Refinaria Abreu e Lima: diferenças entre revisões

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Desde quando o ex-presidente [[Luiz Inácio Lula da Silva]] lançou o projeto da refinaria, em 2005, ela tinha orçamento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões. A previsão de investimentos já subiu quase sete vezes, segundo o último relatório quadrimestral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Desde quando o ex-presidente [[Luiz Inácio Lula da Silva]] lançou o projeto da refinaria, em 2005, ela tinha orçamento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões. A previsão de investimentos já subiu quase sete vezes, segundo o último relatório quadrimestral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


==Capacidade de refino prevista==
== Capacidade de refino prevista ==
O parque de refino da Abreu e Lima será orientado principalmente para produção de [[óleo diesel]] S10, o derivado de maior consumo no País. Cerca de 70% dos derivados ali produzidos serão de [[óleo diesel]]<ref>{{Citar web|url=http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/refinarias/refinaria-abreu-e-lima.htm|titulo=Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações {{!}} Petrobras|acessodata=2016-07-15|obra=Petrobras}}</ref>, 32% a mais do que o normal, e com baixíssimo teor de [[enxofre]] (10 ppm). O diesel é o derivado de maior importação do Brasil e sua produção no [[Nordeste]] permitirá atender à crescente demanda por derivados na região e o excedente poderá abastecer ainda o restante do mercado nacional.
O parque de refino da Abreu e Lima será orientado principalmente para produção de [[óleo diesel]] S10, o derivado de maior consumo no País. Cerca de 70% dos derivados ali produzidos serão de [[óleo diesel]]<ref>{{Citar web|url=http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/refinarias/refinaria-abreu-e-lima.htm|titulo=Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações {{!}} Petrobras|acessodata=2016-07-15|obra=Petrobras}}</ref>, 32% a mais do que o normal, e com baixíssimo teor de [[enxofre]] (10 ppm). O diesel é o derivado de maior importação do Brasil e sua produção no [[Nordeste]] permitirá atender à crescente demanda por derivados na região e o excedente poderá abastecer ainda o restante do mercado nacional.


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O plano de negócios da Petrobras de 2008 passou a prever uma ampliação na capacidade de refino da Abreu e Lima para 240 mil barris por dia, existindo a possibilidade de uma nova expansão para até 500 mil barris por dia, o que a tornaria a maior refinaria do país.<ref>Plano Estratégico Petrobras 2020 e Plano de Negócios 2008 - 2012 http://petrobrasri.infoinvest.com.br/modulos/doc.asp?arquivo=00951070.WAN&doc=ian350.doc&language=ptb</ref> Porém o plano de negócios atualizado não prever mais esta expansão.
O plano de negócios da Petrobras de 2008 passou a prever uma ampliação na capacidade de refino da Abreu e Lima para 240 mil barris por dia, existindo a possibilidade de uma nova expansão para até 500 mil barris por dia, o que a tornaria a maior refinaria do país.<ref>Plano Estratégico Petrobras 2020 e Plano de Negócios 2008 - 2012 http://petrobrasri.infoinvest.com.br/modulos/doc.asp?arquivo=00951070.WAN&doc=ian350.doc&language=ptb</ref> Porém o plano de negócios atualizado não prever mais esta expansão.


==A construção da refinaria==
== A construção da refinaria ==
As primeiras obras relacionadas ao projeto de construção da unidade de refino tiveram início em 2007. Ainda em 2009 foi iniciada a [[construção civil]] dos prédios administrativos e de suporte da refinaria, incluindo a construção da casa de força, concluída em junho de 2009, com potência total instalada de 150 MW, que suprirá as grandes necessidades de energia da refinaria. A previsão era de que até 2011 estivessem concluídas as obras e tivesse início seu funcionamento, contudo isso não aconteceu.
As primeiras obras relacionadas ao projeto de construção da unidade de refino tiveram início em 2007. Ainda em 2009 foi iniciada a [[construção civil]] dos prédios administrativos e de suporte da refinaria, incluindo a construção da casa de força, concluída em junho de 2009, com potência total instalada de 150 MW, que suprirá as grandes necessidades de energia da refinaria. A previsão era de que até 2011 estivessem concluídas as obras e tivesse início seu funcionamento, contudo isso não aconteceu.


