Propaganda na União Soviética: diferenças entre revisões

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{{União Soviética}}
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A [[propaganda comunista]] na [[União Soviética]] era amplamente baseada na ideologia [[marxista-leninista]] para promover a linha do Partido Comunista. Em sociedades com alta predominância de [[censura]], a propaganda era onipresente e muito eficiente. Ela penetrou até mesmo as [[Pesquisa reprimida na União Soviética|ciências naturais e sociais]], dando origem a várias teorias pseudocientíficas, como o [[Lysenkoismo]], enquanto áreas de conhecimento verdadeiro, tais como a [[genética]], [[cibernética]] e [[linguística comparativa]], eram condenadas e proibidas, sendo consideradas "[[Pseudociência burguesa|pseudociências burguesas]]". "Com as verdades reprimidas, mentiras em cada campo foram incessantemente esfregadas na imprensa, em intermináveis reuniões, na escola, em manifestações de massa, na rádio."<ref name="reflections">[[Robert Conquest]] ''Reflections on a Ravaged Century'' (2000) ISBN 0-393-04818-7, page 101-111</ref>
A [[propaganda comunista]] na [[União Soviética]] era amplamente baseada na ideologia [[marxista-leninista]] para promover a linha do Partido Comunista. Em sociedades com alta predominância de [[censura]], a [[propaganda]] era onipresente e muito eficiente. Ela penetrou até mesmo as [[Pesquisa reprimida na União Soviética|ciências naturais e sociais]], dando origem a várias teorias pseudocientíficas, como o [[Lysenkoismo]], enquanto áreas de conhecimento verdadeiro, tais como a [[genética]], [[cibernética]] e [[linguística comparativa]], eram condenadas e proibidas, sendo consideradas "[[Pseudociência burguesa|pseudociências burguesas]]". "Com as verdades reprimidas, mentiras em cada campo foram incessantemente esfregadas na imprensa, em intermináveis reuniões, na escola, em manifestações de massa, na rádio."<ref name="reflections">[[Robert Conquest]] ''Reflections on a Ravaged Century'' (2000) ISBN 0-393-04818-7, page 101-111</ref>


O principal órgão de censura soviético, [[Glavlit]], foi empregado não só para eliminar quaisquer materiais impressos indesejáveis, mas também "para garantir que a versão ideológica correta fosse colocada em cada item publicado". Dizer qualquer coisa contra a "linha partidária" era punido com prisão ou através da [[Abuso político da psiquiatria na União Soviética|psiquiatria punitiva]]. "Hoje um homem fala livremente apenas com sua esposa - à noite, com os cobertores tampando a sua cabeça", disse o escritor [[Isaac Babel]] a um amigo de confiança.<ref name="reflections"/>
O principal órgão de censura soviético, [[Glavlit]], foi empregado não só para eliminar quaisquer materiais impressos indesejáveis, mas também "para garantir que a versão ideológica correta fosse colocada em cada item publicado". Dizer qualquer coisa contra a "linha partidária" era punido com prisão ou através da [[Abuso político da psiquiatria na União Soviética|psiquiatria punitiva]]. "Hoje um homem fala livremente apenas com sua esposa - à noite, com os cobertores tampando a sua cabeça", disse o escritor [[Isaac Babel]] a um amigo de confiança.<ref name="reflections"/>


==Teoria de Propaganda==
== Teoria de Propaganda ==

De acordo com o historiador [[Peter Kenez]], "os socialistas russos nada contribuíram para a discussão teórica das técnicas de persuasão de massas. ... Os [[Ogre]]s nunca procuraram e não encontraram métodos diabolicamente inteligentes para influenciar as mentes das pessoas a ponto de lhes fazer lavagem cerebral." Essa falta de interesse, diz Kenez, "partiu da sua noção de propaganda. Eles pensavam na propaganda como sendo parte da educação."<ref>Kenez, Peter. (1985). In ''[http://books.google.com/books?id=b7ebCPIm8KsC&pg=PA8 The Birth of the Propaganda State: Soviet Methods of Mass Mobilization, 1917-1929]''. Cambridge University Press. p. 8. ISBN 0-5213-1398-8. Google Book Search. Retrieved on November 26, 2014.</ref>
De acordo com o historiador [[Peter Kenez]], "os socialistas russos nada contribuíram para a discussão teórica das técnicas de persuasão de massas. ... Os [[Ogre]]s nunca procuraram e não encontraram métodos diabolicamente inteligentes para influenciar as mentes das pessoas a ponto de lhes fazer [[lavagem cerebral]]." Essa falta de interesse, diz Kenez, "partiu da sua noção de propaganda. Eles pensavam na propaganda como sendo parte da educação."<ref>Kenez, Peter. (1985). In ''[http://books.google.com/books?id=b7ebCPIm8KsC&pg=PA8 The Birth of the Propaganda State: Soviet Methods of Mass Mobilization, 1917-1929]''. Cambridge University Press. p. 8. ISBN 0-5213-1398-8. Google Book Search. Retrieved on November 26, 2014.</ref>

== Mídia ==

=== Escolas e as organizações juvenis ===


==Mídia==
===Escolas e as organizações juvenis===
Um importante objetivo da propaganda comunista era o de se criar [[Novo homem soviético|um novo homem]]. As escolas e as organizações da juventude comunista, como [[Movimento dos pioneiros|as organizações de pioneiros]] e a [[Komsomol]], serviam para tirar as crianças da "[[Pequena burguesia|pequena família burguesa]]" e [[Doutrinação|doutrinar]] a próxima geração com o estilo de vida [[Coletivismo|coletivista]]. A ideia de que a educação das crianças era de responsabilidade dos pais foi explicitamente rejeitada.<ref>[[Richard Pipes|Pipes, Richard]]. (2011). In ''[http://books.google.com/books?id=pfNEY931UzYC&pg=PA315 Russia Under the Bolshevik Regime]''. Knopf Doubleday Publishing Group. p. 315. ISBN 978-0-394-50242-7. Google Book Search. Retrieved on November 26, 2014.</ref>
Um importante objetivo da propaganda comunista era o de se criar [[Novo homem soviético|um novo homem]]. As escolas e as organizações da juventude comunista, como [[Movimento dos pioneiros|as organizações de pioneiros]] e a [[Komsomol]], serviam para tirar as crianças da "[[Pequena burguesia|pequena família burguesa]]" e [[Doutrinação|doutrinar]] a próxima geração com o estilo de vida [[Coletivismo|coletivista]]. A ideia de que a educação das crianças era de responsabilidade dos pais foi explicitamente rejeitada.<ref>[[Richard Pipes|Pipes, Richard]]. (2011). In ''[http://books.google.com/books?id=pfNEY931UzYC&pg=PA315 Russia Under the Bolshevik Regime]''. Knopf Doubleday Publishing Group. p. 315. ISBN 978-0-394-50242-7. Google Book Search. Retrieved on November 26, 2014.</ref>

[[Imagem:1961 CPA 2586.jpg|thumb|Jovens Pioneiros com seus slogans]]
[[Imagem:1961 CPA 2586.jpg|thumb|Jovens Pioneiros com seus slogans]]

Um teórico da educação soviética declarou:
Um teórico da educação soviética declarou:
:Nós devemos transformar os jovens em uma geração de comunistas. As crianças, assim como uma cera macia, são maleáveis e deveriam ser moldadas para se tornarem bons comunistas... Devemos salvar as crianças da influência nociva da família... Precisamos nacionalizá-las. Desde os pequenos dias de suas vidas, elas devem se encontrar sob a influência benéfica das escolas comunistas... Obrigar a mãe a entregar sua criança ao Estado Soviético - esta é a nossa tarefa.".<ref name="Figes">[[Orlando Figes|Figes, Orlando]]. (2008). In ''[http://books.google.com.br/books?id=g77P66eHFJ0C&pg=PA20 The Whisperers: Private Life in Stalin's Russia]''. Macmillan. p. 20. ISBN 1-4668-2923-0. Google Book Search. Retrieved on November 30, 2014.</ref>


{{Citação2|''Nós devemos transformar os jovens em uma geração de comunistas. As crianças, assim como uma cera macia, são maleáveis e deveriam ser moldadas para se tornarem bons comunistas... Devemos salvar as crianças da influência nociva da família... Precisamos nacionalizá-las. Desde os pequenos dias de suas vidas, elas devem se encontrar sob a influência benéfica das escolas comunistas... Obrigar a mãe a entregar sua criança ao Estado Soviético - esta é a nossa tarefa.''<ref name="Figes">[[Orlando Figes|Figes, Orlando]]. (2008). In ''[http://books.google.com.br/books?id=g77P66eHFJ0C&pg=PA20 The Whisperers: Private Life in Stalin's Russia]''. Macmillan. p. 20. ISBN 1-4668-2923-0. Google Book Search. Retrieved on November 30, 2014.</ref>}}
Aos que nasceram após a Revolução era dito explicitamente que deveriam criar uma utopia de fraternidade e justiça e não serem iguais aos seus pais, mas inteiramente Vermelhos.<ref name="way356">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p356 ISBN 0-300-08480-3</ref> "Cantos de Lenin" e "santuários políticos para a exibição de propaganda sobre o fundador do estado soviético, que se assemelhava a uma divindade" foram estabelecidos em todas as escolas.<ref name="Figes"/> As escolas conduziram marchas, canções e juramentos de lealdade à liderança soviética. Um dos objetivos era o de incutir em crianças a ideia de que elas estavam envolvidas na revolução mundial, considerada mais importante do que quaisquer laços familiares. [[Pavlik Morozov]], que havia denunciado o seu pai para a polícia secreta [[NKVD]], foi anunciado como um grande exemplo positivo.<ref name="Figes"/>


Aos que nasceram após a Revolução era dito explicitamente que deveriam criar uma [[utopia]] de [[fraternidade]] e justiça e não serem iguais aos seus pais, mas inteiramente Vermelhos.<ref name="way356">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p356 ISBN 0-300-08480-3</ref> "Cantos de Lenin" e "santuários políticos para a exibição de propaganda sobre o fundador do estado soviético, que se assemelhava a uma divindade" foram estabelecidos em todas as escolas.<ref name="Figes"/> As escolas conduziram marchas, canções e juramentos de lealdade à liderança soviética. Um dos objetivos era o de incutir em crianças a ideia de que elas estavam envolvidas na [[revolução mundial]], considerada mais importante do que quaisquer laços familiares. [[Pavlik Morozov]], que havia denunciado o seu pai para a [[polícia secreta]] [[NKVD]], foi anunciado como um grande exemplo positivo.<ref name="Figes"/>
Professores de economia e ciências sociais eram particularmente responsáveis por inculcar "inabaláveis" visões marxistas-leninistas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p143 ISBN 0-300-08480-3</ref>


Professores de [[economia]] e [[ciências sociais]] eram particularmente responsáveis por inculcar "inabaláveis" visões marxistas-leninistas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p143 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Todos os professores estavam propensos a seguir estritamente o plano de educação das crianças, aprovado pelos superiores por motivos de segurança, que poderia causar sérios problemas em se tratando de eventos sociais os quais, por terem acabado de ocorrer, não eram incluídos no plano.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p365 ISBN 0-300-08480-3</ref> Filhos de pessoas "socialmente estrangeiras" eram frequentemente alvos de abuso ou expulsos, em nome da [[luta de classes]].<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p406 ISBN 0-300-08480-3</ref> No início do regime, muitos professores foram atraídos pelos planos comunistas de ensino, devido a uma paixão pela alfabetização e a aritmética que os comunistas tentavam disseminar.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 94 ISBN 0-674-01801-X</ref>


O grupo dos [[Organização dos Pioneiros Vladimir Lenin|Jovens Pioneiros]] era um importante fator na doutrinação de crianças.<ref name="Andrei Sokolov p374">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p374 ISBN 0-300-08480-3</ref> Elas eram ensinadas a serem verdadeiras e inflexíveis e a combaterem os inimigos do socialismo.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p378 ISBN 0-300-08480-3</ref> Por volta dos anos 1980, essa doutrinação dominou completamente a organização.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p379 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Todos os professores estavam propensos a seguir estritamente o plano de educação das crianças, aprovado pelos superiores por motivos de segurança, que poderia causar sérios problemas em se tratando de eventos sociais os quais, por terem acabado de ocorrer, não eram incluídos no plano.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p365 ISBN 0-300-08480-3</ref> Filhos de pessoas "socialmente estrangeiras" eram frequentemente alvos de abuso ou expulsos, em nome da [[luta de classes]].<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p406 ISBN 0-300-08480-3</ref> No início do regime, muitos professores foram atraídos pelos planos comunistas de ensino, devido a uma paixão pela [[alfabetização]] e a [[aritmética]] que os comunistas tentavam disseminar.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 94 ISBN 0-674-01801-X</ref>


O grupo dos [[Organização dos Pioneiros Vladimir Lenin|Jovens Pioneiros]] era um importante fator na doutrinação de crianças.<ref name="Andrei Sokolov p374">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p374 ISBN 0-300-08480-3</ref> Elas eram ensinadas a serem verdadeiras e inflexíveis e a combaterem os inimigos do [[socialismo]].<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p378 ISBN 0-300-08480-3</ref> Por volta dos anos 1980, essa doutrinação dominou completamente a organização.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p379 ISBN 0-300-08480-3</ref>
===Rádio===
Foi feito bom uso do rádio, especialmente para atingir os analfabetos; receptores de rádio eram colocados em locais comunitários onde os camponeses teriam que ouvir as notícias, como as mudanças no racionamento, e através deles recebiam transmissões de propaganda; alguns desses lugares também eram usados para cartazes.<ref name="rhodes212">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p212 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>


=== Rádio ===
Durante a Segunda Guerra Mundial, o rádio era usado para fazer propaganda sobre a Alemanha; prisioneiros de guerra alemães eram trazidos para falar e assegurar aos seus parentes de que estavam vivos, com propaganda sendo inserida entre o anúncio de quando o soldado falaria e de quando ele realmente de fato o fizera, no momento oportuno para que sua família pudesse se reunir.<ref name="rhodes224">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p224, 158 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>

Foi feito bom uso do [[rádio (telecomunicações)|rádio]], especialmente para atingir os analfabetos; receptores de rádio eram colocados em locais comunitários onde os camponeses teriam que ouvir as notícias, como as mudanças no racionamento, e através deles recebiam transmissões de propaganda; alguns desses lugares também eram usados para cartazes.<ref name="rhodes212">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p212 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>

Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], o rádio era usado para fazer propaganda sobre a [[Alemanha Nazista]]; [[prisioneiros de guerra]] alemães eram trazidos para falar e assegurar aos seus parentes de que estavam vivos, com propaganda sendo inserida entre o anúncio de quando o soldado falaria e de quando ele realmente de fato o fizera, no momento oportuno para que sua família pudesse se reunir.<ref name="rhodes224">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p224, 158 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>

=== Cartazes ===


===Cartazes===
[[Imagem:Чтобы больше иметь — надо больше производить. Чтобы больше производить — надо больше знать.jpg|thumb|"Para se ter mais, precisamos produzir mais. Para produzir mais, temos que conhecer mais"]]
[[Imagem:Чтобы больше иметь — надо больше производить. Чтобы больше производить — надо больше знать.jpg|thumb|"Para se ter mais, precisamos produzir mais. Para produzir mais, temos que conhecer mais"]]

Os cartazes de parede foram amplamente utilizados nos primeiros dias, retratando muitas vezes os triunfos do Exército Vermelho em benefício dos analfabetos.<ref name="rhodes212"/> Isso continuou durante a década de 1920.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 140 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Os cartazes de parede foram amplamente utilizados nos primeiros dias, retratando muitas vezes os triunfos do [[Exército Vermelho]] em benefício dos analfabetos.<ref name="rhodes212"/> Isso continuou durante a década de 1920.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 140 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Prosseguiu-se na [[Segunda Guerra Mundial]] com desenhos simples e ousados, ainda em prol dos menos alfabetizados.<ref>Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p218-9 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>
Prosseguiu-se na [[Segunda Guerra Mundial]] com desenhos simples e ousados, ainda em prol dos menos alfabetizados.<ref>Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p218-9 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>


===Cinema===
=== Cinema ===
Os filmes eram altamente propagandísticos, embora fossem pioneiros no campo dos documentários ([[Roman Karmen]], [[Dziga Vertov]]).<ref name="rhodes212"/> Quando a guerra parecia inevitável, dramas como ''[[Alexander Nevsky]]'' foram escritos para preparar a população; foram retirados após o [[Pacto Molotov-Ribbentrop]], porém voltaram a circular depois que a guerra iniciou.<ref name="rhodes214">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p214 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>


Os filmes eram altamente propagandísticos, embora fossem pioneiros no campo dos [[documentário]]s ([[Roman Karmen]], [[Dziga Vertov]]).<ref name="rhodes212"/> Quando a guerra parecia inevitável, dramas como ''[[Alexander Nevsky]]'' foram escritos para preparar a população; foram retirados após o [[Pacto Molotov-Ribbentrop]], porém voltaram a circular depois que [[Operação Barbarossa|a guerra iniciou]].<ref name="rhodes214">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p214 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>
Exibiam-se os filmes em teatros e através de trens-propaganda.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p308-9, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Durante a guerra, noticiários eram exibidos em estações de metrô, de forma com que os pobres não fossem excluídos por questões financeiras.<ref name="rhodes219">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p219 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref> Os filmes eram filmados também com histórias sobre atividade partidária e o sofrimento infligido pelos nazistas, como em ''[[Moça Nº 217]]'', o qual retrata uma garota russa escravizada sendo decapitada por uma família alemã desumana.<ref name="rhodes219"/>

Exibiam-se os filmes em teatros e através de trens-propaganda.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p308-9, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Durante a guerra, noticiários eram exibidos em estações de metrô, de forma com que os pobres não fossem excluídos por questões financeiras.<ref name="rhodes219">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p219 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref> Os filmes eram filmados também com histórias sobre atividade partidária e o sofrimento infligido pelos [[nazista]]s, como em ''[[Moça Nº 217]]'', o qual retrata uma garota russa escravizada sendo decapitada por uma família alemã desumana.<ref name="rhodes219"/>


Como o filme necessita de uma base industrial, a propaganda também tornou-se parte da produção de filme.<ref>"[http://library2.usask.ca/USSRConst/gallery/cinema Soviet Cinema]"</ref>
Como o filme necessita de uma base industrial, a propaganda também tornou-se parte da produção de filme.<ref>"[http://library2.usask.ca/USSRConst/gallery/cinema Soviet Cinema]"</ref>


===Trem-propaganda===
=== Trem-propaganda ===

Um estabelecimento único era o trem-propaganda da Segunda Guerra Mundial, que continha jornais e cinemas móveis, além de ser dotado de palestrantes.<ref name="rhodes219"/>
Um estabelecimento único era o trem-propaganda da Segunda Guerra Mundial, que continha jornais e cinemas móveis, além de ser dotado de palestrantes.<ref name="rhodes219"/>


===Reuniões===
=== Reuniões ===

Utilizou-se também reuniões com palestrantes. Apesar do tédio, muitas pessoas achavam que os encontros criavam a solidariedade e as faziam se sentirem importantes, mantendo-as atualizadas com as notícias.<ref>[[Karel C. Berkhoff]], ''Harvest of Despair: Life and Death in Ukraine Under Nazi Rule'' p190 ISBN 0-674-01313-1</ref>
Utilizou-se também reuniões com palestrantes. Apesar do tédio, muitas pessoas achavam que os encontros criavam a [[solidariedade]] e as faziam se sentirem importantes, mantendo-as atualizadas com as notícias.<ref>[[Karel C. Berkhoff]], ''Harvest of Despair: Life and Death in Ukraine Under Nazi Rule'' p190 ISBN 0-674-01313-1</ref>

=== Palestras ===


===Palestras===
As palestras foram comumente usadas para instruir de maneira apropriada cada canto da vida.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 358 ISBN 0-674-01801-X</ref>
As palestras foram comumente usadas para instruir de maneira apropriada cada canto da vida.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 358 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Palestras de Stalin a respeito do Leninismo eram fundamentais para estabelecer que o Partido era a peça-chave da [[Revolução de Outubro]], uma política na qual Lenin atuava, mas que não chegou a escrever de maneira teórica.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 157 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Palestras de [[Josef Stalin]] a respeito do [[Leninismo]] eram fundamentais para estabelecer que o Partido era a peça-chave da [[Revolução de Outubro]], uma política na qual [[Lenin]] atuava, mas que não chegou a escrever de maneira teórica.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 157 ISBN 0-674-01801-X</ref>

