projetos de parques eólicos na Bahia, 11 estão na Chapada Diamantina, nos municípios de Bonito, Brotas de Macaúbas, Cafarnaum, Campo Formoso, Dom Basílio, Gentio do Ouro, Itaguaçu da Bahia, Morro do Chapéu, Mulungu do Morro, Ourolândia e Várzea Nova".<ref>{{citar web|url=https://www.seplan.ba.gov.br/noticias/bahia-e-o-primeiro-em-energia-eolica-no-pais/|título=Bahia é o primeiro em energia eólica no país |autor=Institucional |data=18/4/2019|publicado=Seplan |acessodata=9/10/2023 |arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>

==Transportes ==
=== Rodovias ===
{{Imagem dupla|right|Morro do Pai Inácio 2015.jpg|200|Chapada Diamantina road view 10.jpg|220|O [[Morro do Pai Inácio]], visto da BR-242|{{*}}BA-142, na altura de Mucugê}}

A principal via de acesso da Chapada se dá pela rodovia federal [[BR-242]] que, em 2015, recebeu o nome que homenageia o geógrafo [[Milton Santos]],<ref>{{citar web|url=https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11103.htm |título=Lei 11.103 de 18 de março de 2005 |autor=Congresso Nacional |data=18/3/2005 |publicado=Casa Civil da Presidência da República |acessodata=27/1/2023 |arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> nascido em Brotas de Macaúbas em 3 de maio de 1926, e falecido no dia 24 de junho de 2001.<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u21554.shtml |autor=Guto Gonçalves |data=24/6/2001 |título=Professor Milton Santos morre de câncer na próstata aos 75 anos |acessadoem=9/10/2023 |publicado=Folha de S.Paulo}}</ref><ref name=Geledes>{{Citar web |url=https://www.geledes.org.br/entrevista-explosiva-com-milton-santos/ |título=Entrevista explosiva com Milton Santos |publicado=Geledés |acessadoem=21 de novembro de 2014}}</ref><ref name=MuseuAfro>{{Citar web |url=http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/historia-e-memoria/2014/12/30/milton-almeida-dos-santos |título=Milton Almeida dos Santos |publicado=Museu Afro Brasil |acessadoem=21 de novembro de 2018}}</ref>

Dentre as rodovias estaduais que cruzam a região está a BA-052, conhecida como ''Estrada do Feijão'', que liga [[Xique-Xique]] a [[Feira de Santana]], passando por Morro do Chapéu.<ref>{{citar web|url=https://www.bahia.ba.gov.br/2012/04/noticias/infraestrutura/conclusao-de-mais-244-km-completa-recuperacao-da-estrada-do-feijao/|título=Conclusão de mais 244 km completa recuperação da Estrada do Feijão|autor=|data=2 de maio de 2012|publicado= Governo da Bahia|acessodata=8 de outubro de 2012 |arquivodata=20/1/2021 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20210120032357/https://www.bahia.ba.gov.br/2012/04/noticias/infraestrutura/conclusao-de-mais-244-km-completa-recuperacao-da-estrada-do-feijao/ |urlmorta=}}</ref> A BA-142 é outra via importante, cortando a Chapada de norte a sul, ligando as cidades de Barra da Estiva, Ibicoara, Mucugê, Andaraí, Barra da Estiva, Ituaçu e Tanhaçu.<ref>{{citar web|url=https://www.bahianoticias.com.br/municipios/noticia/24339-ba-142-que-interliga-cidades-da-chapada-passa-a-ter-nome-de-ex-prefeita|título=BA-142 que interliga cidades da Chapada passa a ter nome de ex-prefeita |autor=Francis Juliano |data=|publicado=Bahia Notíticias |acessodata=9/10/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20231010012119/https://www.bahianoticias.com.br/municipios/noticia/24339-ba-142-que-interliga-cidades-da-chapada-passa-a-ter-nome-de-ex-prefeita|arquivodata=10/10/2023 |urlmorta=}}</ref> A [[BA-148]] também faz a ligação norte-sul, e na Chapada atravessa as cidades de Dom Basílio, Livramento de Nossa Senhora, Rio de Contas, Jussiape, Abaíra, Piatã, Boninal, Seabra e Barra do Mendes; no trecho entre Livramento e Rio de Contas ela recebeu o nome de ''Estrada Parque Des. Antônio Carlos Souto'', e foi construído no final da década de 1990.<ref>{{citar web|url=https://www.portallivramento.com.br/noticias/2518-2017/01/11/ba-148-trecho-livramento-rio-de-contas-encontra-se-em-pessimas-condicoes-de-uso-e-conservacao |título=BA-148: trecho Livramento/Rio de Contas encontra-se em péssimas condições de uso e conservação |autor=|data=11/1/2017 |publicado=Portal Livramento |acessodata=9/10/2023|arquivourl=https://archive.ph/ey5Cl |arquivodata=10/10/2023 |urlmorta=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://oecojornal.com.br/inaugurado-o-trecho-da-ba-148-entre-os-municipios-de-abaira-e-jussiape-interligando-br-242-ate-a-br-116/|título=Inaugurado o Trecho da BA-148 entre os municípios de Abaíra e Jussiape, interligando BR-242 até a BR-116 |autor=|data=2012 |publicado=O Eco |acessodata=9/10/2023 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20231010014953/https://oecojornal.com.br/inaugurado-o-trecho-da-ba-148-entre-os-municipios-de-abaira-e-jussiape-interligando-br-242-ate-a-br-116/|arquivodata=10/10/2023 |urlmorta=}}</ref>

=== Aeroporto(s)===
O [[Aeroporto Horácio de Mattos]] foi construído com o objetivo de fomentar o turismo na região, na cidade de Lençóis. Possui a segunda maior pista do estado mas, durante a [[pandemia de Covid-19]] teve seu funcionamento suspenso por falta de empresa administradora,<ref>{{Citar web|ultimo=Polcri|primeiro=Maysa|url=https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/aeroporto-de-lencois-permanece-fechado-desde-o-inicio-da-pandemia/|titulo=Aeroporto de Lençóis permanece fechado desde o início da pandemia|data=2022-01-10|acessodata=2022-03-30|website=Jornal Correio|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{citar web|último=Alexandre Galvão|título=Sem iluminação, aeroporto de Lençóis só funciona até pôr do sol|url=http://www.bahianoticias.com.br/municipios/noticia/480-sem-iluminacao-aeroporto-de-lencois-so-funciona-ate-por-do-sol.html|publicado=Bahia Notícias|acessodata=12 de Janeiro de 2015|data=9 de Janeiro de 2015}}</ref> sendo os voos retomados em novembro de 2022.<ref>{{citar web|url=https://jornaldachapada.com.br/2022/11/09/chapada-gol-inaugura-voo-entre-salvador-e-lencois-em-reabertura-do-aeroporto-horacio-de-matos/|título=#Chapada: Gol inaugura voo entre Salvador e Lençóis |autor=|data=9/11/2022 |publicado=Jornal da Chapada |acessodata=9/10/2023 |arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==
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* [[Vale do Capão]]
* [[Serra Geral (Bahia)|Serra Geral]]
* [[Serra Geral (Bahia)|Serra Geral]]
* [[Serra da Tromba]]
* [[Vale do São Francisco]]
* [[Vale do São Francisco]]
* [[Recôncavo baiano]]
* [[Recôncavo baiano]]
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{{Notas e referências}}
{{Referências}}