Para fortalecer sua política de gestão social, a Petrobras está priorizando também a contratação de fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima.<ref>''"Petrobras busca fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima"'' '''Diario de Pernambuco''', 05/08/2009, http://www.diariodepernambuco.com.br/Economia/nota.asp?materia=20090805184757&assunto=69&onde=Economia</ref> Para a primeira fase da obra, a terraplanagem, foram contratadas 2 800 pessoas, sendo que 95% dos trabalhadores foram arregimentados no próprio estado de Pernambuco – uma das premissas do empreendimento. As chuvas normalmente intensas nesta região (1 500&nbsp;mm/ano) provocaram alagamentos em todo o Estado e atrasos no cronograma desta etapa das obras.<ref>''"Chuvas atrasam obras de Abreu e Lima"'', '''Tn Petróleo''', 08/04/2008, http://www.tnpetroleo.com.br/clipping/imprimir/id/508</ref><ref>''"Refinaria demite por causa das chuvas"'', '''Power''', 23/04/2009, http://www.power.inf.br/pt/?p=6786</ref>
Para fortalecer sua política de gestão social, a Petrobras está priorizando também a contratação de fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima.<ref>''"Petrobras busca fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima"'' '''Diario de Pernambuco''', 05/08/2009, http://www.diariodepernambuco.com.br/Economia/nota.asp?materia=20090805184757&assunto=69&onde=Economia</ref> Para a primeira fase da obra, a terraplanagem, foram contratadas 2 800 pessoas, sendo que 95% dos trabalhadores foram arregimentados no próprio estado de Pernambuco – uma das premissas do empreendimento. As chuvas normalmente intensas nesta região (1 500&nbsp;mm/ano) provocaram alagamentos em todo o Estado e atrasos no cronograma desta etapa das obras.<ref>''"Chuvas atrasam obras de Abreu e Lima"'', '''Tn Petróleo''', 08/04/2008, http://www.tnpetroleo.com.br/clipping/imprimir/id/508</ref><ref>''"Refinaria demite por causa das chuvas"'', '''Power''', 23/04/2009, http://www.power.inf.br/pt/?p=6786</ref>


==Histórico: projetos e planejamento==
== Histórico ==
Desde os anos 1970 se discutia a necessidade de construção de uma refinaria capaz de processar simultaneamente o petróleo pesado nacional e o importado da [[Venezuela]], na época o maior produtor de petróleo da [[América do Sul]]. Os primeiros projetos discutidos entre o governo e a Petrobras já previam a instalação de uma refinaria no Norte ou Nordeste do Brasil, para baratear os custos de frete e aumentar a geração de emprego e renda na região. Um pré-acordo com a Venezuela prevendo a garantia do fornecimento para esta refinaria chegou a ser fechado, mas não foi implementado.
Desde os anos 1970 se discutia a necessidade de construção de uma refinaria capaz de processar simultaneamente o petróleo pesado nacional e o importado da [[Venezuela]], na época o maior produtor de petróleo da [[América do Sul]]. Os primeiros projetos discutidos entre o governo e a Petrobras já previam a instalação de uma refinaria no Norte ou Nordeste do Brasil, para baratear os custos de frete e aumentar a geração de emprego e renda na região. Um pré-acordo com a Venezuela prevendo a garantia do fornecimento para esta refinaria chegou a ser fechado, mas não foi implementado.


No início dos anos [[1990]], a reaproximação entre [[Brasil]] e [[Venezuela]] reavivou estes planos, a partir dos acordos de La Guzmania, assinados em 4 março de [[1994]], pelos então Presidentes [[Itamar Franco]] e [[Rafael Caldera]]. Entretanto os planos acabaram novamente adiados. Nos anos [[2000]], a aproximação da Venezuela com o [[Mercosul]], conjugada com o aumento do consumo de combustíveis na região Nordeste, fortaleceu a necessidade do projeto, discutido publicamente pelo governo e pela Petrobras já em 2004-2005. Com a entrada da [[Venezuela]] no [[Mercosul]], importar petróleo venezuelano ficaria mais barato e, assim, o lucro brasileiro ao refinar petróleo venezuelano e exportar derivados industrializados seria ainda maior.
No início dos anos 1990, a reaproximação entre [[Brasil]] e [[Venezuela]] reavivou estes planos, a partir dos acordos de La Guzmania, assinados em 4 março de 1994, pelos então Presidentes [[Itamar Franco]] e [[Rafael Caldera]]. Entretanto os planos acabaram novamente adiados. Nos anos [[2000]], a aproximação da Venezuela com o [[Mercosul]], conjugada com o aumento do consumo de combustíveis na região Nordeste, fortaleceu a necessidade do projeto, discutido publicamente pelo governo e pela Petrobras já em 2004-2005. Com a entrada da [[Venezuela]] no [[Mercosul]], importar petróleo venezuelano ficaria mais barato e, assim, o lucro brasileiro ao refinar petróleo venezuelano e exportar derivados industrializados seria ainda maior.


