Jorge Sampaio
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Jorge Sampaio GColTE • BTO • GOIH • GColL | |
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18..º Presidente de Portugal | |
Período | 9 de março de 1996 a 9 de março de 2006 |
Antecessor(a) | Mário Soares |
Sucessor(a) | Aníbal Cavaco Silva |
Dados pessoais | |
Nome completo | Jorge Fernando Branco de Sampaio |
Nascimento | 18 de setembro de 1939 (84 anos) Lisboa, Portugal |
Alma mater | Universidade de Lisboa |
Cônjuge | Karin Schmidt Dias (div.), Maria José Rodrigues Ritta |
Partido | MES (1974-1978) PS (1978-actualidade) |
Profissão | Advogado e político |
Assinatura |
Jorge Fernando Branco de Sampaio GColTE • BTO • GColL • GOIH (Lisboa, 18 de Setembro de 1939) é um político português, terceiro presidente eleito na vigência da III República Portuguesa, entre 9 de Março de 1996 e 9 de Março de 2006. Tem uma biblioteca com o seu nome em Ourique.
Biografia
Filho de Arnaldo Sampaio e de sua mulher Fernanda Bensaude Branco (filha de Fernando Branco, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Marinha da Primeira República, e de sua mulher, Sara Bensliman Bensaude); é irmão do psiquiatra Daniel Sampaio[1].
Infância e juventude
Por imperativo da carreira do pai, passou algum tempo da sua infância viajando entre os EUA e a Inglaterra, experiência que o marcou muito. Também fez estudos musicais[2].
Jorge Sampaio iniciou a sua carreira política na altura em que era estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde foi admitido após os estudos secundários, nos liceus Pedro Nunes e Passos Manuel, em Lisboa.
Envolvido na contestação ao regime salazarista, foi presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, em 1960-1961, e secretário-geral da Reunião Inter-Associações Académicas (RIA), em 1961-1962. Foi, nessa qualidade, um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60 — início de um longo e generalizado movimento de contestação estudantil, com o seu auge na Universidade de Lisboa em 1962 e na Universidade de Coimbra em 1969.
O seu nome encontra-se na lista de colaboradores da publicação académica Quadrante [3] (1958-1962) publicada pela AAFDL.
Carreira profissional e política
Após a licenciatura em 1961, Sampaio iniciou uma carreira notável como advogado, muitas vezes envolvido na defesa de presos políticos, tendo desempenhado também funções diretivas na Ordem dos Advogados.
Com Júlio Castro Caldas associou-se à sociedade de advogados iniciada na década de 1970 por José Vera Jardim, Jorge Santos e José Macedo e Cunha, dando origem à Jardim, Sampaio, Caldas e Associados, a qual adotou adotou posteriormente a denominação de Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva & Associados[4].
Prosseguindo a sua acção como opositor à ditadura, candidatou-se, nas eleições legislativas de 1969, à Assembleia Nacional, integrando as listas da CDE, que em Lisboa se opunha à CEUD (esta liderada por Mário Soares e com incorporação da Comissão Eleitoral Monárquica). De resto, desenvolve uma constante atividade política e intelectual, participando nos movimentos de resistência e na afirmação de uma alternativa democrática de matriz socialista, aberta aos novos horizontes do pensamento político europeu[5].
Carreira política pós-25 de abril de 1974
Após o golpe de 25 de abril de 1974, Jorge Sampaio foi fundador do Movimento de Esquerda Socialista (MES), mas abandonou o projeto pouco depois, logo no primeiro congresso do partido, em dezembro do mesmo ano, alegando discordância de fundo com a orientação ideológica aí definida[6]. Subsequentemente, durante o processo revolucionário, desempenha um papel importante no diálogo com a ala moderada do MFA, sendo um ativo apoiante das posições do Grupo dos Nove. Em março de 1975, sendo Ministro dos Negócios Estrangeiros Ernesto Melo Antunes, Sampaio é nomeado Secretário de Estado da Cooperação Externa do IV Governo Provisório, o terceiro e penúltimo de Vasco Gonçalves[7]. Ainda em 1975 é um dos fundadores do grupo Intervenção Socialista, constituído por políticos e intelectuais, desenvolvendo um significativo trabalho de reflexão e renovação política[8].