=== Bibliografia ===
=== Bibliografia ===

Revisão das 15h31min de 11 de outubro de 2023

Chapada Diamantina
chapada
Trilhas Rio entre paredões Turismo na natureza
Pico do Itobira Quilombolas de Rio de Contas Cachoeira do Buracâo
Pico da Serra das Almas Igreja de Pedra
Morrão
Gruta da Pratinha Arte rupestre Cachoeira da Fumacinha
Panorama da "Chapada Velha"
Pantanal de Marimbus Lençóis Rio Brumado
Bahia Amostras da vastidão da Chapada Diamantina Bahia
País Brasil
Cidades Abaíra • Andaraí • Barra da Estiva • Barra do Mendes • Boninal • Bonito • Brotas de Macaúbas • Érico Cardoso • Ibicoara • Ibitiara • Iramaia • Iraquara • Itaetê • Jacobina • Jussiape • Lençóis • Marcionílio Souza • Morro do Chapéu • Mucugê • Nova Redenção • Novo Horizonte • Palmeiras • Paramirim • Piatã • Rio de Contas • Rio do Pires • Ruy Barbosa • Seabra • Souto Soares • Tapiramutá • Utinga • Wagner[nota 1]
Mapa
Localização da Chapada Diamantina na Bahia
Coordenadas 12° 52' 49" S 41° 22' 20" O


Chapada Diamantina é uma região de serras, situada no centro do estado brasileiro da Bahia, parte de uma vasta cordilheira conhecida por Cadeia do Espinhaço[nota 2] "(...) é um extenso planalto (38 000 km²), que corresponde a 15% do Estado da Bahia"[2][nota 3] Nela nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio de Contas. Ali estão as maiores altitudes da Região Nordeste do Brasil: o Pico do Barbado, com 2 033 metros, Pico do Itobira e o Pico das Almas.[3][4] A formação geográfica faz parte do conjunto de serras e planaltos do Leste e do Sudeste do relevo brasileiro e constitui-se como prolongamento da Serra do Espinhaço, portanto, é um escudo cristalino formado no Pré-Cambriano.[5][6]. Em suas variadas paisagens, com ecossistemas que incluem a caatinga, cerrado, campos rupestres e até ilhas de mata atlântica, existem diversas áreas de proteção ambiental nas três esferas administrativas - federal, estadual e municipal, tais como o Parque Nacional da Chapada Diamantina, o Parque Estadual do Morro do Chapéu ou a Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara.

A vegetação é exuberante, composta de espécies da caatinga semiárida e da flora serrana, com destaque para as bromélias, orquídeas e sempre-vivas. Sua população total estimada em 2014 era de 395 620 habitantes. Sendo Seabra, Morro do Chapéu e Iraquara as três cidades mais populosas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).[7][8][9] "A Chapada Diamantina é uma vasta extensão de terras com características geográficas, sociais, econômicas, culturais e dialetais diferenciadas do restante do estado da Bahia. Como descreve Seabra (2017, p. 9) “[...] desponta como um conjunto de terras elevadas que parte do coração da Bahia até alcançar o norte de Minas Gerais. Na Bahia, a região montanhosa se estende por 41.994 km2 [...]”, o equivalente, por sua extensão territorial, a muitos países da Europa." (citado na obra: "O país do garimpo e sua sócio-história").[10]

A partir de 2015 o governo do estado efetuou a subdivisão administrativa do território baiano em vários "Territórios de Identidade" (TI) dando a um deles o nome de Território de Identidade Chapada Diamantina e integrado por vinte e quatro dos municípios localizados na região central; além dela há o TI do Piemonte da Chapada Diamantina. Paralelamente a esta divisão existe ainda, independente daquela, a divisão do território em treze "zonas turísticas", sendo a Zona Turística da Chapada Diamantina uma delas.

A região apresenta características históricas e culturais peculiares, com repercussão no vocabulário, manifestações religiosas e sociais próprias. Ali nasceram alguns expoentes nacionais como Milton Santos, Abílio César Borges, Afrânio Peixoto, Moraes Moreira, entre outros.

Histórico

pré-história

Durante a última glaciação (cerca de 24 mil anos atrás) a Chapada tinha maior umidade e clima mais ameno, sendo então habitada por seres da megafauna, cujos restos foram encontrados em alguns trechos de sua área, e que atestam que a configuração do terreno já era similar à que atualmente se vê.[11] A localização de mais de quatro mil ossos, dos quais um exemplar de megatério completo, na gruta do Poço Azul inspirou a realização de um premiado documentário intitulado O Brasil da Pré-História: o mistério do Poço Azul, em 2007, exibido em mais de cinquenta países antes de sua estreia na televisão brasileira.[12]

Quando da chegada dos colonizadores, a região norte da Chapada (Jacobina, Morro do Chapéu), eram habitadas por tribos de Payayás e outras etnias que, então, sofreram intenso combate na chamada "guerra de conquista" do território, onde os nativos, tratados como bárbaros, eram perseguidos, catequisados, forçados ao aldeamento, e outras formas de assimilação ou aniquilação, para darem lugar aos empreendimentos levados a cabo no processo de expansão lusitana do território, como a instalação de fazendas, currais, garimpos, etc.[13]

A denominação genérica dada a esses povos era de "tapuias", indígenas de linguagem majoritariamente cariri, e que pertenciam ao tronco macro-jê. Nas áreas da Chapada praticavam o extrativismo dos frutos locais (como o umbu), caça, pesca e cultivos de plantas como o amendoim, aipim, batata-doce, etc., num estilo de vida nômade ou semi-nômade. A herança dessa forma de conquista fez com que muitos desses povos perdessem sua identidade e, até, fossem considerados extintos, como foi o caso do povo Payayá que, entretanto, persiste numa fazenda entre as cidades de Utinga e Morro do Chapéu.[13]

Sítios arqueológicos

Arte rupestre da Serra das Paridas.