A descoberta de novas zonas produtoras de petróleo no Brasil, no [[pré-sal]], ampliou a necessidade de refinarias desta natureza, para que o país possa, no futuro, exportar derivados de petróleo, de valor agregado muito superior ao do [[óleo cru]].
A descoberta de novas zonas produtoras de petróleo no Brasil, no [[pré-sal]], ampliou a necessidade de refinarias desta natureza, para que o país possa, no futuro, exportar derivados de petróleo, de valor agregado muito superior ao do [[óleo cru]].


== Petrobras e PDVSA ==
===A escolha da localização da refinaria===
A associação da Petrobras com a PDVSA é resultado de um total de onze acordos firmados entre as duas empresas, em um longo processo de negociações iniciado na primeira metade da década de 1990 (Governo [[Itamar Franco]]). A princípio a Petrobras seria sócia majoritária (60%), tendo a PDVSA e a Renor Refinaria do Nordeste S.A. (empresa privada brasileira) respectivamente 35% e 5%, como sócias minoritárias.
Durante muito tempo se discutiu qual seria a melhor localização para a refinaria. Vários estados do Nordeste se apresentaram como candidatos para sediar a refinaria e a Petrobras decidiu instalar três refinarias na região, sendo uma em Pernambuco e as outras no Ceará e Maranhão, com maiores capacidades de processamento.

Os principais motivos que levaram a Petrobras a escolher o Estado de Pernambuco para implementar a Rnest foram:
#Boa infraestrutura portuária ([[Porto de Suape]]);
#Zona industrial já estruturada;
#Disponibilidade de mão de obra qualificada no local;
#Pernambuco é o segundo maior [[mercado]] consumidor de derivados do Nordeste;
#O estado está localizado a distância semelhante dos outros dois maiores mercados consumidores do Nordeste;
#Compromisso do Estado com outros itens relacionados à [[infraestrutura]];

Caso a refinaria realmente tenha uma capacidade maior que a prevista inicialmente e permita ao Brasil exportar derivados de petróleo, a refinaria continuará localizada em uma área geograficamente estratégica, pois no [[Nordeste]] fica mais próxima dos centros consumidores da [[Europa]] e [[Estados Unidos]], o que reduz o custo do frete. Também fica mais próxima de novas regiões consumidoras, como a [[África]], que na última década teve um crescimento médio do PIB de cerca de 7% ao ano, incluindo alguns países com até 20% ao ano, aumentando muito a importação de combustíveis. Entretanto, é improvável que isto venha a acontecer, devido à crescente demanda de diesel doméstico e à inviabilidade econômica de exportar S10 (10 ppm de enxofre) para países africanos, que não possuem legislação tão rígida.

== Petrobras e PDVSA na Refinaria Abreu de Lima: negociações e acordos ==
A associação da Petrobras com a PDVSA é resultado de um total de 11 acordos firmados entre as duas empresas, em um longo processo de negociações iniciado na primeira metade da década de 1990 (Governo [[Itamar Franco]]). A princípio a Petrobras seria sócia majoritária (60%), tendo a PDVSA e a Renor Refinaria do Nordeste S.A. (empresa privada brasileira) respectivamente 35% e 5%, como sócias minoritárias.


