Refinaria Abreu e Lima: diferenças entre revisões
m removeu Categoria:Refinarias envolvidas na Operação Lava Jato usando HotCat |
remoção de seção sem fonte; ajustes diversos; ligações, inclusão de refs e LDE |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{parcial}} |
|||
{{geocoordenadas|8_23_55_S_35_4_3_W|8º 23' S, 35º 4' O}} |
{{geocoordenadas|8_23_55_S_35_4_3_W|8º 23' S, 35º 4' O}} |
||
{{construção futura}} |
{{construção futura}} |
||
Linha 6: | Linha 5: | ||
Desde quando o ex-presidente [[Luiz Inácio Lula da Silva]] lançou o projeto da refinaria, em 2005, ela tinha orçamento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões. A previsão de investimentos já subiu quase sete vezes, segundo o último relatório quadrimestral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). |
Desde quando o ex-presidente [[Luiz Inácio Lula da Silva]] lançou o projeto da refinaria, em 2005, ela tinha orçamento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões. A previsão de investimentos já subiu quase sete vezes, segundo o último relatório quadrimestral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). |
||
==Capacidade de refino prevista== |
== Capacidade de refino prevista == |
||
O parque de refino da Abreu e Lima será orientado principalmente para produção de [[óleo diesel]] S10, o derivado de maior consumo no País. Cerca de 70% dos derivados ali produzidos serão de [[óleo diesel]]<ref>{{Citar web|url=http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/refinarias/refinaria-abreu-e-lima.htm|titulo=Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações {{!}} Petrobras|acessodata=2016-07-15|obra=Petrobras}}</ref>, 32% a mais do que o normal, e com baixíssimo teor de [[enxofre]] (10 ppm). O diesel é o derivado de maior importação do Brasil e sua produção no [[Nordeste]] permitirá atender à crescente demanda por derivados na região e o excedente poderá abastecer ainda o restante do mercado nacional. |
O parque de refino da Abreu e Lima será orientado principalmente para produção de [[óleo diesel]] S10, o derivado de maior consumo no País. Cerca de 70% dos derivados ali produzidos serão de [[óleo diesel]]<ref>{{Citar web|url=http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/refinarias/refinaria-abreu-e-lima.htm|titulo=Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações {{!}} Petrobras|acessodata=2016-07-15|obra=Petrobras}}</ref>, 32% a mais do que o normal, e com baixíssimo teor de [[enxofre]] (10 ppm). O diesel é o derivado de maior importação do Brasil e sua produção no [[Nordeste]] permitirá atender à crescente demanda por derivados na região e o excedente poderá abastecer ainda o restante do mercado nacional. |
||
Linha 13: | Linha 12: | ||
O plano de negócios da Petrobras de 2008 passou a prever uma ampliação na capacidade de refino da Abreu e Lima para 240 mil barris por dia, existindo a possibilidade de uma nova expansão para até 500 mil barris por dia, o que a tornaria a maior refinaria do país.<ref>Plano Estratégico Petrobras 2020 e Plano de Negócios 2008 - 2012 http://petrobrasri.infoinvest.com.br/modulos/doc.asp?arquivo=00951070.WAN&doc=ian350.doc&language=ptb</ref> Porém o plano de negócios atualizado não prever mais esta expansão. |
O plano de negócios da Petrobras de 2008 passou a prever uma ampliação na capacidade de refino da Abreu e Lima para 240 mil barris por dia, existindo a possibilidade de uma nova expansão para até 500 mil barris por dia, o que a tornaria a maior refinaria do país.<ref>Plano Estratégico Petrobras 2020 e Plano de Negócios 2008 - 2012 http://petrobrasri.infoinvest.com.br/modulos/doc.asp?arquivo=00951070.WAN&doc=ian350.doc&language=ptb</ref> Porém o plano de negócios atualizado não prever mais esta expansão. |
||
==A construção da refinaria== |
== A construção da refinaria == |
||
As primeiras obras relacionadas ao projeto de construção da unidade de refino tiveram início em 2007. Ainda em 2009 foi iniciada a [[construção civil]] dos prédios administrativos e de suporte da refinaria, incluindo a construção da casa de força, concluída em junho de 2009, com potência total instalada de 150 MW, que suprirá as grandes necessidades de energia da refinaria. A previsão era de que até 2011 estivessem concluídas as obras e tivesse início seu funcionamento, contudo isso não aconteceu. |