=== Arte ===

{{AP|vt=s|Academia de Artes da Rússia|Realismo socialista}}


===Arte===
[[Imagem:1988 CPA 6017.jpg|thumb|''Operário e Mulher Kolkosiana'' comemoravam em um selo]]
[[Imagem:1988 CPA 6017.jpg|thumb|''Operário e Mulher Kolkosiana'' comemoravam em um selo]]
{{see also|Realismo socialista}}
A arte, seja ela a literatura, arte visual ou arte cênica, tinha a finalidade de propaganda.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p282, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Além disso, ela deveria passar um significado claro e inequívoco.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p368 ISBN 0-393-02030-4</ref> Muito antes de Stalin ter instituído a restrição completa, estava em crescimento uma burocracia cultural que considerava a forma e o propósito mais alto da arte como propaganda, e começaram a restringi-la para adaptá-la a esta função.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p283, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Atividades culturais foram reprimidas pela censura e por um monopólio das instituições culturais.<ref name="pipes292"/>


A arte, seja ela a [[literatura]], [[arte visual]] ou [[arte cênica]], tinha a finalidade de propaganda.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p282, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Além disso, ela deveria passar um significado claro e inequívoco.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p368 ISBN 0-393-02030-4</ref> Muito antes de Stalin ter instituído a restrição completa, estava em crescimento uma burocracia cultural que considerava a forma e o propósito mais alto da arte como propaganda, e começaram a restringi-la para adaptá-la a esta função.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p283, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Atividades culturais foram reprimidas pela censura e por um monopólio das instituições culturais.<ref name="pipes292"/>
As imagens frequentemente inspiravam-se no [[realismo heroico]].<ref name="design">eye magazine, "[http://www.eyemagazine.com/feature.php?id=62&fid=270 Designing heroes]"</ref> O pavilhão soviético para a [[Exposição Universal de Paris]] (de 1937) foi coroado, nos moldes heroicos, pela escultura monumental de [[Vera Mukhina]], o ''[[Operário e Mulher Kolkosiana]]''.<ref name="overy260"/> Isso fez com que a arte heroica e romântica repercutissem, o que refletia o ideal ao invés do realístico.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p355-6 ISBN 0-393-02030-4</ref>
A arte era preenchida com saúde e felicidade; as pinturas repletas de cenas agrícolas e industriais cheias de gente, e as esculturas retratavam os trabalhadores, guardas e crianças em idade escolar.<ref>Lewis Stegelbuam and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p1 ISBN 0-300-08480-3</ref>


Em 1937, a Indústria do Socialismo foi concebida como uma grande exibição da arte socialista, mas as dificuldades com o sofrimento e o problema dos "inimigos do povo" aparecendo exigia uma reformulação, e, dezesseis meses depois, os censores finalmente autorizaram uma exposição.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p350 ISBN 0-393-02030-4</ref>
As imagens frequentemente inspiravam-se no [[realismo heróico]].<ref name="design">eye magazine, "[http://www.eyemagazine.com/feature.php?id=62&fid=270 Designing heroes]"</ref> O pavilhão soviético para a [[Exposição Universal de Paris]] (de 1937) foi coroado, nos moldes heroicos, pela escultura monumental de [[Vera Mukhina]], o ''[[Operário e Mulher Kolkosiana]]''.<ref name="overy260"/> Isso fez com que a arte heroica e romântica repercutissem, o que refletia o ideal ao invés do realístico.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p355-6 ISBN 0-393-02030-4</ref>
A arte era preenchida com [[saúde]] e [[felicidade]]; as pinturas repletas de cenas agrícolas e industriais cheias de gente, e as esculturas retratavam os trabalhadores, guardas e crianças em idade escolar.<ref>Lewis Stegelbuam and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p1 ISBN 0-300-08480-3</ref>

Em 1937, a Indústria do Socialismo foi concebida como uma grande exibição da arte socialista, mas as dificuldades com o sofrimento e o problema dos "[[Inimigo do povo|inimigos do povo]]" aparecendo exigia uma reformulação, e, dezesseis meses depois, os censores finalmente autorizaram uma exposição.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p350 ISBN 0-393-02030-4</ref>

=== Jornais ===


===Jornais===
Em 1917, com as primeiras aparições dos movimentos de resistência, os comunistas estavam prontos para dar ínício à publicação do "[[Pravda]]".<ref>[[Roy Medvedev]], ''Let History Judge''p41 ISBN 0-231-06350-4</ref>
Em 1917, com as primeiras aparições dos movimentos de resistência, os comunistas estavam prontos para dar ínício à publicação do "[[Pravda]]".<ref>[[Roy Medvedev]], ''Let History Judge''p41 ISBN 0-231-06350-4</ref>


A primeira lei que os comunistas aprovaram ao assumirem o poder foi pôr fim aos jornais que se opuseram a eles.<ref name="pipes292">Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p292, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Ela teve que ser anulada e substituída por uma medida mais moderada, <ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p292-3, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> porém, por volta de 1918, Lenin liquidou a imprensa independente, incluindo os jornais que surgiram no século 18.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p294, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>
A primeira lei que os comunistas aprovaram ao assumirem o poder foi pôr fim aos jornais que se opuseram a eles.<ref name="pipes292">Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p292, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> Ela teve que ser anulada e substituída por uma medida mais moderada, <ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p292-3, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> porém, por volta de 1918, [[Lenin]] liquidou a [[mídia independente]], incluindo os jornais que surgiram no século 18.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p294, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>


De 1930 até 1941, e brevemente em 1949, circulava a revista de propaganda [[URSS em Construção]]. Ela foi publicada em [[russo]], [[francês]], [[inglês]], [[alemão]] e, a partir de 1938, também em [[espanhol]]. O objetivo autoproclamado da revista era o de "refletir em fotografias todo escopo e variedade do trabalho de construção que vinha ocorrendo na URSS até então."<ref name="library2.usask.ca">http://library2.usask.ca/USSRConst/about</ref> Os periódicos tinham como principal alvo a audiência internacional, especialmente os intelectuais de esquerda do ocidente e empresários, e foram muito populares durante suas primeiras publicações, que incluía entre seus assinnantes [[George Bernard Shaw]], [[H. G. Wells]], [[John Galsworthy]] e [[Romain Rolland]].<ref name="library2.usask.ca"/>
De 1930 até 1941, e brevemente em 1949, circulava a revista de propaganda [[URSS em Construção]]. Ela foi publicada em [[russo]], [[francês]], [[inglês]], [[alemão]] e, a partir de 1938, também em [[espanhol]]. O objetivo autoproclamado da revista era o de "refletir em fotografias todo escopo e variedade do trabalho de construção que vinha ocorrendo na URSS até então."<ref name="library2.usask.ca">http://library2.usask.ca/USSRConst/about</ref> Os periódicos tinham como principal alvo a audiência internacional, especialmente os intelectuais de [[esquerda (política)|esquerda]] do ocidente e empresários, e foram muito populares durante suas primeiras publicações, que incluía entre seus assinnantes [[George Bernard Shaw]], [[H. G. Wells]], [[John Galsworthy]] e [[Romain Rolland]].<ref name="library2.usask.ca"/>


O analfabetismo era considerado um grave perigo, excluindo o analfabeto das discussões políticas.<ref>Gail Warshofsky Lapidus, ''Women in Soviety Society: Equality, Development, and Social Change'' (University of California Press, 1978), p 64.</ref> Em parte isso se deu porque as pessoas não podiam ter acesso aos jornais do Partido.<ref>Gail Warshofsky Lapidus, ''Women in Soviety Society: Equality, Development, and Social Change'' (University of California Press, 1978), p 65.</ref>
O [[analfabetismo]] era considerado um grave perigo, excluindo o analfabeto das discussões políticas.<ref>Gail Warshofsky Lapidus, ''Women in Soviety Society: Equality, Development, and Social Change'' (University of California Press, 1978), p 64.</ref> Em parte isso se deu porque as pessoas não podiam ter acesso aos jornais do Partido.<ref>Gail Warshofsky Lapidus, ''Women in Soviety Society: Equality, Development, and Social Change'' (University of California Press, 1978), p 65.</ref>


===Livros===
=== Livros ===
Imediatamente após à revolução, os livros eram tratados com menos severidade do que os jornais, mas a nacionalização da mídia impressa e das editoras os manteve sob controle.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p294-5, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> As bibliotecas foram purgadas, às vezes de forma tão extrema que trabalhos de Lenin foram removidos.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p84 ISBN 0-300-08480-3</ref>


{{AP|vt=s|Literatura da Rússia}}
Em 1922, a deportação de escritores e acadêmicos alertava que nenhum desvio era permitido, e a censura prévia foi voltou a ser instalada.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 137 ISBN 0-674-01801-X</ref> Devido à falta de autores bolcheviques, muitos "companheiros de viagem" foram tolerados, mas o dinheiro só vinha caso eles respeitassem a linha partidária.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 138 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Imediatamente após à revolução, os livros eram tratados com menos severidade do que os jornais, mas a nacionalização da mídia impressa e das editoras os manteve sob controle.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p294-5, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> As [[biblioteca]]s foram purgadas, às vezes de forma tão extrema que trabalhos de Lenin foram removidos.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p84 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Durante os expurgos, os livros escolares eram tanto revisados que os estudantes tinham que estudar sem eles.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p482-3 ISBN 0-375-40881-9</ref>

Em 1922, a [[deportação]] de escritores e [[acadêmico]]s alertava que nenhum desvio era permitido, e a censura prévia foi voltou a ser instalada.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 137 ISBN 0-674-01801-X</ref> Devido à falta de autores [[bolchevique]]s, muitos "companheiros de viagem" foram tolerados, mas o dinheiro só vinha caso eles respeitassem a linha partidária.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 138 ISBN 0-674-01801-X</ref>

Durante os [[expurgo]]s, os livros escolares eram tanto revisados que os estudantes tinham que estudar sem eles.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p482-3 ISBN 0-375-40881-9</ref>

=== Teatro ===


===Teatro===
O teatro revolucionário era para inspirar o apoio ao regime e para provocar o ódio de seus inimigos, particularmente o teatro [[agitprop]], conhecido pelo seus personagens de papelão, que apresentavam virtudes perfeitas e de total maldade, e pelo escárnio vulgar.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p303, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> A [[Petrushka]] era uma figura popular frequentemente usada para defender camponeses pobres e atacar os [[kulaks]]s.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p305, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>
O teatro revolucionário era para inspirar o apoio ao regime e para provocar o ódio de seus inimigos, particularmente o teatro [[agitprop]], conhecido pelo seus personagens de papelão, que apresentavam virtudes perfeitas e de total maldade, e pelo escárnio vulgar.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p303, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> A [[Petrushka]] era uma figura popular frequentemente usada para defender camponeses pobres e atacar os [[kulaks]]s.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p305, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>


==Temas==
== Temas ==

===Novo Homem===
=== Novo Homem ===
{{main|Novo homem soviético}}

Muitos trabalhos soviéticos retratavam o "herói positivo" como sendo intelectual e fortemente disciplinado.<ref>[[B. R. Myers]], ''The Cleanest Race'', p 81 ISBN 1933633913 {{Please check ISBN|reason=Check digit (6) does not correspond to calculated figure.}}</ref> Ele não era guiado pelos instintos cruéis da natureza, mas por sua própria autoconsciência.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p258 ISBN 0-393-02030-4</ref> O novo homem autruístico estava disposto a sacrificar não só a sua vida, mas também o respeito de si mesmo e sua sensibilidade.<ref>Richard Overy, The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia, p301 ISBN 0-393-02030-4</ref> A igualdade e o sacrifício eram apresentados como o ideal apropriado para o "modo de vida socialista".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p129 ISBN 0-300-08480-3</ref>
{{Principal|Homo sovieticus|Novo homem soviético}}
{{AP|vt=s|Novo Homem}}

Muitos trabalhos soviéticos retratavam o "herói positivo" como sendo intelectual e fortemente disciplinado.<ref>[[B. R. Myers]], ''The Cleanest Race'', p 81 ISBN 1933633913 {{Please check ISBN|reason=Check digit (6) does not correspond to calculated figure.}}</ref> Ele não era guiado pelos instintos cruéis da natureza, mas por sua própria [[autoconsciência]].<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p258 ISBN 0-393-02030-4</ref> O novo homem autruístico estava disposto a sacrificar não só a sua vida, mas também o respeito de si mesmo e sua sensibilidade.<ref>Richard Overy, The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia, p301 ISBN 0-393-02030-4</ref> A igualdade e o sacrifício eram apresentados como o ideal apropriado para o "modo de vida socialista".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p129 ISBN 0-300-08480-3</ref>


Era exigido do trabalho o empenho e a austeridade para mostrar o novo homem triunfando sobre seus instintos básicos.<ref name="R. Myers, p 86">B. R. Myers, ''The Cleanest Race'', p 86 ISBN 978-193-391-6 {{Please check ISBN|reason=Check digit (6) does not correspond to calculated figure.}}</ref> O dia da quebra do recorde da mineração de carvão fez com que [[Alexey Stakhanov]] se tornasse o quadragésimo exemplo de "novo homem" e inspirasse os [[Stakhanovismo|movimentos stakhanovistas]].<ref>[[Richard Overy]], ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p258-9 ISBN 0-393-02030-4</ref> O movimento impôs bastante pressão para aumentar a produção por parte tanto dos trabalhadores como a de gerentes, com os criticos sendo rotulados de "sabotadores".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 217 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Era exigido do trabalho o empenho e a austeridade para mostrar o novo homem triunfando sobre seus instintos básicos.<ref name="R. Myers, p 86">B. R. Myers, ''The Cleanest Race'', p 86 ISBN 978-193-391-6 {{Please check ISBN|reason=Check digit (6) does not correspond to calculated figure.}}</ref> O dia da quebra do recorde da mineração de carvão fez com que [[Alexey Stakhanov]] se tornasse o quadragésimo exemplo de "novo homem" e inspirasse os [[Stakhanovismo|movimentos stakhanovistas]].<ref>[[Richard Overy]], ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p258-9 ISBN 0-393-02030-4</ref> O movimento impôs bastante pressão para aumentar a produção por parte tanto dos trabalhadores como a de gerentes, com os criticos sendo rotulados de "[[Sabotagem|sabotadores]]".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 217 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Isso refletiu uma mudança desde os primeiros dias, com ênfase no "pequeno homem" entre os trabalhos anônimos, a fim de privilegiar o "herói do trabalho" no final do Primeiro Plano Quinquenal, sendo dito explicitamente aos escritores para que produzissem a heroização.<ref name="overy259">Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p259 ISBN 0-393-02030-4</ref>
Isso refletiu uma mudança desde os primeiros dias, com ênfase no "pequeno homem" entre os trabalhos anônimos, a fim de privilegiar o "herói do trabalho" no final do Primeiro [[Plano quinquenal]], sendo dito explicitamente aos escritores para que produzissem a heroização.<ref name="overy259">Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p259 ISBN 0-393-02030-4</ref>
Embora esses heróis tivessem se originado do povo, eles eram separados por seus feitos heroicos.<ref name="overy259"/> O próprio Stakhanov era adequado para este papel, não apenas como um trabalhador, mas também pela sua boa aparência, como é o caso de muitos heróis de pôsteres, e por ser um homem de família.<ref name="overy259"/> As dificuldades do Primeiro Plano Quinquenal foram apresentadas em contas romantizadas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p35 ISBN 0-300-08480-3</ref> Nos anos 1937 e 1938, jovens heróis que realizaram grandes feitos apareciam na capa do ''Pravda'', com mais frequência do que o próprio Stalin.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 247 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Embora esses heróis tivessem se originado do povo, eles eram separados por seus feitos heroicos.<ref name="overy259"/> O próprio Stakhanov era adequado para este papel, não apenas como um trabalhador, mas também pela sua boa aparência, como é o caso de muitos heróis de pôsteres, e por ser um homem de família.<ref name="overy259"/> As dificuldades do Primeiro Plano Quinquenal foram apresentadas em contas romantizadas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p35 ISBN 0-300-08480-3</ref> Nos anos 1937 e 1938, jovens heróis que realizaram grandes feitos apareciam na capa do ''[[Pravda]]'', com mais frequência do que o próprio Stalin.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 247 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Posteriormente, durante os expurgos, fizeram-se alegações de que criminosos foram "reforjados" pelo seu trabalho no Mar Branco/Canal Báltico; a salvação através do trabalho apareceu em ''Os Aristocratas'', de [[Nikolai Pogodin]], bem como em muitos artigos.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p488-9 ISBN 0-375-40881-9</ref>
Posteriormente, durante o [[Grande Expurgo]], fizeram-se alegações de que criminosos foram "reforjados" pelo seu trabalho no [[Canal Mar Branco–Báltico]]; a salvação através do trabalho apareceu em ''Os Aristocratas'', de [[Nikolai Pogodin]], bem como em muitos artigos.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p488-9 ISBN 0-375-40881-9</ref>


Poderia haver também uma nova mulher; o ''[[Pravda]]'' descreveu a mulher soviética como alguém que jamais poderia ter existido antes.<ref name="overy259"/> Stakhanovistas femininas eram mais raras do que os masculinos, porém um quarto de todas as mulheres sindicalistas foram designadas como "transgressoras das normas".<ref name="overy260">Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p260 ISBN 0-393-02030-4</ref> Para a Exposição Universal de Paris, [[Vera Mukhina]] modelou uma escultura monumental, ''[[Operário e Mulher Kolkosiana]]'', cujos personagens estão vestidos em roupas de trabalho, com o martelo dele e a foice dela cruzados e prensados para frente.<ref name="overy260"/> Políticas pró-natalidade incentivando as mulheres a terem muitos filhos eram justificadas pelo egoísmo inerente ao limitar a próxima geração de "novos homens".<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p257 ISBN 0-393-02030-4</ref> As "Mães-Heroínas" recebiam medalhas por dez ou mais filhos.<ref>[[Robert Service (historian)|Robert Service]], ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 246 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Poderia haver também uma nova mulher; o ''Pravda'' descreveu a mulher soviética como alguém que jamais poderia ter existido antes.<ref name="overy259"/> Stakhanovistas femininas eram mais raras do que os masculinos, porém um quarto de todas as mulheres sindicalistas foram designadas como "transgressoras das normas".<ref name="overy260">Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p260 ISBN 0-393-02030-4</ref> Para a Exposição Universal de Paris, [[Vera Mukhina]] modelou uma escultura monumental, ''[[Operário e Mulher Kolkosiana]]'', cujos personagens estão vestidos em roupas de trabalho, com o [[Foice e martelo|martelo dele e a foice dela]] cruzados e prensados para frente.<ref name="overy260"/> Políticas pró-natalidade incentivando as mulheres a terem muitos filhos eram justificadas pelo egoísmo inerente ao limitar a próxima geração de "novos homens".<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p257 ISBN 0-393-02030-4</ref> As "Mães-Heroínas" recebiam medalhas por dez ou mais filhos.<ref>[[Robert Service (historian)|Robert Service]], ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 246 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Os ''stakhanovistas'' também eram muito usados como figuras de propaganda, que alguns trabalhadores se queixavam de suas faltas no trabalho.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p194 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Os ''stakhanovistas'' também eram muito usados como figuras de propaganda, que alguns trabalhadores se queixavam de suas faltas no trabalho.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p194 ISBN 0-300-08480-3</ref>
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O assassinato de [[Pavlik Morozov]] foi amplamente explorado na propaganda, a fim de estimular nas crianças o dever de denunciar até mesmo os seus próprios pais para o novo estado.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 245 ISBN 0-674-01801-X</ref>
O assassinato de [[Pavlik Morozov]] foi amplamente explorado na propaganda, a fim de estimular nas crianças o dever de denunciar até mesmo os seus próprios pais para o novo estado.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 245 ISBN 0-674-01801-X</ref>


===Inimigo de classe===
=== Inimigo de classe ===
O inimigo de classe (ou inimigo do povo) era uma caracteristica da propaganda comunista bastante difundida.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p12 ISBN 0-300-08480-3</ref> Com a guerra civil, os comunistas foram massacrar grandes quantidades de kulaks e, de outra forma, promulgar um Terror Vermelho para que as massas ficassem aterrorizadas e obedientes.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 108 ISBN 0-674-01801-X</ref>


