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Idade Média: diferenças entre revisões

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Esse período inicial da história medieval é conhecido como "Primeira Idade Média", pois é uma fase de transição e de adaptações da [[Europa]]. Períodos históricos "de transição" também podem ser denominados '''Idade Média''', porém o período medieval é um evento estritamente europeu.
Esse período inicial da história medieval é conhecido como "Primeira Idade Média", pois é uma fase de transição e de adaptações da [[Europa]]. Períodos históricos "de transição" também podem ser denominados '''Idade Média''', porém o período medieval é um evento estritamente europeu.


O adjetivo relacionado com este período é: '''medieval''' (ver, por exemplo, [[música medieval]], [[arte medieval]]).
O adjetivo relacionado com este período é: '''medieval''' (ver, por exemplo, [[música medieval]], [[arte medieval]]).iai quando o zeus criou a musica naceu um novo deus o rave


== Alta Idade Média ==
== Alta Idade Média ==

Revisão das 22h42min de 3 de fevereiro de 2012

História
Pré-história Idade da Pedra

Paleolítico

Paleolítico Inferior c. 3,3 milhões - c. 300.000 a.C.
Paleolítico Médio c. 300.000 - c. 30.000 a.C.
Paleolítico Superior c. 30.000 - c. 10.000 a.C.
Mesolítico c. 13.000 - c. 9.000 a.C.

Neolítico

c. 10.000 - c. 3.000 a.C.
Idade dos Metais Idade do Cobre c. 3.300 - c. 1.200 a.C.
Idade do Bronze c. 3.300 - c. 700 a.C.
Idade do Ferro c. 1.200 a.C. - c. 1.000 d.C.
Idade Antiga Antiguidade Oriental c. 4.000 - c. 500 a.C.
Antiguidade Clássica c. 800 a.C. - 476 d.C.
Antiguidade Tardia c. 284 d.C. - c. 750
Idade Média Alta Idade Média 476 - c. 1000
Baixa Idade Média Idade Média Plena c. 1000 - c. 1300
Idade Média Tardia c. 1300 - 1453
Idade Moderna 1453 - 1789
Idade Contemporânea 1789 - hoje

A Idade Média, Idade Medieval, Era Medieval ou Medievo foi o período intermédio numa divisão esquemática da História da Europa, convencionada pelos historiadores, em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.

Este período caracteriza-se pela influência da Igreja sobre toda a sociedade. Esta encontra-se dividida em três classes: clero, nobreza e povo. Ao clero pertence a função religiosa, é a classe culta e possui propriedades, muitas recebidas por doações de reis ou nobres a conventos. Os elementos do clero são oriundos da nobreza e do povo. A nobreza é a classe guerreira, proprietária de terras, cujos títulos e propriedades são hereditários. O povo é a maioria da população que trabalha para as outras classes, constituído em grande parte por servos.

O sistema político, social e económico característico foi o feudalismo, sistema muito rígido em progressão social.

Fome, pestes e guerras são uma constante durante toda a era medieval. As invasões de árabes, vikings e húngaros dão-se entre os séculos VIII e XI. Isto trouxe grande instabilidade política e económica.

A economia medieval é em grande parte de subsistência. A riqueza era medida em terras para cultivo e pastoreio. O comércio era escasso e a moeda era rara. A economia baseava-se no escambo.

Muitos Estados europeus são criados nesta época: França, Inglaterra, Dinamarca, Portugal e os reinos que se fundiram na moderna Espanha, entre outros. Muitas das línguas faladas na Europa evoluíram nesta época a partir do latim, recebendo influências dos idiomas dos povos invasores.

Visão geral

Chamamos de Idade Média, o longo período de quase mil anos, que começou no ano 476, quando o Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos povos bárbaros, e se estendeu até perto das Grandes Navegações, em 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos. Chama-se Média porque foi um período intermediário entre a Idade Antiga e a Idade Moderna.[1]

Os humanistas, por volta de 1500, denominaram a Idade Média de "Idade das Trevas", considerando que a grande cultura greco-romana havia parado com as invasões bárbaras e só agora com eles, é que de novo ressurgia. Essa denominação é valida apenas para a Idade Média ocidental, quando então houve uma parada no desenvolvimento cultural e artístico e na produção econômica.[1]

Nessa época, florescia no Oriente a cultura bizantina. Mais tarde, a Baixa Idade Média, iniciada por volta do ano 1000, foi rica de progressos, inovações e mudanças nas cidades e nos campos e desenvolvimento cultural. Costuma-se dividir a Idade Média em alta Idade Média e baixa Idade Média.[1]

Periodização

Castelo de Lichtenstein, construído originalmente no século XII e reconstruído no XIX. Os castelos são um dos ícones da Idade Média no imaginário das pessoas.

O período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado com ênfase em eventos políticos. Nesses termos, ter-se-ia iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (em 476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século XV (em 1453 d.C.) ou com a descoberta da América (em 1492)[2].

A Era Medieval pode também ser subdividida em períodos menores, num dos modos de classificação mais populares, é separada em dois períodos:

  1. Alta Idade Média, que decorre do século V ao X;
  2. Baixa Idade Média, que se estende do século XI ao XV.

Uma outra classificação muito comum divide a era em três períodos:

  1. Idade Média Antiga (ou Alta Idade Média ou Antiguidade Tardia) que decorre do século V ao X;
  2. Idade Média Plena (ou Idade Média Clássica) que se estende do século XI ao XIII;
  3. Idade Média Tardia (ou Baixa Idade Média), correspondente aos séculos XIV e XV.

Esse período inicial da história medieval é conhecido como "Primeira Idade Média", pois é uma fase de transição e de adaptações da Europa. Períodos históricos "de transição" também podem ser denominados Idade Média, porém o período medieval é um evento estritamente europeu.

O adjetivo relacionado com este período é: medieval (ver, por exemplo, música medieval, arte medieval).iai quando o zeus criou a musica naceu um novo deus o rave

Alta Idade Média

Império Bizantino

Se o Império Romano do Ocidente não brilhava e quase tudo se havia voltado ao primitivismo, por causa das invasões bárbaras, o mesmo não acontecia com o Império Romano do Oriente.[3][4]

A capital do império era Bizâncio,[5] uma cidade que conservou o patrimônio e a língua helenística (grego popular).[6] Bizâncio, antiga colônia grega, foi por muito tempo a capital do Império Romano do Oriente. No ano de 330, foi melhorada por Constantino e passou a ter o nome de Constantinopla. Essa importantísstima cidade foi capital do império até 1453, quando tomada pelos turcos otomanos, dando início aos tempos modernos. Constantinopla, hoje tem o nome de Istambul.[6][4]

Os bizantinos souberam aproveitar a posição geográfica do seu território. De fato, localizava-se na passagem entre a Europa e Ásia. Era um local de encontro de rotas comerciais.[6] Desenvolvia-se um intenso comércio de peles, especiarias do Extremo Oriente, grãos de trigo, peixes, mel, sedas, tapetes e artigos de muitos outros locais.[7][4]

Essa cidade chegou a ser uma fortaleza, cercada de água pelos três lados e protegida por uma grande muralha do outro lado. Por isso, conseguiu resistir às invasões dos bárbaros, devido à sua posição geográfica e por possuir um forte exército e poderosas frotas.[8][4]

Política bizantina

Império Bizantino em 550. As conquistas de Justiniano estão em verde.