As primeiras obras relacionadas ao projeto de construção da unidade de refino tiveram início em 2007. Ainda em 2009 foi iniciada a [[construção civil]] dos prédios administrativos e de suporte da refinaria, incluindo a construção da casa de força, concluída em junho de 2009, com potência total instalada de 150 MW, que suprirá as grandes necessidades de energia da refinaria. A previsão era de que até 2011 estivessem concluídas as obras e tivesse início seu funcionamento, contudo isso não aconteceu. |
||
Para fortalecer sua política de gestão social, a Petrobras está priorizando também a contratação de fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima.<ref>''"Petrobras busca fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima"'' '''Diario de Pernambuco''', 05/08/2009, http://www.diariodepernambuco.com.br/Economia/nota.asp?materia=20090805184757&assunto=69&onde=Economia</ref> Para a primeira fase da obra, a terraplanagem, foram contratadas 2 800 pessoas, sendo que 95% dos trabalhadores foram arregimentados no próprio estado de Pernambuco – uma das premissas do empreendimento. As chuvas normalmente intensas nesta região (1 500 mm/ano) provocaram alagamentos em todo o Estado e atrasos no cronograma desta etapa das obras.<ref>''"Chuvas atrasam obras de Abreu e Lima"'', '''Tn Petróleo''', 08/04/2008, http://www.tnpetroleo.com.br/clipping/imprimir/id/508</ref><ref>''"Refinaria demite por causa das chuvas"'', '''Power''', 23/04/2009, http://www.power.inf.br/pt/?p=6786</ref> |
Para fortalecer sua política de gestão social, a Petrobras está priorizando também a contratação de fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima.<ref>''"Petrobras busca fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima"'' '''Diario de Pernambuco''', 05/08/2009, http://www.diariodepernambuco.com.br/Economia/nota.asp?materia=20090805184757&assunto=69&onde=Economia</ref> Para a primeira fase da obra, a terraplanagem, foram contratadas 2 800 pessoas, sendo que 95% dos trabalhadores foram arregimentados no próprio estado de Pernambuco – uma das premissas do empreendimento. As chuvas normalmente intensas nesta região (1 500 mm/ano) provocaram alagamentos em todo o Estado e atrasos no cronograma desta etapa das obras.<ref>''"Chuvas atrasam obras de Abreu e Lima"'', '''Tn Petróleo''', 08/04/2008, http://www.tnpetroleo.com.br/clipping/imprimir/id/508</ref><ref>''"Refinaria demite por causa das chuvas"'', '''Power''', 23/04/2009, http://www.power.inf.br/pt/?p=6786</ref> |
||
==Histórico |
== Histórico == |
||
Desde os anos 1970 se discutia a necessidade de construção de uma refinaria capaz de processar simultaneamente o petróleo pesado nacional e o importado da [[Venezuela]], na época o maior produtor de petróleo da [[América do Sul]]. Os primeiros projetos discutidos entre o governo e a Petrobras já previam a instalação de uma refinaria no Norte ou Nordeste do Brasil, para baratear os custos de frete e aumentar a geração de emprego e renda na região. Um pré-acordo com a Venezuela prevendo a garantia do fornecimento para esta refinaria chegou a ser fechado, mas não foi implementado. |
Desde os anos 1970 se discutia a necessidade de construção de uma refinaria capaz de processar simultaneamente o petróleo pesado nacional e o importado da [[Venezuela]], na época o maior produtor de petróleo da [[América do Sul]]. Os primeiros projetos discutidos entre o governo e a Petrobras já previam a instalação de uma refinaria no Norte ou Nordeste do Brasil, para baratear os custos de frete e aumentar a geração de emprego e renda na região. Um pré-acordo com a Venezuela prevendo a garantia do fornecimento para esta refinaria chegou a ser fechado, mas não foi implementado. |
||
No início dos anos |