O inimigo de classe (ou [[inimigo do povo]]) era uma caracteristica da propaganda comunista bastante difundida.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p12 ISBN 0-300-08480-3</ref> Com a [[Guerra Civil Russa]], os comunistas foram massacrar grandes quantidades de ''[[kulak]]s'' e, de outra forma, promulgar um [[Terror Vermelho]] para que as massas ficassem aterrorizadas e obedientes.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 108 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Lenin declarou que eles estavam exterminando a burguesia como uma classe, posição que foi reforçada pelas várias ações contra os proprietários de terra, agricultores em boa situação, bancos, fábricas e lojas privadas.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p12 ISBN 0-375-40881-9</ref> Stalin avisava frequentemente que com o esforço para se construir uma sociedade socialista, a luta de classes se fortaleceria à medida que os inimigos ficassem mais desesperados.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p234 ISBN 0-393-02030-4</ref> Durante a era stalinista, todos os líderes da oposição eram rotineiramente descritos como traidores e agentes das forças estrangeiras e imperialistas.<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p93 ISBN 0-231-06350-4</ref>


[[Lenin]] declarou que eles estavam exterminando a [[burguesia]] como uma classe, posição que foi reforçada pelas várias ações contra os proprietários de terra, agricultores em boa situação, bancos, fábricas e lojas privadas.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p12 ISBN 0-375-40881-9</ref> [[Stalin]] avisava frequentemente que com o esforço para se construir uma sociedade socialista, a [[luta de classes]] se fortaleceria à medida que os inimigos ficassem mais desesperados.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p234 ISBN 0-393-02030-4</ref> Durante a [[Era Stalin|era stalinista]], todos os líderes da oposição eram rotineiramente descritos como traidores e agentes das forças estrangeiras e [[imperialista]]s.<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p93 ISBN 0-231-06350-4</ref>
O Plano Quinquenal intensificou a luta de classes com muitos ataques aos "kulaks", e quando descobriu-se que vários oponentes agricultores não eram ricos o suficiente para classificá-los, eles eram declarados como "sub-kulaks".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 179-80 ISBN 0-674-01801-X</ref> "Os kulaks e outros inimigos estrangeiros de classe" eram frequentemente citados como sendo a causa dos fracassos nas fazendas coletivas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p54 ISBN 0-300-08480-3</ref> Durante o primeiro e segundo planos quinquenais, kulaks, solapadores, sabotadores e nacionalistas foram atacados, o que acabou causando o Grande Terror.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 210 ISBN 0-674-01801-X</ref> Aqueles que lucravam com a propriedade pública eram considerados "inimigos do povo".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p197 ISBN 0-300-08480-3</ref> No fim dos anos 1930, todos os "inimigos" eram agrupados em artes, retratando-os como os apoiadores de uma idiotice histórica.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p210 ISBN 0-300-08480-3</ref> Os jornais relatavam ainda o julgamento de crianças, a partir dos dez anos, por comportamento fascista e contrarrevolucionário.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p233 ISBN 0-300-08480-3</ref> Durante o [[Holodomor]], os camponeses que passavam fome eram denunciados como sabotadores e os mais perigosos que tinham uma aparência gentil e inofensiva os faziam parecer inocentes; as mortes eram apenas provas de que os camponeses odiavam tanto o socialismo que estavam dispostos a sacrificar suas famílias e arriscar suas vidas para combatê-lo.<ref>[[Timothy D. Snyder|Timothy Snyder]], ''[[Bloodlands: Europe Between Hitler and Stalin]]'', p 41 ISBN 978-0-465-00239-9 {{Please check ISBN|reason=Invalid length.}}</ref>


O Plano Quinquenal intensificou a luta de classes com muitos ataques aos "kulaks", e quando descobriu-se que vários oponentes agricultores não eram ricos o suficiente para classificá-los, eles eram declarados como "sub-kulaks".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 179-80 ISBN 0-674-01801-X</ref> "Os kulaks e outros inimigos estrangeiros de classe" eram frequentemente citados como sendo a causa dos fracassos nas fazendas coletivas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p54 ISBN 0-300-08480-3</ref> Durante o primeiro e segundo planos quinquenais, kulaks, solapadores, sabotadores e nacionalistas foram atacados, o que acabou causando o Grande Terror.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 210 ISBN 0-674-01801-X</ref> Aqueles que lucravam com a propriedade pública eram considerados "inimigos do povo".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p197 ISBN 0-300-08480-3</ref> No fim dos anos 1930, todos os "inimigos" eram agrupados em artes, retratando-os como os apoiadores de uma idiotice histórica.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p210 ISBN 0-300-08480-3</ref> Os jornais relatavam ainda o julgamento de crianças, a partir dos dez anos, por comportamento [[fascista]] e [[Contrarrevolução|contrarrevolucionário]].<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p233 ISBN 0-300-08480-3</ref> Durante o [[Holodomor]], os camponeses que passavam fome eram denunciados como sabotadores e os mais perigosos que tinham uma aparência gentil e inofensiva os faziam parecer inocentes; as mortes eram apenas provas de que os camponeses odiavam tanto o [[socialismo]] que estavam dispostos a sacrificar suas famílias e arriscar suas vidas para combatê-lo.<ref>[[Timothy D. Snyder|Timothy Snyder]], ''[[Bloodlands: Europe Between Hitler and Stalin]]'', p 41 ISBN 978-0-465-00239-9 {{Please check ISBN|reason=Invalid length.}}</ref>
Ao denunciar os contrarrevolucionários Brancos, os trotskistas, os solapadores e outros, Stalin voltou a sua atenção para a velha guarda comunista.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p466-7 ISBN 0-375-40881-9</ref> A própria improbabilidade das acusações era citada como evidência, já que as denúncias mais plausíveis poderiam ter sido inventadas.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p490 ISBN 0-375-40881-9</ref>


Ao denunciar os [[Movimento Branco|contrarrevolucionários Brancos]], os [[trotskista]]s, os solapadores e outros, Stalin voltou a sua atenção para a [[Velho Bolchevista|velha guarda comunista]].<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p466-7 ISBN 0-375-40881-9</ref> A própria improbabilidade das acusações era citada como evidência, já que as denúncias mais plausíveis poderiam ter sido inventadas.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p490 ISBN 0-375-40881-9</ref>
Esses inimigos eram levados para os gulags, cuja propaganda apregoava se tratarem de "campos de trabalho corretivo", de tal forma que até mesmo as pessoas que viam a fome e o trabalho escravo acreditavam na

propaganda, em vez de nos seus próprios olhos.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p488 ISBN 0-375-40881-9</ref>
Esses inimigos eram levados para os [[gulag]]s, cuja propaganda apregoava se tratarem de "campos de trabalho corretivo", de tal forma que até mesmo as pessoas que viam a fome e o [[trabalho escravo]] acreditavam na propaganda, em vez de nos seus próprios olhos.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p488 ISBN 0-375-40881-9</ref>


Durante a Segunda Guerra Mundial, todos os nacionalistas, tais como os [[Alemães do Volga]], eram rotulados de traidores. <ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 276 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Durante a Segunda Guerra Mundial, todos os nacionalistas, tais como os [[Alemães do Volga]], eram rotulados de traidores. <ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 276 ISBN 0-674-01801-X</ref>
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O próprio Stalin chegou a informar [[Sergei Eisenstein]] de que seu filme ''[[Ivan, o Terrível]]'' apresentava falhas, pois ele não mostrava a necessidade do terror na perseguição de Ivan por parte da nobreza.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 319 ISBN 0-674-01801-X</ref>
O próprio Stalin chegou a informar [[Sergei Eisenstein]] de que seu filme ''[[Ivan, o Terrível]]'' apresentava falhas, pois ele não mostrava a necessidade do terror na perseguição de Ivan por parte da nobreza.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 319 ISBN 0-674-01801-X</ref>


===Nova sociedade===
=== Nova sociedade ===
A propaganda pode iniciar um grande movimento ou uma revolução, mas somente se as massas se unirem para fazer das imagens produzidas pela propaganda uma realidade. Uma boa propaganda deve incutir lentamente nas pessoas a esperança, a fé e a certeza. Ela precisa trazer a solidariedade entre a população. Deve evitar a desmoralização, a falta de esperança e a resignação.<ref name=Coste>{{citar periódico|último =Coste|primeiro =Brutus|título=Propaganda to Eastern Europe|periódico=The Public Opinion Quarterly|ano=1950–1|volume=14|número=4|páginas=639–66|doi=10.1086/266246}}</ref> A União Soviética fez o seu melhor para tentar e criar uma nova sociedade na qual a população da Rússia pudesse se unir em um só povo.


A propaganda pode iniciar um grande movimento ou uma revolução, mas somente se as massas se unirem para fazer das imagens produzidas pela propaganda uma realidade. Uma boa propaganda deve incutir lentamente nas pessoas a [[esperança]], a [[fé]] e a certeza. Ela precisa trazer a [[solidariedade]] entre a população. Deve evitar a desmoralização, a falta de esperança e a resignação.<ref name=Coste>{{citar periódico|último =Coste|primeiro =Brutus|título=Propaganda to Eastern Europe|periódico=The Public Opinion Quarterly|ano=1950–1|volume=14|número=4|páginas=639–66|doi=10.1086/266246}}</ref> A União Soviética fez o seu melhor para tentar e criar uma nova sociedade na qual a população da Rússia pudesse se unir em um só povo.
Um tema comum foi a criação de uma nova sociedade utópica, representada em pôsteres e em jornais cinematográficos, que inspirava um entusiasmo em muitas pessoas.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p262 ISBN 0-393-02030-4</ref> Grande parte da propaganda era dedicada a uma nova comunidade, como exemplificado no uso do termo "camarada".<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p231 ISBN 0-393-02030-4</ref> Esta nova sociedade não possuiria classes.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p233 ISBN 0-393-02030-4</ref> As distinções se baseariam na função, não na classe, e todos teriam o dever igualitário para trabalhar.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p235 ISBN 0-393-02030-4</ref> Durante as discussões sobre a nova constituição nos anos 1930, um locutor proclamou que não existia, de fato, classes na URSS,<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p167 ISBN 0-300-08480-3</ref> e os jornais espalhavam que os sonhos da classe trabalhadora estavam se tornando realidade para o povo mais sortudo do mundo.<ref name="way171">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p171 ISBN 0-300-08480-3</ref> Um consentimento de que existiam classes - trabalhadores, camponeses e trabalhadores intelectuais — foi descartado como irrelevante, já que estas novas classes não precisariam entrar em conflito.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 239 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Um tema comum foi a criação de uma nova sociedade utópica, representada em pôsteres e em jornais cinematográficos, que inspirava um entusiasmo em muitas pessoas.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p262 ISBN 0-393-02030-4</ref> Grande parte da propaganda era dedicada a uma nova comunidade, como exemplificado no uso do termo "[[camarada]]".<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p231 ISBN 0-393-02030-4</ref> Esta nova sociedade [[Sociedade sem classes|não possuiria classes]].<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p233 ISBN 0-393-02030-4</ref> As distinções se baseariam na função, não na classe, e todos teriam o dever igualitário para trabalhar.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p235 ISBN 0-393-02030-4</ref> Durante as discussões sobre a nova constituição nos anos 1930, um locutor proclamou que não existia, de fato, classes na URSS,<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p167 ISBN 0-300-08480-3</ref> e os jornais espalhavam que os sonhos da classe trabalhadora estavam se tornando realidade para o povo mais sortudo do mundo.<ref name="way171">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p171 ISBN 0-300-08480-3</ref> Um consentimento de que existiam classes - trabalhadores, camponeses e trabalhadores intelectuais — foi descartado como irrelevante, já que estas novas classes não precisariam entrar em conflito.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 239 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Metáforas militares foram frequentemente usadas para esta criação, como em 1929, em que a coletivização da agricultura foi oficialmente designada como uma "ofensiva socialista em granda escala em todas as frentes".<ref name="way22"/> O Segundo Plano Quinquenal contribuiu para diminuir a Ofensiva Socialista, isso contra um fundo propagandístico de comemorar os triunfos da URSS no "campo de batalha da construção do socialismo".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p98 ISBN 0-300-08480-3</ref>


Nos tempos stalinistas, isso era frequentemente descrito como sendo uma "grande família", com Stalin sendo o grande pai.<ref name="way22">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p22 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Metáforas militares foram frequentemente usadas para esta criação, como em 1929, em que a [[Coletivização forçada na União Soviética|coletivização da agricultura]] foi oficialmente designada como uma "ofensiva socialista em granda escala em todas as frentes".<ref name="way22"/> O Segundo Plano Quinquenal contribuiu para diminuir a Ofensiva Socialista, isso contra um fundo propagandístico de comemorar os triunfos da URSS no "campo de batalha da construção do socialismo".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p98 ISBN 0-300-08480-3</ref>


A felicidade era obrigatória; em um romance onde um cavalo foi descrito como sendo um "lerdo", o censor desaprovou, perguntando por que ele não se movia rapidamente, sendo feliz como o resto dos trabalhadores coletivos da fazenda.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p86 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Nos [[Era Stalin|tempos stalinistas]], isso era frequentemente descrito como sendo uma "grande família", com Stalin sendo o grande pai.<ref name="way22">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p22 ISBN 0-300-08480-3</ref>

A felicidade era obrigatória; em um [[romance]] onde um cavalo foi descrito como sendo um "lerdo", o censor desaprovou, perguntando por que ele não se movia rapidamente, sendo feliz como o resto dos trabalhadores coletivos da fazenda.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p86 ISBN 0-300-08480-3</ref>


''Kohlkhoznye Rebiata'' publicou relatórios bombásticos das fazendas coletivas de seus filhos.<ref name="way258">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p358 ISBN 0-300-08480-3</ref> Quando eram fornecidos cafés da manhã quentes aos estudantes, particularmente em escolas da cidade, o programa era anunciado com grandes comemorações.<ref name="way258"/>
''Kohlkhoznye Rebiata'' publicou relatórios bombásticos das fazendas coletivas de seus filhos.<ref name="way258">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p358 ISBN 0-300-08480-3</ref> Quando eram fornecidos cafés da manhã quentes aos estudantes, particularmente em escolas da cidade, o programa era anunciado com grandes comemorações.<ref name="way258"/>


Como a sociedade comunista era vista como a mais alta forma de sociedade e a mais progressista, ela era considerada eticamente superior a todas as outras, e a "moral" e o "imoral" eram determinados pelas coisas que ajudavam ou dificultavam seu desenvolvimento.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p267 ISBN 0-393-02030-4</ref> A legislação Czarista foi abertamente abolida, e, embora os juízes podiam usá-la, eles eram guiados pela "consciência revolucionária".<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p290 ISBN 0-393-02030-4</ref> Sob a pressão da necessidade de leis, mais e mais foram implementadas; Stalin justificou isso na propaganda ao passo que a lei se "definharia" melhor quando sua autoridade fosse elevada para a mais alta, através de suas contradições.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p291 ISBN 0-393-02030-4</ref>
Como a [[sociedade comunista]] era vista como a mais alta forma de sociedade e a mais progressista, ela era considerada eticamente superior a todas as outras, e a "moral" e o "imoral" eram determinados pelas coisas que ajudavam ou dificultavam seu desenvolvimento.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p267 ISBN 0-393-02030-4</ref> A legislação Czarista foi abertamente abolida, e, embora os juízes podiam usá-la, eles eram guiados pela "consciência revolucionária".<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p290 ISBN 0-393-02030-4</ref> Sob a pressão da necessidade de leis, mais e mais foram implementadas; Stalin justificou isso na propaganda ao passo que a lei se "definharia" melhor quando sua autoridade fosse elevada para a mais alta, através de suas contradições.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p291 ISBN 0-393-02030-4</ref>


Quando o esboço da nova constituição levou as pessoas a acreditarem que a propriedade privada retornaria e que os trabalhadores poderiam deixar as fazendas, foram enviados palestrantes para "esclarecer" o assunto.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p182 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Quando o esboço da nova constituição levou as pessoas a acreditarem que a [[propriedade privada]] retornaria e que os trabalhadores poderiam deixar as fazendas, foram enviados palestrantes para "esclarecer" o assunto.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p182 ISBN 0-300-08480-3</ref>

==== Produção ====


====Produção====
Stalin declarou abertamente que os bolcheviques precisavam, em dez anos, diminuir as diferenças existentes entre a URSS e os países ocidentais, caso contrário o socialismo seria destruído.<ref>[[Mark Mazower]], ''Dark Continent: Europe's 20th Century'' p120-1 ISBN 0-679-43809-2</ref> Em apoio aos planos quinquenais, ele afirmou que a lentidão industrial foi quem causou as derrotas históricas da Rússia.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 177 ISBN 0-674-01801-X</ref> Os jornais relataram uma superprodução de cotas, embora muitas não tenham sido implementadas, e nos locais onde elas existiam, os produtos eram frequentemente de má qualidade.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 186 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Stalin declarou abertamente que os bolcheviques precisavam, em dez anos, diminuir as diferenças existentes entre a URSS e os países ocidentais, caso contrário o socialismo seria destruído.<ref>[[Mark Mazower]], ''Dark Continent: Europe's 20th Century'' p120-1 ISBN 0-679-43809-2</ref> Em apoio aos planos quinquenais, ele afirmou que a lentidão industrial foi quem causou as derrotas históricas da Rússia.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 177 ISBN 0-674-01801-X</ref> Os jornais relataram uma superprodução de cotas, embora muitas não tenham sido implementadas, e nos locais onde elas existiam, os produtos eram frequentemente de má qualidade.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 186 ISBN 0-674-01801-X</ref>

[[Imagem:1973 CPA 4264 mint.jpg|thumb|200px|Um selo retratando "Casamento em uma Rua de Amanhã", de Pimenov]]
[[Imagem:1973 CPA 4264 mint.jpg|thumb|200px|Um selo retratando "Casamento em uma Rua de Amanhã", de Pimenov]]


Durante os anos 1930, o desenvolvimento da URSS era o único tema dos filmes, da arte e da literatura.<ref name="way208">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p208 ISBN 0-300-08480-3</ref> Os heróis da exploração do Ártico eram glorificados.<ref name="way208"/> O vigésimo aniversário da Revolução de Outubro foi homenageado com um trabalho de cinco volumes enaltecendo os feitos do socialismo e (no último volume) as "fantasias baseadas na ciência" do futuro, levantando questões tais como se o mundo inteiro ou somente a Europa se tornaria socialista em vinte anos.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p208-9 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Durante os anos 1930, o desenvolvimento da URSS era o único tema dos filmes, da arte e da literatura.<ref name="way208">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p208 ISBN 0-300-08480-3</ref> Os heróis da exploração do Ártico eram glorificados.<ref name="way208"/> O vigésimo aniversário da Revolução de Outubro foi homenageado com um trabalho de cinco volumes enaltecendo os feitos do socialismo e (no último volume) as "fantasias baseadas na ciência" do futuro, levantando questões tais como se o mundo inteiro ou somente a [[Europa]] se tornaria socialista em vinte anos.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p208-9 ISBN 0-300-08480-3</ref>


Mesmo quando a maioria da população ainda era rural, dizia-se que a URSS era "uma forte potência industrial".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p281 ISBN 0-300-08480-3</ref> A revista ''[[URSS em Construção]]'' glorificou o Canal Moscou-Volga com uma breve menção do trabalho escravo que o havia construído.<ref>"[http://library2.usask.ca/USSRConst/gallery/canal Moscow-Volga Canal]"</ref>
Mesmo quando a maioria da população ainda era rural, dizia-se que a URSS era "uma forte potência industrial".<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p281 ISBN 0-300-08480-3</ref> A revista ''[[URSS em Construção]]'' glorificou o [[Canal de Moscou|Canal Moscou-Volga]] com uma breve menção do trabalho escravo que o havia construído.<ref>"[http://library2.usask.ca/USSRConst/gallery/canal Moscow-Volga Canal]"</ref>


Em 1939 chegou-se a pensar em um plano de racionamento, porém ele não chegou a ser implementado, pois enfraqueceria a propaganda de melhoria dos cuidados do povo, cujas vidas cresciam melhores e mais felizes a cada ano.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p253 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Em 1939 chegou-se a pensar em um plano de racionamento, porém ele não chegou a ser implementado, pois enfraqueceria a propaganda de melhoria dos cuidados do povo, cujas vidas cresciam melhores e mais felizes a cada ano.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p253 ISBN 0-300-08480-3</ref>