Em 2008 foi fechado o primeiro acordo entre a [[Petrobras]] e a [[PDVSA]] prevendo que o petróleo utilizado na refinaria Abreu e Lima fosse fornecido em partes iguais pelos dois países. As negociações entre a Petrobras e a PDVSA para a construção de uma refinaria no Brasil haviam sido iniciadas em 2003, quando chegou a ser discutido o projeto de criação de uma nova empresa petrolífera sul-americana, que não foi concluído.
Em 2008 foi fechado o primeiro acordo entre a [[Petrobras]] e a [[PDVSA]] prevendo que o petróleo utilizado na refinaria Abreu e Lima fosse fornecido em partes iguais pelos dois países. As negociações entre a Petrobras e a PDVSA para a construção de uma refinaria no Brasil haviam sido iniciadas em 2003, quando chegou a ser discutido o projeto de criação de uma nova empresa petrolífera sul-americana, que não foi concluído.
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== Perspectivas, críticas e disputas ==
== Perspectivas, críticas e disputas ==
Uma das principais críticas levantadas inicialmente ao projeto da refinaria diz respeito aos possíveis impactos ambientais da própria atividade de refino de petróleo. A Petrobras defende que as novas tecnologias desta refinaria irão minimizar os impactos ambientais, com menor uso de água e o reflorestamento do entorno da obra <ref>Petrobrás, ''"Refinaria Abreu e Lima"'', vídeo, já citado</ref>.
Uma das principais críticas levantadas inicialmente ao projeto da refinaria diz respeito aos possíveis impactos ambientais da própria atividade de refino de petróleo. A Petrobras defende que as novas tecnologias desta refinaria irão minimizar os impactos ambientais, com menor uso de água e o reflorestamento do entorno da obra.{{carece de fontes}}


Dentre os aspectos positivos destaca-se o aumento da capacidade de produção de derivados no país. Dentre as tecnologias inovadoras está um novo sistema de tratamento de efluentes capaz de reduzir significativamente os odores e as emissões de gases tóxicos e gases geradores do efeito estufa.
Dentre os aspectos positivos destaca-se o aumento da capacidade de produção de derivados no país. Dentre as tecnologias inovadoras está um novo sistema de tratamento de efluentes capaz de reduzir significativamente os odores e as emissões de gases tóxicos e gases geradores do efeito estufa.


Além disso, novas refinarias podem ser consideradas fundamentais para a economia do Brasil, pois a atividade industrial de refino agrega um valor enorme ao petróleo. Com o barril de petróleo (163,65 litros) sendo negociado a US$ 115,00 (setembro de 2012), o preço do litro de petróleo fica em cerca de 0,70 centavos, enquanto o litro da gasolina vale 4 vezes mais. Outros derivados de petróleo, como os polímeros (plásticos), podem valer 40 ou até 50 vezes mais do que o óleo cru.
Além disso, novas refinarias podem ser consideradas fundamentais para a economia do Brasil, pois a atividade industrial de refino agrega um valor enorme ao petróleo. Com o barril de petróleo (163,65 litros) sendo negociado a US$ 115,00 (setembro de 2012), o preço do litro de petróleo fica em cerca de 0,70 centavos, enquanto o litro da gasolina vale 4 vezes mais. Outros derivados de petróleo, como os polímeros (plásticos), podem valer 40 ou até 50 vezes mais do que o óleo cru.{{carece de fontes}}

===Disputas políticas===
A Petrobras atribui a elevação dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, que saltaram da previsão de investimentos iniciais de US$ 2,5 bilhões para um custo final de US$ 20 bilhões, ao aumento da infraestrutura e da capacidade instalada de refino total em relação ao que era previsto inicialmente, às novas tecnologias que serão incorporadas para o tratamento da emissão de gases, à alta dos preços de serviços e equipamentos em função do aquecimento da indústria do petróleo até meados de 2008, além de fatores conjunturais imprevisíveis, como a variação da taxa de câmbio e encarecimento dos equipamentos importados.<ref>''Petrobras nega superfaturamento em obras de terraplanagem da Refinaria Abreu e Lima'', '''Agência Brasil''', 26/08/2009 http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/08/26/materia.2009-08-26.4832174506/view</ref> Além disso a Petrobras explica que o custo médio de investimento por barril refinado subiu no mundo inteiro entre 2005 e 2008, passando de US$ 20 mil para US$ 50 mil por barril.<ref>PETROBRAS. ''Refinaria de Pernambuco''. 30 de agosto de 2009. http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=6862</ref>