No início dos anos 1990, a reaproximação entre [[Brasil]] e [[Venezuela]] reavivou estes planos, a partir dos acordos de La Guzmania, assinados em 4 março de 1994, pelos então Presidentes [[Itamar Franco]] e [[Rafael Caldera]]. Entretanto os planos acabaram novamente adiados. Nos anos [[2000]], a aproximação da Venezuela com o [[Mercosul]], conjugada com o aumento do consumo de combustíveis na região Nordeste, fortaleceu a necessidade do projeto, discutido publicamente pelo governo e pela Petrobras já em 2004-2005. Com a entrada da [[Venezuela]] no [[Mercosul]], importar petróleo venezuelano ficaria mais barato e, assim, o lucro brasileiro ao refinar petróleo venezuelano e exportar derivados industrializados seria ainda maior. |
||
A descoberta de novas zonas produtoras de petróleo no Brasil, no [[pré-sal]], ampliou a necessidade de refinarias desta natureza, para que o país possa, no futuro, exportar derivados de petróleo, de valor agregado muito superior ao do [[óleo cru]]. |
A descoberta de novas zonas produtoras de petróleo no Brasil, no [[pré-sal]], ampliou a necessidade de refinarias desta natureza, para que o país possa, no futuro, exportar derivados de petróleo, de valor agregado muito superior ao do [[óleo cru]]. |
||
== Petrobras e PDVSA == |
|||
===A escolha da localização da refinaria=== |
|||
⚫ | A associação da Petrobras com a PDVSA é resultado de um total de onze acordos firmados entre as duas empresas, em um longo processo de negociações iniciado na primeira metade da década de 1990 (Governo [[Itamar Franco]]). A princípio a Petrobras seria sócia majoritária (60%), tendo a PDVSA e a Renor Refinaria do Nordeste S.A. (empresa privada brasileira) respectivamente 35% e 5%, como sócias minoritárias. |
||
Durante muito tempo se discutiu qual seria a melhor localização para a refinaria. Vários estados do Nordeste se apresentaram como candidatos para sediar a refinaria e a Petrobras decidiu instalar três refinarias na região, sendo uma em Pernambuco e as outras no Ceará e Maranhão, com maiores capacidades de processamento. |
|||
Os principais motivos que levaram a Petrobras a escolher o Estado de Pernambuco para implementar a Rnest foram: |
|||
#Boa infraestrutura portuária ([[Porto de Suape]]); |
|||
#Zona industrial já estruturada; |
|||
#Disponibilidade de mão de obra qualificada no local; |
|||
#Pernambuco é o segundo maior [[mercado]] consumidor de derivados do Nordeste; |
|||
#O estado está localizado a distância semelhante dos outros dois maiores mercados consumidores do Nordeste; |
|||
#Compromisso do Estado com outros itens relacionados à [[infraestrutura]]; |
|||
Caso a refinaria realmente tenha uma capacidade maior que a prevista inicialmente e permita ao Brasil exportar derivados de petróleo, a refinaria continuará localizada em uma área geograficamente estratégica, pois no [[Nordeste]] fica mais próxima dos centros consumidores da [[Europa]] e [[Estados Unidos]], o que reduz o custo do frete. Também fica mais próxima de novas regiões consumidoras, como a [[África]], que na última década teve um crescimento médio do PIB de cerca de 7% ao ano, incluindo alguns países com até 20% ao ano, aumentando muito a importação de combustíveis. Entretanto, é improvável que isto venha a acontecer, devido à crescente demanda de diesel doméstico e à inviabilidade econômica de exportar S10 (10 ppm de enxofre) para países africanos, que não possuem legislação tão rígida. |
|||
== Petrobras e PDVSA na Refinaria Abreu de Lima: negociações e acordos == |
|||
⚫ | A associação da Petrobras com a PDVSA é resultado de um total de |
||
Em 2008 foi fechado o primeiro acordo entre a [[Petrobras]] e a [[PDVSA]] prevendo que o petróleo utilizado na refinaria Abreu e Lima fosse fornecido em partes iguais pelos dois países. As negociações entre a Petrobras e a PDVSA para a construção de uma refinaria no Brasil haviam sido iniciadas em 2003, quando chegou a ser discutido o projeto de criação de uma nova empresa petrolífera sul-americana, que não foi concluído. |
Em 2008 foi fechado o primeiro acordo entre a [[Petrobras]] e a [[PDVSA]] prevendo que o petróleo utilizado na refinaria Abreu e Lima fosse fornecido em partes iguais pelos dois países. As negociações entre a Petrobras e a PDVSA para a construção de uma refinaria no Brasil haviam sido iniciadas em 2003, quando chegou a ser discutido o projeto de criação de uma nova empresa petrolífera sul-americana, que não foi concluído. |
||
Linha 46: | Linha 32: | ||
== Perspectivas, críticas e disputas == |
== Perspectivas, críticas e disputas == |
||