Durante a Segunda Guerra Mundial, os slogans mudaram: da superação ao atraso, passaram a ser de superação à "besta fascista", mas continuaram se focando na produção.<ref>Richard Overy, ''Why the Allies Won'' p 188-9 ISBN 0-393-03925-0</ref> Dizia o slogan: "Tudo para a Frente!".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 278 ISBN 0-674-01801-X</ref> Grupos de Jovens Comunistas eram usados como tropas de choque para causar vergonha nos trabalhadores a fim de aumentar a produção, bem como para disseminar a propaganda socialista.<ref>Richard Overy, Why the Allies Won, p189 ISBN 0-393-03925-0</ref>
Durante a Segunda Guerra Mundial, os [[slogan]]s mudaram: da superação ao atraso, passaram a ser de superação à "besta fascista", mas continuaram se focando na produção.<ref>Richard Overy, ''Why the Allies Won'' p 188-9 ISBN 0-393-03925-0</ref> Dizia o slogan: "Tudo para a Frente!".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 278 ISBN 0-674-01801-X</ref> Grupos de Jovens Comunistas eram usados como tropas de choque para causar vergonha nos trabalhadores a fim de aumentar a produção, bem como para disseminar a propaganda socialista.<ref>Richard Overy, Why the Allies Won, p189 ISBN 0-393-03925-0</ref>


Nos anos 1950, Khrushchev repetia com orgulho que a URSS superaria o Ocidente em matéria de bem-estar.<ref>Mark Mazower, ''Dark Continent: Europe's 20th Century'' p276-7 ISBN 0-679-43809-2</ref> Outros oficiais comunistas concordaram que ela mostraria em breve sua superioridade, pois o capitalismo se assemelhava a um arenque morto que brilhava assim que apodreceu.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 356 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Nos anos 1950, [[Nikita Khrushchev]] repetia com orgulho que a URSS superaria o [[Ocidente]] em matéria de [[bem-estar]].<ref>Mark Mazower, ''Dark Continent: Europe's 20th Century'' p276-7 ISBN 0-679-43809-2</ref> Outros oficiais comunistas concordaram que ela mostraria em breve sua superioridade, pois o [[capitalismo]] se assemelhava a um [[arenque]] morto que brilhava assim que apodreceu.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 356 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Posteriormente, a URSS passou a ser referida como "socialismo desenvolvido".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 405 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Posteriormente, a URSS passou a ser referida como "socialismo desenvolvido".<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 405 ISBN 0-674-01801-X</ref>


===Movimentos de massa===
=== Movimentos de massa ===

Deram uma grande ênfase à educação.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 96 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Deram uma grande ênfase à educação.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 96 ISBN 0-674-01801-X</ref>


O primeiro ataque contra Stalin, depois da sua morte, foi a publicação de artigos no "[[Pravda]]" declarando que as massas fizeram história e também o erro do "culto ao indíviduo".<ref name="service332">Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 332 ISBN 0-674-01801-X</ref>
O primeiro ataque contra Stalin, depois da sua morte, foi a publicação de artigos no "[[Pravda]]" declarando que as massas fizeram história e também o erro do "culto ao indíviduo".<ref name="service332">Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 332 ISBN 0-674-01801-X</ref>


===Pacifismo===
=== Pacifismo ===

Uma ideia bastante recorrente era de que a União Soviética pacifista.<ref name="rhodes216"/>
Uma ideia bastante recorrente era de que a União Soviética [[pacifista]].<ref name="rhodes216"/>


Muitas advertências foram feitas sobre a necessidade de se manter longe de qualquer guerra imperialista, já que o colapso do capitalismo deixaria os países capitalistas mais desesperados.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 254 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Muitas advertências foram feitas sobre a necessidade de se manter longe de qualquer guerra imperialista, já que o colapso do capitalismo deixaria os países capitalistas mais desesperados.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 254 ISBN 0-674-01801-X</ref>
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O [[Pacto Molotov-Ribbentrop]] era apresentado como sendo uma ação de paz.<ref name="rhodes217">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p217 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>
O [[Pacto Molotov-Ribbentrop]] era apresentado como sendo uma ação de paz.<ref name="rhodes217">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p217 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>


===Internacionalismo===
=== Internacionalismo ===

Antes mesmo que os bolcheviques tomaram o poder, Lenin proclamava em seus discursos que a Revolução era a vanguarda de uma revolução em todo o mundo, tanto internacional como socialista.<ref>[[Piers Brendon]], ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p11 ISBN 0-375-40881-9</ref> Os trabalhadores foram informados de que e eles eram a vanguarda do socialismo mundial; repetia-se constantemente o slogan "Trabalhadores do mundo, uni-vos!"<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 142 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Antes mesmo que os bolcheviques tomaram o poder, Lenin proclamava em seus discursos que a Revolução era a vanguarda de uma [[Revolução mundial|revolução em todo o mundo]], tanto internacional como socialista.<ref>[[Piers Brendon]], ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p11 ISBN 0-375-40881-9</ref> Os trabalhadores foram informados de que e eles eram a vanguarda do socialismo mundial; repetia-se constantemente o slogan "[[Trabalhadores do mundo, uni-vos!]]"<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 142 ISBN 0-674-01801-X</ref>

A [[República Socialista Federativa Soviética da Rússia]] usou o termo ''Rossiiskaya'', e não ''Russkaya'', para referi-lo à região em vez do [[Russos|grupo étnico]] e, assim, incluir todas as etnias.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 84 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Lenin fundou a organização [[Comintern]] para disseminar o Comunismo internacionalmente.<ref name="service270"/> Stalin passou a usá-lo a fim de promover o Comunismo no mundo inteiro para o benefício da URSS.<ref>Meirion and Susie Harries, ''Soldiers of the Sun: The Rise and Fall of the Imperial Japanese Army'' p 139-40 ISBN 0-394-56935-0</ref> Quando este tópico se tornou difícil para lidar com os [[Aliados da Segunda Guerra Mundial]], a Comintern foi dissolvida.<ref name="service270">Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 270 ISBN 0-674-01801-X</ref> Semelhantemente, o hino [[A Internacional]] foi abandonado.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 282 ISBN 0-674-01801-X</ref>
A [[República Socialista Federativa Soviética da Rússia]] usou o termo ''Rossiiskaya'', e não ''Russkaya'', para referi-lo à região em vez do grupo étnico e, assim, incluir todas as etnias.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 84 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Fez-se intensa propaganda dos prisioneiros de guerra japoneses antes de sua libertação, em 1949, para atuar como agentes [[soviéticos]].<ref>Meirion and Susie Harries, ''Soldiers of the Sun: The Rise and Fall of the Imperial Japanese Army'' p 469-70 ISBN 0-394-56935-0</ref>
Lenin fundou a organização [[Comintern]] para disseminar o Comunismo internacionalmente.<ref name="service270"/> Stalin passou a usá-lo a fim de promover o Comunismo no mundo inteiro para o benefício da URSS.<ref>Meirion and Susie Harries, ''Soldiers of the Sun: The Rise and Fall of the Imperial Japanese Army'' p 139-40 ISBN 0-394-56935-0</ref> Quando este tópico se tornou difícil para lidar com os Aliados na Segunda Guerra Mundial, a Comintern foi dissolvida.<ref name="service270">Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 270 ISBN 0-674-01801-X</ref> Semelhantemente, o hino [[A Internacional]] foi abandonado.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 282 ISBN 0-674-01801-X</ref>


=== Culto à personalidade ===
Fez-se intensa propaganda dos prisioneiros de guerra japoneses antes de sua libertação, em 1949, para atuar como agentes soviéticos.<ref>Meirion and Susie Harries, ''Soldiers of the Sun: The Rise and Fall of the Imperial Japanese Army'' p 469-70 ISBN 0-394-56935-0</ref>


Enquanto Lenin se sentia inconfortável com o [[culto à personalidade]] que surgiu em torno dele, o partido se aproveitou disso durante a [[Guerra Civil Russa|guerra civil]] e manteve após a sua morte.<ref>[[Richard Overy]], ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p107 ISBN 0-393-02030-4</ref> No início de 1918, escreveu-se uma biografia de Lenin, e [[busto]]s foram produzidos.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 93 ISBN 0-674-01801-X</ref> Com sua morte, o seu corpo embalsamado foi exibido (com a finalidade de explorar as crenças de que corpos de [[santo]]s [[Corpo incorrupto|não se decompunham]]), e álbuns de [[figurinha]]s sobre sua vida foram criados em grandes quantidades.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 153-4 ISBN 0-674-01801-X</ref>
===Culto à personalidade===
Enquanto Lenin se sentia inconfortável com o [[culto à personalidade]] que surgiu em torno dele, o partido se aproveitou disso durante a guerra civil e manteve após a sua morte.<ref>[[Richard Overy]], ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p107 ISBN 0-393-02030-4</ref> No início de 1918, escreveu-se uma biografia de Lenin, e [[busto]]s foram produzidos.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 93 ISBN 0-674-01801-X</ref> Com sua morte, o seu corpo embalsamado foi exibido (com a finalidade de explorar as crenças de que corpos de santos não se decompunham), e álbuns de figurinhas sobre sua vida foram criados em grandes quantidades.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 153-4 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Stalin se apresentava como um homem simples do povo, mas diferente da política cotidiana pelo seu papel único como líder.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p112-3 ISBN 0-393-02030-4</ref> A sua vestimenta era cuidadosamente selecionada para fortalecer esta imagem.<ref name="Robert Service p 198">Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 198 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Stalin se apresentava como um homem simples do povo, mas diferente da política cotidiana pelo seu papel único como líder.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p112-3 ISBN 0-393-02030-4</ref> A sua vestimenta era cuidadosamente selecionada para fortalecer esta imagem.<ref name="Robert Service p 198">Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 198 ISBN 0-674-01801-X</ref>
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A propaganda o apresentava como herdeiro de Lenin, exagerando suas relações, até que o culto a Lenin tivesse sido transferido para Stalin. Esse efeito foi exibido em cartazes onde, inicialmente, Lenin era a figura dominante sobre Stalin e, com o passar do tempo, foi tornando-se igual, menor e menos relevante, até que tivesse sido reduzido uma assinatura do livro em que mostrava Stalin lendo.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p114-5 ISBN 0-393-02030-4</ref> This occurred despite the historical accounts describing Stalin as insignificant, or even a "gray blur", in the early Revolution.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p10-1 ISBN 0-375-40881-9</ref> A partir do final dos anos 1920, até ter sido desmascarado na década de 60, ele era apresentado como o líder militar supremo da guerra civil.<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p55-6 ISBN 0-231-06350-4</ref> [[Stalingrado]] was renamed for him on the claim that he had single-handedly, and against orders, saved it in the civil war.<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p63 ISBN 0-231-06350-4</ref>
A propaganda o apresentava como herdeiro de Lenin, exagerando suas relações, até que o culto a Lenin tivesse sido transferido para Stalin. Esse efeito foi exibido em cartazes onde, inicialmente, Lenin era a figura dominante sobre Stalin e, com o passar do tempo, foi tornando-se igual, menor e menos relevante, até que tivesse sido reduzido uma assinatura do livro em que mostrava Stalin lendo.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p114-5 ISBN 0-393-02030-4</ref> This occurred despite the historical accounts describing Stalin as insignificant, or even a "gray blur", in the early Revolution.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p10-1 ISBN 0-375-40881-9</ref> A partir do final dos anos 1920, até ter sido desmascarado na década de 60, ele era apresentado como o líder militar supremo da guerra civil.<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p55-6 ISBN 0-231-06350-4</ref> [[Stalingrado]] was renamed for him on the claim that he had single-handedly, and against orders, saved it in the civil war.<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p63 ISBN 0-231-06350-4</ref>


Era frequentemente representado como o grande pai da "grande família" que era a nova União Soviética.<ref name="way22"/> As regulação sobre como exatamente retratar a imagem de Stalin e a escrita de sua vida eram promulgadas cuidadosamente.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p117 ISBN 0-393-02030-4</ref> Fatos inconvenientes, tais como ele ter pretendido cooperar com o governo czarista no seu retorno ao exílio, fora eliminado de sua biografia.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p10 ISBN 0-375-40881-9</ref>
Era frequentemente representado como o grande pai da "grande família" que era a nova União Soviética.<ref name="way22"/> As regulação sobre como exatamente retratar a imagem de Stalin e a escrita de sua vida eram promulgadas cuidadosamente <ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p117 ISBN 0-393-02030-4</ref> (''ver: [[Falsificações de fotografias na União Soviética]]''). Fatos inconvenientes, tais como ele ter pretendido cooperar com o governo czarista no seu retorno ao exílio, fora eliminado de sua biografia.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p10 ISBN 0-375-40881-9</ref>


Seu trabalho para a União Soviética era admirado com cantos para a "luz na janela do Kremlin".<ref name="R. Myers, p 86"/>
Seu trabalho para a União Soviética era admirado com cantos para a "luz na janela do Kremlin".<ref name="R. Myers, p 86"/>


Marx, Engels, Lenin e, acima de todos, Stalin apareciam com frequência em artes.<ref name="design"/>
[[Marx]], [[Engels]], Lenin e, acima de todos, Stalin apareciam com frequência em artes.<ref name="design"/>


Discussões sobre a constituição proposta nos anos 1930 incluíam efusivos agradecimentos ao "Camarada Stalin".<ref name="way171"/> Projetos de engenharia, como os canais, eram descritos como tivessem sido decretados pessoamente pelo Stalin.<ref>Lewis Siegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p209 ISBN 0-300-08480-3</ref> Os Jovens Pioneiros eram ordenados a lutarem pela "causa de Lenin e Stalin".<ref name="Andrei Sokolov p374"/> Durante os expurgos, ele aumentou suas aparições em público, tirando fotografias com crianças, pilotos e [[Stakhanovismo|''stakhanovistas'']] sendo saudado como a fonte da "vida feliz" e, de acordo com o "Pravda", andando de metrô com trabalhadores comuns.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p468-9 ISBN 0-375-40881-9</ref>
Discussões sobre a constituição proposta nos anos 1930 incluíam efusivos agradecimentos ao "[[Camarada]] Stalin".<ref name="way171"/> Projetos de engenharia, como os canais, eram descritos como tivessem sido decretados pessoamente pelo Stalin.<ref>Lewis Siegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p209 ISBN 0-300-08480-3</ref> Os Jovens Pioneiros eram ordenados a lutarem pela "causa de Lenin e Stalin".<ref name="Andrei Sokolov p374"/> Durante os expurgos, ele aumentou suas aparições em público, tirando fotografias com crianças, pilotos e [[Stakhanovismo|''stakhanovistas'']] sendo saudado como a fonte da "vida feliz" e, de acordo com o "Pravda", andando de metrô com trabalhadores comuns.<ref>Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p468-9 ISBN 0-375-40881-9</ref>


A propaganda foi eficaz.<ref name="brendon489"/> Muitas pessoas jovens que trabalhavam duro em construção idolatravam Stalin.<ref name="Robert Service p 198"/> Muitos optaram em acreditar que as as acusações feitas nos expurgos eram verdadeiras ao invés de crer que Stalin tivesse traído a revolução.<ref name="brendon489">Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p489-90 ISBN 0-375-40881-9</ref>
A propaganda foi eficaz.<ref name="brendon489"/> Muitas pessoas jovens que trabalhavam duro em construção idolatravam Stalin.<ref name="Robert Service p 198"/> Muitos optaram em acreditar que as as acusações feitas nos expurgos eram verdadeiras ao invés de crer que Stalin tivesse traído a revolução.<ref name="brendon489">Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p489-90 ISBN 0-375-40881-9</ref>


Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], esse culto à personalidade foi certamente fundamental para inspirar um nível profundo de compromisso das massas da União Soviética, seja no campo de batalha ou na produção industrial.<ref>Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p 259 ISBN 0-393-03925-0</ref> Stalin fez uma visita passageira à frente para que os propagandistas pudessem alegar que ele havia arriscado sua vida com os soldados da linha de frente.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 263 ISBN 0-674-01801-X</ref> Todavia, o culto diminuiu até que a chegada da vitoria estivesse próxima.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 289 ISBN 0-674-01801-X</ref> Como estava claro que a União Soviética venceria eventualmente a guerra, Stalin garantiu que a propaganda sempre mencionasse a sua liderança da guerra; os generais vitoriosos eram deixados de lado e nunca foram permitidos a se envolverem com rivais políticos.
Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], esse culto à personalidade foi certamente fundamental para inspirar um nível profundo de compromisso das massas da União Soviética, seja no campo de batalha ou na produção industrial.<ref>Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p 259 ISBN 0-393-03925-0</ref> Stalin fez uma visita passageira à [[Frente Oriental (Segunda Guerra Mundial)|frente de combate]] para que os propagandistas pudessem alegar que ele havia arriscado sua vida com os soldados da linha de frente.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 263 ISBN 0-674-01801-X</ref> Todavia, o culto diminuiu até que a chegada da vitoria estivesse próxima.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 289 ISBN 0-674-01801-X</ref> Como estava claro que a União Soviética venceria eventualmente a guerra, Stalin garantiu que a propaganda sempre mencionasse a sua liderança da guerra; os generais vitoriosos eram deixados de lado e nunca foram permitidos a se envolverem com rivais políticos.