O governo era uma monarquia absolutista.[9] O imperador dispunha de poderes absolutos, fazia as leis e tinha também poder religioso.[10] O mais importante dos imperadores bizantinos foi Justiniano I (527 a 565).[11][12][10]

Com ele, grande parte do território do império perdido aos bárbaros no Ocidente foi recuperado. Foi um administrador culto, amigo do trabalho e da justiça. Dividiu com a mulher, a imperatriz Teodora, o seu sucesso.[11][10] Seu governo foi marcado por lutas sociais: havia muita pobreza contrastando com a riqueza. Os tributos foram aumentados, o povo revoltou-se na chamada Revolta de Nika.[12] O movimento de revolta foi abafado graças à intervenção da imperatriz Teodora e do general Belisário.[12][10]

Justiniano I foi um homem de grandes conquistas; ampliou o império em direção ao norte da África, península Itálica e península Ibérica. Foi também grande legislador e teólogo. Fez importante obra legislativa, reuniu e organizou as teses do Direito Romano em uma grande obra chamada Código Justiniano ou Corpus Juris Civilis.[11][12][13][10]

O código era formado por cinqüenta livros e foi um trabalho difícil, coordenado pelo legislador Triboniano. O imperador fez resumir em quatro livros todo esse trabalho legislativo, originando o Código, o Digesto, as Institutas e as Novelas. Assim, o vasto corpus juris civilis foi simplificado em quatro partes.[13][11][10]

A cultura bizantina despontou com novos pensadores e estudiosos cristãos. Justiniano construiu grandes obras públicas, como a famosa Hagia Sofia, e outras tantas arquiteturas.[14] Governou com poderes absolutos, foi considerado o representante de Deus na Terra.[10] Por isso, usou-se a expressão cesaropapismo, que era a supmíssão e controle da Igreja por parte do imperador.[10] Havia muitas desavenças e desentendimentos religiosos, mas Justiniano queria que a Igreja fosse unificada para poder se aproveitar dela em seu governo.[10]

Na época de Justiniano, houve um movimento religioso chamado monofisismo. Os adeptos dessa doutrina diziam que Cristo tinha apenas a natureza divina, não possuindo natureza humana.[15][10]

Com o fim do mandato de Justiniano, ou seja, com sua morte, o povo de Constantinopla ficou feliz, pois estava cansado de altos impostos e tanto autoritarismo.[10] O imperador havia impedido a venda dos ícones, isto é, as imagens sagradas de Cristo, da Virgem Maria e dos santos.[16] Esta campanha contra as imagens recebeu o nome de campanha iconoclasta.[16][10]

Os sucessores de Justiniano se empenharam em defender o território do Império Romano do Oriente contra os invasores bárbaros, que se desinteressaram do Ocidente.[17] Aparecia, dessa forma, uma longa distância entre o mundo grego e o mundo latino.[17] Depois de Justiniano, a língua grega suplantou a língua latina.[17]

Economia e sociedade bizantinas

A economia era controlada pelo Estado. Havia um intenso comércio em Constantinopla, favorecido pela posição geográfica privilegiada. O governo controlava o preço e a qualidade das mercadorias. O imperador detinha o monopólio das minas e controlava a fabricação de armas.[18][19][17]

No Império Bizantino, o latifúndio ganhou força. Ricos mercadores, especuladores, desonestos funcionários, grandes proprietários se aproveitaram e se apropriaram das terras dos pobres, deixando-os no desespero. No início do império, os imperadores se opuseram às extensões dos latifúndios, para que não houvesse ricos senhores e grande diferença social, como acontecera no velho Império Romano. Mas as pequenas propriedades em mãos de camponeses não conseguiram se manter. Em Constantinopla, havia também uma classe média, formada por funcionários, comerciantes, artesãos e armadores. Eram numerosos os operários empregados nas imponentes construções e obras públicas.[18][19][17]

Cultura bizantina

Bizâncio, foi o maior centro cultural da cristandade na época.[20] Milhares de manuscritos foram conservados nas bibliotecas, mostrando-nos a herança cultural e intelectual da Antiguidade bizantina.[17] Os autores gregos e romanos foram para lá buscar dados culturais para passar a seus alunos ou para os estudiosos da cultura bizantina.[17]

Bizâncio apareceu na Idade Média como a cidade dos educadores.[17] Dois monges bizantinos, São Cirilo e São Metódio, criaram o alfabeto cirílico.[21] Eles também converteram os eslavos ao cristianismo e levaram-lhes esse alfabeto e a cultura bizantina.[21] A influência cultural bizantina foi tão grande que chegou até o Ocidente, em Roma (Itália).[17]

Os bizantinos eram apaixonados por corridas de carros, puxados por cavalos, realizadas no hipódromo da cidade. Havia dois grupos, os verdes e os azuis.[22][17] Os políticos participavam ativamente, com a intenção de tirar proveito para seus partidos.[23]

A arquitetura deixou traços por todos os lados.[24] Se grandes palácios foram destruídos com guerras e invasões, o mesmo não aconteceu com aquedutos e cisternas, que funcionam até hoje.[23] O maior testemunho da arquitetura bizantina foi, sem dúvida, a Igreja de Santa Sofia.[24] Nessa época, usou-se pela primeira vez a cúpula nas igrejas. Os artistas trabalhavam nessas igrejas com mosaico e mármore.[24][23]

Cisma religioso do Oriente

Em 1054 (século XI), houve o grande cisma religioso do Oriente.[25] Foi um movimento religioso, que envolveu também aspectos políticos,[26] porque o Papa apoiava os monges que faziam e vendiam estátuas de santos, mas o imperador era contra, pois temia que esse comércio fortalecesse o poder da Igreja.[25] Assim, 1054, com o cisma (divisão), o povo ficou dividido entre a Igreja Católica do Oriente, conhecida como Igreja Ortodoxa (com sede em Bizâncio), e Igreja Católica do Ocidente, com sede em Roma, tendo o papa por chefe e ficando conhecido como Igreja Católica Apostólica Romana.[25] O Império Romano do Oriente foi sobrevivendo,[23] mas no ano 1453 foi tomado pelos turcos otomanos.[27][23]

Importância cultural bizantina

Os bizantinos deixaram contribuições para o mundo, tais como:[28][23]

  • Importantes códigos de leis.[28][23]
  • Conservaram e difundiram as obras dos grandes autores gregos e romanos da Antiguidade clássica.
  • Obras e estilos de arte.
  • Criação do alfabeto cirílico e desenvolvimento do comércio marítimo.[28][23]

Expansão islâmica

Ver artigo principal: Expansão islâmica
Era dos Califas
  Expansão sob Maomé, 622-632
  Expansão durante o Rashidun, 632-661
  Expansão durante o CalifadoOmíada, 661-750

A península Arábica é circundada pelo mar Vermelho, pelo oceano Índico e pelo golfo Pérsico.[29] É constituída de de desertos e áreas pedregosas e vastas planícies, que só em alguns períodos do ano se cobrem de vegetação verde.[29][30]

Demográfica e historicamente, a península Arábica, no século IV, era habitada por tribos nômades de beduínos (palavra que, em árabe, signfica "habitantes das estepes").[31] Os beduínos eram de origem semítica, viviam do pastoreio e exerciam um comércio por meio de caravanas, transportando no dorso dos camelos as mercadorias do Oriente até o Mediterrâneo, atravessando o deserto.[31][30]

Na única faixa de terra que costeia o mar Mediterrâneo, surgiram algumas comunidades hebraicas e cristãs, que adoravam um só deus (eram monoteístas).[32][33] Mas como outros povos da Antiguidade, a maioria dos habitantes da península Arábica eram politeístas (adoravam vários deuses), e cada tribo tinha o seu ídolo.[34] O único culto comum era a adoração da pedra negra, para eles de origem celeste e ficava guardada na Caaba, um santuário na cidade de Meca que acabou se tornando o principal santuário da península.[35][34][30]