Aderindo ao Partido Socialista em 1978, estreou-se como deputado à Assembleia da República após as eleições legislativas de 1979. Entre 1979 e 1984 foi membro da Comissão Europeia para os Direitos Humanos, onde desempenhou um papel ativo. Entre 1986 e 1987 presidiu ao Grupo Parlamentar do PS.
Em 1989 Jorge Sampaio obtém um feito político marcante na sua carreira, ao liderar uma histórica coligação entre o PS e o PCP, à Câmara Municipal de Lisboa, nas eleições autárquicas desse ano. Essa união faz com que consiga derrotar o candidato do centro-direita, Marcelo Rebelo de Sousa, com 49,07% dos votos e 9 vereadores. Em 1993, Sampaio, liderando uma coligação ampliada à UDP e ao PSR, foi reeleito, conquistando 56,66% dos votos e 11 vereadores, melhor resultado de sempre obtido por um candidato à presidência da Câmara lisboeta[9].
Ainda em 1991 sucedeu a Vítor Constâncio como secretário-geral do partido, cargo que ocupou até 1995, sucedendo-lhe António Guterres.
Presidência da República
Em 1995 Jorge Sampaio anunciou o desejo de se candidatar à Presidência da República. Ganhou a eleição logo na primeira volta, contra Aníbal Cavaco Silva, o anterior primeiro-ministro, e foi eleito Presidente em 14 de Janeiro de 1996. Tomou posse deste cargo a 9 de Março. Após um primeiro mandato sem controvérsias, foi re-eleito Presidente em 14 de Janeiro de 2001.
Como Presidente, a sua acção destaca-se nos aspectos sociais e culturais. As suas intervenções presidenciais foram reunidas nos livros Portugueses I, II, III, IV, V e VI. No domínio económico, impulsionou a criação da COTEC Portugal. Na cena política internacional, Sampaio foi um importante contribuidor para a tomada de consciência da causa pela Independência de Timor-Leste.
A presidência de Jorge Sampaio marcou-se sempre por um senso firme de prudência e moderação, um estilo que lhe assegurou um primeiro mandato sem controvérsias. O mesmo não se pode dizer do segundo mandato. No verão de 2004, a sua decisão de não convocar eleições antecipadas após a resignação do primeiro-ministro Social-Democrata José Durão Barroso foi contestada por todos os partidos de esquerda e acabou por influenciar a decisão de demissão do líder do Partido Socialista Eduardo Ferro Rodrigues. Em final desse mesmo ano, porém, resolve dissolver a Assembleia da República, apesar da maioria formada pelo PSD, agora chefiado por Santana Lopes, que era igualmente o chefe do XVI Governo, e o CDS-PP de Paulo Portas, também membro desse governo, como Ministro de Estado, Defesa e Assuntos do Mar.
Pós-Presidência da República
Em Maio de 2006, foi nomeado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas Enviado Especial para a Luta contra a Tuberculose. Em 26 de Abril de 2007 foi nomeado Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
No programa Os Grandes Portugueses, Jorge Sampaio obteve o 80.º lugar.
Casamento e descendência
- Casou primeira vez com a Dr.ª Karin Schmidt Dias, Médica, filha de António Jorge Dias e de sua mulher Margot Schmidt, Alemã, e irmã da Dr.ª Margot Schmidt Dias, Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique a 4 de Fevereiro de 1989, de quem se divorciou[10], sem geração.
- Casou segunda vez com Maria José Ritta e tem uma filha e um filho, Vera Ritta de Sampaio, nascida em 1977, solteira e sem geração, e André Ritta de Sampaio, nascido em 1981, solteiro e sem geração.[1]
Homenagens
- Em 1999 recebeu um Doutoramento honoris causa pela Universidade de Aveiro[11]
- Em 24 de Janeiro de 2010 recebeu um Doutoramento honoris causa pela Universidade de Coimbra.[12]
- Dia 11 de Outubro de 2010 recebeu um Doutoramento honoris causa pela Universidade de Lisboa, aquando das comemorações do centenário da mesma, coincidindo com as comemorações do centenário da República Portuguesa (5 de Outubro).
