Assembleias de Deus no Brasil

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Logomarca usada pelas igrejas filiada a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil | |
Classificação | Protestante |
---|---|
Orientação | Pentecostal |
Associações | Original- Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) Dissidente- Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil (CONAMAD) |
Área geográfica | Brasil,entre outros. |
Origem | Belém, Pará, 1911 |
Congregações | 389.207 (2019)[carece de fontes] |
Membros | 22,5 milhões (2011)[1] |
Assembleia de Deus é uma denominação cristã evangélica (protestante) no Brasil, fundada em 1911 na cidade de Belém do Pará pelos sueco-americanos Gunnar Vingren e Daniel Berg. Em 2011 estimava-se que a denominação tinha 22,5 milhões de membros no Brasil, sendo a maior denominação pentecostal do mundo.[1]
História[editar | editar código-fonte]
A Assembleia de Deus chegou ao Brasil por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que aportaram em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos Estados Unidos. A princípio, frequentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Os missionários suecos traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia — o falar em línguas espirituais (estranhas) — como a evidência de manifestações que já vinham ocorrendo em reuniões de oração nos Estados Unidos e também de forma isolada em outros países, principalmente naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu através de um de seus principais discípulos, um pastor afro-americano, chamado William Joseph Seymour, na rua Azusa, Los Angeles, em 1906.[2]
A nova doutrina trouxe divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembleias distintas, conforme relatam as atas das sessões[3], os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de junho de 1911[4][5], juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembleia de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.
A Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo estado do Pará, alcançando o Amazonas e propagou-se para o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da população. Chegou ao Sudeste pelos idos de 1922, através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova denominação aonde quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, em 1924, para a então capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão através de um folheto evangelístico de Paulo Leivas Macalão, filho de um general e precursor do assim conhecido Ministério de Madureira.

A influência sueca teve forte peso na formação assembleiana brasileira, em razão da nacionalidade de seus fundadores, e porque à igreja pentecostal escandinava, principalmente a Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de ter assumido nos anos seguintes o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros em seu papel de fazer crescer a nova Igreja. Desde 1930, quando se realizou um concílio da igreja na cidade de Natal, a Assembleia de Deus no Brasil passou a ter autonomia interna, sendo administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembleias de Deus dos Estados Unidos através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação.
Organização da denominação[editar | editar código-fonte]

As Assembleias de Deus brasileiras estão organizadas em forma episcopado não territorial, onde cada Ministério é constituído pela igreja sede com suas respectivas filiadas, congregações e pontos de pregação (subcongregações). O sistema de administração é um misto entre o sistema episcopal e o sistema congregacional, onde os assuntos são previamente tratados pelo ministério(Convenção local), com forte influência da liderança pastoral, e depois são levados às assembleias para serem referendados apenas. Os pastores das Assembleias de Deus podem estar ligados ou não às convenções estaduais, e estas se vinculam a uma convenção de âmbito nacional.
As Assembleias de Deus iniciaram cedo seu trabalho missionário, em 1913 enviou um evangelista a Portugal. Desde a década de 1990 os diversos ministérios expandiram em áreas cada vez mais distantes de suas igrejas mães, plantando igrejas em comunidades imigrantes brasileiras nos Estados Unidos, Europa, Japão, América Latina ou em novas iniciativas missionárias na África e Ásia.
Desde a década de 1980, por razões administrativas, a Assembleia de Deus brasileira tem passado por algumas cisões que deram origem a diversas convenções e ministérios, com administração autônoma, em várias regiões do País. O mais expressivo dos ministérios independentes é o Ministério de Madureira, cuja igreja já existia desde os idos de 1930, fundada pelo pastor Paulo Leivas Macalão e que, em 1958, serviu de base para a estruturação nacional do Ministério por ele presidido, até a sua morte, no final de 1982.