Uma das principais críticas levantadas inicialmente ao projeto da refinaria diz respeito aos possíveis impactos ambientais da própria atividade de refino de petróleo. A Petrobras defende que as novas tecnologias desta refinaria irão minimizar os impactos ambientais, com menor uso de água e o reflorestamento do entorno da obra |
Uma das principais críticas levantadas inicialmente ao projeto da refinaria diz respeito aos possíveis impactos ambientais da própria atividade de refino de petróleo. A Petrobras defende que as novas tecnologias desta refinaria irão minimizar os impactos ambientais, com menor uso de água e o reflorestamento do entorno da obra.{{carece de fontes}} |
||
Dentre os aspectos positivos destaca-se o aumento da capacidade de produção de derivados no país. Dentre as tecnologias inovadoras está um novo sistema de tratamento de efluentes capaz de reduzir significativamente os odores e as emissões de gases tóxicos e gases geradores do efeito estufa. |
Dentre os aspectos positivos destaca-se o aumento da capacidade de produção de derivados no país. Dentre as tecnologias inovadoras está um novo sistema de tratamento de efluentes capaz de reduzir significativamente os odores e as emissões de gases tóxicos e gases geradores do efeito estufa. |
||
Além disso, novas refinarias podem ser consideradas fundamentais para a economia do Brasil, pois a atividade industrial de refino agrega um valor enorme ao petróleo. Com o barril de petróleo (163,65 litros) sendo negociado a US$ 115,00 (setembro de 2012), o preço do litro de petróleo fica em cerca de 0,70 centavos, enquanto o litro da gasolina vale 4 vezes mais. Outros derivados de petróleo, como os polímeros (plásticos), podem valer 40 ou até 50 vezes mais do que o óleo cru. |
Além disso, novas refinarias podem ser consideradas fundamentais para a economia do Brasil, pois a atividade industrial de refino agrega um valor enorme ao petróleo. Com o barril de petróleo (163,65 litros) sendo negociado a US$ 115,00 (setembro de 2012), o preço do litro de petróleo fica em cerca de 0,70 centavos, enquanto o litro da gasolina vale 4 vezes mais. Outros derivados de petróleo, como os polímeros (plásticos), podem valer 40 ou até 50 vezes mais do que o óleo cru.{{carece de fontes}} |
||
===Disputas políticas=== |
|||
⚫ | A Petrobras atribui a elevação dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, que saltaram da previsão de investimentos iniciais de |
||
=== Elevação dos custos === |
|||
A inauguração da Refinaria Abreu e Lima está prevista para o final de 2014 e seu pleno funcionamento a partir do primeiro trimestre de 2015. |
|||
⚫ | A Petrobras atribui a elevação dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, que saltaram da previsão de investimentos iniciais de 2,5 bilhões de dólares para um custo final de 20 bilhões de dólares, ao aumento da infraestrutura e da capacidade instalada de refino total em relação ao que era previsto inicialmente, às novas tecnologias que serão incorporadas para o tratamento da emissão de gases, à alta dos preços de serviços e equipamentos em função do aquecimento da indústria do petróleo até meados de 2008, além de fatores conjunturais imprevisíveis, como a variação da taxa de câmbio e encarecimento dos equipamentos importados.<ref>''Petrobras nega superfaturamento em obras de terraplanagem da Refinaria Abreu e Lima'', '''Agência Brasil''', 26/08/2009 http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/08/26/materia.2009-08-26.4832174506/view</ref> Além disso a Petrobras explica que o custo médio de investimento por barril refinado subiu no mundo inteiro entre 2005 e 2008, passando de US$ 20 mil para US$ 50 mil por barril.<ref>PETROBRAS. ''Refinaria de Pernambuco''. 30 de agosto de 2009. http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=6862</ref> |
||
=== Operação Lava Jato === |
|||
===Denúncias de Corrupção=== |
|||
{{Artigo Principal|Operação Lava Jato}} |
|||
Durante o processo de apuração das irregularidades ocorridas na Petrobras, entre elas a construção da Refinaria de Abreu e Lima, [[Paulo Roberto Costa]], ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e ex-diretor do Conselho de Administração da refinaria, em processo de delação premiada, revelou a ocorrência de superfaturamento por parte das empresas envolvidas em cartel que se teria instalado para fornecer para a Companhia. |