Logo após a sua morte, foram feitos ataques ao "culto do indivíduo" - inicialmente velados e, posteriormente, abertamente - com o argumento de que a história se fez pelas massas.<ref name="service332"/>
Logo após a sua morte, foram feitos ataques ao "culto do indivíduo" - inicialmente velados e, posteriormente, abertamente - com o argumento de que a história se fez pelas massas.<ref name="service332"/>
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Embora liderasse os ataques contra o culto, Khrushchev, no entanto, buscou a publicidade e suas fotografias apareciam frequentemente nos jornais.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 347 ISBN 0-674-01801-X</ref>
Embora liderasse os ataques contra o culto, Khrushchev, no entanto, buscou a publicidade e suas fotografias apareciam frequentemente nos jornais.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 347 ISBN 0-674-01801-X</ref>


====Trotsky====
==== Trotsky ====
Assim que Stalin tomou o poder, Trotsky foi retratado em um culto de antipersonalidade. Isso começou com a afirmação de que ele não tinha se unido aos Bolcheviques até o final, depois de ter sido feito o planejamento da Revolução de Outubro.<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p133 ISBN 0-231-06350-4</ref>


Assim que Stalin tomou o poder, [[Trotsky]] foi retratado em um culto de antipersonalidade. Isso começou com a afirmação de que ele não tinha se unido aos Bolcheviques até o final, depois de ter sido feito o planejamento da [[Revolução de Outubro]].<ref>Roy Medvedev, ''Let History Judge'' p133 ISBN 0-231-06350-4</ref>
===Propaganda de extermínio===

Alguns historiadores acreditam que um importante objetivo da propaganda comunista era o de "justificar as [[Repressão política|repressões políticas]] de [[grupos sociais]] inteiros cujo Marxismo considerava antagônicos à classe [[proletariado|proletária]]"<ref name="Black">Nicolas Werth, Karel Bartošek, Jean-Louis Panné, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, [[Stéphane Courtois]], ''The [[O Livro Negro do Comunismo]]: Crimes, Terror, Repression'', [[Harvard University Press]], 1999, ISBN 0-674-07608-7</ref>, como nas campanhas de [[descossaquização]] ou [[deskulakização]].<ref name="reflections"/><ref name="Figes"/> [[Richard Pipes]] escreveu: "um dos principais objetivos da propaganda Comunista era provocar emoções políticas violentas contra os inimigos do regime".<ref>[[Richard Pipes]] (1993) "Russia Under the Bolshevik Regime", p. 309.</ref>
=== Propaganda de extermínio ===

Alguns historiadores acreditam que um importante objetivo da [[propaganda comunista]] era o de "justificar as [[Repressão política|repressões políticas]] de [[grupos sociais]] inteiros cujo Marxismo considerava antagônicos à classe [[proletariado|proletária]]"<ref name="Black">Nicolas Werth, Karel Bartošek, Jean-Louis Panné, Jean-Louis Margolin, Andrzej Paczkowski, [[Stéphane Courtois]], ''The [[O Livro Negro do Comunismo]]: Crimes, Terror, Repression'', [[Harvard University Press]], 1999, ISBN 0-674-07608-7</ref>, como nas campanhas de [[descossaquização]] ou [[deskulakização]].<ref name="reflections"/><ref name="Figes"/> [[Richard Pipes]] escreveu: "um dos principais objetivos da propaganda Comunista era provocar emoções políticas violentas contra os inimigos do regime".<ref>[[Richard Pipes]] (1993) "Russia Under the Bolshevik Regime", p. 309.</ref>


O meios mais eficazes de ser conseguir este objetivo "era a negação da humanidade das vítimas através do processo de [[desumanização]]", "a redução do inimigo real ou imaginário a um estado zoológico".<ref>Black Book, page 749.</ref> Em particular, [[Vladimir Lenin]] ordenou o extermínio dos inimigos como se fossem "insetos nocivos", "piolhos" e "parasitas".<ref name="Black"/>
O meios mais eficazes de ser conseguir este objetivo "era a negação da humanidade das vítimas através do processo de [[desumanização]]", "a redução do inimigo real ou imaginário a um estado zoológico".<ref>Black Book, page 749.</ref> Em particular, [[Vladimir Lenin]] ordenou o extermínio dos inimigos como se fossem "insetos nocivos", "piolhos" e "parasitas".<ref name="Black"/>
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Ele também ordenou usar o [[inimigo do povo]] como "cobaias" para [[Experimentação humana|experimentos com humanos]] no Instituto de Medicina Experimental da URSS, em 1933, que, de acordo com ele, seria "um verdadeiro serviço para a humanidade".<ref name="Black"/> Segundo o [[Livro Negro do Comunismo]], um exemplo de tal retórica de demonização animal eram os discursos proferidos pelo procurador do estado [[Andrey Vyshinsky]] durante as [[farsa judicial|farsas judiciais]] de Stalin. Disse ele sobre os suspeitos:<ref>Black Book, page 750.</ref>
Ele também ordenou usar o [[inimigo do povo]] como "cobaias" para [[Experimentação humana|experimentos com humanos]] no Instituto de Medicina Experimental da URSS, em 1933, que, de acordo com ele, seria "um verdadeiro serviço para a humanidade".<ref name="Black"/> Segundo o [[Livro Negro do Comunismo]], um exemplo de tal retórica de demonização animal eram os discursos proferidos pelo procurador do estado [[Andrey Vyshinsky]] durante as [[farsa judicial|farsas judiciais]] de Stalin. Disse ele sobre os suspeitos:<ref>Black Book, page 750.</ref>
:"Atirem nesses cães raivosos. Morte a essa turma que esconde os seus dentes ferozes e suas garras de águia do povo! Livrem-se daquele urubu do [[Trotsky]], de cuja boca sai um veneno sanguinário que empodrece os grandes ideais do Marxismo!... Eliminem esses animais abjetos! Vamos botar um fim de uma vez por todas a esses híbridos de porcos e raposas, esses cadáveres fedorentos! Vamos exterminar os cachorros-loucos do capitalismo, que querem quebrar a nossa nova nação Soviética! Empurremos o ódio bestial que eles trazem aos nossos líderes de volta para suas gargantas!"


{{Citação2|''Atirem nesses cães raivosos. Morte a essa turma que esconde os seus dentes ferozes e suas garras de águia do povo! Livrem-se daquele urubu do [[Trotsky]], de cuja boca sai um veneno sanguinário que empodrece os grandes ideais do Marxismo!... Eliminem esses animais abjetos! Vamos botar um fim de uma vez por todas a esses híbridos de porcos e raposas, esses cadáveres fedorentos! Vamos exterminar os cachorros-loucos do capitalismo, que querem quebrar a nossa nova nação Soviética! Empurremos o ódio bestial que eles trazem aos nossos líderes de volta para suas gargantas!}}
===Antirreligiosa===

=== Antirreligiosa ===

{{Principal|Religião na União Soviética}}
{{AP|vt=s|Perseguição aos Cristãos na União Soviética|}}

[[Imagem:Doloy prazdniki.jpg|thumb|"Abaixo os feriados religiosos!"]]
[[Imagem:Doloy prazdniki.jpg|thumb|"Abaixo os feriados religiosos!"]]

No início da revolução, a propaganda ateísta foi empurrada numa tentativa de extinguir a religião.<ref name="rhodes214"/> Considerando a religião mais como um inimigo de classe do que como um concorrente para a mente das pessoas, o governo aboliu as prerrogativas da Igreja Ortodoxa e fez dela alvo de ridicularização.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p271 ISBN 0-393-02030-4</ref> Incluíam-se desfiles antirreligiosos provocadores e artigos de jornais que geraram um efeito negativo, o que chocou profundamente a população.<ref>Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p214, 216 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref> Essas ações foram suspensas e substituídas por palestras e outros métodos mais intelectuais.<ref name="rhodes216">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p216 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>
No início da revolução, a propaganda ateísta foi empurrada numa tentativa de extinguir a [[religião]].<ref name="rhodes214"/> Considerando a religião mais como um inimigo de classe do que como um concorrente para a mente das pessoas, o governo aboliu as prerrogativas da [[Igreja Ortodoxa Russa]] e fez dela alvo de ridicularização.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p271 ISBN 0-393-02030-4</ref> Incluíam-se desfiles antirreligiosos provocadores e artigos de jornais que geraram um efeito negativo, o que chocou profundamente a população.<ref>Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p214, 216 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref> Essas ações foram suspensas e substituídas por palestras e outros métodos mais intelectuais.<ref name="rhodes216">Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p216 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref>


A [[Liga dos Ateus Militantes|Sociedade dos Sem-Deus]], organizada para tais objetivos, e as revistas ''[[Bezbozhnik (revista)|Bezbozhnik]]'' ({{lang-pt|"''O Ateu''"}}) e ''Bezbozhnik u Stanka'' ({{lang-pt|"''Os Ateus no Local de Trabalho''"}}) difundiam a propaganda ateísta.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p271-2 ISBN 0-393-02030-4</ref> A educação ateística era considerada uma tarefa essencial das escolas soviéticas.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p314-5, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> A ação, que tinha por objetivo acabar com o analfabetismo, foi dificultada pelas tentativas de se combiná-la com a educação ateística, o que provocou o afastamento dos camponeses e que eventualmente se reduziu.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p326, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>
A [[Liga dos Ateus Militantes|Sociedade dos Sem-Deus]], organizada para tais objetivos, e as revistas ''[[Bezbozhnik (revista)|Bezbozhnik]]'' ({{lang-pt|"''O Ateu''"}}) e ''Bezbozhnik u Stanka'' ({{lang-pt|"''Os Ateus no Local de Trabalho''"}}) difundiam a propaganda ateísta.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p271-2 ISBN 0-393-02030-4</ref> A educação ateística era considerada uma tarefa essencial das escolas soviéticas.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p314-5, ISBN 978-0-394-50242-7</ref> A ação, que tinha por objetivo acabar com o analfabetismo, foi dificultada pelas tentativas de se combiná-la com a educação ateística, o que provocou o afastamento dos camponeses e que eventualmente se reduziu.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p326, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>
Linha 217: Linha 257:
Proclamou-se um "Plano Quinquenal contra Deus", supostamente a pedido das massas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p74 ISBN 0-300-08480-3</ref> Virtudes cristãs, como a humildade e a ternura, foram ridicularizadas na imprensa com autodisciplina, lealdade ao partido, confiança no futuro e, em contrapartida, recomendando-se o ódio aos inimigos de classe.<ref name="Andrei Sokolov p75">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p75 ISBN 0-300-08480-3</ref> A propaganda antirreligiosa na Rússia foi um eventual sucesso, já que ela conseguiu reduzir as demonstrações públicas de religiões.<ref>{{citar periódico|último =David|primeiro =Powell|título=The Effectiveness of Soviet Anti-Religious Propaganda.|periódico=JStor|ano=1967|volume=3|número=31|páginas=366–80}}</ref> Em alguns aspectos, essa ação de remover a religião unificou e separou a Rússia ainda mais, haja vista que agora não havia mais similaridades e diferenças religiosas entre as pessoas por lá.
Proclamou-se um "Plano Quinquenal contra Deus", supostamente a pedido das massas.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p74 ISBN 0-300-08480-3</ref> Virtudes cristãs, como a humildade e a ternura, foram ridicularizadas na imprensa com autodisciplina, lealdade ao partido, confiança no futuro e, em contrapartida, recomendando-se o ódio aos inimigos de classe.<ref name="Andrei Sokolov p75">Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p75 ISBN 0-300-08480-3</ref> A propaganda antirreligiosa na Rússia foi um eventual sucesso, já que ela conseguiu reduzir as demonstrações públicas de religiões.<ref>{{citar periódico|último =David|primeiro =Powell|título=The Effectiveness of Soviet Anti-Religious Propaganda.|periódico=JStor|ano=1967|volume=3|número=31|páginas=366–80}}</ref> Em alguns aspectos, essa ação de remover a religião unificou e separou a Rússia ainda mais, haja vista que agora não havia mais similaridades e diferenças religiosas entre as pessoas por lá.


Muitos dos esforços antirreligiosos eram dedicados para promover a ciência em seu lugar.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p338, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>
Muitos dos [[Antirreligião|esforços antirreligiosos]] eram dedicados para promover a ciência em seu lugar.<ref>Richard Pipes, ''Russia Under the Bolshevik Regime'', p338, ISBN 978-0-394-50242-7</ref>


Durante o desmascaramento de um milagre - de uma Virgem que supostamente chorava lágrimas de sangue, mas que se mostrou ser água contaminada com líquidos multicoloridos que haviam sido despejados na estátua - foi oferecido ao público presente como prova da ciência, o que resultou na morte de dois cientistas por parte das massas.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p269 ISBN 0-393-02030-4</ref>
Durante o desmascaramento de um milagre - de uma Virgem que supostamente chorava lágrimas de sangue, mas que se mostrou ser água contaminada com líquidos multicoloridos que haviam sido despejados na estátua - foi oferecido ao público presente como prova da [[ciência]], o que resultou na morte de dois cientistas por parte das massas.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p269 ISBN 0-393-02030-4</ref>


O movimento "[[Igreja Viva]]" desprezava a hierarquia da [[Igreja Ortodoxa Russa]] e pregava que o socialismo era a forma moderna de Cristianismo; Trotsky insistiu no encorajamento deles em dividir a Igreja Ortodoxa.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 135 ISBN 0-674-01801-X</ref>
O movimento "[[Igreja Viva]]" desprezava a hierarquia da Igreja Ortodoxa Russa e pregava que o [[socialismo]] era a forma moderna de [[Cristianismo]]; Trotsky insistiu no encorajamento deles em dividir a Igreja Ortodoxa.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 135 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Durante a Segunda Guerra Mundial, a propaganda antirreligiosa havia sido desfeita; pela primeira vez, o "Pravda" escreveu a palavra "Deus" com letras maiúsculas, visto que a prática religiosa passou a ser efetivamente incentivada.<ref name="Overy68">Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p68 ISBN 0-393-03925-0</ref> Grande parte dessa nova propaganda era para destinada ao consumo externo, onde a crença religiosa estava desacreditada, com Roosevelt condenando o Nazismo e o Comunismo como sendo regimes ateístas que não permitiam a liberdade de consciência.<ref>Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p283 ISBN 0-393-03925-0</ref>
Durante a Segunda Guerra Mundial, a propaganda antirreligiosa havia sido desfeita; pela primeira vez, o "Pravda" escreveu a palavra "[[Deus]]" com letras maiúsculas, visto que a prática religiosa passou a ser efetivamente incentivada.<ref name="Overy68">Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p68 ISBN 0-393-03925-0</ref> Grande parte dessa nova propaganda era para destinada ao consumo externo, onde a crença religiosa estava desacreditada, com [[Roosevelt]] condenando o [[Nazismo]] e o [[Comunismo]] como sendo regimes ateístas que não permitiam a [[liberdade de consciência]].<ref>Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p283 ISBN 0-393-03925-0</ref>


===Anti-intelectualismo===
=== Anti-intelectualismo ===
Entre as campanhas contra a cultura burguesa e fazendo com que a ideologia da Ofensiva Socialista fosse inteligível às massas, com clichês e esteriótipos, um tom [[anti-intelectualismo|anti-intelectual]] cresceu na propaganda.<ref name="Andrei Sokolov p75"/> Líderes comunistas posavam como pessoas comuns sem qualquer interesse por assuntos como as belas artes e o balé, mesmo quando eles escolhiam seletivamente da [[cultura da classe trabalhadora]].<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 142-3 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Entre as campanhas contra a cultura [[burguesa]] e fazendo com que a ideologia da Ofensiva Socialista fosse inteligível às massas, com [[clichê]]s e [[estereótipo]]s, um tom [[anti-intelectualismo|anti-intelectual]] cresceu na propaganda.<ref name="Andrei Sokolov p75"/> Líderes comunistas posavam como pessoas comuns sem qualquer interesse por assuntos como as [[belas artes]] e o [[balé]], mesmo quando eles escolhiam seletivamente da [[cultura da classe trabalhadora]].<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 142-3 ISBN 0-674-01801-X</ref>
===Plutocracias===
Nos anos 1920, muita propaganda soviética para o mundo exterior apontava os países capitalistas como se fossem plutocracias, alegando que eles pretendiam destruir a União Soviética como o paraíso dos trabalhadores.<ref name="rhodes216"/> E que o capitalismo, por ser o responsável pelos males do mundo, era, portanto, fundamentalmente imoral.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p299 ISBN 0-393-02030-4</ref>


=== Plutocracias ===
O fascismo era exibido como um ataque terrorista do capital financeiro, vindo da [[pequena burguesia]] e dos camponeses médios, equivalente aos ''kulaks'', que foram os perdedores no processo histórico.<ref>R. J. B. Bosworth, ''Mussolini's Italy'', p134 ISBN 1-59420-078-5</ref>


Nos anos 1920, muita propaganda soviética para o mundo exterior apontava os países capitalistas como se fossem [[plutocracia]]s, alegando que eles pretendiam destruir a União Soviética como o paraíso dos trabalhadores.<ref name="rhodes216"/> E que o [[capitalismo]], por ser o responsável pelos males do mundo, era, portanto, fundamentalmente imoral.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p299 ISBN 0-393-02030-4</ref>
Durante as fases iniciais da Segunda Guerra Mundial, foi apresentado abertamente como uma guerra entre os capitalistas, que os enfraqueceria e permitiria o triunfo comunista, contanto que a união Soviética ficasse de fora.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p484 ISBN 0-393-02030-4</ref> Os partidos comunistas de todo mundo tinham sido instruídos a se oporem à guerra como se ela fosse um conflito entre estados capitalistas.<ref>[[Gerhard L. Weinberg]], ''Visions of Victory: The Hopes of Eight World War II Leaders'' p 100 ISBN 0-521-85254-4</ref>


O [[fascismo]] era exibido como um ataque [[terrorista]] do [[Capital (economia)|capital financeiro]], vindo da [[pequena burguesia]] e dos camponeses médios, equivalente aos ''[[kulak]]s'', que foram os perdedores no processo histórico.<ref>R. J. B. Bosworth, ''Mussolini's Italy'', p134 ISBN 1-59420-078-5</ref>
Depois da Segunda Guerra, os Estados Unidos da América foi apresentado como sendo um bastião da opressão imperialista, com o qual haveria uma rivalidade não violenta, como se o capitalismo se encontrava nos seus últimos estágios.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 362 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Durante as fases iniciais da Segunda Guerra Mundial, foi apresentado abertamente como uma guerra entre os capitalistas, que os enfraqueceria e permitiria o triunfo comunista, contanto que a união Soviética ficasse de fora.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p484 ISBN 0-393-02030-4</ref> Os [[Lista de partidos comunistas|partidos comunistas de todo mundo]] tinham sido instruídos a se oporem à guerra como se ela fosse um conflito entre estados capitalistas.<ref>[[Gerhard L. Weinberg]], ''Visions of Victory: The Hopes of Eight World War II Leaders'' p 100 ISBN 0-521-85254-4</ref>
===Anticzarista===

Campanhas contra a sociedade czarista continuaram efetivamente na história da União Soviética. Um discursante havia feito a recontagem de quantos homens tiveram de servir no exército imperial por vinte e cinco anos, e foi interrompido por um membro da plateia que disse que isso não importava, uma vez que eles possuíam comida e roupa.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p178 ISBN 0-300-08480-3</ref>
Depois da Segunda Guerra, os [[Estados Unidos da América]] foi apresentado como sendo um bastião da opressão [[imperialista]], com o qual haveria uma rivalidade não violenta, como se o capitalismo se encontrava nos seus últimos estágios.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 362 ISBN 0-674-01801-X</ref>

=== Anticzarista ===

Campanhas contra a sociedade [[czarista]] continuaram efetivamente na [[história da União Soviética]]. Um discursante havia feito a recontagem de quantos homens tiveram de servir no exército imperial por vinte e cinco anos, e foi interrompido por um membro da plateia que disse que isso não importava, uma vez que eles possuíam comida e roupa.<ref>Lewis Stegelbaum and Andrei Sokolov, ''Stalinism As A Way Of Life'', p178 ISBN 0-300-08480-3</ref>


As crianças foram informadas de que o "passado amaldiçoado" havia sido deixado para trás e que elas poderiam se tornar completamente "Vermelhas".<ref name="way356"/>
As crianças foram informadas de que o "passado amaldiçoado" havia sido deixado para trás e que elas poderiam se tornar completamente "Vermelhas".<ref name="way356"/>


===Antipolonesa===
=== Antipolonesa ===


Um exemplo de propaganda antipolonesa do período da [[Guerra Polonesa-Soviética]] é o pôster.
Um exemplo de propaganda antipolonesa do período da [[Guerra Polonesa-Soviética]] é o pôster.
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A propaganda foi usada durante a [[Invasão soviética da Polônia]] e também na [[Territórios polacos anexados pela União Soviética|anexação da Polônia Oriental, em 1939 a 1941]].<ref>[http://researchteacher.com/the-soviet-invasion-of-poland/ The Soviet Invasion of Poland and Historical Memory]</ref>
A propaganda foi usada durante a [[Invasão soviética da Polônia]] e também na [[Territórios polacos anexados pela União Soviética|anexação da Polônia Oriental, em 1939 a 1941]].<ref>[http://researchteacher.com/the-soviet-invasion-of-poland/ The Soviet Invasion of Poland and Historical Memory]</ref>


===Guerra espanhola===
=== Guerra espanhola ===

Vários escritores e artistas comunistas e soviéticos participaram da guerra ([[Mikhail Koltsov]], [[Ilya Ehrenburg]]) ou apoiaram os republicanos. O poema popular revolucionário "Grenada", de [[Mikhail Arkadyevich Svetlov]], foi publicado já em 1926.
Vários escritores e artistas comunistas e [[soviéticos]] participaram da [[guerra civil espanhola]] ([[Mikhail Koltsov]], [[Ilya Ehrenburg]]) ou apoiaram os [[Segunda República Espanhola|republicanos]]. O [[poema]] popular revolucionário "Grenada", de [[Mikhail Arkadyevich Svetlov]], foi publicado já em 1926.

=== Segunda Guerra Mundial ===

==== Propaganda antinazista pré-guerra ====


===Segunda Guerra Mundial===
====Propaganda antinazista pré-guerra====
Os filmes [[Professor Mamlock (filme de 1938)|''Professor Mamlock'']] e [[The Oppenheim Family (filme de 1939)|''A Família Oppenheim'']] foram lançados em 1938 e 1939, respectivamente.
Os filmes [[Professor Mamlock (filme de 1938)|''Professor Mamlock'']] e [[The Oppenheim Family (filme de 1939)|''A Família Oppenheim'']] foram lançados em 1938 e 1939, respectivamente.