Particularmente na América do Sul, hoje existem muitas Assembleias de Deus autônomas e independentes. No Brasil, segundo o censo 2010 de todos os grupos havia 12,3 milhões de aderentes.
As maiores convenções são:
- Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), fundada em 1930. Sua sede está localizada em Rio de Janeiro. A CGADB hoje conta com centenas de pastores e missionários espalhados pelo mundo. É afiliada à Associação Mundial da Assembleia de Deus. Dentre as centenas de ministérios que a compõe, está ligada a ela o Ministério do Belém-SP (não confundir com a igreja-mãe de Belém-PA, que é ligada a CADB).
- Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil ou Ministério de Madureira (CONAMAD), fundada em 1958. Sua sede está localizada em Brasília.
- Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (CADB), fundada em 2017. Sua sede está localizada em São Cristóvão (Rio de Janeiro), a ela está integrada a primeira Assembleia de Deus no Brasil, conhecida como igreja-mãe fundada pelos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren em Belém do Pará.
Doutrina[editar | editar código-fonte]

De acordo com o credo das Assembleias de Deus, entre as verdades fundamentais da denominação, estão a crença:[6]
- Num só Deus eterno subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo;
- Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, considerada a única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão;
- Na concepção virginal de Jesus Cristo, na sua morte vicária e expiatória, ressurreição corporal e ascensão para o céu;
- No pecado que distancia o homem de Deus, condição que só pode ser restaurada através do arrependimento e da fé em Jesus Cristo.
- Arrebatamento daqueles que recebem a Cristo como Salvador, para a Nova Jerusalém em breve.
- Na necessidade de um novo nascimento pela fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus;
A denominação pratica o batismo em águas por imersão do corpo inteiro, uma só vez, em adultos, em nome da Trindade; a celebração, sistemática e continuada, da Santa Ceia; e o recebimento do batismo no Espírito Santo, geralmente, com a evidência inicial do falar em outras línguas, seguido de outros dons do Espírito Santo.
A exemplo da maioria dos cristãos, os assembleianos aguardam a segunda vinda premilenial de Cristo em duas fases distintas: a primeira, invisível ao mundo, para arrebatar a Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; e a segunda, visível e corporal com a Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo por mil anos, sendo portanto dispensacionalista.
Ainda, nesse corolário de fé, os assembleianos esperam comparecer perante o Tribunal de Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa do Cristianismo, seguindo-se uma vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tormento para os infiéis.
Algumas igrejas tem se alinhado com o Neopentecostalismo, como a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do televangelista Silas Malafaia, ao aderir a Teologia da Prosperidade, sistema de gestão empresarial e uso intenso de mídias como a televisão e o rádio além de uma visão liberal a respeito dos usos e costumes e um intenso engajamento político.[7][8]
Outras igrejas, como a Assembleia de Deus dos Últimos Dias, do pastor Marcos Pereira, adotam uma postura totalmente diferente focando basicamente em proibições quanto aos usos e costumes a nível de doutrina oficial.[9] A igreja determina a proibição do uso das cores preta e vermelha[9], da criação de animais domésticos e plantas[9], do uso de anticoncepcionais[9], do uso de cosméticos[9], perfumes e jóias[9], de comer carne, sangue e gordura animal[9], de ler revistas e jornais[9], de ver televisão e usar computador[9], de beber refrigerantes sabor cola e bebidas alcoólicas[9], dentre outras proibições, além de um rígido código de conduta a respeito das vestimentas femininas e masculinas.[9]
Costumes[editar | editar código-fonte]
Inicialmente caracterizada por um rigorismo de conduta, fruto do que o sociólogo Paul Freston chama de "ethos sueco-nordestino", mesclando o pietismo nórdico com o patriarcalismo nordestino, hoje muitas igrejas Assembleias de Deus vêm experimentando, recentemente, grandes mudanças comportamentais concernente a usos e costumes.[10]
A IEAD, há algum tempo, tinha o hábito de inserir como doutrina os usos e costumes, por meio dos quais restringia mais a liberdade das mulheres em questões de vestimenta, cabelo e maquiagem. A igreja dizia que o uso de determinadas roupas e cortes de cabelos, por exemplo, era vaidade. No entanto, com o passar dos anos, percebeu-se que a adoção ou não de determinadas regras por parte das igrejas locais tratava-se mais de uma questão de costume do que de doutrina, pois não feria os fundamentos da fé cristã.