Para melhor estudar a Arábia e seu povo, podemos considerar dois momentos: antes do profeta Maomé (período que chamamos de Arábia pré-islâmica) e depois de Maomé (período da Arábia islâmica).[36] A Arábia islâmica surgiu em 570, com o nascimento de Maomé, que significa "o louvado".[36] Maomé foi um líder religioso e político que soube unir as tribos e dar a elas uma consciência comum política e religiosa.[36][37]

De origem humilde, Maomé, quando jovem, foi caravaneiro e, entre as suas frequentes viagens de um ponto a outro da península, conheceu e entrou em contato com hebreus e cristãos e com os príncipios religiosos de várias religiões.[38][37]

Segundo contam, aos 40 anos Maomé teve uma visão e em seguida proclamou-se o profeta de Deus, isto é, apresentou-se como o homem que trazia a verdade ao povo.[38] Maomé começou logo a pregar contra os falsos ídolos, dizendo que só existia um Deus, Alá, que era o único salvador e quem não acreditasse nessas verdades seria queimado nos infernos, mas aqueles que acreditasem em Alá seriam conduzidos ao paraíso.[38][39] Maomé ensinava que Deus havia mandado, vários profetas, como Abraão, Moisés, Jesus Cristo e, por último, ele próprio, pregar como os outros profetas, a existência de um só Deus, Alá.[39][37]

Em Meca, Maomé encontrou forte oposição dos sacerdotes ligados aos cultos pagãos e, no ano de 622, teve que fugir de Meca para Medina, devido a perseguições. A este fato dá-se o nome de Hégira (em árabe "fuga").[38] Maomé organizou uma forte comunidade, protegida e militarmente, formada por tribos ligadas por laços de parentesco e religião.[38] No ano de 632, Maomé conseguiu retornar a Meca onde foi triunfalmente recebido.[38][37]

Islã

A religião fundada por Maomé foi o islamismo, seguida por seus discípulos e escrita no Corão, o livro sagrado dos muçulmanos. O Corão prescreve o completo abandono do homem a Deus.[40] A palavra islamismo vem da palavra árabe is-lam, que significa abandono e submissão a Deus.[40] O islamismo é também chamado de religião muçulmana.[40][41]

No Corão estão as verdades sagradas que os fiéis devem seguir, e uma das suas mais importantes prescrições é a participação na Guerra Santa, feita contra os infiéis, para difundir a fé islâmica e converter os pagãos à crença em um só deus, que é Alá.[42] Assim, os árabes não se importavam de morrer nas batalhas, pois tinham a certeza de ganhar com isso o paraíso.[42] Nas suas conquistas, os árabes se mostraram tolerantes com os vencidos e se limitaram a fazê-los pagar um tributo;[42] foi assim com os hebreus e os cristãos, que puderam continuar professando suas religiões.[42][41]

Os muçulmanos devem seguir rigidamente as normas do Corão e se submeter a uma única autoridade com poderes religiosos, civis, políticos e militares.[42] As igrejas muçulmanas são abertas aos fiéis e o sacerdote (muezin) faz a interpretação das normas do Corão.[43][41]

Os cinco pilares do Islã

Um muçulmano deve obedecer a cinco preceitos religiosos fundamentais, que são as bases da religião islâmica:[44][41]

  1. Ter . Crer em um só deus, que é Alá.[44][41]
  2. Oração. Rezar cinco vezes ao dia, com o rosto voltado para Meca, a cidade sagrada.[44]
  3. Jejum. Fazer jejum uma vez por ano, no mês do Ramadã.[44]
  4. Peregrinação. Ir a Meca pelo menos uma vez na vida.[44]
  5. Esmola. Os fiéis têm dever de dar esmolas para fins humanitários e assistenciais.[44][41]

Há, ainda, fortes proibições, como evitar bebidas alcoólicas e não comer carne de porco.[44] Os muçulmanos aceitam a poligamia (ter mais de uma esposa)[45] e acreditam no fatalismo, isto é, o destino das pessoas já está traçado.[46][41]

As conquistas árabes

Depois da morte de Maomé, os poderes políticos, religiosos e militares foram confiados aos califas, que se tornavam seguidores de Maomé. Eles guiaram as belicosas tribos de beduínos já unificadas nas conquistas de novas terras e na expansão da religião muçulmana. Distinguimos três fases na expansão muçulmana:[47]

  • 1ª fase (632-661): Em menos de 30 anos, sob a chefia de quatro califas, residentes em Medina, os árabes conquistaram os bizantinos, a Síria, a Palestina, o Egito e a Tunísia.[47]
  • 2ª fase (661-750): Subiu ao poder a Dinastia dos Omíadas, que transferiram a residência para a cidade de Damasco, onde estabeleceram o califado. Nessa época, os árabes armaram potentes frotas e se impuseram como potência naval. Para os lados do Oriente, atravessaram o Rio Indo. No Ocidente, estenderam seus domínios ao norte da África e passaram o Estreito de Gibraltar, ocupando a Espanha em 711, onde dominaram os bárbaros visigodos. Da Espanha foram para a França, mas foram derrotados na Batalha de Poitiers pelos francos, comandados por Carlos Martel. Esse fracasso põe fim ao avanço árabe no Ocidente.[47]
  • 3ª fase (750-1258): Com a chegada da Dinastia Abassidia, houve outra mudança do califado para a cidade de Bagdá (na Mesopotâmia).[47]

A partir da segunda metade do século VIII, o grande império muçulmano caiu em profunda crise interna e se dividiu em vários Estados independentes, sendo os principais o Emirado de Córdoba, na Espanha, e o Emirado do Cairo, no Egito. Os árabes ainda conquistaram a Sicília, o sul da Itália e as ilhas de Córsega e Sardenha.[47]

Aos poucos, os árabes começaram a se retirar do Oriente, invadido pelos mongóis, que tomaram a Pérsia e destruíram Bagdá. No Ocidente, os árabes se estabeleceram na Espanha, onde fundaram um reino de nome Granada, até 1492.[47]

Civilização islâmica

A rápida expansão árabe se deveu a dois fatores principais: de um lado, o ardor religioso dos guerreiros beduínos e, de outro lado, a religião islâmica, que ganhava muitos seguidores, independentemente de raça ou nacionalidade.[47]

Graças à posiçao geográfica dos lugares que conquistavam, chegaram a controlar as grandes vias comerciais marítimas e terrestres. As cortes dos seus califados e emirados eram luxuosas.[48]

Os árabes não destruíram as civilizações com as quais tiveram contato, mas sim levaram originais contribuições aos povos conquistados. Por onde passaram, desenvolveram cidades e deram impulso à agricultura, com a introdução de novas técnicas de irrigação e o cultivo de plantas até então pouco conhecidas, como algodão, alcachofra, aspargo, laranja. Extraordinário impulso também deram ao artesanato, com perfeição, técnica e bom gosto. Trabalharam tapetes, brocados e objetos de metais.[48]

Na arte, se limitaram à pintura e a alguns campos de escultura, porque o Corão proibia a representação de figuras humanas.[48]

A arquitetura encontrou sua grandiosidade na construção das mesquitas, com suas originais cúpulas e seus minaretes, que eram torres altas, pontiagudas e artisticamente trabalhadas, de onde os sacerdotes anunciavam as orações. Na decoração interna, os artistas árabes, inspirados na arte bizantina, persa e indiana, souberam criar refinados motivos geométricos e ornamentais - são os chamados arabescos.[48]