====Pacto Molotov-Ribbentrop====
==== Pacto Molotov-Ribbentrop ====

Diante do enorme estado de confusão pelo qual passava a União Soviética, o [[Pacto Molotov-Ribbentrop]] foi defendido pelo ministro das Relações Exteriores em Gorky Park.<ref name="brendon683">Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p683 ISBN 0-375-40881-9</ref> Molotov defendeu-o em um artigo do ''[[Pravda]]'', declarando que era um tratado entre estados, não entre sistemas.<ref name="brendon683"/> O próprio Stalin criou diagramas para mostrar que Chamberlain queria colocar a URSS contra a Alemanha Nazista, mas o Camarada Stalin sabiamentetinha colocado a Grã-Bretanha contra a Alemanha Nazista.<ref name="brendon683"/>
{{AP|vt=s|Negociações sobre a adesão da União Soviética ao Eixo}}

Diante do enorme estado de confusão pelo qual passava a União Soviética, o [[Pacto Molotov-Ribbentrop]] foi defendido pelo ministro das Relações Exteriores em [[Gorky]].<ref name="brendon683">Piers Brendon, ''The Dark Valley: A Panorama of the 1930s'', p683 ISBN 0-375-40881-9</ref> Molotov defendeu-o em um artigo do ''[[Pravda]]'', declarando que era um tratado entre estados, não entre sistemas.<ref name="brendon683"/> O próprio Stalin criou diagramas para mostrar que [[Neville Chamberlain]] queria colocar a URSS contra a [[Alemanha Nazista]], mas o [[Camarada]] Stalin sabiamente tinha colocado a [[Grã-Bretanha]] contra a Alemanha Nazista.<ref name="brendon683"/>


Durante o período do pacto, os propagandistas elogiavam grandemente os alemães.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 284 ISBN 0-674-01801-X</ref> As propagandas antialemães e antinazistas, como o filme ''Professor Mamlock'', foram banidas.
Durante o período do pacto, os propagandistas elogiavam grandemente os alemães.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 284 ISBN 0-674-01801-X</ref> As propagandas antialemães e antinazistas, como o filme ''Professor Mamlock'', foram banidas.


====Antialemã====
==== Antialemã ====
Em um programa transmitido em 1941, Stalin declarou que a Alemanha empreendeu uma guerra para exterminar os povos da URSS.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p483 ISBN 0-393-02030-4</ref> Uma propaganda publicada no ''Pravda'' acusava todos os alemães de serem assassinos, parasitas e canibais, e muito jogo de cena era feito das supostas atrocidades.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p516 ISBN 0-393-02030-4</ref> O ódio era promovido aberta e publicamente.<ref name="Overy68"/> Eles foram informados de que os alemães não capturaram quaisquer prisioneiros.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p518 ISBN 0-393-02030-4</ref> Os guerrilheiros eram encorajados a se verem como vingadores.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p521 ISBN 0-393-02030-4</ref> [[Ilya Ehrenburg]] foi um notável articulista da propaganda.


Em um programa transmitido em 1941, Stalin declarou que a Alemanha empreendeu uma guerra para exterminar os povos da URSS.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p483 ISBN 0-393-02030-4</ref> Uma propaganda publicada no ''Pravda'' acusava todos os alemães de serem assassinos, parasitas e canibais, e muito jogo de cena era feito das supostas atrocidades.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p516 ISBN 0-393-02030-4</ref> O ódio era promovido aberta e publicamente.<ref name="Overy68"/> Eles foram informados de que os alemães não capturaram quaisquer prisioneiros.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p518 ISBN 0-393-02030-4</ref> Os [[guerrilheiro]]s eram encorajados a se verem como vingadores.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p521 ISBN 0-393-02030-4</ref> [[Ilya Ehrenburg]] foi um notável articulista da propaganda.
Muitos filmes antialemães no período do Nazismo giravam em torno da perseguição aos judeus na Alemanha, tais como ''[[Professor Mamlock (filme de 1938)|Professor Mamlock]]'' e ''A Família Oppenheim''.<ref name="rhodes216"/> ''[[Moça Nº 217]]'' retratou os horrores das punições sobre os prisioneiros de guerra russos, em especial a escravização da personagem principal Tanya por uma família alemã desumana,<ref name="affinity">"[http://www.filmaffinity.com/en/film633871.html Girl No. 217]"</ref> mostrando o tratamento cruel dado aos ''[[ostarbeiter]]s'' (trabalhadores da Europa centro-oriental) na Alemanha Nazista.

Muitos filmes antialemães no período do [[Nazismo]] giravam em torno da perseguição aos [[judeu]]s na Alemanha, tais como ''[[Professor Mamlock (filme de 1938)|Professor Mamlock]]'' e ''A Família Oppenheim''.<ref name="rhodes216"/> ''[[Moça Nº 217]]'' retratou os horrores das punições sobre os [[prisioneiros de guerra]] russos, em especial a escravização da personagem principal Tanya por uma família alemã desumana,<ref name="affinity">"[http://www.filmaffinity.com/en/film633871.html Girl No. 217]"</ref> mostrando o tratamento cruel dado aos ''[[ostarbeiter]]s'' (trabalhadores da Europa centro-oriental) na Alemanha Nazista.


Apesar do próprio tratamento dado à religião, permitiu-se o renascimento da Igreja Ortodoxa durante a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de demonizar o Nazismo como sendo o único inimigo da religião.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p277 ISBN 0-393-02030-4</ref>
Apesar do próprio tratamento dado à religião, permitiu-se o renascimento da Igreja Ortodoxa durante a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de demonizar o Nazismo como sendo o único inimigo da religião.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p277 ISBN 0-393-02030-4</ref>
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[[Vasily Grossman]] e [[Mikhail Arkadyevich Svetlov]] eram os correspondentes do jornal militar russo ''[[Krasnaya Zvezda (jornal)|''Estrela Vermelha'']]'' ({{lang-en|''Krasnaya Zvezda''}}).
[[Vasily Grossman]] e [[Mikhail Arkadyevich Svetlov]] eram os correspondentes do jornal militar russo ''[[Krasnaya Zvezda (jornal)|''Estrela Vermelha'']]'' ({{lang-en|''Krasnaya Zvezda''}}).


=====Alemanha vs. Hitleristas=====
===== Alemanha vs. Hitleristas =====

A propaganda soviética destinada aos alemães durante a Segunda Guerra Mundial teve o cuidado em distinguir os alemães comuns de seus líderes, os hitleristas, e declarar que não tinham desavenças com o povo.<ref>Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p222, 158 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref> A única maneira de descobrir se um soldado alemão havia caído vivo em mãos soviéticas era escutar; o rádio iria anunciar que um certo prisioneiro falaria, dando então algum tempo para que sua família se reunisse e o ouvisse, intervalo que era preenchido com propaganda.<ref name="rhodes224"/> Um [[Comitê Nacional por uma Alemanha Livre]] foi fundado em campos de prisioneiros de guerra na União Soviética numa tentativa de promover uma revolta na Alemanha.<ref>Michael Balfour, ''Propaganda in War 1939-1945: Organisation, Policies and Publics in Britain and Germany'', p359 ISBN 0-7100-0193-2</ref>
A propaganda soviética destinada aos alemães durante a Segunda Guerra Mundial teve o cuidado em distinguir os alemães comuns de seus líderes, os hitleristas, e declarar que não tinham desavenças com o povo.<ref>Anthony Rhodes, ''Propaganda: The art of persuasion: World War II'', p222, 158 1976, Chelsea House Publishers, New York</ref> A única maneira de descobrir se um soldado alemão havia caído vivo em mãos soviéticas era escutar; o rádio iria anunciar que um certo prisioneiro falaria, dando então algum tempo para que sua família se reunisse e o ouvisse, intervalo que era preenchido com propaganda.<ref name="rhodes224"/> Um [[Comitê Nacional por uma Alemanha Livre]] foi fundado em campos de prisioneiros de guerra na União Soviética numa tentativa de promover uma revolta na Alemanha.<ref>Michael Balfour, ''Propaganda in War 1939-1945: Organisation, Policies and Publics in Britain and Germany'', p359 ISBN 0-7100-0193-2</ref>


====Antifascismo====
==== Antifascismo ====
O antifascismo foi muito empregado na propaganda voltada para o exterior durante a década de 1930, particularmente com o objetivo de atrair pessoas para organizações de fachada.<ref>[[Alan Riding]], ''And the Show Went On: Cultural Life in Nazi-Occupied Paris'' p 22 ISBN 978-0-307-26897-6</ref>
A [[Guerra Civil Espanhola]], em particular, foi utilizada para sufocar a dissidência entre os partidos comunistas europeus e suprimir reportagens sobre o crescente totalitarismo de Stalin.<ref>Alan Riding, ''And the Show Went On: Cultural Life in Nazi-Occupied Paris'' p 24 ISBN 978-0-307-26897-6</ref>


O [[antifascismo]] foi muito empregado na propaganda voltada para o exterior durante a década de 1930, particularmente com o objetivo de atrair pessoas para [[organizações de fachada]].<ref>[[Alan Riding]], ''And the Show Went On: Cultural Life in Nazi-Occupied Paris'' p 22 ISBN 978-0-307-26897-6</ref>
====Nacionalista====
A [[Guerra Civil Espanhola]], em particular, foi utilizada para sufocar a [[dissidência]] entre os partidos comunistas europeus e suprimir reportagens sobre o crescente [[totalitarismo]] de Stalin.<ref>Alan Riding, ''And the Show Went On: Cultural Life in Nazi-Occupied Paris'' p 24 ISBN 978-0-307-26897-6</ref>
Diante da ameaça nazista, as reivindicações internacionais do Comunismo foram minimizadas, e as pessoas eram encorajadas a ajudarem a defender o país por motivos patrióticos.<ref name="rhodes217"/> A presença de um inimigo real foi usada para inspirar ações e a produção em face da ameaça ao [[Stalin|Pai da União Soviética]] ou à [[Nacionalismo russo|Mãe Rússia]].<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p503 ISBN 0-393-02030-4</ref> Todos os cidadãos soviéticos foram chamados para lutar, e os soldados que se rendiam haviam fracassado ao cumprir o seu dever.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p515-6 ISBN 0-393-02030-4</ref> Para prevenir as fugas de Stalingrado, soldados eram instigados a lutarem pela terra.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p535 ISBN 0-393-02030-4</ref>

==== Nacionalista ====

Diante da ameaça nazista, as reivindicações internacionais do Comunismo foram minimizadas, e as pessoas eram encorajadas a ajudarem a defender o país por motivos patrióticos.<ref name="rhodes217"/> A presença de um inimigo real foi usada para inspirar ações e a produção em face da ameaça ao [[Stalin|Pai da União Soviética]] ou à [[Mãe Rússia]].<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p503 ISBN 0-393-02030-4</ref> Todos os cidadãos [[soviéticos]] foram chamados para lutar, e os soldados que se rendiam haviam fracassado ao cumprir o seu dever.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p515-6 ISBN 0-393-02030-4</ref> Para prevenir as fugas de [[Stalingrado]], soldados eram instigados a lutarem pela terra.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p535 ISBN 0-393-02030-4</ref>


A história russa era pressionada a produzir um passado heroico e símbolos patrióticos, ainda que de forma seletiva. Por exemplo, homenageando os homens como construtores do estado.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p559 ISBN 0-393-02030-4</ref> O filme ''[[Alexander Nevsky (filme)|Alexander Nevsky]]'' fez de sua temática principal a importância de pessoas comuns em salvar a Rússia, enquanto que os nobres e comercientas nada fizeram, assunto que foi intensamente aproveitado.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p558 ISBN 0-393-02030-4</ref> Entretanto, os personagens exibidos não possuíam nenhuma conexão com o socialismo.<ref name="Overy68"/> Os artistas e escritores tiveram mais liberdade, contanto que não criticassem o Marxismo diretamente e que contivessem temas patrióticos.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 281 ISBN 0-674-01801-X</ref> Isso ficou conhecido como "[[Grande Guerra Patriótica|A Grande Guerra Patriótica]]" e as histórias apresentaram-na como uma luta de heroísmo das pessoas comuns.<ref name="Richard Overy p 291">Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p 291 ISBN 0-393-03925-0</ref>
A história russa era pressionada a produzir um passado heroico e símbolos patrióticos, ainda que de forma seletiva. Por exemplo, homenageando os homens como construtores do estado.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p559 ISBN 0-393-02030-4</ref> O filme ''[[Alexander Nevsky (filme)|Alexander Nevsky]]'' fez de sua temática principal a importância de pessoas comuns em salvar a Rússia, enquanto que os nobres e comercientas nada fizeram, assunto que foi intensamente aproveitado.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p558 ISBN 0-393-02030-4</ref> Entretanto, os personagens exibidos não possuíam nenhuma conexão com o socialismo.<ref name="Overy68"/> Os artistas e escritores tiveram mais liberdade, contanto que não criticassem o Marxismo diretamente e que contivessem temas patrióticos.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 281 ISBN 0-674-01801-X</ref> Isso ficou conhecido como "[[Grande Guerra Patriótica|A Grande Guerra Patriótica]]" e as histórias apresentaram-na como uma luta de heroísmo das pessoas comuns.<ref name="Richard Overy p 291">Richard Overy, ''Why the Allies Won'', p 291 ISBN 0-393-03925-0</ref>


O termo "pátria" era usado para designar [[Povo soviético|a União Soviética]], e, enquanto heróis russos eram ressuscitados, os heróis soviéticos passaram a ser bastante utilizados também.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p559-60 ISBN 0-393-02030-4</ref> Houve apelos de que os lugares de outras nacionalidades eram também as suas próprias casas.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 283 ISBN 0-674-01801-X</ref>
O termo "pátria" era usado para designar a União Soviética, e, enquanto heróis russos eram ressuscitados, os heróis soviéticos passaram a ser bastante utilizados também.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p559-60 ISBN 0-393-02030-4</ref> Houve apelos de que os lugares de outras nacionalidades eram também as suas próprias casas.<ref>Robert Service, ''A History of Modern Russia, from Nicholas II to Putin'' p 283 ISBN 0-674-01801-X</ref>


Vários cidadãos soviéticos achavam que o tratamento dado aos soldados que haviam caído em mãos inimigas, considerados "traidores da Pátria", era apropriado para a sua severa determinação, e a filosofia do "nenhum passo para trás" inspirava soldados a lutarem com heroísmo e sacrifício próprio.<ref name="Richard Overy p 291"/>
Vários cidadãos soviéticos achavam que o tratamento dado aos soldados que haviam caído em mãos inimigas, considerados "traidores da Pátria", era apropriado para a sua severa determinação, e a filosofia do "nenhum passo para trás" inspirava soldados a lutarem com heroísmo e sacrifício próprio.<ref name="Richard Overy p 291"/>
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[[Imagem:Propaganda Leaflet 1941-44.jpg|thumb|250px|Panfleto de propaganda da Segunda Guerra Mundial que caiu de um avião soviético em território finlandês, insistindo que os soldados finlandeses se rendessem. Tamanho: 95mm*125mm]]
[[Imagem:Propaganda Leaflet 1941-44.jpg|thumb|250px|Panfleto de propaganda da Segunda Guerra Mundial que caiu de um avião soviético em território finlandês, insistindo que os soldados finlandeses se rendessem. Tamanho: 95mm*125mm]]
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{{See also|Influência soviética no movimento de paz|Medidas ativas}}
Trotsky e um pequeno grupo de comunistas consideravam que a União Soviética estaria condenada, caso não houvesse uma difusão internacional do Comunismo.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p25-6 ISBN 0-393-02030-4</ref> Contudo, a vitória de Stalin, o qual considerava a construção do socialismo na União Soviética como um modelo necessário para o resto do mundo e que representava a visão da maioria<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p38 ISBN 0-393-02030-4</ref>, não pôs fim à propaganda internacional.


{{AP|vt=s|Influência soviética no movimento de paz|Medidas ativas}}
Na década de 1980, a CIA havia estimado que o orçamento da propaganda soviética no exterior estava entre os 3.5-4.0 bilhões de dólares.<ref name=Staar>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.75</ref>

Trotsky e um pequeno grupo de comunistas consideravam que a União Soviética estaria condenada, caso não houvesse uma difusão internacional do Comunismo.<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p25-6 ISBN 0-393-02030-4</ref> Contudo, a vitória de Stalin, o qual considerava a [[Socialismo em um único país|construção do socialismo na União Soviética]] como um modelo necessário para o resto do mundo e que representava a visão da maioria<ref>Richard Overy, ''The Dictators: Hitler's Germany, Stalin's Russia'', p38 ISBN 0-393-02030-4</ref>, não pôs fim à propaganda internacional.

Na década de 1980, a [[CIA]] havia estimado que o orçamento da propaganda soviética no exterior estava entre os 3.5-4.0 bilhões de [[dólar]]es.<ref name=Staar>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.75</ref>


A propaganda externa foi parcialmente conduzida por agências de inteligência soviéticas. Só o [[GRU]] gastou mais que $1 bilhão com propaganda e [[Movimento pacifista|movimentos de paz]] contra a [[Guerra do Vietnam]], que foi uma "campanha altamente sucedida e cujo custo valeu a pena", de acordo com o desertor do [[GRU|Departamento Central de Inteligencia]] [[Stanislav Lunev]].<ref name="Lunev">[[Stanislav Lunev]]. ''Through the Eyes of the Enemy: The Autobiography of Stanislav Lunev'', Regnery Publishing, Inc., 1998. ISBN 0-89526-390-4</ref> Ele afirmou que "o GRU e a KGB ajudaram a financiar praticamente todos os [[movimento pacifista]]s e organizações na América e no exterior".<ref name="Lunev"/>
A propaganda externa foi parcialmente conduzida por agências de inteligência soviéticas. Só o [[GRU]] gastou mais que $1 bilhão com propaganda e [[Movimento pacifista|movimentos de paz]] contra a [[Guerra do Vietnam]], que foi uma "campanha altamente sucedida e cujo custo valeu a pena", de acordo com o desertor do [[GRU|Departamento Central de Inteligencia]] [[Stanislav Lunev]].<ref name="Lunev">[[Stanislav Lunev]]. ''Through the Eyes of the Enemy: The Autobiography of Stanislav Lunev'', Regnery Publishing, Inc., 1998. ISBN 0-89526-390-4</ref> Ele afirmou que "o GRU e a KGB ajudaram a financiar praticamente todos os [[movimento pacifista]]s e organizações na América e no exterior".<ref name="Lunev"/>


Segundo [[Oleg Kalugin]]:
Segundo [[Oleg Kalugin]], "a inteligência soviética era realmente incomparável. ... Os programas da KGB -- que executariam todos os tipos de [[congresso]]s, congressos de paz, congressos juvenis, [[festival|festivais]], [[movimentos feministas]], movimentos de [[sindicatos]], campanhas contra os mísseis americanos na Europa, contra as [[Bomba de nêutrons|armas neutrônicas]], alegações de que a AIDS ... tinha sido inventada pela CIA ... todos os tipos de falsificações e materiais adulterados -- eram destinados a políticos, à comunidade acadêmica, ao público em geral".<ref name="Kalugin">{{Citar web |url=http://www3.cnn.com/SPECIALS/cold.war/episodes/21/interviews/kalugin/ |titulo=Interview of Oleg Kalugin on CNN |acessodata=2007-06-27 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070627183623/http://www3.cnn.com/SPECIALS/cold.war/episodes/21/interviews/kalugin/ |arquivodata=2007-06-27 |urlmorta=yes }}</ref>

{{Citação2|''A inteligência soviética era realmente incomparável. ... Os programas da ''[[KGB]]'' -- que executariam todos os tipos de ''[[congresso]]s,'' congressos de paz, congressos juvenis, ''[[festival|festivais]], [[movimentos feministas]],'' movimentos de ''[[sindicatos]],'' campanhas contra os mísseis americanos na Europa, contra as ''[[Bomba de nêutrons|armas neutrônicas]],'' alegações de que a AIDS ... tinha sido inventada pela CIA ... todos os tipos de falsificações e materiais adulterados -- eram destinados a políticos, à comunidade acadêmica, ao público em geral.''<ref name="Kalugin">{{Citar web |url=http://www3.cnn.com/SPECIALS/cold.war/episodes/21/interviews/kalugin/ |titulo=Interview of Oleg Kalugin on CNN |acessodata=2007-06-27 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070627183623/http://www3.cnn.com/SPECIALS/cold.war/episodes/21/interviews/kalugin/ |arquivodata=2007-06-27 |urlmorta=yes }}</ref>}}