O primeiro estudioso que registrou gravuras rupestres na região foi Valentín Calderón, localizando nas décadas de 1960 e 1970 figuras que qualificou como "geométrica ou muito primitiva. Encontramo-la (...) em diversos pontos da Chapada, especialmente nos sopés desta, perto da estrada que vai de Irecê ao Morro do Chapéu".[14]

O sitio da Serra das Paridas (Lençóis) e a Lapa do Sol (Iraquara), são dois dos pontos com inscrições rupestres que podem ser visitados por turistas.[14]

Entradas e bandeiras: o período colonial

"O povoamento não indígena dessa área interiorana teve início ainda no século XVII, mas os processos migratórios que mais marcaram a região aconteceram predominantemente no final do século XVIII e primeira metade do XIX,com a exploração de minério por meio do garimpo", como afirmou Gabriel Banaggia.[15]

A primeira bandeira a penetrar a Chapada teria ocorrido em 1560 por Vasco Rodrigues Caldas, "fidalgo português, foi vereador na Bahia", que teria se solicitado a Mem de Sá autorização para penetrar nos sertões nos moldes da anteriormente realizada por Francisco Bruza Espinosa e, partindo pelo rio Paraguaçu, foi possivelmente o primeiro colonizador europeu a atingir a Chapada Diamantina, nas regiões hoje das cidades de Itaetê, Nova Redenção e Andaraí.[16] Em carta do padre Manuel da Nóbrega, este teria registrado que ele "destruiu aldeias, massacrou e trouxe muitos cativos para Salvador" e, noutra expedição dois anos depois, em informe do padre Leonardo Valle, teria retrocedido ante a resistência dos tupinaés.[17]

A descoberta de ouro no Rio de Contas Pequeno, quando era vice-rei Miguel Pereira da Costa gerou um extenso relatório por seu "Mestre de Campo do Engenho", em 1721, como registrou Urbino Vianna. Em razão desta descoberta, quando era vice-rei o Conde de Sabugosa, este manda erigir vilas - como Minas do Rio de Contas e Jacobina, e estradas de comunicação entre estas e as zonas mineiras ao sul e ao litoral, ao norte.[18]

A colonização do sertão não foi obra pacífica, nem as bandeiras e entradas em busca de ouro e pedras preciosas tiveram facilidades, e Oliveira Viana registrou: "cada curral avançado no deserto é uma vendeta contra a selvageria. Cada sesmaria, um futuro campo de luta. Cada engenho uma fortaleza improvisada." (pág. 91) Registra Urbino Vianna que no século XVII "Jacobina e Rio de Contas estabeleceram um dique aos crimes, que se perpetravam em número assustador", tendo ocorrido apenas em Jacobina, entre 1710 e 1721 "quinhentos e trinta e dois homicídios por armas de fogo."[18]

Urbino Vianna reporta ainda que "um dos vultos notáveis" da penetração colonialista nos sertões baianos foi Antônio Guedes de Brito, possuidor de cento e sessenta léguas de terras" a partir de sua morada, em Morro do Chapéu; fundara o morgado Guedes de Brito e, sendo ele membro da Casa da Ponte, esta grande porção territorial encontrava limites somente com as pertencentes à Casa da Torre. (pág. 138)[18]

"Chapada Velha" - o ciclo do ouro

Casa de Câmara e Cadeia, em Rio de Contas: registro da riqueza no "ciclo do ouro" da Chapada.

Registrou o militar Durval Vieira de Aguiar que "o Rio de Contas nadou em ouro, de uma maneira tal que pareciam exageradas as arrobas de que falam os arquivos da Câmara e os próprio Compromissos das Irmandades. A moeda corrente era o ouro em pó ou em barra; sendo a oitava quase que a unidade monetária".[19]

Sobre o desenvolvimento da região aurífera da Chapada o historiador Licurgo Santos Filho, no seu Uma Comunidade Rural do Brasil Antigo, registra que o povoamento iniciara-se às margens do rio Brumado (também denominado "rio de Contas Pequeno", à época), onde hoje se acha a cidade de Livramento de Nossa Senhora, arraial que em 1724 se emancipara e, em razão de epidemias que ali grassavam, tiveram autorização para mudarem a sede, erguida onde hoje está a cidade de Rio de Contas, passando Livramento a ser conhecida como "Vila Velha".[20]

Santos Filho registrou que a nova povoação "prosperou (...) surgiram e multiplicaram-se as casas de taipa, de porta e janela, moradias dos mineiros e dos novos habitantes, comerciantes e homens de negócio, artífices e homens de ofício, autoridades, gente da Igreja, o cirurgião-barbeiro, o boticário, afinal, toda a população de uma vila florescente, afamada pelo ouro extraído em suas cercanias". O autor fala ainda que para lá acorreram "milhares, talvez, de cristãos-novos", ali refugiados das devassas no Reino, de tal forma integrando-se na vida local que, ao se instalar o "Familiar do Santo Ofício, Miguel Lourenço de Almeida", não há registro de qualquer perseguição, limitando-se este ao papel de "senhor feudal". Registra, ainda, as estradas da "rota de currais" pelas quais escoavam a produção e comunicava-se a região com a capital, os estados de Goiás e Minas Gerais, e também ao Piauí.[20]

Durval Aguiar aventa como possibilidades então narradas para o fim desse ciclo as "exigências do opressivo imposto do quinto, feitas pelos agentes do fisco em favor do reino de Portugal; outros dizem que o governo português, no intuito de não provocar a usura dos invasores holandeses, a mandou proibir; outros, mais razoavelmente, asseveram que a mineração do ouro, já um tanto enfraquecida por todos esses e outros embaraços, só veio a cessar em 1844 quando foram descobertas as primeiras lavras de diamantes do Mucugê e Lençóis, que tanto floresceram de 1848 a 1872."[19]

ciclo do diamante

O Museu Vivo do Garimpo, em Mucugê, numa típica casa de pedras dos tempos do garimpo

A região originalmente denominada "Lavras Diamantinas" veio a denominar toda a Chapada e "marca uma divisão histórica dos municípios pertencentes à região conforme apresentassem ou não possibilidade de extração da pedra. As cidades mais antigas pertencem assim à região das lavras, no centro da Chapada Diamantina", como assinalou Gabriel Banaggia.[15]