Atualmente, a Assembleia de Deus passa por uma relativação dos usos e costumes, em quanto muitos pastores e ministérios e regiões do país se renovam, outros preferem manter as tradições assembleianas do passado. Contudo, a CGADB ratificou seu estatuto em 2011, e na seção de usos e costumes removeu diversos itens, dando mais liberdade às mulheres. Já a Convenção Nacional nem sequer cita em sua resolução (na atualidade) usos e costumes em seu estatuto, deixando clara a liberdade.[18]
De igual modo, tendem a desaparecer do cenário assembleiano os estereótipos, como por exemplo a proibição ao uso da televisão, que vem sendo liberado desde 1990, enquanto algumas igrejas passam a orientar seus adeptos a lerem bons livros e fazerem uso adequado da internet, numa clara demonstração de que as posições radicais e exageradas do passado estão sendo substituídas pelo respeito à liberdade de seus membros usufruírem dos benefícios que a tecnologia põe à disposição da sociedade contemporânea.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Televangelismo
- CPAD
- Instituto Bíblico das Assembleias de Deus
Referências
- ↑ a b «Assembleia de Deus do Brasil é a maior igreja pentecostal do mundo»
- ↑ Souza Matos, Alderi de. Centenário do movimento pentecostal. FIDES REFORMATA XI, Nº 2 (2006): 23-50
- ↑ Conde, Emilio História das Assembleias de Deus
- ↑ Corten, André; Echalar, Mariana N. R. (1996). Vitório Mazzuco, OFM, ed. Os pobres e o Espírito Santo: o pentecostalismo no Brasil. 1. Petrópolis, RJ: Vozes. p. 66. 285 páginas. ISBN 85-326-1713-1. OCLC CDD 269.4 Verifique
|oclc=
value (ajuda) - ↑ Corten, André (1995). «3». Le pentecôtisme au Brésil: émotion du pauvre et romantisme théologique. Col: Collection Chrétiens en liberté (em francês). 1. ISBN 978-2865375639. Paris: KARTHALA Editions. p. 74. 307 páginas. ISBN 2-86537-563-3. OCLC 408192473
- ↑ A Declaração de Verdades Fundamentais da Assembleia de Deus (em inglês)
- ↑ «Malafaia: A quem ele representa?». Cristianismo Hoje. 5 de julho de 2013. Consultado em 17 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2017
- ↑ Betto, Frei (6 de dezembro de 2016). «Por que fizemos opção pelos pobres (e eles pelo neopentecostalismo...)?». Le Monde Diplomatique Brasil. Consultado em 17 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2017
- ↑ a b c d e f g h i j k Nossa Doutrina. Rio de Janeiro: Assembleia de Deus dos Últimos Dias. 2014. Consultado em 21 de fevereiro de 2017
- ↑ Mariano, Ricardo. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. p32
- Almeida, Abraão de. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1982.
- Berg, David. Enviado por Deus - Memórias de Daniel Berg Rio de Janeiro: CPAD,
- Conde, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
- Freston, Paul. "Breve História do pentecostalismo brasileiro". Antoniazzi, A. (org.). Nem anjos nem demônios interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1994.
- Vingren, Ivar. O Diário do Pioneiro.Rio de Janeiro: CPAD,
- Vingren, Ivar, Nyberg Gunilla, Alvarsson Jan-Åke, Johannesson Jan-Endy. Det började i Pará: svensk pingstmission i Brasilien. Estocolmo: Missionsinstitutet-PMU, 1994.