Na filosofia e nos estudos científicos, os árabes assimilaram o pensamento da Grécia clássica, através do contato com o mundo helenístico e com a civilização bizantina. Os árabes foram os primeiros a traduzir e comentar as obras do grande filósofo grego Aristóteles. Aproveitaram também os conhecimentos gregos nos campos da matemática, astronomia, medicina e química. No campo da matemática, devemos aos árabes a utilização dos algarismos arábicos, que eles pegaram dos hindus e divulgaram, juntamente com noções de cálculo e o emprego do zero.[49]

Na literatura, os árabes deixaram vastas obras na poesia e nos contos. Entre os contos, ficaram famosos os das Mil e uma noites.[50]

Contribuições árabes para o Ocidente
  • Os árabes difundiram sua cultura pelo Ocidente, introduziram na Europa os algarismos arábicos, o uso da bússola e da pólvora.[50]
  • Os sábios árabes fizeram renascer o interesse pela cultura grega clássica, que andava esquecida durante a Idade Média, e principalmente chamaram as atenções para as obras do grànde pensador grego Aristóteles, que vai influenciar grandemente o pensamento medieval.
  • Intensificaram o comércio do Mediterrâneo com artigos de luxo.
  • Introduziram na Europa novas técnicas agrícolas, novos conhecimentos de farmacologia, botânica e ciências naturais.[50]

Os bárbaros

Depois da morte de Constantino, o Império Romano do Ocidente teve que enfrentar a pressão dos povos bárbaros em suas fronteiras. Os bárbaros eram povos que habitavam além das fronteiras do Império Romano. Eram considerados inferiores e apelidados de "bárbaros" porque não falavam a língua latina, usada pelos romanos. O principal grupo de povos bárbaros foram os germanos, povos indo-europeus provenientes da Escandinávia. Os principais povos bárbaros que ocuparam o Império Romano eram os seguintes:[51]

  • germanos, subdivididos em anglos, saxões, francos, borgúndios, vândalos godos, sálios, rêmulos e lombardos. Os godos se subdividiam em ostrogodos (que eram os godos orientais) e visigodos (que eram os godos ocidentais);[51]
  • celtas, habitantes da Escócia e da Irlanda;
  • eslavos, habitantes da atual região da Rússia;
  • tártaros, dos Bálcãs (subdivididos em búlgaros, hunos e mongóis).[51]

As invasões bárbaras

Os bárbaros sempre ameaçaram ocupar o Império Romano, mas sempre foram repelidos. Com o enfraquecimento do Império, começaram a entrar pacificamente nos domínios romanos, chegando mesmo a fornecer soldados para o exército romano e a possuir terras junto com a nobreza romana.[51]

No final do século IV e começo do século V, os germanos resolveram ocupar o Império Romano usando a força e a violência. Foi a época das grandes invasões, que tiveram vários motivos, como: necessidade dos germanos de adquirir mais terras para seus rebanhos de gado e cobiça pelas riquezas do Império Romano. Além disso, os hunos, um grupo de bárbaros vindos dos lados da China, devastavam as regiões por onde passavam, obrigando os germanos a se refugiarem dentro do território do Império Romano. Esses hunos eram guerreiros cruéis e de costumes primitivos. Átila, seu grande chefe, foi apelidado de "flagelo de Deus" pela sua crueldade. Espalhou o terror pelas cidades que saqueou, na sua investida até a Gália (França).[52]

Os germanos

o grupo que vamos estudar mais detalhadamente são os germanos. Estabeleceram-se por muitos séculos fora das fronteiras do Império Romano. Era um povo dedicado ao pastoreio, à agricultura e à pesca. Ao invés de se dedicarem a atividades pacíficas, preferiam a guerra, que consideravam a única atividade digna de um homem. Eram pagãos e adoravam as forças da natureza.[52]

Viviam em tribos ou clãs, comandados por um chefe chamado herzog, eleito em assembléias populares. Moravam em casas de madeira de um só aposento e se vestiam de peles de animais. O seu comércio era feito de maneira primitiva, na base da troca.[52]

Uso da terra e sociedade

No início, as terras eram de todos. Todos desfrutavam os mesmo direitos, mas uns agricultores foram superando outros - e se formou uma aristocracia agrária, que mandava nos agricultores menores - e se tornaram seus chefes. Era formada de várias camadas:[52]

  • os homens livres, que gozavam de direitos políticos e formavam o exército;[52]
  • os homens semilivres, que eram os membros das tribos que se sujeitavam às ordens dos chefes;
  • os escravos, que eram totalmente submissos aos donos.[52]

Quanto à família, a mulher era submissa ao marido, que tinha toda autoridade sobre ela. O casamento era monogâmico, mas os chefes podiam ter mais de uma esposa. Os germanos conheciam o artesanato em metal, faziam jóias de ouro e trabalhavam pedras preciosas. Eram hábeis na fabricação de armas e não sabiam ler nem escrever.[52]

Religião

Os povos germanos eram politeístas e adoravam as forças da natureza. A sua principal divindade era Odin, deus da guerra, do céu, da terra e do fogo. Adoravam o trovão, que chamavam de Thor. A deusa da juventude, do matrimônio e da primavera era Freya. Os deuses acolhiam no seu reino (no Wahla) os valorosos combatentes de guerra, que iam para lá guiados pelas deusas Valquírias. Os que morriam de velhice ou doença iam para o reino de Hell, onde tudo era trevas.[53]

Leis

A justiça para esses povos, que não possuíam escrita nem leis escritas, era muito primitiva e ligada à religião. Para provar a própria inocência, um homem acusado de ter cometido um crime devia se submeter à justiça de Deus. Dos acusados eram exigidas provas terríveis, como passar pelo fogo, colocar a mão em água quente ou mesmo segurar um ferro em brasa. Esse julgamento tinha forte fundo religioso, pois se os acusados demonstrassem dor, certamente eram culpados. Esse tipo de julgamento era chamado de ordálio.[53]

Reinos bárbaros

Os bárbaros de origem germânica ocuparam muitas partes do Império Romano e lá fundaram vários reinos, que deram origem a muitos dos atuais países europeus. Inicialmente, os germanos assimilaram dos romanos a arte, a cultura e, por fim, sabiam falar a própria língua latina.[53]

  • Reino dos visigodos - Esse eino se estendeu por boa parte da Espanha e da Gália Meridional (Fra ça). Foi u reino que sofreu fortes pressões da população católica local. Seu grande chefe foi Alarico, que saqueou Roma em 410. No século VIII. os árabes invadiram e destruíram o reino visigodo.[53]
  • Reino dos vândalos - Foi reino breve e complicado. Os vândalos eram cruéis e devastadores. donde surgiu a palavra "vandalismo" para designar atos de destruiçâo e selvageria. Esse povo se estabeleceu no sul da Espanha. Seu principal rei oi Genserico (428-477). Criaram um reino no norte da África. mas se dispersaram e gastaram suas forças com lutas internas, vindo a ser dominados pelos bizantlnos, entre os anos de 533 a 534.[53]
  • Reino dos ostrogodos - Foi criado por Teodortco, na Itália. Seus súditos se converteram ao cristianismo e se destacaram no culto religioso e em grandes obras públicas.[53]
  • Reino dos francos - Diferente dos demais reinos germânicos, os francos tiveram um papel muito importante na Europa, a partir da Dinastia Merovfngia, fundada pelo rei Meroveu. Depois, o grande rei Clóvis unificou a Gália Setentrional e fez com que os francos, ainda ligados ao paganismo, se convertessem à religião católica.[53]
Consequências das invasões bárbaras
  • O aparecimento das línguas anglo-saxônicas (inglês e alemão).[53]
  • Bárbaros convertidos em massa ao cristianismo.
  • Idéias e teorias democráticas, interesse pela liberdade e pela vida simples e sadia.[53]
  • O aparecimento do feudalismo, iniciado com o sistema de aristocracia agrária e aldeias comunitárias de camponeses, introduzidas pelos bárbaros na Europa. Com o tempo, houve o fortalecimento dos nobres locais, donos de terras, e um enfraquecimento do poder real, o que contribuiu para a formação do sistema de feudalismo medieval.[54]

