Listeriose

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Listeriosis
Listeriose
Listeria monocytogenes
Especialidade infecciologia, ginecologia e obstetrícia, neonatologia, medicina fetal
Classificação e recursos externos
CID-10 A32
CID-9 027.0
CID-11 419706488
DiseasesDB 7503
MedlinePlus 001380
eMedicine med/1312 ped/1319
MeSH D008088
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Listeriose é uma infecção bacteriana provocada pela Listeria monocytogenes,[1] que é um bacilo móvel gram positivo. Outros listerias causam infecções apenas em animais.

Causa[editar | editar código-fonte]

Carnes e queijos contaminados foram responsáveis pelo surto de 2009 no Chile, que resultou em 16 mortes

Listeria monocytogenes é comumente encontrado no solo e na água. Os animais domésticos e selvagens podem carregar a bactéria sem parecerem doentes. A bactéria pode ser encontrada em alimentos, tais como:[2]

  • Carnes mal cozidas (como carne mal passada, carnes finas e cachorros-quentes);
  • Leite não pasteurizado, bem como seus derivados (especialmente queijos macios);
  • Frutos do mar defumados;
  • Frutos e vegetais irrigados com água contaminada ou fertilizado com fezes de animais infectados.

A bactéria morre se o alimento é bem cozido. Vegetais e frutas devem ser bem lavados. Pessoas saudáveis raramente ficam doentes. Pode crescer e espalhar dentro da geladeira a outros alimentos.[3]

O período de incubação varia de 3 a 70 dias. Pode ser encontrado em patês de origem animal, cachorro-quente, carnes finas, queijos frescos Feta, Brie, Camemberte e outros alimentos prontos para consumo. Pode ser evitado cozinhando bem os alimentos.[4]

Grupos vulneráveis[editar | editar código-fonte]

Afeta principalmente recém nascidos, grávidas, em idosos e pessoas com imunidade baixa. Pode passar de mãe para o feto através da placenta e causar aborto, nascimento prematuro ou resultar natimorto.[5]

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

Pode ser diagnosticado em cultura feita a partir de uma amostra de sangue ou de líquido cefalorraquídeo

Em pessoas saudáveis que consomem alimentos contaminados causa apenas uma infecção alimentar leve poucos dias após o consumo do alimento infectado. Os sintomas gastrointestinais incluem:[6]

Por outro lado, se a infecção atinge o cérebro ou meninges causa:[2]

Durante a gravidez, além dos sintomas já listados também causa:[6]

  • Perda de apetite;
  • Irritabilidade;
  • Vômitos;
  • Fatiga;
  • Parto prematuro;
  • Infecção do feto e natimorto;
Outras formas de infecção[7]

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Ocorreram vários surtos nos EUA e Canadá entre 1998 e 2011. Nos EUA, cerca de 1600 casos são diagnosticados e resultaram e causam 260 mortes por ano. Quando uma mulher grávida é infectada a mortalidade do feto é de 20 a 30%.[8] Na Europa a incidência é de 2 a 5 casos para cada milhão de habitantes.[9]

Apesar de casos de meningites e abortos por listeriose já terem sido identificados no Brasil, a doença segue sub-diagnosticada e sub-notificada. Em estudo de Porto Alegre de 10 placentas de aborto e partos prematuros 50% foram por listeriose. Parece ser mais comum no Sul e Sudeste, por seus hábitos alimentares, ou pode ser apenas mais diagnosticado nessas regiões e não notificado nas outras.[10]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Caso o paciente seja vulnerável é tratado com antibióticos, como ampicilina ou trimetoprim com sulfametoxazol, sendo que as doses e combinações de medicamentos variam dependendo do local afetado. Pessoas saudáveis com problemas gástricos não precisam de tratamento antibiótico, os sintomas desaparecem em poucas semanas.[7] Em caso de endocardite, pode-se administrar-se uma penicilina associada com tobramicina. Conjuntivites podem ser tratadas com eritromicina.A penicilina geralmente cura a listeriose. Se a infecção tiver afectado as válvulas cardíacas, pode também administrar-se um segundo antibiótico, como a tobramicina. As infecções oculares também podem ser tratadas com eritromicina oral.[11]

Referências

  1. Ryan KJ; Ray CG (editors) (2004). Sherris Medical Microbiology 4ª ed. [S.l.]: McGraw Hill. ISBN 0-8385-8529-9 
  2. a b CDC (1 de março de 2018). «Frequently Asked Questions about Listeria». Centers for Disease Control and Prevention (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2022 
  3. «Listeria infection (listeriosis) - Symptoms and causes». Mayo Clinic (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2022 
  4. Affairs (ASPA), Assistant Secretary for Public (12 de abril de 2019). «Bacteria and Viruses». FoodSafety.gov (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2022 
  5. Hof H (1996). Listeria Monocytogenes in: Baron's Medical Microbiology (Baron S et al, eds.) 4ª ed. [S.l.]: Univ of Texas Medical Branch. (via NCBI Bookshelf) ISBN 0-9631172-1-1 
  6. a b «Listeria infection (listeriosis) - Symptoms and causes». Mayo Clinic (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2022 
  7. a b «Listeriosis: MedlinePlus enciclopedia médica». medlineplus.gov (em espanhol). Consultado em 26 de maio de 2022 
  8. «Information for Health Professionals and Laboratories | Listeria | CDC». www.cdc.gov (em inglês). 30 de março de 2021. Consultado em 26 de maio de 2022 
  9. Smittskyddsinstitutet –Statistik för listeriainfektion
  10. CRUZ, C.D.; MARTINEZ, M.B.; DESTRO, M.T. Listeria monocytogenes: an infectious agent scarcely known in Brazil. Alim.Nutr., v. 19, n. 2, p. 195-206, abr./jun. 2008.
  11. «Manual MSD Versão Saúde para a Família». Manual MSD Versão Saúde para a Família. Consultado em 26 de maio de 2022