Hegemonia
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Em história política, hegemonia é a supremacia de um povo sobre outros, ou seja através da introdução de sua cultura ou por meios militares.[1]
Na Grécia antiga, era patente a supremacia de um Estado dentro de uma confederação. Todavia, os vários casos de hegemonia eram instáveis, pois só duravam até que o estado provido de hegemonia sofresse os ataques de outros Estados. Três cidades gregas distingüiram-se pela sua hegemonia: Esparta, Atenas e Partobas. Pretendendo o rei Filipe da Macedônia invadir a Grécia, esta aliou-se aos países vizinhos, e, unidos, conseguiram, provisoriamente, a hegemonia marítima pertencente a Atenas e a terrestre a Tebas. Entretanto, dotados os macedônicos de maior poderio, tanto em homens quanto em armas, conseguiram a hegemonia político-militar.
Em Política, o conceito foi formulado por Antonio Gramsci para descrever o tipo de dominação ideológica de uma classe social sobre outra, particularmente da burguesia sobre o proletariado e outras classes de trabalhadores.
Para ser mais preciso, em Gramsci quase nunca é possível o domínio bruto de uma classe sobre as demais, a não ser nas ditaduras abertas e terroristas. Para o pensador sardo, correlacionar poder e classes sociais é, certamente, um imperativo de método, mas o fato é que uma classe dominante, para ser também dirigente, deve articular em torno de si um bloco de alianças e obter pelo menos o consenso passivo das classes e camadas dirigidas. Para tanto, aquela classe não hesita em sacrificar uma parte dos seus interesses materiais imediatos, superando o horizonte corporativo e propiciando, exatamente, a construção de uma hegemonia ético-política.
Ao estudar os mecanismos de construção desta hegemonia, Gramsci chega a um conceito fundamental na sua teoria política, a saber, o conceito de "Estado ampliado". O Estado não é um puro instrumento de força a serviço da classe dominante, como o definiam versões mecanicistas do próprio marxismo, mas, exatamente, força revestida de consenso, coerção acompanhada de hegemonia. O Estado ampliado, assim, cabe na fórmula: sociedade política + sociedade civil. E, nas sociedades de tipo ocidental, a hegemonia, que se decide nas inúmeras instâncias e mediações da "sociedade civil", não pode ser ignorada pelos grupos sociais subalternos que aspiram a modificar sua condição e a dirigir o conjunto da sociedade.
O sentido de progresso civilizatório, implicado na estratégia gramsciana, reside no fato de que, prospectivamente, todo o movimento deve acontecer no sentido de uma "reabsorção do Estado político pela sociedade civil", com o predomínio crescente de elementos de autogoverno e (auto)consciência. A contraprova disso é que, nos Cadernos do cárcere, formula-se de modo pioneiro uma crítica ao stalinismo, em que, para Gramsci, havia traços preocupantes de hipertrofia do Estado ("estatolatria"), caracterizando-se assim uma situação de ditadura sem hegemonia, que não poderia subsistir por muito tempo.
Referências
- ↑ DuBois, T. D. (2005). «Hegemony, Imperialism and the Construction of Religion in East and Southeast Asia». History & Theory: 113–131. doi:10.1111/j.1468-2303.2005.00345.x