=== Elevação dos custos ===
A inauguração da Refinaria Abreu e Lima está prevista para o final de 2014 e seu pleno funcionamento a partir do primeiro trimestre de 2015.
A Petrobras atribui a elevação dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, que saltaram da previsão de investimentos iniciais de 2,5 bilhões de dólares para um custo final de 20 bilhões de dólares, ao aumento da infraestrutura e da capacidade instalada de refino total em relação ao que era previsto inicialmente, às novas tecnologias que serão incorporadas para o tratamento da emissão de gases, à alta dos preços de serviços e equipamentos em função do aquecimento da indústria do petróleo até meados de 2008, além de fatores conjunturais imprevisíveis, como a variação da taxa de câmbio e encarecimento dos equipamentos importados.<ref>''Petrobras nega superfaturamento em obras de terraplanagem da Refinaria Abreu e Lima'', '''Agência Brasil''', 26/08/2009 http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/08/26/materia.2009-08-26.4832174506/view</ref> Além disso a Petrobras explica que o custo médio de investimento por barril refinado subiu no mundo inteiro entre 2005 e 2008, passando de US$ 20 mil para US$ 50 mil por barril.<ref>PETROBRAS. ''Refinaria de Pernambuco''. 30 de agosto de 2009. http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=6862</ref>


=== Operação Lava Jato ===
===Denúncias de Corrupção===
{{Artigo Principal|Operação Lava Jato}}
Durante o processo de apuração das irregularidades ocorridas na Petrobras, entre elas a construção da Refinaria de Abreu e Lima, [[Paulo Roberto Costa]], ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e ex-diretor do Conselho de Administração da refinaria, em processo de delação premiada, revelou a ocorrência de superfaturamento por parte das empresas envolvidas em cartel que se teria instalado para fornecer para a Companhia.
Durante o processo de apuração das irregularidades ocorridas na [[Petrobras]], investigadas pela [[Operação Lava Jato]], entre elas a construção da Refinaria de Abreu e Lima, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, [[Paulo Roberto Costa]], em depoimento na [[delação premiada]], revelou a ocorrência de [[superfaturamento]] por parte das empresas envolvidas em [[cartel]] nas obras da estatal.<ref>{{citar web|url=http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2015/08/tcu-identifica-superfaturamento-de-r-673-milhoes-na-refinaria-abreu-e-lima|publicado=EBC|acessodata=7 de abril de 2017|título=TCU identifica superfaturamento de R$ 673 milhões na Refinaria Abreu e Lima}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-refinaria-abreu-e-lima-e-a-operacao-lava-jato/86497/|publicado=Administradores|acessodata=7 de abril de 2017|título=A Refinaria Abreu e Lima e a Operação Lava Jato}}</ref> Um parecer técnico do [[Minstério Público Federal]], de outubro de 2014, apontou um superfaturamento de 613 milhões de reais das obras da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) da refinaria Abreu e Lima.<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/parecer-aponta-superfaturamento-de-r-613-milhoes-em-obras-de-abreu-e-lima/|publicado=Estadão|acessodata=7 de abril de 2017|título=Parecer aponta superfaturamento de R$ 613 milhões em obras de Abreu e Lima|autor=Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho}}</ref>


{{Referências|col=2}}
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Revisão das 12h19min de 7 de abril de 2017

Predefinição:Construção futura A Refinaria Abreu e Lima (RNEST)[1], está em operação parcial, com autorização para produzir 100 mil barris de petróleo/dia[2] sendo construída em Ipojuca, no litoral sul do estado brasileiro de Pernambuco. É a primeira refinaria de petróleo inteiramente construída com tecnologia nacional. A Petrobras considera que essa refinaria será a mais moderna já construída em território nacional, pois será a primeira adaptada a processar 100% de petróleo pesado com o mínimo de impactos ambientais e produzir combustíveis com teor de enxofre menor do que o exigido pelos padrões internacionais mais rígidos, de 10 ppm de enxofre.

Desde quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o projeto da refinaria, em 2005, ela tinha orçamento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões. A previsão de investimentos já subiu quase sete vezes, segundo o último relatório quadrimestral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Capacidade de refino prevista

O parque de refino da Abreu e Lima será orientado principalmente para produção de óleo diesel S10, o derivado de maior consumo no País. Cerca de 70% dos derivados ali produzidos serão de óleo diesel[3], 32% a mais do que o normal, e com baixíssimo teor de enxofre (10 ppm). O diesel é o derivado de maior importação do Brasil e sua produção no Nordeste permitirá atender à crescente demanda por derivados na região e o excedente poderá abastecer ainda o restante do mercado nacional.