- 24 de julho de 2015: Prémio Nelson Mandela.[13]
Condecorações
Ordens nacionais:[14]
- Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (3 de Agosto de 1983)
- Grande-Colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal (9 de Março de 2006)
- Grande-Colar da Ordem da Liberdade de Portugal (9 de Março de 2006)
Ordens estrangeiras:[15]
Distinção | Ordem | País | Data |
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Grã-Cruz | Ordem do Mérito | Chipre | 21 de Dezembro de 1990 |
Grã-Cruz | Ordem do Leão | Finlândia | 8 de Março de 1991 |
Grã-Cruz | Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul | Brasil | 22 de Agosto de 1991 |
Grã-Cruz | Ordem de Orange-Nassau | Holanda | 25 de Março de 1992 |
Grã-Cruz | Ordem de Bernardo O'Higgins | Chile | 5 de Março de 1993 |
Grã-Cruz | Ordem da República | Tunísia | 12 de Julho de 1994 |
Grã-Cruz | Ordem Real Vitoriana | Grã-Bretanha e Irlanda do Norte | 12 de Julho de 1994 |
Grã-Cruz | Ordem de Ouissam Alaoui | Marrocos | 27 de Julho de 1995 |
Grã-Cruz com Estrela | Ordem do Mérito | Alemanha | 15 de Outubro de 1996 |
Medalha | Ordem Nacional das Colinas do Boé | Guiné-Bissau | 2 de Julho de 1996 |
Grã-Cruz | Ordem de Rio Branco | Brasil | 25 de Julho de 1996 |
1.º Grau | Ordem de Amizade e Paz | Moçambique | 12 de Maio de 1997 |
Grã-Cruz | Ordem da Águia Branca | Polónia | 9 de Outubro de 1997 |
Grande-Colar | Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul | Brasil | 9 de Dezembro de 1997 |
Colar | Ordem de Isabel a Católica | Espanha | 3 de Março de 1998 |
Grande-Colar e Banda | Ordem do Príncipe Jaroslav o Sábio | Ucrânia | 13 de Abril de 1998 |
Colar | Ordem do Libertador | Venezuela | 24 de Fevereiro de 1999 |
Grã-Cruz | Ordem do Mérito | Hungria | 22 de Abril de 1999 |
Grande-Colar | Ordem da Águia Azteca | México | 14 de Maio de 1999 |
Grã-Cruz | Ordem da Cruz de Mérito | Alemanha | 17 de Maio de 1999 |
Grã-Cruz | Ordem Nacional da Legião de Honra | França | 29 de Novembro de 1999 |
Grã-Cruz | Ordem do Salvador | Grécia | 10 de Dezembro de 1999 |
Grande-Colar | Ordem da Estrela | Roménia | 15 de Março de 2000 |
Medalha de Ouro | Ordem da Liberdade | Eslovénia | 31 de Março de 2000 |
Grande-Colar | Ordem 7 de Setembro | Tunísia | 10 de Maio de 2000 |
Colar | Ordem de Carlos III | Espanha | 11 de Setembro de 2000 |
Grã-Cruz | Ordem de Leopoldo I | Bélgica | 9 de Outubro de 2000 |
Grande-Colar | Ordem de Amílcar Cabral | Cabo Verde | 26 de Março de 2001 |
Grande-Colar | Ordem de Mérito | Chile | 30 de Setembro de 2001 |
Grande-Colar | Ordem de Mérito | Itália | 4 de Dezembro de 2001 |
Grã-Cruz | Ordem da Estrela Equatorial | Gabão | 8 de Janeiro de 2002 |
Grã-Cruz | Ordem de Francisco de Miranda | Venezuela | 24 de Junho de 2002 |
Grande-Colar | Ordem do Mérito | Hungria | 23 de Setembro de 2002 |
Grande-Colar | Ordem de São Miguel e São Jorge | Grã-Bretanha e Irlanda do Norte | 23 de Setembro de 2002 |
Grande-Colar | Ordem do Libertador San Martín | Argentina | 12 de Dezembro de 2002 |
Grande-Colar | Ordem da Rosa Branca | Finlândia | 6 de Fevereiro de 2003 |
Grande-Colar | Ordem da Terra Mariana | Estónia | 27 de Junho de 2003 |
Grã-Cruz | Ordem de Vitautas o Grande | Lituânia | 27 de Junho de 2003 |
Grã-Cruz | Ordem de Santo Olavo | Noruega | 24 de Junho de 2004 |