Os francos

Dinastia merovíngia

Iniciada pelo rei Meroveu, teve em Clóvis uma época de progressos. O rei Clóvis (481-511), grande lutador, unificou os francos, que tinham muitas tribos esparsas pelo atual território da Alemanha e da França. Casou-se com Clotilde, uma cristã ortodoxa. Desejando o apoio da Igreja para facilitar suas conquistas, Clóvis se converteu ao catolicismo.[54]

Com a morte de Clóvis, o reino franco foi dividido entre seus filhos, que por muitos anos seguiram o trabalho do pai. Por volta do século VII, os reis merovíngios foram se tornando indolentes e displicentes, entregando os trabalhos administrativos aos chamados prefeitos ou mordomos do Paço. Esses aproveitaram-se da situação e se tornaram poderosos administradores dos negócios do reino. O mais famoso prefeito do Paço foi Carlos Martel (714-741), que venceu os árabes na Batalha de Poitiers, em 732, impedindo a expansão dos árabes da Espanha para a França. Nessa ocasião, Carlos Martel tornou-se rei dos francos. Seu sucessor foi seu filho, Pepino, o Breve, em 751. Pepino criou a Dinastia Carolíngia, que teve grande importância na história da Europa Medieval.[54]

Dinastia carolíngia

Os primeiros tempos carolíngios foram difíceis. Faltava unificação para a França de Clóvis. Mas o reino franco conseguiu força e poder com o filho de Pepino, o Breve, Carlos Magno, que subiu ao trono em 768 e governou por 50 anos. Ao assumir o trono, Carlos Magno lutou contra os lombardos que o ameaçavam, venceu-os e recebeu do chefe lombardo a famosa coroa de ferro usada pelos reis lombardos.[54]

Carlos Magno doou as terras conquistadas para a Igreja (Santa Sé) e essas terras, juntamente com outras doadas por Pepino, o Breve, formaram o chamado Patrimônio de São Pedro. A Igreja Católica se tornou. assim, proprietária de vastas extensões de terras em várias partes da Europa, principalmente na França e na Itália. Com isso, a Igreja acrescentava ao seu poder espiritual um forte poder econômico (poder temporal).[54]

Depois de expulsar os lombardos de Roma, Carlos Magno começou a conquista de várias regiões da Europa Central e Oriental. Lutou contra os árabes na Espanha, sem muito sucesso. Em terras hispânicas, perdeu seu inseparável companheiro, o conde Rolando. Este ficou na história como uma figura famosa, que originou um belíssimo poema medieval de autor desconhecido: La chanson de Roland.[55]

Lutou contra os saxões, converteu o chefe bárbaro do povo saxão ao catolicismo e, em seguida, todo o povo se converteu, porque era costume dos germanos todos seguirem a religião do chefe.[55]

Carlos Magno costumava respeitar os vencidos, dando-Ihes direitos e liberdade. Com inteligência e habilidade, ele reconstruiu o Império Romano do Ocidente. E na noite de Natal do ano 800, recebeu das mãos do papa Leão 111a coroa de ouro de imperador do Ocidente. O papa teria dito na ocasião: "A Carlos Magno, coroado por Deus, vida e vitória".[55]

O grande império organizado por Carlos Magno passou a se chamar Sacro Império Romano, com forte participação do imperador nos assuntos religiosos.[55]

Organização do império de Carlos Magno

Carlos Magno, que tinha uma forte organização militar, foi também um ótimo administrador do seu reino. O imperador exercia seu domínio por meio de condes e marqueses. Os condes administravam os condados, que eram províncias internas, cerca de 200 na época; os marqueses eram os capitães das marcas, isto é, das grandes províncias e das mais importantes, que ficavam nas fronteiras.[55]

Como recompensa pelo trabalho dos condes e marqueses, o imperador doava extensões de terras, os chamados beneficium. Tinham, porém, a obrigação de cuidar dos serviços públicos, formar milícias, administrar a justiça e recolher os impostos. Para fiscalizar a administração, o imperador dispunha de nobres de sua confiança, os chamados missi dominici (enviados do senhor), que eram pagos, também, com doações de terras. Essas doações de terras constituem uma das raízes do sistema feudal da Idade Média, com o fortalecimento de nobres donos de grandes extensões de terras.[55]

Como as leis não eram as mesmas para todas as regiões do vasto império, Carlos Magno criou as leis chamadas capitulares, que eram as mais importantes e que valiam para todo o império.[55]

O renascimento da cultura

Carlos Magno, com o apoio da Igreja, deu grande importância à cultura, para fazer reviver a grandeza do Império Romano. Reuniu estudiosos da época e formou a Academia Palatina, assim chamada porque funcionava no próprio palácio imperial. O mais importante conselheiro e colaborador da academia era o próprio Carlos Magno que, apesar de analfabeto, era um homem de espírito aberto, inteligente e amante da cultura. No campo cultural, destacou-se o monge Alcuíno, um estudioso inglês (naquela época, os estudos na Inglaterra estavam bem adiantados em relação ao restante da Europa). O analfabetismo foi bastante combatido e muitas escolas foram criadas. Nas escolas ensinava-se gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria e música. Além do ensino nos mosteiros, havia as escolas paroquiais, onde se ensinava religião, o respeito às leis e às autoridades e os primeiros conhecimentos escolares. Num grau mais elevado, havia as escolas episcopais.[55]

Por iniciativa de Alcuíno, foram criados os scriptorium, que eram salas apropriadas onde os copistas multiplicavam, copiando a mão, as obras clássicas e outros livros.[56]

Arte carolíngia

O palácio de Carlos Magno, na Alemanha, foi uma obra de grande riqueza, infelizmente destruída por um incêndio no século XIII. Na arquitetura, o estilo foi o românico e grandes igrejas foram construídas. A ourivesaria carolíngia mostra grande habilidade e bom gosto.[56]

Fim do Império Carolíngio

Quando Carlos Magno morreu, em 814, deixou apenas um herdeiro, Luís, o Piedoso, que governou de 814 a 840. Luís tinha três filhos, e o império foi dividido entre eles, pelo Tratado de Verdun, em 843. O grande império ficou assim dividido: Carlos, o Calvo, ficou com a França; Luís, o Germânico, ficou com a Alemanha; e Lotário ficou com parte da Alemanha, Itália e Borgonha.[56]

A divisão do Império Carolíngio durou 87 anos. Foi de grande importância na história da Europa, porque permitiu a formação de grandes Estados modernos, como a França, Alemanha e Itália.[56]

O feudalismo

Cada vez mais enfraquecia o governo dos sucessores de Carlos Magno em toda a Europa. A partir do século IX até o século XII, uma nova organização social, política e econômica se firmava com o nome de feudalismo.[57]