|||
Durante o processo de apuração das irregularidades ocorridas na [[Petrobras]], investigadas pela [[Operação Lava Jato]], entre elas a construção da Refinaria de Abreu e Lima, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, [[Paulo Roberto Costa]], em depoimento na [[delação premiada]], revelou a ocorrência de [[superfaturamento]] por parte das empresas envolvidas em [[cartel]] nas obras da estatal.<ref>{{citar web|url=http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2015/08/tcu-identifica-superfaturamento-de-r-673-milhoes-na-refinaria-abreu-e-lima|publicado=EBC|acessodata=7 de abril de 2017|título=TCU identifica superfaturamento de R$ 673 milhões na Refinaria Abreu e Lima}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-refinaria-abreu-e-lima-e-a-operacao-lava-jato/86497/|publicado=Administradores|acessodata=7 de abril de 2017|título=A Refinaria Abreu e Lima e a Operação Lava Jato}}</ref> Um parecer técnico do [[Minstério Público Federal]], de outubro de 2014, apontou um superfaturamento de 613 milhões de reais das obras da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) da refinaria Abreu e Lima.<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/parecer-aponta-superfaturamento-de-r-613-milhoes-em-obras-de-abreu-e-lima/|publicado=Estadão|acessodata=7 de abril de 2017|título=Parecer aponta superfaturamento de R$ 613 milhões em obras de Abreu e Lima|autor=Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho}}</ref> |
|||
{{Referências|col=2}} |
{{Referências|col=2}} |
Revisão das 12h19min de 7 de abril de 2017
Predefinição:Construção futura A Refinaria Abreu e Lima (RNEST)[1], está em operação parcial, com autorização para produzir 100 mil barris de petróleo/dia[2] sendo construída em Ipojuca, no litoral sul do estado brasileiro de Pernambuco. É a primeira refinaria de petróleo inteiramente construída com tecnologia nacional. A Petrobras considera que essa refinaria será a mais moderna já construída em território nacional, pois será a primeira adaptada a processar 100% de petróleo pesado com o mínimo de impactos ambientais e produzir combustíveis com teor de enxofre menor do que o exigido pelos padrões internacionais mais rígidos, de 10 ppm de enxofre.
Desde quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o projeto da refinaria, em 2005, ela tinha orçamento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões. A previsão de investimentos já subiu quase sete vezes, segundo o último relatório quadrimestral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Capacidade de refino prevista
O parque de refino da Abreu e Lima será orientado principalmente para produção de óleo diesel S10, o derivado de maior consumo no País. Cerca de 70% dos derivados ali produzidos serão de óleo diesel[3], 32% a mais do que o normal, e com baixíssimo teor de enxofre (10 ppm). O diesel é o derivado de maior importação do Brasil e sua produção no Nordeste permitirá atender à crescente demanda por derivados na região e o excedente poderá abastecer ainda o restante do mercado nacional.
A refinaria irá produzir 230 mbpd, com partida parcial realizada em 06 dezembro de 2014[4], a um custo previsto de 17,1 bilhões de dólares.[5]
O plano de negócios da Petrobras de 2008 passou a prever uma ampliação na capacidade de refino da Abreu e Lima para 240 mil barris por dia, existindo a possibilidade de uma nova expansão para até 500 mil barris por dia, o que a tornaria a maior refinaria do país.[6] Porém o plano de negócios atualizado não prever mais esta expansão.
A construção da refinaria
As primeiras obras relacionadas ao projeto de construção da unidade de refino tiveram início em 2007. Ainda em 2009 foi iniciada a construção civil dos prédios administrativos e de suporte da refinaria, incluindo a construção da casa de força, concluída em junho de 2009, com potência total instalada de 150 MW, que suprirá as grandes necessidades de energia da refinaria. A previsão era de que até 2011 estivessem concluídas as obras e tivesse início seu funcionamento, contudo isso não aconteceu.
