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Praça-forte de Peniche: diferenças entre revisões

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No contexto da Guerra de [[Restauração da independência]], o Conde D. [[Jerônimo de Ataíde]] prosseguiu as obras de fortificação de Peniche, sob projetos do engenheiro militar francês [[Nicolau de Langres]] e, posteriormente, do português [[João Tomaz Correia]], que ficaram concluídas por volta de [[1645]].
No contexto da Guerra de [[Restauração da independência]], o Conde D. [[Jerônimo de Ataíde]] prosseguiu as obras de fortificação de Peniche, sob projetos do engenheiro militar francês [[Nicolau de Langres]] e, posteriormente, do português [[João Tomaz Correia]], que ficaram concluídas por volta de [[1645]].


Esta fortificação era coadjuvada pelo [[Forte da Praia da Consolação]] e pelo [[Forte de São João Baptista das Berlengas]], formando um extenso sistema defensivo que entretanto se revelou ineficaz durante a [[Guerra Peninsular]] perante a invasão [[Napoleão Bonaparte|napoleônica]] de [[1807]] sob o comando de [[Jean-Andoche Junot]]), tendo permanecido ocupada por tropas francesas entre o final desse ano e agosto de [[1808]]. Os invasores melhoraram no entanto as suas defesas e picaram as armas de Portugal no portão principal da fortificação. Ocupada por tropas inglesas sob o comando de [[William Carr Beresford]], foram feitas novas melhorias nas defesas, o que se repetiu sob o reinado de [[Miguel de Portugal]] (1828-1834), culminando na ampliação do perímetro defensivo. A fortificação teve entretanto débil atuação durante a [[Guerra Civil Portuguesa (1828-1834)]].
Esta fortificação era coadjuvada pelo [[Forte da Praia da Consolação]] e pelo [[Forte de São João Baptista das Berlengas]], formando um extenso sistema defensivo que entretanto se revelou ineficaz durante a [[Guerra Peninsular]] perante a invasão [[Napoleão Bonaparte|napoleónica]] de [[1807]] sob o comando de [[Jean-Andoche Junot]]), tendo permanecido ocupada por tropas francesas entre o final desse ano e agosto de [[1808]]. Os invasores melhoraram no entanto as suas defesas e picaram as armas de Portugal no portão principal da fortificação. Ocupada por tropas inglesas sob o comando de [[William Carr Beresford]], foram feitas novas melhorias nas defesas, o que se repetiu sob o reinado de [[Miguel de Portugal]] (1828-1834), culminando na ampliação do perímetro defensivo. A fortificação teve entretanto débil atuação durante a [[Guerra Civil Portuguesa (1828-1834)]].


Em [[1836]], a Praça-forte viveu dois eventos funestos: o [[incêndio]] que destruiu completamente o chamado ''Palácio do Governador'' (que não voltaria a ser recuperado) e uma explosão da [[pólvora]] armazenada num dos paióis.
Em [[1836]], a Praça-forte viveu dois eventos funestos: o [[incêndio]] que destruiu completamente o chamado ''Palácio do Governador'' (que não voltaria a ser recuperado) e uma explosão da [[pólvora]] armazenada num dos paióis.

Revisão das 03h44min de 28 de agosto de 2017

Fortaleza de Peniche
Fortaleza de Peniche, Portugal.
Construção João III de Portugal (1557)
Estilo Abaluartado
Conservação Bom
Homologação
(IGESPAR)
N/D
Aberto ao público Sim

A Fortaleza de Peniche localiza-se na cidade de mesmo nome, no distrito de Leiria, em Portugal.

É uma fortificação implantada na encosta sul, por sobre as arribas, entre o porto de pesca, a leste, e a Gruta da Furninha a oeste. [1] [2]

É também um museu, o Museu Municipal de Peniche, sendo composto por colecções de arqueologia (representativas do espólio da gruta da Furninha), arqueologia subaquática, malacologia (ramo da biologia que estuda os moluscos), construção naval e artesanato local (rendas de bilros). Alberga também um sector dedicado à resistência anti-fascista, podendo ser visitadas as antigas celas dos presos.[3]

História

Antecedentes: o Castelo da Vila

À época da Independência de Portugal, a ilha de Peniche erguia-se a cerca de oitocentos passos do continente, junto da foz do Rio São Domingos). A ação das correntes marítimas e dos ventos, com o passar dos séculos, levou ao assoreamento desse curso de água, vindo as areias a formar progressivamente um cordão de dunas que, consolidando-se, uniu a ilha de Peniche ao continente, fazendo desaparecer o porto de Atouguia.

