Thomas Henry Huxley
Thomas Henry Huxley | |
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Evolucionismo, Agnosticismo, Biologia educacional, Popularização da ciência | |
Nascimento | 4 de maio de 1825 Ealing, Middlesex |
Morte | 29 de junho de 1895 (70 anos) Eastbourne, Sussex Reino Unido |
Residência | Londres |
Sepultamento | Londres |
Nacionalidade | britânico |
Cidadania | Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda |
Progenitores |
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Cônjuge | Henrietta Anne Heathorn Huxley |
Filho(a)(s) | Leonard Huxley, Marian Collier, Noel Huxley, Jessie Orianna Huxley, Rachel Huxley, Henrietta Huxley, Henry Huxley, Ethel Huxley |
Irmão(ã)(s) | Eliza Huxley, Ellen Huxley, James Edward Huxley, George Knight Huxley, William Huxley |
Alma mater | Sydenham College London, Charing Cross Hospital |
Ocupação | biólogo, linguista, paleontólogo, tradutor, ictiólogo, zoólogo, carcinólogo, anatomista, fotógrafo, filósofo, antropólogo, fisiólogo, naturalista, escritor, biólogo evolutivo |
Prêmios | Medalha Real (1852), Medalha Wollaston (1876),[1] Medalha Clarke (1880), Medalha Copley (1888), Medalha Linneana (1890), Medalha Darwin (1894) |
Empregador(a) | Imperial College London |
Instituições | Royal Navy, Royal College of Surgeons, Royal School of Mines, Royal Institution University of London |
Campo(s) | Zoologia, Anatomia comparada, Evolução |
Religião | agnosticismo |
Assinatura | |
Thomas Henry Huxley (Ealing, Middlesex, 4 de maio de 1825 — Eastbourne, Sussex, 29 de junho de 1895) foi um biólogo e filósofo britânico que ficou conhecido como "O Buldogue de Darwin",[2] por ser o principal defensor público da teoria da evolução de Charles Darwin e um dos principais cientistas ingleses do século XIX. É ainda reconhecido por ser o criador do termo "agnóstico" para representar um posicionamento filosófico nas questões sobre a metafísica e ou sobrenatural.[3]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Os primeiros anos[editar | editar código-fonte]
Huxley nasceu na vila de Ealing, próximo a Londres, sendo o sétimo dos oito filhos de George Huxley, um professor de matemática em Ealing,[4] em cuja escola Huxley teve seus únicos 2 anos de educação infantil formal. Em 1835, sua família mudou-se para Coventry,[5] onde estudou vorazmente em casa. Aos 15 anos, começou a estudar Medicina inicialmente como aprendiz,[5] depois como bolsista do Hospital Charing Cross. Aos vinte, passou nos exames da Universidade de Londres, ganhando a medalha de ouro para anatomia e fisiologia.[6] Em 1845 (ainda aos 20 anos), publicou seu primeiro texto científico demonstrando a existência de uma camada interna nos cabelos, então desconhecida. Essa camada passou a ser conhecida como camada de Huxley.[7]
A viagem no H.M.S. Rattlesnake[editar | editar código-fonte]
Aos 21 anos, alistou-se na Marinha Inglesa e teve a oportunidade de servir como assistente de cirurgião a bordo do H.M.S. Rattlesnake,[5][8] que partia com a missão de cartografar a costa da Austrália e Nova Guiné, importante rota comercial ainda pouco explorada pelos ingleses. Durante a árdua e perigosa viagem, teve a oportunidade de encontrar, descrever e enviar à Inglaterra grande quantidade de novos espécimes animais, além de conhecer a jovem Henrietta Heathorn, de quem ficou noivo e casou-se em 1855.[9]
O retorno à Inglaterra[editar | editar código-fonte]
Quando voltou à Inglaterra, em outubro de 1850, seus relatos e espécimes já o haviam tornado um célebre cientista e a fama permitiu o acesso à nata da ciência inglesa, incluindo Charles Darwin.[5][10] Devido à sua origem humilde, precisou se destacar pela inteligência e empenho para obter oportunidades. A necessidade crescente de obter fonte de renda fixa e suficiente para suas atividades e cuidar da esposa e família que chegou a oito filhos era muito maior do que a oferecida a cientistas em uma época onde a Ciência era motivo de orgulho nacional, mas não era considerada uma profissão e sim uma atividade exercida por homens da elite, sustentados pelas próprias fortunas. Assim, Huxley precisou candidatar-se a qualquer cargo com salário disponível para cientistas, muitas vezes acumulando diversas funções e responsabilidades. Assim, apesar das dificuldades financeiras, tornou-se progressivamente mais respeitado não apenas pelos seus méritos científicos, mas pela sua crescente influência que abrangeu diversas áreas da cultura inglesa, incluindo literatura, religião e até a reforma no sistema educacional.[carece de fontes]