Com o título de Diamond Mine of Sincura, o jornal australiano The Maitland Mercury registrava, já em 1842, a existência da mineração na região da Serra do Sincorá, falando da insegurança na região do garimpo e da qualidade dos diamantes ali encontrados. A notícia narra que a descoberta dos diamantes fora feita por um escravo que, em outubro de 1841, tentara vender 700 quilates da pedra e fora aprisionado; sem dele conseguirem obter a indicação de onde estavam os diamantes, então permitiram-lhe a fuga convenientemente e puseram indígenas experientes para segui-lo, vindo a capturá-lo com o tesouro próximo a Cachoeira - então a segunda maior cidade do estado, confirmando a existência das pedras. Foi pesquisada então uma vasta área do Paraguaçu[nota 4] no entorno da serra do Sincorá, e as minas foram descobertas.[21]

Assim, já nos meses iniciais os primeiros aventureiros ("condenados e assassinos") para lá acorreram. Logo milhares de pessoas estabeleciam os povoados, chegando Lençóis a contar com vinte mil pessoas e três mil casas. Sem a presença estatal, os próprios mineiros estabeleceram seu código de regras. Três quintos da produção foi para a Inglaterra, um quinto para a França e Hamburgo e o quinto restante aos comerciantes do Rio de Janeiro e Salvador - uma quantidade tão grande que os lapidadores da Europa não conseguiam lapidar a metade e o preço da joia ameaçava desvalorizar-se.[21]

De sua passagem pela Chapada em 1880, registrou Teodoro Sampaio na obra O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina: "Se, porém, quisermos determinar com mais precisão a zona diamantífera, no interior da Bahia, teríamos de destacar, entre os onze graus e os catorze graus de latitude sul, o mais largo trecho da chapada, cujos limites por linhas naturais seriam, a começar pelo oeste: o rio São Francisco desde o Xiquexique até a barra do Paramirim, e por este acima até as suas nascentes no pico das Almas, daí pelo curso do rio Brumado até sua barra no rio de Contas, seguindo depois por este abaixo até onde lhe entra pela esquerda o rio Sincorá. Daí, tomando para o norte, sobe o Sincorá até as suas cabeceiras e, transpondo a serra do mesmo nome, ganha as nascentes do rio Una, cujo curso desce até sua foz no Paraguaçu. Remonta o curso deste até a barra do rio Santo Antônio, e subindo por este acima vai até a foz do rio Utinga, cujo curso subirá até as suas cabeceiras nas vizinhanças do morro do Chapéu, e, prosseguindo ao norte para além das nascentes do rio Jacuípe, sobe até o paralelo de onze graus de latitude sul, que ficará sendo o limite do lado setentrional".[22]

A lavra dos diamantes se dava inicialmente no leito dos rios Cumbuca, Piabinha e Mucugê, bem como nos riachos e córregos afluentes. Mas mesmo áreas hoje centrais de povoamento, como o centro de Mucugê, também foram garimpadas. A divisão das partes dos rios entre garimpeiros legou alguns nomes daqueles que ali detinham a posse da lavra, como a Cachoeira do Tiburtino no Cumbuca, ou o poço de Zé Leandro, nomes que remetem aos gruneiros que ali trabalhavam, mesmo sem que tivessem a propriedade das terras, e que permaneceram até a atualidade.[23]

Essa atividade impactou não somente na vegetação nativa, como alterou mesmo o leito de rios em sua profundidade, curso e velocidade do fluxo pois, além da mineração diretamente neles, a atividade necessitava de bastante água para lavar o "cascalho", de forma que nos tempos em que não havia bombas, eram feitas barragens e aquedutos para os locais distantes dos leitos ou para cursos d'água secos na estiagem, onde chegavam por ação da gravidade, ainda existindo muitos vestígios dessas obras antigas, como ainda das casas de pedras erguidas muitas vezes junto aos paredões de rocha, grutas (ou "grunas"), que assim se tornavam elementos da arquitetura e são atualmente mais um dos atrativos turísticos.[23]

Carbonado: de "ferrujão" a tesouro mineral

O carbonado é uma forma de diamante de grande dureza que, durante a exploração da pedra preciosa na Chapada era simplesmente descartada pelos garimpeiros, que a chamavam de "ferrujão". Assim como a joia, era encontrado no meio do cascalho, nas áreas de aluvião e foi apenas a partir de 1870 que se descobriu sua utilização industrial e passou a ter valor comercial, sendo a região um dos únicos depósitos então conhecidos.[24]

Na chapada, segundo registrou Gonçalo de Athayde Pereira, seu comércio foi introduzido pelo francês Albano Chabaribère, que residia na região das Lavras, adquirindo-os pelo valor de 160 réis por oitava (medida equivalente a 17 quilates). O maior carbonado já encontrado pesava 3 167 quilates, pelo velho garimpeiro Sérgio Borges de Carvalho no garimpo do "Brejo da Lama" (a 10 km da cidade de Lençóis). Foi então vendida para o comerciante José Bezerra por 114 contos de réis. Toda a produção era exportada, pois não existia seu uso no Brasil à época, tendo por destinos a Europa e Estados Unidos.[24]

A capital baiana na Chapada

No final do século XIX, com a Proclamação da República, e o movimento de urbanização planejada que levou às mudanças das capitais mineira e goiana para novas cidades "edificadas para este fim", também na Bahia o então governador Rodrigues Lima cogitou a mudança da capital para a região do "Alto Paraguaçu, proximidades da serra do Sincorá", cabendo os estudos a uma comissão chefiada pelo engenheiro João Carlos Greenhalgh.[25]

"O local pretendido seria no distrito de Cascavel, hoje pertencente a Ibicoara-Ba. O lugar era promissor devido ao terreno ser bem nivelado, mas após avaliação técnica dos engenheiros responsáveis não foi aprovado pelo fato de a quantidade de água não ser suficiente para abastecer uma capital", como registrou Antônio Marcos de Almeida Ribeiro, aditando que, no mesmo período, houve a "cogitação de Lençóis sediar um vice-consulado francês, todavia nunca se constatou por documento a comprovação desse fato".[26]

Coronelismo: Horácio de Matos, "o supercoronel"

Matos (sentado) e o comando do Batalhão Patriótico Chapada Diamantina

Era a política da Chapada, no final do século XIX e começo do seguinte, dominada por coronéis que formavam uma rede de inimizades e alianças. Militão Rodrigues em Barra do Mendes, Dias Coelho em Morro do Chapéu, Manuel Fabrício em Campestre (hoje distrito de Brotas de Macaúbas), José João de Oliveira e Clementino Matos em Brotas de Macaúbas, eram os principais. Neste contexto, sobrinho de Clementino e iniciado por Dias Coelho de quem foi aprendiz, surge a figura de Horácio de Matos em meio a lutas. Após obter uma trégua nas disputas com Militão, Horácio recebe do tio moribundo a chefia do clã e, a partir dali, enfrenta diversas batalhas até tornar-se intendente da principal cidade da Chapada à época, Lençóis. Das batalhas havidas nas primeiras décadas do século XX Horácio sagrou-se como a liderança de vasta região que lhe valeram o apelido de "governador do sertão" e, quando a Coluna Miguel Costa-Prestes corta o país pregando a revolução, o "título" de coronel é feito fatual, chefiando então o "Batalhão Patriótico Chapada Diamantina" que persegue a Coluna desde a Bahia até o território boliviano, para onde fugira e se dissolvera.[27][28][29]