A refinaria irá produzir 230 mbpd, com partida parcial realizada em 06 dezembro de 2014[4], a um custo previsto de 17,1 bilhões de dólares.[5]

O plano de negócios da Petrobras de 2008 passou a prever uma ampliação na capacidade de refino da Abreu e Lima para 240 mil barris por dia, existindo a possibilidade de uma nova expansão para até 500 mil barris por dia, o que a tornaria a maior refinaria do país.[6] Porém o plano de negócios atualizado não prever mais esta expansão.

A construção da refinaria

As primeiras obras relacionadas ao projeto de construção da unidade de refino tiveram início em 2007. Ainda em 2009 foi iniciada a construção civil dos prédios administrativos e de suporte da refinaria, incluindo a construção da casa de força, concluída em junho de 2009, com potência total instalada de 150 MW, que suprirá as grandes necessidades de energia da refinaria. A previsão era de que até 2011 estivessem concluídas as obras e tivesse início seu funcionamento, contudo isso não aconteceu.

Para fortalecer sua política de gestão social, a Petrobras está priorizando também a contratação de fornecedores locais para a Refinaria Abreu e Lima.[7] Para a primeira fase da obra, a terraplanagem, foram contratadas 2 800 pessoas, sendo que 95% dos trabalhadores foram arregimentados no próprio estado de Pernambuco – uma das premissas do empreendimento. As chuvas normalmente intensas nesta região (1 500 mm/ano) provocaram alagamentos em todo o Estado e atrasos no cronograma desta etapa das obras.[8][9]

Histórico

Desde os anos 1970 se discutia a necessidade de construção de uma refinaria capaz de processar simultaneamente o petróleo pesado nacional e o importado da Venezuela, na época o maior produtor de petróleo da América do Sul. Os primeiros projetos discutidos entre o governo e a Petrobras já previam a instalação de uma refinaria no Norte ou Nordeste do Brasil, para baratear os custos de frete e aumentar a geração de emprego e renda na região. Um pré-acordo com a Venezuela prevendo a garantia do fornecimento para esta refinaria chegou a ser fechado, mas não foi implementado.

No início dos anos 1990, a reaproximação entre Brasil e Venezuela reavivou estes planos, a partir dos acordos de La Guzmania, assinados em 4 março de 1994, pelos então Presidentes Itamar Franco e Rafael Caldera. Entretanto os planos acabaram novamente adiados. Nos anos 2000, a aproximação da Venezuela com o Mercosul, conjugada com o aumento do consumo de combustíveis na região Nordeste, fortaleceu a necessidade do projeto, discutido publicamente pelo governo e pela Petrobras já em 2004-2005. Com a entrada da Venezuela no Mercosul, importar petróleo venezuelano ficaria mais barato e, assim, o lucro brasileiro ao refinar petróleo venezuelano e exportar derivados industrializados seria ainda maior.

A descoberta de novas zonas produtoras de petróleo no Brasil, no pré-sal, ampliou a necessidade de refinarias desta natureza, para que o país possa, no futuro, exportar derivados de petróleo, de valor agregado muito superior ao do óleo cru.

Petrobras e PDVSA

A associação da Petrobras com a PDVSA é resultado de um total de onze acordos firmados entre as duas empresas, em um longo processo de negociações iniciado na primeira metade da década de 1990 (Governo Itamar Franco). A princípio a Petrobras seria sócia majoritária (60%), tendo a PDVSA e a Renor Refinaria do Nordeste S.A. (empresa privada brasileira) respectivamente 35% e 5%, como sócias minoritárias.

Em 2008 foi fechado o primeiro acordo entre a Petrobras e a PDVSA prevendo que o petróleo utilizado na refinaria Abreu e Lima fosse fornecido em partes iguais pelos dois países. As negociações entre a Petrobras e a PDVSA para a construção de uma refinaria no Brasil haviam sido iniciadas em 2003, quando chegou a ser discutido o projeto de criação de uma nova empresa petrolífera sul-americana, que não foi concluído.