Huxley e a Teoria da Evolução[editar | editar código-fonte]
T. H. Huxley foi um dos poucos confidentes a quem Charles Darwin expôs suas ideias evolucionistas antes da publicação de A Origem das Espécies e um dos principais responsáveis pelo sucesso da sua publicação. Logo após conhecer e concordar com a Teoria da Evolução (apesar de não aceitar várias das ideias de Darwin, como o Gradualismo), iniciou a estratégia eficaz de substituir na cúpula científica inglesa, graças à sua influência, cientistas idosos e com ideias ultrapassadas, por uma nova classe de cientistas jovens e talentosos, abertos a novas ideias e prontos para uma "revolução" científica. Em 1858, quando Darwin foi orientado (em parte por Huxley) a elaborar rapidamente um artigo científico sobre a Teoria da Evolução em conjunto com Alfred Russel Wallace (que havia chegado independentemente à conclusões semelhantes as de Darwin), para apresentar à Linnean Society em Londres, revigorando a comunidade científica que já era muito diferente e permeável à mudança. De fato, apesar da resistência esperada, a mudança de paradigma causada pela Teoria da Evolução coincidiu com uma ampla mudança na ciência inglesa.[carece de fontes]
O Buldogue de Darwin[editar | editar código-fonte]
Como Darwin nunca foi um grande orador e preferiu morar no interior da Inglaterra, longe dos debates e repercussões da sua teoria, coube à Thomas Huxley o papel de principal defensor da Evolução. Orador perspicaz e feroz, além de possuir um humor cínico, traços que lhe valeram o apelido. Como disse ao estudante Henry Fairfield Osborn, "Você sabe que eu tenho que tomar conta dele - de fato, eu sempre tenho sido o buldogue de Darwin".[carece de fontes]
O mais importante debate sobre Evolução ocorreu em 30 de junho de 1860, na Universidade de Oxford, entre T. H. Huxley e o seu principal opositor, o Bispo Samuel Wilberforce, acompanhado de seu acólito Richard Owen. Com o tema "Darwinismo e Sociedade", a Universidade precisou mover o evento de última hora para uma sala maior, graças a um público estimado entre 700 a 1 000 pessoas. Apesar de não ter sido transcrito no momento, as descrições foram de grande vitória para Huxley, no que considera-se um dos grandes debates científicos da História. No momento mais conhecido da discussão, Samuel Wilberforce teria perguntado se foi "através da sua avó ou do seu avô" que ele "alegava a descendência de um macaco". A resposta de Huxley foi clara e ovacionada pelo público: "Se a questão é se eu preferiria ter um macaco miserável como avô, ou um homem altamente favorecido pela natureza que possui grande capacidade de influência, mas mesmo assim emprega essa capacidade e influência para o mero propósito de introduzir o ridículo em uma discussão científica séria, eu não hesitaria em afirmar a preferência pelo macaco".[11]
Não foi apenas um debate científico, mas também um confronto entre Ciência e Religião. Darwin mais tarde escreveu: "De tudo o que escuto de várias partes, parece-me que Oxford fez um grande bem ao assunto. É de grande importância mostrar ao mundo que uns poucos homens de primeira não tem medo de expressar sua opinião. Eu vejo todo dia mais e mais claramente que meu livro, sem ajuda, não teria feito nada". Anos depois, disse ao professor Marsh: "Huxley é o rei dos homens", que contou ao próprio Huxley, que respondeu: "Agora você pode entender por que todos nós que conhecemos Darwin temos grande afeição por ele, e quando seus inimigos insultam esse nobre homem, por que é meu direito ser tão duro em sua defesa". E foi o mais fiel defensor de Darwin até após a sua morte em 1882, quando liderou com sucesso uma campanha para que a Inglaterra prestasse a Darwin o maior reconhecimento que um inglês pode receber: o direito de ser enterrado na Abadia de Westminster.[carece de fontes]
Legado[editar | editar código-fonte]
Talentoso popularizador da Ciência, ele cunhou o termo "Agnosticismo" para descrever seu posicionamento sobre a crença religiosa.[3][12] A Huxley também é creditado o mérito de revisar o conceito de Biogênese, uma teoria que diz que todas as células provêm de outras células.[13]
Ao longo de sua vida, Huxley também contribuiu para a Embriologia, Taxonomia e Morfologia. Também ajudou a desbancar o Lamarckismo e sua teoria do mecanismo da Evolução.[carece de fontes]