Para fortalecer sua política de gestão social, a Petrobras está priorizando também a contratação de fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima.[7] Para a primeira fase da obra, a terraplanagem, foram contratadas 2 800 pessoas, sendo que 95% dos trabalhadores foram arregimentados no próprio estado de Pernambuco – uma das premissas do empreendimento. As chuvas normalmente intensas nesta região (1 500 mm/ano) provocaram alagamentos em todo o Estado e atrasos no cronograma desta etapa das obras.[8][9]
Histórico
Desde os anos 1970 se discutia a necessidade de construção de uma refinaria capaz de processar simultaneamente o petróleo pesado nacional e o importado da Venezuela, na época o maior produtor de petróleo da América do Sul. Os primeiros projetos discutidos entre o governo e a Petrobras já previam a instalação de uma refinaria no Norte ou Nordeste do Brasil, para baratear os custos de frete e aumentar a geração de emprego e renda na região. Um pré-acordo com a Venezuela prevendo a garantia do fornecimento para esta refinaria chegou a ser fechado, mas não foi implementado.
No início dos anos 1990, a reaproximação entre Brasil e Venezuela reavivou estes planos, a partir dos acordos de La Guzmania, assinados em 4 março de 1994, pelos então Presidentes Itamar Franco e Rafael Caldera. Entretanto os planos acabaram novamente adiados. Nos anos 2000, a aproximação da Venezuela com o Mercosul, conjugada com o aumento do consumo de combustíveis na região Nordeste, fortaleceu a necessidade do projeto, discutido publicamente pelo governo e pela Petrobras já em 2004-2005. Com a entrada da Venezuela no Mercosul, importar petróleo venezuelano ficaria mais barato e, assim, o lucro brasileiro ao refinar petróleo venezuelano e exportar derivados industrializados seria ainda maior.
A descoberta de novas zonas produtoras de petróleo no Brasil, no pré-sal, ampliou a necessidade de refinarias desta natureza, para que o país possa, no futuro, exportar derivados de petróleo, de valor agregado muito superior ao do óleo cru.
Petrobras e PDVSA
A associação da Petrobras com a PDVSA é resultado de um total de onze acordos firmados entre as duas empresas, em um longo processo de negociações iniciado na primeira metade da década de 1990 (Governo Itamar Franco). A princípio a Petrobras seria sócia majoritária (60%), tendo a PDVSA e a Renor Refinaria do Nordeste S.A. (empresa privada brasileira) respectivamente 35% e 5%, como sócias minoritárias.
Em 2008 foi fechado o primeiro acordo entre a Petrobras e a PDVSA prevendo que o petróleo utilizado na refinaria Abreu e Lima fosse fornecido em partes iguais pelos dois países. As negociações entre a Petrobras e a PDVSA para a construção de uma refinaria no Brasil haviam sido iniciadas em 2003, quando chegou a ser discutido o projeto de criação de uma nova empresa petrolífera sul-americana, que não foi concluído.
O acordo firmado em 2008 previa ainda que a Petrobras receberia direitos de exploração de petróleo na principal região petrolífera da Venezuela, a Faixa do Orinoco. Após um novo e duro ciclo de negociações[10][11][12], em 2012, o diretor do Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, afirmou que o prazo da estrangeira iria até novembro deste ano. O acordo previa instalações ainda maiores, com maior capacidade de refino.
Perspectivas, críticas e disputas
Uma das principais críticas levantadas inicialmente ao projeto da refinaria diz respeito aos possíveis impactos ambientais da própria atividade de refino de petróleo. A Petrobras defende que as novas tecnologias desta refinaria irão minimizar os impactos ambientais, com menor uso de água e o reflorestamento do entorno da obra.[carece de fontes]
Dentre os aspectos positivos destaca-se o aumento da capacidade de produção de derivados no país. Dentre as tecnologias inovadoras está um novo sistema de tratamento de efluentes capaz de reduzir significativamente os odores e as emissões de gases tóxicos e gases geradores do efeito estufa.