O feudalismo teve raízes remotas, numa situação econômica dos últimos séculos do Império Romano, quando a terra se tornou a principal fonte de riqueza e a agricultura, a atividade predominante. Na Idade Média, a sociedade era modesta, tinha vida simples, e voltada para os campos. As freqüentes guerras, as estradas ruins traziam graves prejuízos para as transações comerciais. Nessas condiçôes, os grandes proprietários de terras se tornavam donos de grandes riquezas e exerciam forte domínio sobre os demais, enfraquecendo o poder dos reis.[57]

Quem possuía pouca terra ou não possuía tinha que se colocar à disposição dos ricos senhores, contentar-se em cultivar os campos ao fundo dos feudos deles e, em troca, receber uma pequena parte dos frutos.[57]

A Idade Média, sem dúvida, é a soma de várias mudanças introduzidas pelos bárbaros na Europa Ocidental. Com os bárbaros houve a quebra da unidade política romana. Alguns costumes bárbaros foram seguidos na sociedade feudal, como o comitatus, que era um acordo de fidelidade feito entre os chefes bárbaros e seus guerreiros, o que acabava formando um forte relacionamento de dependência interpessoal.[57] Outro costume foi o beneficium, usado entre os bárbaros, que era a doação de terras aos guerreiros que venciam as batalhas.[58]

Mudando a situação econômica, também a organização política adquiriu um novo aspecto. Os reis, enfraquecidos, começaram a pedir a ajuda dos ricos senhores de terras, tanto na parte financeira como na parte militar. Esses reis acabavam doando terras em troca dos serviços recebidos. Essas doações de terras entre reis e ricos senhores e entre estes e os senhores de menores posses foram chamadas de feudos. O rei doava as terras numa cerimônia chamada investidura. Aquele que recebia a terra chamava-se vassalo do rei. O vassalo fazia o juramento de fidelidade e apoio ao rei e este, em troca, lhe prometia apoio financeiro e proteção militar.[58]

De modo semelhante, senhores com menos fortuna se colocavam ao dispor de nobres de menos posses, que também passavam a ser seus vassalos e protegidos. Nascia, assim, a submissão direta de um homem a outro homem e o acordo de fidelidade - isto se tornou o fundamento do feudalismo. Havia, então, uma relação de respeito e obediência nessa sociedade: suserano era aquele que doava o feudo e vassalo era quem recebia o feudo. O rei era o suserano dos suseranos, mesmo não tendo o poder, que se achava dividido entre muitos.[58]

Esses feudos se tornaram auto-suficientes, produzindo tudb de que a população local precisava, desde os alimentos, o vestuário, a madeira até os artefatos de ferro. Por necessidade de se protegerem contra constantes guerras e invasões, construíram castelos fortificados, que eram as sedes dos feudos.[58]

Sociedade feudal

A organização social foi determinando, pouco a pouco, a fraqueza do poder real. Concedendo o benefício de feudos aos vassalos, os reis concediam também direitos internos, chamados imunidades. Para o rei sobravam os encargos de administrar a justiça, os impostos, e o direito de chamar os homens às armas. Desse modo, os vassalos acabaram levando vantagens e algumas vezes entravam em atrito contra o próprio rei, que não conseguia manter o controle sobre seus territórios.[58]

No período feudal, a sociedade era dividida em classes distintas, cada uma com funções diferentes. A classe mais forte era a dos nobres, desde os títulos mais altos (marqueses, condes, duques) até os simples cavaleiros. Aos nobres era dada a responsabilidade da guerra, e eles gastavam do seu próprio bolso para comprar os armamentos necessários, para selar e manter seus cavalos.[58]

Ao lado dos nobres, quase no mesmo plano, estava o clero, isto é, os membros da Igreja (como os padres, os bispos, os abades), que geralmente eram ricos e influentes.[58] A classe inferior era constituída pelos artesãos, poucos e pouco importantes, e pelas grandes massas de camponeses, que trabalhavam duramente, mas em condições diferentes dos escravos. Como a maioria das terras eram feudos pertencentes aos nobres ou aos membros da Igreja, sobravam poucas propriedades livres ao redor dos feudos.[59]

Economia

Nos feudos se produzia o necessário para a vida da população local, de modo que constituíam comunidades independentes e autônomas do ponto de vista econômico. Esse sistema, chamado economia fechada, trouxe sérias conseqüências, como a contínua diminuição do comércio e das moedas, que por sua vez provocou também a falta de metais preciosos, como o ouro e a prata. Esse sistema de economia fechada causou uma espécie de parada na vida econômica e comercial.[59]

Sistema de produção feudal

A grande propriedade rural abrigava o castelo, as aldeias, os grandes bosques, pastagens, terras para serem cultivadas, o manso senhorial (reservas de terras do senhor) e o manso servil (reservas de terras dos camponeses).[59]

A economia vinha da terra, de onde o homem se alimentava e fazia as trocas de produtos. O comércio local se fundamentava no vinho, azeite, farinha, gado, caça, pesca e artesanato. Muitos feudos tinham sua própria moeda. A agricultura geralmente era feita apenas para a própria subsistência. Havia grandes áreas de produção agrícola, nas quais se utilizava o sistema de rodízio (os três campos) para compensar o enfraquecimento da terra:[59]

1º ano 2º ano 3º ano
Campo 1 trigo cevada repouso
Campo 2 cevada repouso trigo
Campo 3 repouso trigo cevada

Quem executava os trabalhos dos campos eram os servos da gleba, que deviam ficar presos à terra, e os vilões, que eram trabalhadores mais livres. Os servos tinham obrigações para com os donos das terras, como:[59]

  • capitação - imposto pago por cabeça;[60]
  • banalidades - eram uma espécie de aluguel que os servos pagavam para poderem usar o forno, o moinho, o celeiro, os tonéis, que eram de propriedade do senhor;
  • prestações - espécie de hospitalidade que os servos e vilões deviam oferecer;
  • corvéia - era a obrigação de trabalhar de graça alguns dias por semana nas terras do senhor;
  • talha - a produção obtida pelo servo era dividida com o senhor.[60]

Com todos esses impostos, não havia interesse dos servos de trabalhar e a produtividade era muito baixa. Os instrumentos agrícolas eram primitivos e as plantações às vezes eram prejudicadas por muitas chuvas ou por longos períodos de seca. Os camponeses viviam em condições precárias, em casas humildes, sem higiene. O homem da terra era rude, analfabeto, acreditava em superstições e bruxarias.[60]

Castelo

O castelo tornou-se o centro da vida econômica feudal. Eram comuns os episódios de guerra e vingança entre os senhores feudais, as estradas eram infestadas de ladrões, e assim se fazia necessário proteger a corte num castelo com fortes muralhas, fossas e pontes levadiças. Os castelos eram construídos em locais apropriados, para facilitar a defesa.[60]

Os senhores e os nobres dedicavam longas jornadas às caçadas, enquanto as mulheres se preocupavam com a organização familiar e governavam grande número de servos domésticos. A população, em geral, vivia num clima de insegurança. O lucro exagerado era condenado pela Igreja como usura, por isso muita gente se contentava com o que tinha.[61]

Cavalaria

A principal força de guerra da época feudal foi representada pela cavalaria. Esta era formada por nobres, para muitos dos quais a guerra era uma ocupação permanente. Faziam parte da cavalaria sobretudo os filhos dos nobres que estavam exclufdos da herança feudal. Para pôr freio à violência e à brutalidade, a Igreja transformou a cavalaria numa instituição armada, criada para defender os princfpios morais da religião cristã.[61]