O acordo firmado em 2008 previa ainda que a Petrobras receberia direitos de exploração de petróleo na principal região petrolífera da Venezuela, a Faixa do Orinoco. Após um novo e duro ciclo de negociações[10][11][12], em 2012, o diretor do Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, afirmou que o prazo da estrangeira iria até novembro deste ano. O acordo previa instalações ainda maiores, com maior capacidade de refino.

Perspectivas, críticas e disputas

Uma das principais críticas levantadas inicialmente ao projeto da refinaria diz respeito aos possíveis impactos ambientais da própria atividade de refino de petróleo. A Petrobras defende que as novas tecnologias desta refinaria irão minimizar os impactos ambientais, com menor uso de água e o reflorestamento do entorno da obra.[carece de fontes?]

Dentre os aspectos positivos destaca-se o aumento da capacidade de produção de derivados no país. Dentre as tecnologias inovadoras está um novo sistema de tratamento de efluentes capaz de reduzir significativamente os odores e as emissões de gases tóxicos e gases geradores do efeito estufa.

Além disso, novas refinarias podem ser consideradas fundamentais para a economia do Brasil, pois a atividade industrial de refino agrega um valor enorme ao petróleo. Com o barril de petróleo (163,65 litros) sendo negociado a US$ 115,00 (setembro de 2012), o preço do litro de petróleo fica em cerca de 0,70 centavos, enquanto o litro da gasolina vale 4 vezes mais. Outros derivados de petróleo, como os polímeros (plásticos), podem valer 40 ou até 50 vezes mais do que o óleo cru.[carece de fontes?]

Elevação dos custos

A Petrobras atribui a elevação dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, que saltaram da previsão de investimentos iniciais de 2,5 bilhões de dólares para um custo final de 20 bilhões de dólares, ao aumento da infraestrutura e da capacidade instalada de refino total em relação ao que era previsto inicialmente, às novas tecnologias que serão incorporadas para o tratamento da emissão de gases, à alta dos preços de serviços e equipamentos em função do aquecimento da indústria do petróleo até meados de 2008, além de fatores conjunturais imprevisíveis, como a variação da taxa de câmbio e encarecimento dos equipamentos importados.[13] Além disso a Petrobras explica que o custo médio de investimento por barril refinado subiu no mundo inteiro entre 2005 e 2008, passando de US$ 20 mil para US$ 50 mil por barril.[14]

Operação Lava Jato

Ver artigo principal: Operação Lava Jato

Durante o processo de apuração das irregularidades ocorridas na Petrobras, investigadas pela Operação Lava Jato, entre elas a construção da Refinaria de Abreu e Lima, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em depoimento na delação premiada, revelou a ocorrência de superfaturamento por parte das empresas envolvidas em cartel nas obras da estatal.[15][16] Um parecer técnico do Minstério Público Federal, de outubro de 2014, apontou um superfaturamento de 613 milhões de reais das obras da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) da refinaria Abreu e Lima.[17]

Referências

  1. «Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações Petrobras». Petrobras. Consultado em 15 de julho de 2016 
  2. Tiago, Anna (11/01/2016 ÀS 17:12). «CPRH renova licença de operação da Refinaria Abreu e Lima». ne10.com.br. Consultado em 15 de julho de 2016  Verifique data em: |data= (ajuda)
  3. «Refinaria Abreu e Lima: Veja as Principais Operações | Petrobras». Petrobras. Consultado em 15 de julho de 2016 
  4. «Refinaria Abreu e Lima refinou 1,4 milhão de barris de petróleo em um mês». 4 de janeiro de 2015. Consultado em 15 de julho de 2016 
  5. '"Refinaria pernambucana da Petrobras caminha para ser a mais cara do mundo"'http://economia.ig.com.br/empresas/industria/2012-07-19/refinaria-pernambucana-da-petrobras-caminha-para-ser-a-mais-cara-do-mundo.html
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  11. "Lula e Chavez não chegam a acordo sobre refinaria Abreu e Lima em Pernambuco", O Globo, 26/05/2009, http://oglobo.globo.com/economia/mat/2009/05/26/lula-chavez-nao-chegam-acordo-sobre-refinaria-abreu-lima-em-pernambuco-756036600.asp
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  14. PETROBRAS. Refinaria de Pernambuco. 30 de agosto de 2009. http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=6862
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  17. Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho. «Parecer aponta superfaturamento de R$ 613 milhões em obras de Abreu e Lima». Estadão. Consultado em 7 de abril de 2017