Os movimentos dirigidos pelos soviéticos fingiam ter pouca ou nenhuma ligação com a URSS; eram vistos frequentemente como não comunistas (ou aliados a esses grupos), quando na verdade eram controlados pela URSS.<ref name=Staar79>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.79</ref> Grande parte dos membros e apoiadores, denominados "[[Idiota útil|idiotas úteis]]", não percebiam que eram instrumentos de resistência da propaganda soviética.<ref name=Staar79/><ref name=Staar84>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.84</ref> As organizações visavam convencer os ocidentais bem-intencionados, porém ingênuos, a apoiarem os objetivos claros e obscuros dos soviéticos.<ref name=Staar86>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.86</ref> Em uma audiência do Congresso dos EUA, a respeito de operações soviéticas de encobertamento, uma testemunha descreveu os objetivos de tais organizações: "espalhar os temas da propaganda soviética e criar a falsa impressão de apoio público às políticas externas da União Soviética."<ref name=Staar84/>
Os movimentos dirigidos pelos soviéticos fingiam ter pouca ou nenhuma ligação com a URSS; eram vistos frequentemente como não comunistas (ou aliados a esses grupos), quando na verdade eram controlados pela URSS.<ref name=Staar79>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.79</ref> Grande parte dos membros e apoiadores, denominados "[[Idiota útil|idiotas úteis]]", não percebiam que eram instrumentos de resistência da propaganda soviética.<ref name=Staar79/><ref name=Staar84>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.84</ref> Por meio de [[Medidas ativas]], as organizações visavam convencer os ocidentais bem-intencionados, porém ingênuos, a apoiarem os objetivos claros e obscuros dos soviéticos.<ref name=Staar86>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.86</ref> Em uma audiência do Congresso dos EUA, a respeito de operações soviéticas de encobertamento, uma testemunha descreveu os objetivos de tais organizações: "espalhar os temas da propaganda soviética e criar a falsa impressão de apoio público às políticas externas da União Soviética."<ref name=Staar84/>


Boa parte dos movimentos de paz dirigidos pelos soviéticos eram supervisionados pelo [[World Peace Council|Conselho Mundial da Paz]].<ref name=Staar79/><ref name=Staar84/> Outras organizações importantes incluíam a [[World Federation of Trade Unions|Federação Sindical Mundial]], a [[Federação Mundial da Juventude Democrática]] e a [[International Union of Students|União Internacional de Estudantes]].<ref name=Staar84/> Organizações menos importantes incluíam: Organização de Solidariedade do Povo Afro-Asiático, [[Christian Peace Conference|Conferência Cristã da Paz]], [[International Association of Democratic Lawyers|Associação Internacional de Advogados Democráticos]], Federação Internacional de Movimentos de Resistência, [[International Institute for Peace|Instituto Internacional pela Paz]], [[International Organization of Journalists|Organização Internacional de Jornalistas]], [[Federação Democrática Internacional das Mulheres]] e [[World Federation of Scientific Workers|Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos]].<ref name=Staar80-81>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.80-81</ref> Existiam numerosas organizações menores afiliadas com as frentes citadas acima.<ref name=Staar86/><ref name=Staar82-83>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.82-83</ref>
Boa parte dos movimentos de paz dirigidos pelos soviéticos eram supervisionados pelo [[World Peace Council|Conselho Mundial da Paz]].<ref name=Staar79/><ref name=Staar84/> Outras organizações importantes incluíam a [[World Federation of Trade Unions|Federação Sindical Mundial]], a [[Federação Mundial da Juventude Democrática]] e a [[International Union of Students|União Internacional de Estudantes]].<ref name=Staar84/> Organizações menos importantes incluíam: Organização de Solidariedade do Povo Afro-Asiático, [[Christian Peace Conference|Conferência Cristã da Paz]], [[International Association of Democratic Lawyers|Associação Internacional de Advogados Democráticos]], Federação Internacional de Movimentos de Resistência, [[International Institute for Peace|Instituto Internacional pela Paz]], [[International Organization of Journalists|Organização Internacional de Jornalistas]], [[Federação Democrática Internacional das Mulheres]] e [[World Federation of Scientific Workers|Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos]].<ref name=Staar80-81>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.80-81</ref> Existiam numerosas organizações menores afiliadas com as frentes citadas acima.<ref name=Staar86/><ref name=Staar82-83>Richard Felix Staar, ''[http://books.google.com/books?id=Hvv7U15xCtMC&source=gbs_navlinks_s Foreign policies of the Soviet Union]'', Hoover Press, 1991, ISBN 0-8179-9102-6, p.82-83</ref>
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A propaganda contra os Estados Unidos incluíam as seguintes ações:<ref name="Mitrokhin">Mitrokhin, Vasili, Christopher Andrew (2000). ''The Mitrokhin Archive: The KGB in Europe and the West''. Gardners Books. ISBN 0-14-028487-7.</ref>
A propaganda contra os Estados Unidos incluíam as seguintes ações:<ref name="Mitrokhin">Mitrokhin, Vasili, Christopher Andrew (2000). ''The Mitrokhin Archive: The KGB in Europe and the West''. Gardners Books. ISBN 0-14-028487-7.</ref>

*Promoção de falsas teorias sobre o [[Teorias conspiratórias sobre o assassinato de John F. Kennedy|assassinato de John F. Kennedy]], alegadamente usando o escritor [[Mark Lane (autor)|Mark Lane]].
*Promoção de falsas teorias sobre o [[Teorias conspiratórias sobre o assassinato de John F. Kennedy|assassinato de John F. Kennedy]], alegadamente usando o escritor [[Mark Lane (autor)|Mark Lane]].
*Desacreditar a CIA através do historiador [[Philip Agee]] (com codinome PONT).
*Desacreditar a CIA através do historiador [[Philip Agee]] (com codinome PONT).
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*Tentativas de desacreditar [[Martin Luther King, Jr.]] através de publicações retratando-o como um "[[Uncle Tom]]", que secretamente recebia subsídios do governo.
*Tentativas de desacreditar [[Martin Luther King, Jr.]] através de publicações retratando-o como um "[[Uncle Tom]]", que secretamente recebia subsídios do governo.
*Incitando tensões raciais nos Estados Unidos com o envio de cartas falsas da [[Ku Klux Klan]] e espalhando teorias conspiratórias de que o [[assassinato de Martin Luther King Jr.]] havia sido planejado pelo governo norte-americano.
*Incitando tensões raciais nos Estados Unidos com o envio de cartas falsas da [[Ku Klux Klan]] e espalhando teorias conspiratórias de que o [[assassinato de Martin Luther King Jr.]] havia sido planejado pelo governo norte-americano.
*Fabricação da história de que o [[HIV|vírus da AIDS]] foi [[Operação INFEKTION|manufaturado por cientistas dos EUA]] em [[Fort Detrick]]; a história foi espalhada pelo biólogo russo [[Jakob Segal]].
*[[Operação INFEKTION]]: fabricação da história de que o [[HIV|vírus da AIDS]] foi manufaturado por cientistas dos EUA em [[Fort Detrick]]; a história foi espalhada pelo biólogo russo [[Jakob Segal]].
*O jornal propagandístico [[Soviet Weekly]] foi publicado no Reino Unido.
*O jornal propagandístico [[Soviet Weekly]] foi publicado no Reino Unido.
*[[Sputnik (revista soviética)|Sputnik]] era uma revista mensal editada na União Soviética em muitos idiomas, incluindo o inglês.
*[[Sputnik (revista soviética)|Sputnik]] era uma revista mensal editada na União Soviética em muitos idiomas, incluindo o inglês.


==Ver também==
== Ver também ==
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{{Commons category|Propaganda of the Soviet Union}}
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*[[Novo homem soviético]]
*[[Novo homem soviético]]


== Leitura complementar ==
==Refêrencias==

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* [[Jacques Ellul|Ellul, Jacques]]. ''Propaganda: The Formation of Men's Attitudes''. Trans. Konrad Kellen & Jean Lerner. New York: Knopf, 1965. New York: Random House/ Vintage 1973

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== Ligações externas ==


==Ligações externas==
*[http://www.allworldwars.com/Russian%20WWII%20Propaganda%20Posters.html Soviet World War II Propaganda Posters]
*[http://www.allworldwars.com/Russian%20WWII%20Propaganda%20Posters.html Soviet World War II Propaganda Posters]
*[https://web.archive.org/web/20120314200310/http://eng.plakaty.ru/posters?cid=1&full=1&thumbs=1 Soviet and Russian Propaganda Posters]
*[https://web.archive.org/web/20120314200310/http://eng.plakaty.ru/posters?cid=1&full=1&thumbs=1 Soviet and Russian Propaganda Posters]
*[http://library2.usask.ca/USSRConst/ A digital presentation of several issues of the propaganda journal ''USSR in Construction'' by the University of Saskatchewan.]
*[http://library2.usask.ca/USSRConst/ A digital presentation of several issues of the propaganda journal ''USSR in Construction'' by the University of Saskatchewan.]

==Leitura complementar==
* [[Jacques Ellul|Ellul, Jacques]]. ''Propaganda: The Formation of Men's Attitudes''. Trans. Konrad Kellen & Jean Lerner. New York: Knopf, 1965. New York: Random House/ Vintage 1973


[[Categoria:Propaganda na União Soviética]]
[[Categoria:Propaganda na União Soviética]]

Revisão das 16h31min de 10 de junho de 2019

A propaganda comunista na União Soviética era amplamente baseada na ideologia marxista-leninista para promover a linha do Partido Comunista. Em sociedades com alta predominância de censura, a propaganda era onipresente e muito eficiente. Ela penetrou até mesmo as ciências naturais e sociais, dando origem a várias teorias pseudocientíficas, como o Lysenkoismo, enquanto áreas de conhecimento verdadeiro, tais como a genética, cibernética e linguística comparativa, eram condenadas e proibidas, sendo consideradas "pseudociências burguesas". "Com as verdades reprimidas, mentiras em cada campo foram incessantemente esfregadas na imprensa, em intermináveis reuniões, na escola, em manifestações de massa, na rádio."[1]

O principal órgão de censura soviético, Glavlit, foi empregado não só para eliminar quaisquer materiais impressos indesejáveis, mas também "para garantir que a versão ideológica correta fosse colocada em cada item publicado". Dizer qualquer coisa contra a "linha partidária" era punido com prisão ou através da psiquiatria punitiva. "Hoje um homem fala livremente apenas com sua esposa - à noite, com os cobertores tampando a sua cabeça", disse o escritor Isaac Babel a um amigo de confiança.[1]

Teoria de Propaganda

De acordo com o historiador Peter Kenez, "os socialistas russos nada contribuíram para a discussão teórica das técnicas de persuasão de massas. ... Os Ogres nunca procuraram e não encontraram métodos diabolicamente inteligentes para influenciar as mentes das pessoas a ponto de lhes fazer lavagem cerebral." Essa falta de interesse, diz Kenez, "partiu da sua noção de propaganda. Eles pensavam na propaganda como sendo parte da educação."[2]

Mídia

Escolas e as organizações juvenis

Um importante objetivo da propaganda comunista era o de se criar um novo homem. As escolas e as organizações da juventude comunista, como as organizações de pioneiros e a Komsomol, serviam para tirar as crianças da "pequena família burguesa" e doutrinar a próxima geração com o estilo de vida coletivista. A ideia de que a educação das crianças era de responsabilidade dos pais foi explicitamente rejeitada.[3]

Jovens Pioneiros com seus slogans

Um teórico da educação soviética declarou:

Nós devemos transformar os jovens em uma geração de comunistas. As crianças, assim como uma cera macia, são maleáveis e deveriam ser moldadas para se tornarem bons comunistas... Devemos salvar as crianças da influência nociva da família... Precisamos nacionalizá-las. Desde os pequenos dias de suas vidas, elas devem se encontrar sob a influência benéfica das escolas comunistas... Obrigar a mãe a entregar sua criança ao Estado Soviético - esta é a nossa tarefa.[4]

Aos que nasceram após a Revolução era dito explicitamente que deveriam criar uma utopia de fraternidade e justiça e não serem iguais aos seus pais, mas inteiramente Vermelhos.[5] "Cantos de Lenin" e "santuários políticos para a exibição de propaganda sobre o fundador do estado soviético, que se assemelhava a uma divindade" foram estabelecidos em todas as escolas.[4] As escolas conduziram marchas, canções e juramentos de lealdade à liderança soviética. Um dos objetivos era o de incutir em crianças a ideia de que elas estavam envolvidas na revolução mundial, considerada mais importante do que quaisquer laços familiares. Pavlik Morozov, que havia denunciado o seu pai para a polícia secreta NKVD, foi anunciado como um grande exemplo positivo.[4]

Professores de economia e ciências sociais eram particularmente responsáveis por inculcar "inabaláveis" visões marxistas-leninistas.[6]

Todos os professores estavam propensos a seguir estritamente o plano de educação das crianças, aprovado pelos superiores por motivos de segurança, que poderia causar sérios problemas em se tratando de eventos sociais os quais, por terem acabado de ocorrer, não eram incluídos no plano.[7] Filhos de pessoas "socialmente estrangeiras" eram frequentemente alvos de abuso ou expulsos, em nome da luta de classes.[8] No início do regime, muitos professores foram atraídos pelos planos comunistas de ensino, devido a uma paixão pela alfabetização e a aritmética que os comunistas tentavam disseminar.[9]

O grupo dos Jovens Pioneiros era um importante fator na doutrinação de crianças.[10] Elas eram ensinadas a serem verdadeiras e inflexíveis e a combaterem os inimigos do socialismo.[11] Por volta dos anos 1980, essa doutrinação dominou completamente a organização.[12]

Rádio

Foi feito bom uso do rádio, especialmente para atingir os analfabetos; receptores de rádio eram colocados em locais comunitários onde os camponeses teriam que ouvir as notícias, como as mudanças no racionamento, e através deles recebiam transmissões de propaganda; alguns desses lugares também eram usados para cartazes.[13]

Durante a Segunda Guerra Mundial, o rádio era usado para fazer propaganda sobre a Alemanha Nazista; prisioneiros de guerra alemães eram trazidos para falar e assegurar aos seus parentes de que estavam vivos, com propaganda sendo inserida entre o anúncio de quando o soldado falaria e de quando ele realmente de fato o fizera, no momento oportuno para que sua família pudesse se reunir.[14]

Cartazes

"Para se ter mais, precisamos produzir mais. Para produzir mais, temos que conhecer mais"

Os cartazes de parede foram amplamente utilizados nos primeiros dias, retratando muitas vezes os triunfos do Exército Vermelho em benefício dos analfabetos.[13] Isso continuou durante a década de 1920.[15]

Prosseguiu-se na Segunda Guerra Mundial com desenhos simples e ousados, ainda em prol dos menos alfabetizados.[16]

Cinema

Os filmes eram altamente propagandísticos, embora fossem pioneiros no campo dos documentários (Roman Karmen, Dziga Vertov).[13] Quando a guerra parecia inevitável, dramas como Alexander Nevsky foram escritos para preparar a população; foram retirados após o Pacto Molotov-Ribbentrop, porém voltaram a circular depois que a guerra iniciou.[17]

Exibiam-se os filmes em teatros e através de trens-propaganda.[18] Durante a guerra, noticiários eram exibidos em estações de metrô, de forma com que os pobres não fossem excluídos por questões financeiras.[19] Os filmes eram filmados também com histórias sobre atividade partidária e o sofrimento infligido pelos nazistas, como em Moça Nº 217, o qual retrata uma garota russa escravizada sendo decapitada por uma família alemã desumana.[19]

Como o filme necessita de uma base industrial, a propaganda também tornou-se parte da produção de filme.[20]

Trem-propaganda

Um estabelecimento único era o trem-propaganda da Segunda Guerra Mundial, que continha jornais e cinemas móveis, além de ser dotado de palestrantes.[19]

Reuniões

Utilizou-se também reuniões com palestrantes. Apesar do tédio, muitas pessoas achavam que os encontros criavam a solidariedade e as faziam se sentirem importantes, mantendo-as atualizadas com as notícias.[21]

Palestras

As palestras foram comumente usadas para instruir de maneira apropriada cada canto da vida.[22]

Palestras de Josef Stalin a respeito do Leninismo eram fundamentais para estabelecer que o Partido era a peça-chave da Revolução de Outubro, uma política na qual Lenin atuava, mas que não chegou a escrever de maneira teórica.[23]

Arte

Operário e Mulher Kolkosiana comemoravam em um selo

A arte, seja ela a literatura, arte visual ou arte cênica, tinha a finalidade de propaganda.[24] Além disso, ela deveria passar um significado claro e inequívoco.[25] Muito antes de Stalin ter instituído a restrição completa, estava em crescimento uma burocracia cultural que considerava a forma e o propósito mais alto da arte como propaganda, e começaram a restringi-la para adaptá-la a esta função.[26] Atividades culturais foram reprimidas pela censura e por um monopólio das instituições culturais.[27]

As imagens frequentemente inspiravam-se no realismo heróico.[28] O pavilhão soviético para a Exposição Universal de Paris (de 1937) foi coroado, nos moldes heroicos, pela escultura monumental de Vera Mukhina, o Operário e Mulher Kolkosiana.[29] Isso fez com que a arte heroica e romântica repercutissem, o que refletia o ideal ao invés do realístico.[30] A arte era preenchida com saúde e felicidade; as pinturas repletas de cenas agrícolas e industriais cheias de gente, e as esculturas retratavam os trabalhadores, guardas e crianças em idade escolar.[31]

Em 1937, a Indústria do Socialismo foi concebida como uma grande exibição da arte socialista, mas as dificuldades com o sofrimento e o problema dos "inimigos do povo" aparecendo exigia uma reformulação, e, dezesseis meses depois, os censores finalmente autorizaram uma exposição.[32]

Jornais

Em 1917, com as primeiras aparições dos movimentos de resistência, os comunistas estavam prontos para dar ínício à publicação do "Pravda".[33]

A primeira lei que os comunistas aprovaram ao assumirem o poder foi pôr fim aos jornais que se opuseram a eles.[27] Ela teve que ser anulada e substituída por uma medida mais moderada, [34] porém, por volta de 1918, Lenin liquidou a mídia independente, incluindo os jornais que surgiram no século 18.[35]

De 1930 até 1941, e brevemente em 1949, circulava a revista de propaganda URSS em Construção. Ela foi publicada em russo, francês, inglês, alemão e, a partir de 1938, também em espanhol. O objetivo autoproclamado da revista era o de "refletir em fotografias todo escopo e variedade do trabalho de construção que vinha ocorrendo na URSS até então."[36] Os periódicos tinham como principal alvo a audiência internacional, especialmente os intelectuais de esquerda do ocidente e empresários, e foram muito populares durante suas primeiras publicações, que incluía entre seus assinnantes George Bernard Shaw, H. G. Wells, John Galsworthy e Romain Rolland.[36]

O analfabetismo era considerado um grave perigo, excluindo o analfabeto das discussões políticas.[37] Em parte isso se deu porque as pessoas não podiam ter acesso aos jornais do Partido.[38]

Livros

Ver também : Literatura da Rússia

Imediatamente após à revolução, os livros eram tratados com menos severidade do que os jornais, mas a nacionalização da mídia impressa e das editoras os manteve sob controle.[39] As bibliotecas foram purgadas, às vezes de forma tão extrema que trabalhos de Lenin foram removidos.[40]

Em 1922, a deportação de escritores e acadêmicos alertava que nenhum desvio era permitido, e a censura prévia foi voltou a ser instalada.[41] Devido à falta de autores bolcheviques, muitos "companheiros de viagem" foram tolerados, mas o dinheiro só vinha caso eles respeitassem a linha partidária.[42]

Durante os expurgos, os livros escolares eram tanto revisados que os estudantes tinham que estudar sem eles.[43]

Teatro

O teatro revolucionário era para inspirar o apoio ao regime e para provocar o ódio de seus inimigos, particularmente o teatro agitprop, conhecido pelo seus personagens de papelão, que apresentavam virtudes perfeitas e de total maldade, e pelo escárnio vulgar.[44] A Petrushka era uma figura popular frequentemente usada para defender camponeses pobres e atacar os kulakss.[45]

Temas

Novo Homem

Ver artigos principais: Homo sovieticus e Novo homem soviético
Ver também : Novo Homem

Muitos trabalhos soviéticos retratavam o "herói positivo" como sendo intelectual e fortemente disciplinado.[46] Ele não era guiado pelos instintos cruéis da natureza, mas por sua própria autoconsciência.[47] O novo homem autruístico estava disposto a sacrificar não só a sua vida, mas também o respeito de si mesmo e sua sensibilidade.[48] A igualdade e o sacrifício eram apresentados como o ideal apropriado para o "modo de vida socialista".[49]