Os jovens das famílias nobres se tornavam cavaleiros com uma cerimônia religiosa, no decorrer da qual era feito um solene juramento, em que o cavaleiro prometia seguir os preceitos da fé. O cavaleiro tinha que se mostrar forte, generoso, leal, ajudar os pobres e os mais fracos.[61]

A carreira do cavaleiro iniciava quando ele era ainda criança, pois aos sete anos devia começar a aprender a cavalgar e a ter boas maneiras. Depois, aos quatorze anos, tornava-se escudeiro, isto é, levava o escudo do senhor até os campos de batalha. Finalmente, aos dezoito anos, chegava o grande dia da investidura, quando recebia, num ato religioso, a espada, o elmo, o escudo e o capacete. O aspirante a cavaleiro jejuava por 24 horas, tomava um banho purificador, vestia uma túnica alva e ia até o sacerdote para que este o purificasse e benzesse sua espada. De joelhos, escutava as leis da cavalaria e jurava sobre o Evangelho que iria proteger o rei, defender a cristandade contra os infiéis, ser leal e generoso.[61]

Clero

Os homens da Igreja (padres, bispos, arcebispos) tinham privilégios e prestígio na sociedade feudal, porque faziam a ligação entre Deus e os homens, grandes riquezas estavam acumuladas em suas mãos e eram donos de propriedades de terras.[61] Os fiéis faziam doações para obter o perdão dos pecados; os moribundos, para obter a salvação no além; os peregrinos, para obter a proteção de Deus e que nenhuma desgraça lhes acontecesse; os soberanos, para conseguir sempre mais poder.[62] Mas essas riquezas não eram distribuídas igualmente pelos elementos do clero. Os padres do campo misturavam as funções, pregando nas igrejas e arando nos campos junto com os camponeses. Já os padres e os bispos das cidades tinham melhores condições e uma vida mais refinada. Alguns bispos e arcebispos levavam uma vida de luxo e ostentação.[63]

Das riquezas que a Igreja arrecadava em abundãncia, uma boa parte, sem dúvida, ia para os pobres. A hospitalidade era também praticada pela Igreja em larga escala. Os indigentes recebiam comida e dinheiro nas portas das igrejas. A caridade, porém, era secundária, pois a grande tarefa era celebrar a missa,construir e decorar as igrejas para a glória de Deus.[63]

Passatempos feudais

Os passatempos preferidos eram as caçadas. Nas noites de inverno, era comum ouvir os trovadores e os jograis tocarem e cantarem. Durante a primavera, havia desfiles de cavaleiros, grandes festivais, danças, desfiles com bandeiras.[63]

Algumas consequências do feudalismo

  • Enfraquecimento do poder real (descentralização política).[63]
  • Aparecimento da cavalaria.
  • Fortalecimento da Igreja nos campos religioso, econômico e político.
  • Economia fechada, com atraso do comércio.[63]

Filosofia

Ver artigo principal: Filosofia medieval
Monge copista medieval.

Principalmente a partir do século V, os pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que estava amadurecendo, com o intuito de harmonizá-la com as exigências do pensamento filosófico. Desse modo a Filosofia, que até então possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos, passou a receber influências da cultura judaica e cristã. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como: "Fé", "Salvação", "Providência e Revelação Divina" e "Criação a partir do nada" passaram a fazer parte de temáticas filosóficas.

A partir do século IX, desenvolveu-se a principal linha filosófica do período, que ficou conhecida como Escolástica. Essa filosofia ganhou acentos notadamente cristãos, surgidos da necessidade de responder às exigências de , ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade e, por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé. A Escolástica teve uma constante de natureza neoplatônica, que combinava elementos do pensamento de Platão com valores de ordem espiritual, reinterpretados pelo Ocidente cristão. No século XIII, Tomás de Aquino incorporou elementos da filosofia de Aristóteles no pensamento escolástico.

A questão chave que vai atravessar todo o pensamento filosófico medieval é a harmonização de duas esferas; "a fé" e "a razão". O pensamento de Agostinho de Hipona (século V) reconhecia a importância do conhecimento, mas defendia uma subordinação maior da razão em relação à fé, por crer que esta última venha restaurar a condição decaída da razão humana. Já a linha de Tomás de Aquino (século XIII) defende maior autonomia da razão na obtenção de respostas, apesar de não negar tal subordinação da razão à fé.

Arte

Ver artigo principal: Arte medieval
O colorido e a exaltação da luz na rosácea de Sainte-Chapelle, Paris.

A maior parte da arte medieval que chegou aos dias de hoje tem um foco religioso — fundamentado no Cristianismo. Essa arte era muitas vezes financiada pela Igreja; bem como por figuras poderosas do clero, como bispos; por grupos comunais, como os dos mosteiros; ou por patronos seculares ricos. Como no período a vasta maioria dos camponeses era iletrada, as artes visuais, aliadas aos sermões, eram o principal método para comunicar as ideias religiosas.

Com a invasão dos povos bárbaros ao Império Romano, as pessoas foram para o campo, onde estariam mais seguras. Os grandes proprietários então, construíram castelos com grandes muralhas e segurança para se protegerem dos bárbaros.

Com a queda do Império Romano, técnicas artísticas da Grécia Antiga acabaram perdidas, entre elas estava muito do que se sabia sobre a noção de perspectiva. A pintura medieval passa a ser predominantemente bidimensional, e as personagens retratadas eram pintadas maiores ou menores de acordo com sua importância. Esse caráter estilizado das obras do período é também entendido como um reflexo próprio daquele contexto cultural, que enxergava a vida com forte ênfase no seu aspecto simbólico. Os artistas medievais não estavam primariamente preocupados com o realismo, a intenção de passar uma mensagem religiosa pedia imagens claras e didáticas ao invés de figuras desenhadas com precisão fotográfica.

Ao lado da pintura, a tapeçaria foi a mais importante forma de arte medieval. Isso decorre em muito por sua utilidade ao manter, no inverno, o calor interno dos castelos, construídos de pedra. A mais famosa tapeçaria medieval é o ciclo d' A senhora e o unicórnio. As duas principais manifestações arquitetónicas, principalmente relacionadas à construção de catedrais, foram o estilo românico e mais tarde o gótico. Destaca-se também a formação das corporações de ofícios, reunindo artesãos.

Ciência e tecnologia

Ver artigo principal: Ciência medieval, tecnologia medieval
No início da era medieval a vida cultural concentrou-se nos mosteiros.

Como resultado das migrações bárbaras e da implosão do Império Romano do Ocidente, a Europa Ocidental do início da Idade Média era pouco mais que uma manta de retalhos de populações rurais e tribos bárbaras. Perdeu-se o acesso aos tratados científicos originais da antiguidade clássica (em grego), ficaram apenas versões resumidas, e até deturpadas, que os romanos tinham traduzido para o latim. A única instituição que não se desintegrou juntamente com o falecido império, a Igreja Católica, manteve o que restou de força intelectual, especialmente através da vida monástica. O homem instruído desses séculos era quase sempre um clérigo para quem o estudo dos conhecimentos naturais era uma pequena parte de sua escolaridade. Esses estudiosos viviam numa atmosfera que dava prioridade à e tinham a mente mais voltada para a salvação das almas do que para o questionamento de detalhes do universo físico.