O brasilianista coreano radicado nos Estados Unidos, Eul-Soon Pang, assim resumiu o poderio de Horácio de Matos: "um comerciante e depois coronel guerreiro, sem instrução, de Lavras Diamantinas, na Bahia, foi reconhecido pelo governo federal, em 1920, como líder absoluto de uma região que abrangia doze municípios,[nota 5] com pleno direito de manter sua força armada pessoal e o privilégio de nomear seus próprios deputados nos legislativos estaduais e federal".[30] O mesmo autor ainda assinala, num subtítulo: "O Supercoronel Horácio de Matos e o PRD", assinalando que seu poderio somente era equiparável ao exercido pelo Padre Cícero, no Ceará.[31]

Em 1931, após promover o desarmamento do sertão exigido pelo interventor no estado com a instauração do Estado Novo, Horácio foi preso sem acusação e, logo após ser solto, na capital, foi assassinado ao lado da filha de seis anos, marcando assim o fim da era do antigo coronelismo.[28]

Geografia

Mapa orográfico da Bahia, com a Chapada ao centro, em formato de "V".

O relevo da Chapada é considerado do tipo apalacheano, marcado por "um relevo estrutural esculpido em antigas formações dobradas, exumadas pela denudação. Esse relevo caracteriza-se por um alinhamento paralelo de cristas e vales. As cristas formadas nos estratos mais resistentes e os vales formados nos menos resistentes", como o pesquisador M. A. Suertegaray registrou.[32] Tem seu limite sul com a Serra do Espinhaço.[33]

Seu relevo divide-se em dois grandes grupos: as serras da Borda Oriental e as da Borda Ocidental. Na Oriental predomina a Serra do Sincorá, possuindo altitudes que vão de 1 600 (a oeste) a 400 metros (a leste) e as cidades que a partir do século XIX viveram o ciclo do diamante. Na Borda Ocidental estão os cumes mais altos do estado, e cidades históricas que vivenciaram o ciclo do ouro, no século XVIII.[34]

Geograficamente o território da Chapada possui algumas divisões, baseadas na conformação geomorfológica das suas partes. Dentre estas, o Plano Diretor de Recursos Hídricos das sub-bacias dos rios Verde e Jacaré, de 1995, descreve as seguintes (em domínio público):

Serras da Borda Ocidental - "Englobam os relevos montanhosos da parte ocidental das áreas elevadas da Chapada Diamantina, com altitudes variando de 750 a 1 850 metros e médias situadas entre 1 000 e 1 200 metros. A morfologia está representada por elevações residuais, com cristas orientadas e paralelas aos vales estreitos entalhados sobre as rochas mais friáveis (siltitos, argilitos)".[35]

Pediplanos Centrais- "Compreendem relevos planos que se apresentam a diferentes níveis. Apresentam altitudes médias que variam de 1 000 a 1 200 metros, podendo chegar a 1 300 metros na região da Chapada da Aldeia de Baixo e na Serra da Estiva (...) As formas de relevo que constituem essa unidade, englobadas de aplanamento, resultam da superfície de aplanamento que foi degradada, retocada e inumada, interrompida por cristas residuais de camadas mais resistentes".[35]

Blocos Planálticos Setentrionais – "São representados por compartimentos elevados e feições estruturais esculpidas sobre os metassedimentos do grupo Chapada Diamantina. Compreendem elevações residuais correspondentes a uma anticlinal falhada e escavada, cujas bordas, situadas no contato metaconglomerados/metarenitos com metassiltitos/metargilitos, são escarpadas".[35]

Divisões políticas e regiões administrativas

A formação geológica inspirou a delimitação de divisões administrativas homônimas para o planejamento de políticas públicas pelo Governo do Estado da Bahia.[36]:302[37]

Na divisão realizada em 1945 pelo Conselho Nacional de Geografia, que dividia o país em "zonas fisiográficas" a "Zona da Chapada Diamantina" contava, na divisão territorial da época, com as seguintes cidades: Andaraí, Barra da Estiva, Brotas de Macaúbas, Ibitiara, Irecê, Ituaçu, Lençóis, Livramento do Brumado (atual Livramento de Nossa Senhora), Mucugê, Oliveira dos Brejinhos, Palmeiras, Piatã, Rio de Contas, Santo Inácio e Seabra.[38]

Em regionalização instituída em 1991, delimitou-se a Região Econômica Chapada Diamantina, abrangendo 29 municípios.[37][39] Paralelamente na mesma década, desenvolveu-se a regionalização do turismo na Bahia, na qual a Zona turística da Chapada Diamantina foi por algum tempo a única do interior baiano e chegou a ser dividida em quatro circuitos (Chapada Norte, do Diamante, do Ouro e Chapada Velha).[40][41] Em 2007, passou a vigorar uma nova regionalização que estabeleceu o Território de Identidade Chapada Diamantina,[37] composto por 24 municípios[42] e ocupado por uma população total de 359 677 habitantes (conforme censo de 2010), sendo Seabra, Morro do Chapéu e Iraquara os três municípios mais populosos.[43]:13-14 Os 24 municípios do território de Identidade são: Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Ibitiara, Itaeté, Marcionílio Souza, Morro do Chapéu, Novo Horizonte, Palmeiras, Rio de Contas, Seabra, Souto Soares, Tapiramutá, Utinga, Wagner, Boninal, Bonito, Ibicoara, Iraquara, Jussiape, Lençóis, Mucugê, Nova Redenção e Piatã.[42]

cidades

Algumas cidades têm todo o seu território nos seus altiplanos, outras, contudo, apenas uma parte está ali. Uma relação mais conservadora relaciona as seguintes cidades: Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Barra do Mendes, Boninal, Bonito, Brotas de Macaúbas, Érico Cardoso, Ibicoara, Ibitiara, Iramaia, Iraquara, Itaetê, Jacobina, Jussiape, Lençóis, Paramirim, Marcionílio Souza, Morro do Chapéu, Mucugê, Nova Redenção, Novo Horizonte, Palmeiras, Paramirim, Piatã, Rio de Contas, Rio do Pires, Ruy Barbosa, Seabra, Souto Soares, Tapiramutá, Utinga e Wagner; autores como Renato Luís Bandeira acrescentam aquelas situadas nas serras ocidentais, como Boquira, Botuporã, Gentio do Ouro, Ipupiara, Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos e Tanque Novo, e ainda aquelas mais ao norte, como América Dourada, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Ibipeba, Ibititá, Irecê, João Dourado, Lapão (Bahia), Presidente Dutra e Uibaí.[38]