Teve uma grande disputa científica com Richard Owen, que dizia que o ser humano era claramente distinto dos demais animais por causa da estrutura anatômica de seu cérebro. Huxley negava esta afirmação, e refutou-a em diversos artigos, demonstrando que ela era na verdade inconsistente com fatos conhecidos. Ele consolidou este assunto na obra Evidence as to Man's place in Nature (1863).[carece de fontes]
Durante 31 anos, Huxley ocupou a cadeira de História Natural na School of Mines, onde se ocupou de pesquisas em Paleontologia.[carece de fontes]
Em 1870, Huxley saiu do mundo das pesquisas científicas para assumir compromissos políticos. Foi Secretário Executivo da Royal Society de 1871 a 1880, e Presidente desta sociedade entre 1881 e 1885.[carece de fontes]
Sua saúde entrou em colapso em 1885. Em 1890, ele se mudou de Londres para Eastbourne, onde morreu após uma enfermidade dolorosa.[carece de fontes]
Huxley é o patriarca de uma distinta família de acadêmicos britânicos, incluindo seus netos Aldous Huxley (o escritor), Sir Julian Huxley (o primeiro diretor da UNESCO e fundador do World Wildlife Fund), e Sir Andrew Huxley (o fisiologista e ganhador do Prêmio Nobel). Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1876.[carece de fontes]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «Award Winners Since 1831 / Wollaston Medal» (em inglês). The Geological Society of London. Consultado em 10 de agosto de 2015. Cópia arquivada em 25 de julho de 2015
- ↑ Huxley, Leonard; Henry Huxley, Thomas. Life and Letters of Thomas Henry Huxley. Cambridge University Press, 2011. ISBN 1108040454
- ↑ a b Huxley, Thomas Henry (2023). Agnosticismo. Blumenau: [s.n.]
- ↑ Dudley Warner, Charles. A Library of the World's Best Literature - Ancient and Modern - Vol. XIX. Cosimo, Inc., 2008. pp. 7805. ISBN 1605201855
- ↑ a b c d Christopher Lane, David. Naturally Selected, Volume 1. MSAC Philosophy Group. pp. 26.
- ↑ The Lancet London: A Journal of British and Foreign Medicine, Surgery, Obstetrics, Physiology, Chemistry, Pharmacology, Public Health and News, Volume 2. Elsevier, 1854. pp. 270.
- ↑ C. Steffen (24 de fevereiro de 2002). «The man behind the eponym: Thomas Henry Huxley: Huxley's layer of the inner root sheath». The American Journal of Dermatopathology. 24 (1): 82-84. PMID 11803289. doi:10.1097/00000372-200202000-00017
- ↑ Desmond, Ray. Dictionary Of British And Irish Botantists And Horticulturalists Including plant collectors, flower painters and garden designers. 2ª edi. CRC Press, 1994. pp. 370. ISBN 0850668433
- ↑ Darwin, Charles. The Correspondence of Charles Darwin:, Volume 14. In: Duncan M. Porter, Frederick Burkhardt, Sheila Ann Dean, Samantha Evans, Shelley Innes, Alison M. Pearn, Andrew Sclater, Paul White. Cambridge University Press, 2004. pp. 520. ISBN 0521844592
- ↑ Santos, Et Al. E-biology Ii (science and Technology)' 2003 Ed.. Rex Bookstore, Inc.. pp. 44. ISBN 9712335631
- ↑ La Cotardière, Phillippe de (2011). História das ciências: da antiguidade aos nossos dias. III - Ciências da Terra e Ciências da Vida 1 ed. Lisboa: Edições texto & grafia. p. 177. ISBN 9789898285461
- ↑ «Agnosticism: A Symposium (1884)». mathcs.clarku.edu. Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ Bastian, H. Charlton (15 de abril de 2001). Evolution and the Spontaneous Generation Debate (em inglês). [S.l.]: A&C Black
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Desmond, Adrian J (1997). Huxley: from devil's disciple to evolution's high priest. [S.l.]: Basic Books. ISBN 978-0-201-95987-1
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Life and Letters of Thomas Henry Huxley, Vol. 1, Vol. 2, Vol. 3
- «The Huxley File» (em inglês). na Clark University
- Obras de Thomas Henry Huxley na Open Library
- Agnosticismo. Livro de Thomas Huxley.
Precedido por William Parsons e George Newport |
Medalha Real 1852 com James Prescott Joule |
Sucedido por Charles Darwin e John Tyndall |
Precedido por Laurent-Guillaume de Koninck |
Medalha Wollaston 1876 |
Sucedido por Robert Mallet |
Precedido por William Spottiswoode |
Presidentes da Royal Society 1883 — 1885 |
Sucedido por George Gabriel Stokes |
Precedido por Joseph Dalton Hooker |
Medalha Copley 1888 |
Sucedido por George Salmon |
- Nascidos em 1825
- Mortos em 1895
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