Em alguns aspectos, no século IX, o retrocesso causado pelas migrações já estava revertido. No século X ocorre a contenção das últimas ondas de invasões estrangeiras. E, por volta de 1100, ocorreu uma revolução que combinou renascimento urbano e comercial, ampliação de culturas e fronteiras agrícolas, crescimento econômico, desenvolvimento intelectual e grandes evoluções tecnológicas. Começaram a ser abertas novas escolas ao longo de todo o continente, inclusive em cidades e vilas menores. Por volta de 1200, foram fundadas as primeiras universidadesParis, Coimbra, Bolonha e Oxford – (em 1500 já seriam mais de 70). Começa um forte movimento de tradução de documentos em língua árabe e grega, que tornam o conhecimento do mundo antigo novamente disponível para os eruditos europeus. Tudo isso possibilitou um grande progresso em conhecimentos como a Astronomia, a Matemática, a Biologia e a Medicina.

O período de 1100 a 1300 já foi chamado de Revolução Industrial da Idade Média.

Causavam espanto e admiração inovações tais como grandes relógios mecânicos que transformaram a noção de tempo nas cidades. Presenciaram-se descobertas como as dos óculos, em 1285, e da prensa móvel, em 1448. Houve também muitas inovações na forma de utilizar os meios de produção, com as técnicas de serralheria e incisão de pedras, a fundição de ferro, e os avanços nas técnicas de construção aplicadas ao estilo gótico. No setor agrícola, temos o desenvolvimento de ferramentas como a charrua, melhorias em carroças e carruagens, arreios para animais de carga, e a utilização de moinhos d'água. Avanços em instrumentos como a bússola e o astrolábio, na confecção de mapas e a invenção das caravelas tornaram possível a expansão marítimo-comercial Europeia na Idade Moderna.

O legado medieval para o progresso científico

A tecnologia das grandes navegações permitiria, em séculos futuros, a descoberta de um número extraordinário de novas espécies de animais e plantas, além de novas formações geológicas e climáticas. Os avanços obtidos na óptica logo iriam gerar aparelhos como o microscópio e o telescópio, que, juntamente com a prensa móvel, (outro fruto medieval), são vistos como os equipamentos mais importantes já criados para o avanço do conhecimento humano. Mas a herança mais importante do período provavelmente foi o nascimento e multiplicação das universidades, juntamente com o surgimento das primeiras sementes da metodologia científica contemporânea.

Antes de 1500, a visão do mundo dominante na Europa, assim como na maioria das outras civilizações, era orgânica. As pessoas viviam em comunidade pequenas e coesas, e vivenciavam a natureza em termos de relações orgânica, caracterizadas pela interdependência dos fenômenos espirituais e materiais e pela subordinação das necessidades individuais às da comunidade

. A natureza da ciência medieval baseava-se na razão e na fé

, e sua principal finalidade era compreender o significado das coisas e não exercer a predição ou o controle da história

.

Guerra e armamento

Espadas do período final da Idade Média.

A Idade Média foi, em termos bélicos, como um período de grandes desenvolvimentos tecnológicos, essencialmente provindos de dois grandes laboratórios, o Médio Oriente e a península Ibérica. As duas zonas, que desde muito cedo se tornaram palcos de violentas batalhas entre mouros e cristãos, fizeram com que a prática, a filosofia, a tecnologia e a própria génese da guerra evoluíssem. Temos que ter consciência que os termos cruzada e jihad surgem nesta época, e embora ambas tenham um significado extremamente semelhante, são dois paradigmas de uma realidade muito peculiar.

Quando ocorreu a invasão muçulmana da península Ibérica, o povo dominante eram os Visigodos, cujos exércitos se apoiavam essencialmente numa infantaria pesada, muito lenta. Os exércitos mouros, todavia, utilizavam uma cavalaria extremamente veloz, com armamento defensivo muito ligeiro, que lhes permitia uma rápida evolução no terreno e que deu a estes exércitos a vantagem, pelo menos numa fase inicial, e permitiu a conquista da maior parte da península a um ritmo apenas observado nos conflitos contemporâneos.

Gastronomia

Ver artigo principal: Cozinha medieval

O Catolicismo começou a mudar os hábitos. Os conventos incentivavam o uso de frutas e legumes em refeições muito simples. Nos séculos VII e IX, a comida sofisticou-se, passando a incluir massas, ovos recheados, carne e peixe. As Cruzadas, entre os séculos XI e XIII, permitiram aos europeus entrar em contato com produtos do Oriente, logo incorporados na culinária: trigo-sarraceno, açúcar, anis, cominho, canela, gengibre, noz-moscada, açafrão, cebolinha e ameixa. Esses novos ingredientes possibilitaram o desenvolvimento da salsicharia e das técnicas de preparação de vinagre, mostarda e molhos especiais.

Crises

Ver artigo principal: Crise do século XIV

Fim do Império Romano

Ver artigo principal: Queda do Império Romano

Por volta do século III, o Império Romano passava por uma grande crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caía o pagamento de tributos originados das províncias.

Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber soldo, deixavam as obrigações militares.

Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. Após o ano 395 d.C., com a morte do imperador Teodósio I o império foi definitivamente dividido em : Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla.

Em 476 d.C., o Império Romano do Ocidente caiu após a invasão por diversos povos bárbaros. Foi o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.

Peste negra

Ver artigo principal: Peste negra

Em meados do século XIV, uma doença devastou a população europeia, chamada Peste Negra, mas também conhecida como Peste Bubônica. Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes europeus morreu nesta época. A Peste Negra era transmitida através da picada de pulgas de ratos doentes. Estes ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos do Oriente, entre os anos de 1346 e 1352, sendo que esses animais encontraram na Europa um ambiente favorável, pois, o esgoto corria a céu aberto e o lixo acumulava-se nas ruas, aumentado assim o número de ratos. Os ratos eram contaminado com a bactéria Pasteurella pestis.[64]

Após o contato com a doença, a pessoa tinha poucos dias de vida , pois não havia cura para a doença. Os doentes tinham vários sintomas tais como, febre, mal-estar e bulbos (bolhas) de sangue e pus espalhavam-se pelo corpo do doente, principalmente nas axilas e virilhas. Como os conhecimentos médicos eram pouco desenvolvidos, a morte era certa. Para complicar ainda mais a situação, muitos atribuíam a doença a fatores comportamentais, ambientais ou religiosos.[64]

A doença foi sendo controlada no final do século XIV, com a adoção de medidas higiênicas nas cidades medievais. Mas também trouxe outras consequências, tal como econômicas, pois, com a morte de boa parte dos servos, muitos senhores feudais aumentaram as obrigações, fazendo os camponeses trabalharem e pagarem impostos pelos que haviam morrido, ocorreram revoltas camponesas. Os senhores feudais que conseguirarm sobrevirer organizaram exércitos fortes e combateram com violência as revoltas. Porém, em muitas regiões da Europa, os camponeses obtiveram conquistas importantes, conseguindo diminuir as obrigações servis.[64]

Transição da Idade Média para a Era Moderna

Ver artigo principal: Idade Moderna

O fim da Idade Média está relacionado às grandes transformações como:

Cronologia

Transição da Antiguidade para a Idade Média

Transição da Idade Média para a Idade Moderna

Ver também

Ligações externas

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Referências

  1. a b c CANTELE, Bruna Renata (1989). História dinâmica antiga e medieval: 7ª série. São Paulo: IBEP. p. 152 
  2. Idade média 476-1492 [1]
  3. Colégio São Francisco. Arte Românica. Portal São Francisco. 2012-01-23. URL:http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/arte-romanica/arte-romanica-3.php. Accessed: 2012-01-23. (Archived by WebCite® at http://www.webcitation.org/64ugtHn8E)
  4. a b c d CANTELE, Bruna Renata (1989). História dinâmica antiga e medieval: 7ª série. São Paulo: IBEP. p. 153 
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