Clima

Possui um clima diferente da região de seu entorno, marcadamente de semi-árido, ali se caracterizando por tropical semi-úmido, com temperadura média anual entre 20°C e 24°C e, com a barreira orográfica que forma, possui uma média pluviométrica anual superior a 1 000 mm (em Lençóis essa média supera os 1 400 mm).[34]

Hidrografia

Com uma extensão territorial equivalente à Bélgica, a Chapada Diamantina é considerada um "berçário de rios".[44] De fato, "a quantidade de rios é tão grande que a região é considerada um oásis dentro do sertão baiano" pois ali "estão abrigadas as nascentes das três maiores bacias hidrográficas do estado".[38]

Geologia

Ver artigo principal: Geologia da Chapada Diamantina

A formação do relevo chapadiano data de um processo que teve início há 1,7 bilhão de anos, no qual agiram dois processos tectônicos, a formação de mares, montes e desertos sucessivos (como o Deserto Tombador ou o Mar Bambuí) em processos de sedimentação e soerguimento, levando a uma diversidade geológica que deram a conformação atual onde a Chapada destaca-se do Supergrupo Espinhaço com várias formações geológicas (como a Ouricuri do Ouro, Mangabeira ou a Guiné) que hoje se vê no relevo sedimentar de planaltos, chapadas tabulares, cuestas, etc.[45][11][34]

A Chapada traz registros de três paleoceanos na configuração de suas rochas: o Mar Espinhaço formado cerca de 1 750 milhões de anos atrás[46] e que, a seguir, deu lugar ao Deserto Tombador;[47] o Mar Caboclo, formado num período de há cerca de 1 100 milhões de anos com águas agitadas e, finalmente, o citado Mar Bambuí, de águas calmas e datado de cerca de 700 milhões de anos atrás.[46]

Espeleologia

Tem-se que "O maior acervo espeleológico da América do Sul está integrado ao patrimônio natural da Chapada. Entre as centenas de cavernas, uma das mais conhecidas é a do Poço Encantado, cuja incidência de luz transforma a coloração da água, tão cristalina que permite observar o fundo, a 60 metros. Com características semelhantes, no Poço Azul é permitido mergulhar. Das cavernas secas, Torrinha, Lapa Doce, Paixão, Lapão, Bolo de Noiva, Fumaça, Gruta Azul e Brejões são as mais visitadas".[44] O cronista Renato Bandeira assim registrou: "Há grutas fantásticas. Existem centenas delas espalhadas pela região, sendo que as principais são: a do Lapão, em Lençóis; a da Pratinha, da Lapa Doce, da Torrinha em Iraquara; a dos Brejões, em Morro do Chapéu, a da Mangabeira em Ituaçu, a do Buraco do Cão, em Seabra e muitíssimas outras."[38]

O sistema de cavernas existente em Iraquara é considerado o mais importante do país, do qual faz parte a gruta do Ioiô, onde foram encontrados muitos fósseis.[48]

Ecologia

A Chapada Diamantina configura-se em verdadeiro oásis em meio à caatinga possuindo, além desse bioma, elementos de campos rupestres, cerrado e floresta decidual.[34] "Num ambiente tão amplo e longe de ser explorado totalmente, pesquisadores do Ministério do Meio Ambiente catalogaram 854 espécies da flora e 506 da fauna – 55 mamíferos –, com destaque para a onça-pintada e o guigó-da-caatinga".[44]

Flora

A vegetação chapadense é considerada de "mosaico", por sua enorme variedade. Como afirmam SANTOS et al., "Diferentes tipos de vegetação coexistem em pequenas áreas, condicionadas por pequenas variações litológicas, topográficas, hidrológicas e microclimáticas. Em geral, as principais formações vegetais encontradas na Chapada Diamantina são: "campo limpo", "campos rupestres" (campos rupestres), "campos gerais" (campos campestres), cerrado vegetação) e "matas ou floresta estacional" (florestas ou mato ou floresta caducifólia) (...) Existem também zonas de transição com características próprias onde coexistem espécies de dois ou mais ecossistemas".[49]

Fauna

Mico na região central da Chapada
Geco-de-dedos-nus do Vanzolini, fotografado em Mucugê.

A região possui espécie endêmicas únicas, muitas delas apenas recentemente descobertas e descritas, como o Geco-de-dedos-nus do Vanzolini, pequeno réptil listrado de hábitos noturnos nomeado em homenagem a Paulo Emílio Vanzolini.[50]

Em cavernas como a Gruna das Cobras e Gruna da Parede Vermelha pesquisadores têm encontrado espécies únicas, como a nova espécie de aracnídeo (Tmesiphantes hypogeus sp. nov.) nelas localizada e considerada a primeira espécie de tarântula troglóbia do Brasil,[51] a Caverna do Criminoso que é habitat de duas espécies de peixes troglóbios da família Copionodontíneos (bagres).[52] ou ainda a Gruna do Cantinho onde, em 2012, pesquisadores encontraram pequenas centopeias (lacraias)" pela primeira vez e, em novas pesquisas, foi identificada nova espécie cavernícola que foi batizada de Scolopocryptops troglocaudatus.[53]

Ameaças aos ecossistemas

Como afirmam SANTOS et al., o fogo está presente nas atividades tradicionais da região da Chapada, até mesmo no interior do Parque Nacional, e "No Brasil, pouco se sabe sobre a dinâmica das queimadas em regiões como a Chapada Diamantina, onde predominam os "campos rupestres", visto que a deflagração de queimadas neste ecossistema pode ser um distúrbio natural, e a atividade humana tende a aumentar a repetitividade e extensão desse fenômeno. No caso do PNCD, alguns estudos apontam para o fato de que, embora a área de conservação tenha sofrido incêndios florestais após sua implantação, algumas regiões do parque não são afetadas por incêndios há muitos anos. Em 2015 o Parque Nacional da Chapada Diamantina foi devastado por vários incêndios que duraram quatro meses, de setembro a dezembro, período típico de incêndios na região".[54]

Áreas de proteção ambiental

O território da Chapada possui diversas áreas de proteção ambiental instaladas e outras, como os geoparques, projetadas.