Grande-Colar | Ordem de Mérito | Argélia | 1 de Dezembro de 2004 |
Colar | Ordem Nacional do Mérito | Paraguai | 4 de Janeiro de 2006 |
1.ª Classe | Ordem da Estrela Branca | Estónia | 29 de Março de 2006 |
Cavaleiro | Ordem do Leão de Ouro da Casa de Nassau | Luxemburgo | 15 de Setembro de 2010 |
Referências
- ↑ a b José Maria Raposo de Sousa Abecassis (1.ª Edição, Lisboa, 1990). Genealogia Hebraica. [S.l.]: Edição do Autor. pp. Volume II. 248 Verifique data em:
|ano=
(ajuda) - ↑ Museu da Presidência
- ↑ Ana Cabrera. «Ficha histórica:Quadrante – a revolta de uma elite perante a crise da universidade» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de março de 2015
- ↑ JSMS
- ↑ Museu da Presidência
- ↑ Universidade do Porto
- ↑ Universidade do Porto
- ↑ Universidade do Porto
- ↑ Universidade do Porto
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Margot Schmidt Dias". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 19 de outubro de 2015
- ↑ «Doutores honoris causa pela UA». Universidade de Aveiro. Consultado em 23 de Agosto de 2014. Cópia arquivada em 28 de Julho de 2014
- ↑ Agência Lusa (24 de janeiro de 2010). «Jorge Sampaio recebe hoje grau de doutor "honoris causa" pela Universidade de Coimbra». Jornal Público. Consultado em 20 de maio de 2014. Cópia arquivada em 20 de maio de 2014
- ↑ Liliana Borges (24 de julho de 2015). «Jorge Sampaio recebe Prémio Nelson Mandela». Jornal de Negócios. Consultado em 24 de julho de 2015
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Jorge Fernando Branco Sampaio". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 20 de maio de 2014
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "Jorge Fernando Branco Sampaio". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 20 de maio de 2014
Ligações externas
- «Página pessoal de Jorge Sampaio». - Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações e Enviado Especial do SG da ONU para a Luta Contra a Tuberculose
- «Biografia de Jorge Sampaio». Página oficial da Presidência da República
- «Biografia completa de Jorge Sampaio». Sítio do Museu da Presidência da República
- «Página oficial para Erradicação da Tuberculose» (em inglês). www.stoptb.org
Precedido por Vítor Constâncio |
Secretário-geral do Partido Socialista 1989 - 1992 |
Sucedido por António Guterres |
Precedido por Nuno Krus Abecasis |
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa 1989 - 1995 |
Sucedido por João Soares |
Precedido por Mário Soares |
18º. Presidente da República Portuguesa 1996 — 2006 |
Sucedido por Cavaco Silva |
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- Homens
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- Portugueses de ascendência francesa
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- Políticos do Partido Socialista (Portugal)
- Políticos de Portugal que mudaram de partido
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- Banda das Três Ordens
- Grandes-Colares da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
- Grandes-Colares da Ordem da Liberdade
- Grã-Cruzes da Ordem Nacional da Legião de Honra
- Doutores Honoris Causa pela Universidade de Coimbra
- Doutores Honoris Causa pela Universidade de Lisboa
- Doutores Honoris Causa pela Universidade de Aveiro