O antigo lugar da Ribeira d’Atouguia, na foz desse rio, era um dos mais importantes portos portugueses da Idade Média, ponto de acesso privilegiado a localidades do centro do país (Lisboa, Óbidos, Torres Vedras,Santarém e Leiria), estando implicadada em importantes episódios da História de Portugal. Sendo alvo constante de ataques de corsários ingleses, franceses e de Piratas da Barbária, o rei Manuel I de Portugal (1495-1521) encarregou o conde de Atouguia da elaboração de um plano para a defesa daquele trecho do litoral, que foi apresentado ao seu sucessor, João III de Portugal (1521-1557). Os trabalhos foram iniciados pela construção, em 1557, do chamado castelo da vila, estrutura abaluartada, sob a supervisão de D. Luís de Ataíde, concluído por volta de 1570, ao tempo do reinado de D. Sebastião (1557-1578). Durante a Dinastia Filipina, foi em Peniche que as tropas inglesas, cedidas por Isabel I de Inglaterra, sob o comando de António I de Portugal, iniciaram a sua marcha sobre Lisboa (Julho de 1589), na tentativa infrutífera de restaurar a soberania portuguesa.

A povoação pesqueira foi elevada a vila (1609), tendo sido efetuados alguns reparos nas suas muralhas.

A Guerra da Restauração e a fortificação abaluartada

No contexto da Guerra de Restauração da independência, o Conde D. Jerônimo de Ataíde prosseguiu as obras de fortificação de Peniche, sob projetos do engenheiro militar francês Nicolau de Langres e, posteriormente, do português João Tomaz Correia, que ficaram concluídas por volta de 1645.

Esta fortificação era coadjuvada pelo Forte da Praia da Consolação e pelo Forte de São João Baptista das Berlengas, formando um extenso sistema defensivo que entretanto se revelou ineficaz durante a Guerra Peninsular perante a invasão napoleónica de 1807 sob o comando de Jean-Andoche Junot), tendo permanecido ocupada por tropas francesas entre o final desse ano e agosto de 1808. Os invasores melhoraram no entanto as suas defesas e picaram as armas de Portugal no portão principal da fortificação. Ocupada por tropas inglesas sob o comando de William Carr Beresford, foram feitas novas melhorias nas defesas, o que se repetiu sob o reinado de Miguel de Portugal (1828-1834), culminando na ampliação do perímetro defensivo. A fortificação teve entretanto débil atuação durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).

Em 1836, a Praça-forte viveu dois eventos funestos: o incêndio que destruiu completamente o chamado Palácio do Governador (que não voltaria a ser recuperado) e uma explosão da pólvora armazenada num dos paióis.

Neste século, diante da progressiva perda da sua função defensiva, as suas instalações passaram a ser utilizadas como prisão (época das Invasões Napoleónicas) e posteriormente, como prisão política (época das Guerras Liberais, quer para liberais, quer para absolutistas). Teve utilização militar até 1897. Um dos seus últimos governadores foi José Tomas de Cáceres (filho).

Do século XX aos nossos dias

No alvorecer do século XX foi utilizada, após a vitória inglesa na África do Sul, como abrigo para os bôeres que se encontravam refugiados na colónia portuguesa de Moçambique. À época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), nela estiveram detidos alemães e austríacos, convertendo-se, durante o Estado Novo português (1930-1974), em prisão política de segurança máxima (1934), época em que se tornou palco de duas célebres e espetaculares fugas.

Na madrugada de 18 para 19 de dezembro de 1954, o encarcerado dirigente do comunista António Dias Lourenço, que quinze dias antes provocara um incidente para ser recolhido ao "segredo", conseguiu evadir-se por uma abertura de 20 x 40 centímetros que serrou na almofada da porta da cela, descendo em seguida 20 metros de muralha até ao mar com uma corda feita com lençóis rasgados em tiras. A improvisada corda rompeu-se, fazendo-o cair ao mar. Foi arrastado para o largo por refluxo das ondas. Com muito esforço, esgotado, conseguiu no entanto alcançar terra e lograr escapar escondido, com a conivência de pescadores, numa camioneta de transporte de pescado.