Dentre as existentes estão o Parque Nacional da Chapada Diamantina, e parte da Floresta Nacional Contendas do Sincorá, mantidos pelo governo federal, as estaduais Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho, a Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara, a Área de Proteção Ambiental da Serra do Barbado e a Área de Relevante Interesse Ecológico Nascentes do Rio de Contas, e também o Parque Estadual Morro do Chapéu e Parque Estadual das Sete Passagens. Na esfera municipal existem o Parque Natural Municipal do Morro do Pai Inácio, o Parque Natural Municipal do Boqueirão e o Parque Natural Municipal do Riachinho (em Palmeiras), o Parque Natural Municipal da Muritiba (mais conhecido como Serrano, em Lençóis), o Parque Municipal da Serra da Santana (em Piatã), o Parque Municipal Natural da Serra das Almas (em Rio de Contas), o Parque Municipal de Mucugê (nesta cidade, com o Museu Vivo do Garimpo, o Parque Natural Municipal do Espalhado (em Ibicoara) ou ainda o Monumento Natural da Cachoeira do Ferro Doido (em Morro do Chapéu).

Parque Nacional da Chapada Diamantina

Parque Nacional da Chapada Diamantina (abreviado como PARNA-CD, no registro oficial) é um parque nacional brasileiro criado em 17 de setembro de 1985 através do decreto federal 91.655,[55] com uma área de 152 mil hectares na região central da Chapada Diamantina, distribuído pelos municípios de Lençóis, Mucugê, Ibicoara, Andaraí e Palmeiras, no estado da Bahia.[56][57] É administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[58][57]

Parque Estadual do Morro do Chapéu

Parque Estadual do Morro do Chapéu é um parque estadual no estado da Bahia que protege uma área do bioma caatinga que abriga interessantes formações geológicas e pinturas rupestres pré-históricas.[59][60] As pinturas das grutas dos Brejões, Boa Esperança, Igrejinha e Cristal exigem proteção especial.[61] O parque fica no município de Morro do Chapéu, Bahia e tem uma área de 46 000 hectares (110 000 acres).[62] O parque fica em um trecho da Chapada Diamantina de grande beleza cênica e potencial turístico.[63] O parque contém sub-bacias dos rios Salitre, Jacaré, Utinga e Jacuípe. Estes, por sua vez, alimentam os rios Paraguaçu e São Francisco.[64] Foram catalogadas 543 nascentes importantes e o local tem potencial para funcionar como um geoparque.[61]

Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara

A Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara é uma unidade de conservação brasileira do tipo área de proteção ambiental (APA) localizada na Chapada Diamantina. Foi criada em 1993 e sua área abrange partes dos municípios de Lençóis, Andaraí, Palmeiras, Iraquara e Seabra, todos no estado da Bahia.[65]

Sua criação foi motivada para proteger as áreas situadas a leste e norte do Parque Nacional da Chapada Diamantina, e que foram excluídas de seu perímetro, como o Quilombo do Remanso, parte do pantanal de Marimbus, lagoas, rios e matas em área de alagadiço situados ao leste daquele parque.[66]

Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho

A Área de Proteção Ambiental Gruta dos Brejões - Vereda do Romão Gramacho é uma reserva ambiental localizada na Chapada Diamantina, possuindo uma área total de 11 900 hectares no entorno da lapa dos Brejões, tendo sido criada em 1985.[67]

Localizada na região chamada de Piemonte da Chapada Diamantina, sua área ocupa terras dos municípios de João Dourado, Morro do Chapéu e São Gabriel, fazendo parte do sistema hidrográfico da bacia do São Francisco.[68]

Cultura

Assinala Antônio Marcos A. Ribeiro que "a Chapada Diamantina é uma vasta extensão de terras com características geográficas, sociais, econômicas, culturais e dialetais diferenciadas do restante do estado da Bahia" e que "evidências que comprovam peculiaridades de um falar regional/popular na literatura que trata do garimpo nas lavras diamantinas".[26]

A religiosidade ancestral conservou-se em várias tradições populares, como é o caso do terno das almas, em Andaraí, que tem seu ápice na Semana Santa, onde realizam "uma espécie de penitência em que um grupo de pessoas, em sua maioria mulheres, sai pelos becos e ruas das cidades envoltas em lençóis brancos e, ao som da matraca, realizam as estações (paradas), nas quais entoam preces, benditos e incelências como um coro polifônico em favor das almas".[69] Romarias, como a que anualmente ocorre no antigo povoado de Morro do Fogo, em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, atraem fiéis católicos e ainda turistas de aventura que, no dia da festa, participam das comemorações religiosas e, a seguir, da parte profana.[70]

Dentre as manifestações religiosas da Chapada tem-se o jarê, de matriz africana e diferenciada do candomblé, com quem guarda semelhanças. Existente na região de Lençóis, traz em suas práticas elementos de origem indígena.[15]

Em Rio de Contas ocorre a procissão de Corpus Christi no mês de junho de cada ano, a festejar o "Santíssimo Sacramento" - padroeiro da cidade, encerrando os festejos com a presença de uma multidão.[71] O carnaval dessa cidade é um dos mais tradicionais do estado.[72]

Patrimônio tombado

Cemitério bizantino de Mucugê
Mercado de Lençóis

Além das áreas de proteção ambiental, na Chapada existem diversos bens tombados nacionalmente pelo IPHAN ou estadualmente pelo IPAC. No primeiro caso tem-se como exemplo o Conjunto Arquitetônico de Rio de Contas (tombado em 1980) com monumentos como a Igreja de Nossa Senhora Santana, construída em alvenaria de pedra sem que tenha sido aplicada alguma camada de reboco (tombada em 1958).[73]

Constitui patrimônio nacional o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Lençóis (tombado em 1973)[74] e também o de Mucugê (em 1980).[75] Nesta última cidade destaca-se o Cemitério Santa Isabel, chamado de "bizantino", uma das únicas necrópoles tombadas nacionalmente.[76] Em Andaraí existe o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Igatu e ruínas de habitações de pedra, no antigo povoado de Xique-Xique.[77][78]. Também o rio Mucugezinho foi, no ano 2000, junto ao Morro do Pai Inácio, listado pelo IPHAN como patrimônio tombado no livro dos registros "arqueológico, etnográfico e paisagístico".[79]


Literatura

"Nessas terras altas, cretáceas, xistosas, nesses ares finos e salubres, temperados e retemperadores, havia ouro e diamantes, das Minas do Rio de Contas e das Lavras Diamantinas; havia, pelo campo e pelas rechãs, mocambos e pastagens, para gado infinito, e aluviões adustos, para algodão e café..."