Além disso, novas refinarias podem ser consideradas fundamentais para a economia do Brasil, pois a atividade industrial de refino agrega um valor enorme ao petróleo. Com o barril de petróleo (163,65 litros) sendo negociado a US$ 115,00 (setembro de 2012), o preço do litro de petróleo fica em cerca de 0,70 centavos, enquanto o litro da gasolina vale 4 vezes mais. Outros derivados de petróleo, como os polímeros (plásticos), podem valer 40 ou até 50 vezes mais do que o óleo cru.[carece de fontes]
Elevação dos custos
A Petrobras atribui a elevação dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, que saltaram da previsão de investimentos iniciais de 2,5 bilhões de dólares para um custo final de 20 bilhões de dólares, ao aumento da infraestrutura e da capacidade instalada de refino total em relação ao que era previsto inicialmente, às novas tecnologias que serão incorporadas para o tratamento da emissão de gases, à alta dos preços de serviços e equipamentos em função do aquecimento da indústria do petróleo até meados de 2008, além de fatores conjunturais imprevisíveis, como a variação da taxa de câmbio e encarecimento dos equipamentos importados.[13] Além disso a Petrobras explica que o custo médio de investimento por barril refinado subiu no mundo inteiro entre 2005 e 2008, passando de US$ 20 mil para US$ 50 mil por barril.[14]
Operação Lava Jato
Durante o processo de apuração das irregularidades ocorridas na Petrobras, investigadas pela Operação Lava Jato, entre elas a construção da Refinaria de Abreu e Lima, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em depoimento na delação premiada, revelou a ocorrência de superfaturamento por parte das empresas envolvidas em cartel nas obras da estatal.[15][16] Um parecer técnico do Minstério Público Federal, de outubro de 2014, apontou um superfaturamento de 613 milhões de reais das obras da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) da refinaria Abreu e Lima.[17]
Referências
- ↑ «Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações Petrobras». Petrobras. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ Tiago, Anna (11/01/2016 ÀS 17:12). «CPRH renova licença de operação da Refinaria Abreu e Lima». ne10.com.br. Consultado em 15 de julho de 2016 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ «Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações | Petrobras». Petrobras. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ «Refinaria Abreu e Lima refinou 1,4 milhão de barris de petróleo em um mês». 4 de janeiro de 2015. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ '"Refinaria pernambucana da Petrobras caminha para ser a mais cara do mundo"'http://economia.ig.com.br/empresas/industria/2012-07-19/refinaria-pernambucana-da-petrobras-caminha-para-ser-a-mais-cara-do-mundo.html
- ↑ Plano Estratégico Petrobras 2020 e Plano de Negócios 2008 - 2012 http://petrobrasri.infoinvest.com.br/modulos/doc.asp?arquivo=00951070.WAN&doc=ian350.doc&language=ptb
- ↑ "Petrobras busca fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima" Diario de Pernambuco, 05/08/2009, http://www.diariodepernambuco.com.br/Economia/nota.asp?materia=20090805184757&assunto=69&onde=Economia
- ↑ "Chuvas atrasam obras de Abreu e Lima", Tn Petróleo, 08/04/2008, http://www.tnpetroleo.com.br/clipping/imprimir/id/508
- ↑ "Refinaria demite por causa das chuvas", Power, 23/04/2009, http://www.power.inf.br/pt/?p=6786
- ↑ "Imbróglio na Refinaria Abreu e Lima", Energia Hoje, 21/02/2009 http://www.energiahoje.com/index.php?ver=mat&mid=375531
- ↑ "Lula e Chavez não chegam a acordo sobre refinaria Abreu e Lima em Pernambuco", O Globo, 26/05/2009, http://oglobo.globo.com/economia/mat/2009/05/26/lula-chavez-nao-chegam-acordo-sobre-refinaria-abreu-lima-em-pernambuco-756036600.asp
- ↑ "Brasil e Venezuela avançam em Mercosul, mas refinaria fica para depois", BBC, 26/05/2009, http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090526_lula_chavez_cq.shtml
- ↑ Petrobras nega superfaturamento em obras de terraplanagem da Refinaria Abreu e Lima, Agência Brasil, 26/08/2009 http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/08/26/materia.2009-08-26.4832174506/view
- ↑ PETROBRAS. Refinaria de Pernambuco. 30 de agosto de 2009. http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=6862
- ↑ «TCU identifica superfaturamento de R$ 673 milhões na Refinaria Abreu e Lima». EBC. Consultado em 7 de abril de 2017
- ↑ «A Refinaria Abreu e Lima e a Operação Lava Jato». Administradores. Consultado em 7 de abril de 2017
- ↑ Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho. «Parecer aponta superfaturamento de R$ 613 milhões em obras de Abreu e Lima». Estadão. Consultado em 7 de abril de 2017