A 3 de janeiro de 1960, tem lugar a memorável "fuga de Peniche", protagonizada por Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues, graças à conivência de um guarda republicano que anuiu à imobilização com clorofórmio de um seu colega responsável pela vigilância dos prisioneiros. O guarda em questão conduziu os fugitivos, um a um, agachados debaixo do seu capote de oleado, até a um troço mais escuro da muralha, de onde desceram para o exterior com o auxílio da referida corda feita de lençóis.

Em 25 de Abril de 1974, ao eclodir a Revolução dos Cravos, o forte foi um dos objetivos principais da ação dos militares revolucionários. Passou depois a ser utilizada como abrigo para os retornados dos ex-territórios ultramarinos portugueses na África quando do processo de descolonização.

No início dos anos oitenta, quando os retornados de lá saíram, com a concordância de CMP, um grupo de naturais de Peniche, com a colaboração de pessoas e entidades de diversas áreas, como o Museu Nacional de Arqueologia, criou no Forte de Peniche um museu vocacionado para invocar por um lado factos e memórias da resistência antifascista contra o Estado Novo (sector da resistência) e por outro de Peniche, dando relevo ao mar como elemento dominante no seu contexto natural e histórico (sector local). A maior parte do património atual provém de doações feitas nessa altura. Nessa fase também várias iniciativas culturais foram realizadas no salão nobre com regularidade.

A partir de 1984 apenas um dos três pavilhões do forte ficou aberto ao público em geral como Museu Municipal, exibindo o seu património de modo mais ordenado: arqueológico, histórico e etnográfico (renda de bilros, peças consagradas à pesca e à construção naval). Foram então feitos melhoramentos no chamado Núcleo da Resistência, com restauros e a reconstituição do ambiente como prisão política (celas individuais e parlatórios). Neste último, os visitantes podem ver a cela onde esteve preso o secretário-geral do Partido Comunista Português, Álvaro Cunhal, e alguns dos seus desenhos a carvão, bem como o local por onde se evadiu em 1960. O museu é visitado anualmente por cerca de 40 mil pessoas.

Em Setembro de 2008 a CMP, a Enatur e o Grupo Pestana assinaram um acordo de exploração, com vista à construção uma Pousada de Portugal que não chegou a ser implementado.

No início da segunda década (2013), o Forte de Peniche encontra-se em estado crítico de degradação, à exceção do pavilhão mais antigo. Mais grave é o do contíguo e abandonado Forte da Praia da Consolação, sendo particularmente preocupante o estado das suas arribas, em processo de derrocada por ação da erosão marinha. Em 12 de fevereiro de 2010 parte da sua muralha desmoronou devido à violência da ressaca.

Características

A Praça-forte é constituída por uma série de obras defensivas com estrutura abaluartada, com planta no formato de um polígono irregular estrelado, adaptado ao terreno. O perímetro amuralhado abrange uma área de cerca de dois hectares, nele se inscrevendo quatro portas - a das Cabanas, a Nova, a da Ponta e a de Peniche de Cima. O conjunto da fortificação dividia-se em dois grandes setores:

A norte, em Peniche de Cima, dominava o Forte da Luz. De formato poligonal, com baluartes nos vértices coroados por guaritas circulares, estava armado de canhoneiras no terrapleno, do lado do mar. De terra, protegendo o portão monumental, possuía um revelim triangular. O conjunto integrava o chamado "Baluarte Redondo", a "Torre de Vigia" e a capela de Santa Bárbara.

A sul, em Peniche de Baixo, dominava a Cidadela. Do lado do Campo da Torre, junto do antigo porto de pesca, um revelim protegia a sua entrada e um fosso aberto ao longo da muralha, que se enchia de água com a maré alta, completava a sua defesa a leste. Cortinas e fossos adicionais protegiam o setor oeste, bem como diversas canhoneiras, caminhos cobertos e esplanadas. Outras duas cortinas a norte e baluartes a leste e a oeste estavam associados a várias construções de planta retangular. Nesse conjunto foram integradas as famosas prisões ulteriormente construídas, em redor de uma torre de vigia.

Referências

  1. Cisterna do século XVII da Fortaleza de Peniche – descrição de Jean-Yves Blot em Museu do Mar, museu imaginário
  2. O respiradouro da furna – descrição de Jean-Yves Blot em Museu do Mar, museu imaginário
  3. HENRIQUES, Ana Carolina Rolo dos Santos Afonso - No princípio estava o mar : Peniche : o património cultural, o turismo e o mar. Coimbra : [s.n.], 2010

REFERÊNCIAS POR TEMA

relativas ao texto

institucionais

o futuro em questão

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