Afrânio Peixoto (in Sinhazinha, Ediouro, cap. 17)

Biblioteca Pública Municipal, de Andaraí, nomeada em homenagem a Herberto Sales

Luiz Alexandre Brandão Freire informa que "a região da Chapada Diamantina protagonizou obras de romance que também são fontes fundamentais para compreensão das dinâmicas históricas da região".[80]

Vários livros retratam a vida na Chapada Diamantina. O mais antigo deles, provavelmente, foi o romance "Lavras Diamantinas" que "foi escrito em 1870", embora publicado somente em 1967, por Marcelino José das Neves que, "na flor da mocidade (...) havia (...) seguido para a zona das 'lavras', eldorado que surgira e era procurado por aventureiros de todo o grande Estado, em cujo solo riquíssimo e ubérrimo, jazem as mais custosas gemas e cresce todo tipo de vegetação".[81]

Herberto Sales, nascido em Andaraí, foi dos autores que mais trouxeram a Chapada Diamantina como cenário de suas obras, a principiar pelo seu romance de estreia, Cascalho, de 1944, seguido por "Além dos Marimbus" em 1945; "Cascalho" "é realmente um tratado, um referencial de garimpagem, envolvendo todas as lutas e conquistas pelo diamante, pelo dinheiro", no dizer de Lícia Maciel Neves.[82]

Na parte histórica tem-se como precursor Gonçalo de Athayde Pereira que, no dizer de Erivaldo Fagundes Neves, foi "o corógrafo da Chapada Diamantina" que "descreveu minuciosamente rios, serras, flora e fauna, produtos comercializados" mas que "usara como fonte, fundamentalmente, informes orais, que ofereceram dados circunstanciais, de modo genérico, sendo, por outro lado, ufanista, ao narrar paisagens".[83]

Ambientado na Chapada, a obra Torto Arado de Itamar Vieira Júnior tornou-se o livro mais vendido no Brasil pela Amazon no ano de 2021. Sem especificar um período histórico, o romance retrata as condições de quase escravidão vivida por trabalhadores nas fazendas locais.[84]

Filmografia

A Chapada foi cenário de algumas produções filmográficas, tanto no cinema como na televisão:

Economia

Mineração

O ouro ainda é uma das principais riquezas da Chapada, sendo a mina de Jacobina a maior do Nordeste brasileiro; explorado por empresa canadense é um dos principais empregadores da cidade, havendo ainda a possibilidade de expansão da extração do mineral em Ibitiara, mais ao centro da Chapada.[90]

Turismo

O fim da atividade garimpeira trouxe um período de decadência à região e a iniciativa de fazer do turismo uma atividade econômica viável teve início na década de 1960 com o então prefeito de Lençóis, Olímpio Barbosa Filho que, ainda, tentou implementar atividades agrícolas. A existência de casario antigo e rico patrimônio natural, junto a uma experiência neste sentido levada a cabo por uma cidade do estado de São Paulo, fez com que o governante criasse o Conselho Municipal de Turismo, e envolvesse toda a comunidade - " pedreiros, lavadeiras, estudantes e professores" - numa luta que levou, anos depois, à criação do Parque Nacional e à colocação da região como potencialmente turística nos projetos governamentais.[91]

Como forma de sistematizar a atividade turística, a cadeia montanhosa foi dividida pela Bahiatursa em três "circuitos" distintos por suas afinidades históricas e culturais: Chapada Norte, com foco em Morro do Chapéu; Circuito do Diamante, abrangendo o PARNA-CD e região circunvizinha e, finalmente, o Circuito do Ouro, abrangendo a Área de Proteção Ambiental da Serra do Barbado e foco em Rio de Contas.[92]

Parques eólicos

Segundo o governo do estado informou, em 2019, "dos 23 projetos de parques eólicos na Bahia, 11 estão na Chapada Diamantina, nos municípios de Bonito, Brotas de Macaúbas, Cafarnaum, Campo Formoso, Dom Basílio, Gentio do Ouro, Itaguaçu da Bahia, Morro do Chapéu, Mulungu do Morro, Ourolândia e Várzea Nova".[93]

Transportes

Rodovias

O Morro do Pai Inácio, visto da BR-242
 • BA-142, na altura de Mucugê

A principal via de acesso da Chapada se dá pela rodovia federal BR-242 que, em 2015, recebeu o nome que homenageia o geógrafo Milton Santos,[94] nascido em Brotas de Macaúbas em 3 de maio de 1926, e falecido no dia 24 de junho de 2001.[95][96][97]

Dentre as rodovias estaduais que cruzam a região está a BA-052, conhecida como Estrada do Feijão, que liga Xique-Xique a Feira de Santana, passando por Morro do Chapéu.[98] A BA-142 é outra via importante, cortando a Chapada de norte a sul, ligando as cidades de Barra da Estiva, Ibicoara, Mucugê, Andaraí, Barra da Estiva, Ituaçu e Tanhaçu.[99] A BA-148 também faz a ligação norte-sul, e na Chapada atravessa as cidades de Dom Basílio, Livramento de Nossa Senhora, Rio de Contas, Jussiape, Abaíra, Piatã, Boninal, Seabra e Barra do Mendes; no trecho entre Livramento e Rio de Contas ela recebeu o nome de Estrada Parque Des. Antônio Carlos Souto, e foi construído no final da década de 1990.[100][101]

Aeroporto(s)

O Aeroporto Horácio de Mattos foi construído com o objetivo de fomentar o turismo na região, na cidade de Lençóis. Possui a segunda maior pista do estado mas, durante a pandemia de Covid-19 teve seu funcionamento suspenso por falta de empresa administradora,[102][103] sendo os voos retomados em novembro de 2022.[104]

Ver também

Notas e referências

Notas

  1. Como se pode ver do texto, há autores que ampliam essa lista, o que provavelmente se dá ao se considerar fatores geográficos, históricos, políticos e culturais, nem sempre coincidentes com as delimitações estatais.
  2. A formação tem início no estado de Minas Gerais, ao sul, estendendo-se até o norte para a Bahia até a Chapada Diamantina, voltando-se para o oeste com larguras que variam de 50 a 100 km, uma extensão total de 1 200 km (dos quais 550 km estão em solo mineiro) e altitudes que variam de 800 a 2 100 m.[1]
  3. Outros cálculos dão uma área superior a 41 000 km², como se vê no texto do artigo.
  4. Embora a matéria muitas vezes mencione o rio Paraguaçu, em outras passagens refere-se ao povoado de Paraguaçu; neste caso, fala de Mucugê, cujo nome original era "Vila de Santa Isabel do Paraguaçu" e depois São João do Paraguaçu.
  5. Essa área, atualmente, engloba mais de quarenta municípios, com as emancipações que ocorreram desde então.

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Bibliografia

Ligações externas