Era exigido do trabalho o empenho e a austeridade para mostrar o novo homem triunfando sobre seus instintos básicos.[50] O dia da quebra do recorde da mineração de carvão fez com que Alexey Stakhanov se tornasse o quadragésimo exemplo de "novo homem" e inspirasse os movimentos stakhanovistas.[51] O movimento impôs bastante pressão para aumentar a produção por parte tanto dos trabalhadores como a de gerentes, com os criticos sendo rotulados de "sabotadores".[52]

Isso refletiu uma mudança desde os primeiros dias, com ênfase no "pequeno homem" entre os trabalhos anônimos, a fim de privilegiar o "herói do trabalho" no final do Primeiro Plano quinquenal, sendo dito explicitamente aos escritores para que produzissem a heroização.[53] Embora esses heróis tivessem se originado do povo, eles eram separados por seus feitos heroicos.[53] O próprio Stakhanov era adequado para este papel, não apenas como um trabalhador, mas também pela sua boa aparência, como é o caso de muitos heróis de pôsteres, e por ser um homem de família.[53] As dificuldades do Primeiro Plano Quinquenal foram apresentadas em contas romantizadas.[54] Nos anos 1937 e 1938, jovens heróis que realizaram grandes feitos apareciam na capa do Pravda, com mais frequência do que o próprio Stalin.[55]

Posteriormente, durante o Grande Expurgo, fizeram-se alegações de que criminosos foram "reforjados" pelo seu trabalho no Canal Mar Branco–Báltico; a salvação através do trabalho apareceu em Os Aristocratas, de Nikolai Pogodin, bem como em muitos artigos.[56]

Poderia haver também uma nova mulher; o Pravda descreveu a mulher soviética como alguém que jamais poderia ter existido antes.[53] Stakhanovistas femininas eram mais raras do que os masculinos, porém um quarto de todas as mulheres sindicalistas foram designadas como "transgressoras das normas".[29] Para a Exposição Universal de Paris, Vera Mukhina modelou uma escultura monumental, Operário e Mulher Kolkosiana, cujos personagens estão vestidos em roupas de trabalho, com o martelo dele e a foice dela cruzados e prensados para frente.[29] Políticas pró-natalidade incentivando as mulheres a terem muitos filhos eram justificadas pelo egoísmo inerente ao limitar a próxima geração de "novos homens".[57] As "Mães-Heroínas" recebiam medalhas por dez ou mais filhos.[58]

Os stakhanovistas também eram muito usados como figuras de propaganda, que alguns trabalhadores se queixavam de suas faltas no trabalho.[59]

O assassinato de Pavlik Morozov foi amplamente explorado na propaganda, a fim de estimular nas crianças o dever de denunciar até mesmo os seus próprios pais para o novo estado.[60]

Inimigo de classe

O inimigo de classe (ou inimigo do povo) era uma caracteristica da propaganda comunista bastante difundida.[61] Com a Guerra Civil Russa, os comunistas foram massacrar grandes quantidades de kulaks e, de outra forma, promulgar um Terror Vermelho para que as massas ficassem aterrorizadas e obedientes.[62]

Lenin declarou que eles estavam exterminando a burguesia como uma classe, posição que foi reforçada pelas várias ações contra os proprietários de terra, agricultores em boa situação, bancos, fábricas e lojas privadas.[63] Stalin avisava frequentemente que com o esforço para se construir uma sociedade socialista, a luta de classes se fortaleceria à medida que os inimigos ficassem mais desesperados.[64] Durante a era stalinista, todos os líderes da oposição eram rotineiramente descritos como traidores e agentes das forças estrangeiras e imperialistas.[65]

O Plano Quinquenal intensificou a luta de classes com muitos ataques aos "kulaks", e quando descobriu-se que vários oponentes agricultores não eram ricos o suficiente para classificá-los, eles eram declarados como "sub-kulaks".[66] "Os kulaks e outros inimigos estrangeiros de classe" eram frequentemente citados como sendo a causa dos fracassos nas fazendas coletivas.[67] Durante o primeiro e segundo planos quinquenais, kulaks, solapadores, sabotadores e nacionalistas foram atacados, o que acabou causando o Grande Terror.[68] Aqueles que lucravam com a propriedade pública eram considerados "inimigos do povo".[69] No fim dos anos 1930, todos os "inimigos" eram agrupados em artes, retratando-os como os apoiadores de uma idiotice histórica.[70] Os jornais relatavam ainda o julgamento de crianças, a partir dos dez anos, por comportamento fascista e contrarrevolucionário.[71] Durante o Holodomor, os camponeses que passavam fome eram denunciados como sabotadores e os mais perigosos que tinham uma aparência gentil e inofensiva os faziam parecer inocentes; as mortes eram apenas provas de que os camponeses odiavam tanto o socialismo que estavam dispostos a sacrificar suas famílias e arriscar suas vidas para combatê-lo.[72]

Ao denunciar os contrarrevolucionários Brancos, os trotskistas, os solapadores e outros, Stalin voltou a sua atenção para a velha guarda comunista.[73] A própria improbabilidade das acusações era citada como evidência, já que as denúncias mais plausíveis poderiam ter sido inventadas.[74]

Esses inimigos eram levados para os gulags, cuja propaganda apregoava se tratarem de "campos de trabalho corretivo", de tal forma que até mesmo as pessoas que viam a fome e o trabalho escravo acreditavam na propaganda, em vez de nos seus próprios olhos.[75]

Durante a Segunda Guerra Mundial, todos os nacionalistas, tais como os Alemães do Volga, eram rotulados de traidores. [76]

O próprio Stalin chegou a informar Sergei Eisenstein de que seu filme Ivan, o Terrível apresentava falhas, pois ele não mostrava a necessidade do terror na perseguição de Ivan por parte da nobreza.[77]

Nova sociedade

A propaganda pode iniciar um grande movimento ou uma revolução, mas somente se as massas se unirem para fazer das imagens produzidas pela propaganda uma realidade. Uma boa propaganda deve incutir lentamente nas pessoas a esperança, a e a certeza. Ela precisa trazer a solidariedade entre a população. Deve evitar a desmoralização, a falta de esperança e a resignação.[78] A União Soviética fez o seu melhor para tentar e criar uma nova sociedade na qual a população da Rússia pudesse se unir em um só povo.

Um tema comum foi a criação de uma nova sociedade utópica, representada em pôsteres e em jornais cinematográficos, que inspirava um entusiasmo em muitas pessoas.[79] Grande parte da propaganda era dedicada a uma nova comunidade, como exemplificado no uso do termo "camarada".[80] Esta nova sociedade não possuiria classes.[81] As distinções se baseariam na função, não na classe, e todos teriam o dever igualitário para trabalhar.[82] Durante as discussões sobre a nova constituição nos anos 1930, um locutor proclamou que não existia, de fato, classes na URSS,[83] e os jornais espalhavam que os sonhos da classe trabalhadora estavam se tornando realidade para o povo mais sortudo do mundo.[84] Um consentimento de que existiam classes - trabalhadores, camponeses e trabalhadores intelectuais — foi descartado como irrelevante, já que estas novas classes não precisariam entrar em conflito.[85]

Metáforas militares foram frequentemente usadas para esta criação, como em 1929, em que a coletivização da agricultura foi oficialmente designada como uma "ofensiva socialista em granda escala em todas as frentes".[86] O Segundo Plano Quinquenal contribuiu para diminuir a Ofensiva Socialista, isso contra um fundo propagandístico de comemorar os triunfos da URSS no "campo de batalha da construção do socialismo".[87]

Nos tempos stalinistas, isso era frequentemente descrito como sendo uma "grande família", com Stalin sendo o grande pai.[86]

A felicidade era obrigatória; em um romance onde um cavalo foi descrito como sendo um "lerdo", o censor desaprovou, perguntando por que ele não se movia rapidamente, sendo feliz como o resto dos trabalhadores coletivos da fazenda.[88]

Kohlkhoznye Rebiata publicou relatórios bombásticos das fazendas coletivas de seus filhos.[89] Quando eram fornecidos cafés da manhã quentes aos estudantes, particularmente em escolas da cidade, o programa era anunciado com grandes comemorações.[89]

Como a sociedade comunista era vista como a mais alta forma de sociedade e a mais progressista, ela era considerada eticamente superior a todas as outras, e a "moral" e o "imoral" eram determinados pelas coisas que ajudavam ou dificultavam seu desenvolvimento.[90] A legislação Czarista foi abertamente abolida, e, embora os juízes podiam usá-la, eles eram guiados pela "consciência revolucionária".[91] Sob a pressão da necessidade de leis, mais e mais foram implementadas; Stalin justificou isso na propaganda ao passo que a lei se "definharia" melhor quando sua autoridade fosse elevada para a mais alta, através de suas contradições.[92]

Quando o esboço da nova constituição levou as pessoas a acreditarem que a propriedade privada retornaria e que os trabalhadores poderiam deixar as fazendas, foram enviados palestrantes para "esclarecer" o assunto.[93]

Produção

Stalin declarou abertamente que os bolcheviques precisavam, em dez anos, diminuir as diferenças existentes entre a URSS e os países ocidentais, caso contrário o socialismo seria destruído.[94] Em apoio aos planos quinquenais, ele afirmou que a lentidão industrial foi quem causou as derrotas históricas da Rússia.[95] Os jornais relataram uma superprodução de cotas, embora muitas não tenham sido implementadas, e nos locais onde elas existiam, os produtos eram frequentemente de má qualidade.[96]

Um selo retratando "Casamento em uma Rua de Amanhã", de Pimenov

Durante os anos 1930, o desenvolvimento da URSS era o único tema dos filmes, da arte e da literatura.[97] Os heróis da exploração do Ártico eram glorificados.[97] O vigésimo aniversário da Revolução de Outubro foi homenageado com um trabalho de cinco volumes enaltecendo os feitos do socialismo e (no último volume) as "fantasias baseadas na ciência" do futuro, levantando questões tais como se o mundo inteiro ou somente a Europa se tornaria socialista em vinte anos.[98]

Mesmo quando a maioria da população ainda era rural, dizia-se que a URSS era "uma forte potência industrial".[99] A revista URSS em Construção glorificou o Canal Moscou-Volga com uma breve menção do trabalho escravo que o havia construído.[100]

Em 1939 chegou-se a pensar em um plano de racionamento, porém ele não chegou a ser implementado, pois enfraqueceria a propaganda de melhoria dos cuidados do povo, cujas vidas cresciam melhores e mais felizes a cada ano.[101]

Durante a Segunda Guerra Mundial, os slogans mudaram: da superação ao atraso, passaram a ser de superação à "besta fascista", mas continuaram se focando na produção.[102] Dizia o slogan: "Tudo para a Frente!".[103] Grupos de Jovens Comunistas eram usados como tropas de choque para causar vergonha nos trabalhadores a fim de aumentar a produção, bem como para disseminar a propaganda socialista.[104]

Nos anos 1950, Nikita Khrushchev repetia com orgulho que a URSS superaria o Ocidente em matéria de bem-estar.[105] Outros oficiais comunistas concordaram que ela mostraria em breve sua superioridade, pois o capitalismo se assemelhava a um arenque morto que brilhava assim que apodreceu.[106]

Posteriormente, a URSS passou a ser referida como "socialismo desenvolvido".[107]

Movimentos de massa

Deram uma grande ênfase à educação.[108]

O primeiro ataque contra Stalin, depois da sua morte, foi a publicação de artigos no "Pravda" declarando que as massas fizeram história e também o erro do "culto ao indíviduo".[109]

Pacifismo

Uma ideia bastante recorrente era de que a União Soviética pacifista.[110]

Muitas advertências foram feitas sobre a necessidade de se manter longe de qualquer guerra imperialista, já que o colapso do capitalismo deixaria os países capitalistas mais desesperados.[111]

O Pacto Molotov-Ribbentrop era apresentado como sendo uma ação de paz.[112]

Internacionalismo

Antes mesmo que os bolcheviques tomaram o poder, Lenin proclamava em seus discursos que a Revolução era a vanguarda de uma revolução em todo o mundo, tanto internacional como socialista.[113] Os trabalhadores foram informados de que e eles eram a vanguarda do socialismo mundial; repetia-se constantemente o slogan "Trabalhadores do mundo, uni-vos!"[114]

A República Socialista Federativa Soviética da Rússia usou o termo Rossiiskaya, e não Russkaya, para referi-lo à região em vez do grupo étnico e, assim, incluir todas as etnias.[115]

Lenin fundou a organização Comintern para disseminar o Comunismo internacionalmente.[116] Stalin passou a usá-lo a fim de promover o Comunismo no mundo inteiro para o benefício da URSS.[117] Quando este tópico se tornou difícil para lidar com os Aliados da Segunda Guerra Mundial, a Comintern foi dissolvida.[116] Semelhantemente, o hino A Internacional foi abandonado.[118]

Fez-se intensa propaganda dos prisioneiros de guerra japoneses antes de sua libertação, em 1949, para atuar como agentes soviéticos.[119]

Culto à personalidade

Enquanto Lenin se sentia inconfortável com o culto à personalidade que surgiu em torno dele, o partido se aproveitou disso durante a guerra civil e manteve após a sua morte.[120] No início de 1918, escreveu-se uma biografia de Lenin, e bustos foram produzidos.[121] Com sua morte, o seu corpo embalsamado foi exibido (com a finalidade de explorar as crenças de que corpos de santos não se decompunham), e álbuns de figurinhas sobre sua vida foram criados em grandes quantidades.[122]

Stalin se apresentava como um homem simples do povo, mas diferente da política cotidiana pelo seu papel único como líder.[123] A sua vestimenta era cuidadosamente selecionada para fortalecer esta imagem.[124]

A propaganda o apresentava como herdeiro de Lenin, exagerando suas relações, até que o culto a Lenin tivesse sido transferido para Stalin. Esse efeito foi exibido em cartazes onde, inicialmente, Lenin era a figura dominante sobre Stalin e, com o passar do tempo, foi tornando-se igual, menor e menos relevante, até que tivesse sido reduzido uma assinatura do livro em que mostrava Stalin lendo.[125] This occurred despite the historical accounts describing Stalin as insignificant, or even a "gray blur", in the early Revolution.[126] A partir do final dos anos 1920, até ter sido desmascarado na década de 60, ele era apresentado como o líder militar supremo da guerra civil.[127] Stalingrado was renamed for him on the claim that he had single-handedly, and against orders, saved it in the civil war.[128]

Era frequentemente representado como o grande pai da "grande família" que era a nova União Soviética.[86] As regulação sobre como exatamente retratar a imagem de Stalin e a escrita de sua vida eram promulgadas cuidadosamente [129] (ver: Falsificações de fotografias na União Soviética). Fatos inconvenientes, tais como ele ter pretendido cooperar com o governo czarista no seu retorno ao exílio, fora eliminado de sua biografia.[130]

Seu trabalho para a União Soviética era admirado com cantos para a "luz na janela do Kremlin".[50]

Marx, Engels, Lenin e, acima de todos, Stalin apareciam com frequência em artes.[28]

Discussões sobre a constituição proposta nos anos 1930 incluíam efusivos agradecimentos ao "Camarada Stalin".[84] Projetos de engenharia, como os canais, eram descritos como tivessem sido decretados pessoamente pelo Stalin.[131] Os Jovens Pioneiros eram ordenados a lutarem pela "causa de Lenin e Stalin".[10] Durante os expurgos, ele aumentou suas aparições em público, tirando fotografias com crianças, pilotos e stakhanovistas sendo saudado como a fonte da "vida feliz" e, de acordo com o "Pravda", andando de metrô com trabalhadores comuns.[132]

A propaganda foi eficaz.[133] Muitas pessoas jovens que trabalhavam duro em construção idolatravam Stalin.[124] Muitos optaram em acreditar que as as acusações feitas nos expurgos eram verdadeiras ao invés de crer que Stalin tivesse traído a revolução.[133]

Durante a Segunda Guerra Mundial, esse culto à personalidade foi certamente fundamental para inspirar um nível profundo de compromisso das massas da União Soviética, seja no campo de batalha ou na produção industrial.[134] Stalin fez uma visita passageira à frente de combate para que os propagandistas pudessem alegar que ele havia arriscado sua vida com os soldados da linha de frente.[135] Todavia, o culto diminuiu até que a chegada da vitoria estivesse próxima.[136] Como estava claro que a União Soviética venceria eventualmente a guerra, Stalin garantiu que a propaganda sempre mencionasse a sua liderança da guerra; os generais vitoriosos eram deixados de lado e nunca foram permitidos a se envolverem com rivais políticos.

Logo após a sua morte, foram feitos ataques ao "culto do indivíduo" - inicialmente velados e, posteriormente, abertamente - com o argumento de que a história se fez pelas massas.[109]

Embora liderasse os ataques contra o culto, Khrushchev, no entanto, buscou a publicidade e suas fotografias apareciam frequentemente nos jornais.[137]

Trotsky

Assim que Stalin tomou o poder, Trotsky foi retratado em um culto de antipersonalidade. Isso começou com a afirmação de que ele não tinha se unido aos Bolcheviques até o final, depois de ter sido feito o planejamento da Revolução de Outubro.[138]

Propaganda de extermínio

Alguns historiadores acreditam que um importante objetivo da propaganda comunista era o de "justificar as repressões políticas de grupos sociais inteiros cujo Marxismo considerava antagônicos à classe proletária"[139], como nas campanhas de descossaquização ou deskulakização.[1][4] Richard Pipes escreveu: "um dos principais objetivos da propaganda Comunista era provocar emoções políticas violentas contra os inimigos do regime".[140]

O meios mais eficazes de ser conseguir este objetivo "era a negação da humanidade das vítimas através do processo de desumanização", "a redução do inimigo real ou imaginário a um estado zoológico".[141] Em particular, Vladimir Lenin ordenou o extermínio dos inimigos como se fossem "insetos nocivos", "piolhos" e "parasitas".[139]

De acordo com o escritor e propagandista Máximo Gorki, "O ódio de classe deveria ser cultivado por uma revulsão orgânica, na medida em que o inimigo ficasse preocupado. Inimigos precisam ser vistos como inferiores. Eu acredito profundamente que o inimigo seja inferior a nós e, também, um degenerado não apenas no plano físico, como também no senso moral".[139]

Ele também ordenou usar o inimigo do povo como "cobaias" para experimentos com humanos no Instituto de Medicina Experimental da URSS, em 1933, que, de acordo com ele, seria "um verdadeiro serviço para a humanidade".[139] Segundo o Livro Negro do Comunismo, um exemplo de tal retórica de demonização animal eram os discursos proferidos pelo procurador do estado Andrey Vyshinsky durante as farsas judiciais de Stalin. Disse ele sobre os suspeitos:[142]

Atirem nesses cães raivosos. Morte a essa turma que esconde os seus dentes ferozes e suas garras de águia do povo! Livrem-se daquele urubu do Trotsky, de cuja boca sai um veneno sanguinário que empodrece os grandes ideais do Marxismo!... Eliminem esses animais abjetos! Vamos botar um fim de uma vez por todas a esses híbridos de porcos e raposas, esses cadáveres fedorentos! Vamos exterminar os cachorros-loucos do capitalismo, que querem quebrar a nossa nova nação Soviética! Empurremos o ódio bestial que eles trazem aos nossos líderes de volta para suas gargantas!

Antirreligiosa

Ver artigo principal: Religião na União Soviética
Ficheiro:Doloy prazdniki.jpg
"Abaixo os feriados religiosos!"

No início da revolução, a propaganda ateísta foi empurrada numa tentativa de extinguir a religião.[17] Considerando a religião mais como um inimigo de classe do que como um concorrente para a mente das pessoas, o governo aboliu as prerrogativas da Igreja Ortodoxa Russa e fez dela alvo de ridicularização.[143] Incluíam-se desfiles antirreligiosos provocadores e artigos de jornais que geraram um efeito negativo, o que chocou profundamente a população.[144] Essas ações foram suspensas e substituídas por palestras e outros métodos mais intelectuais.[110]

A Sociedade dos Sem-Deus, organizada para tais objetivos, e as revistas Bezbozhnik (em português: "O Ateu") e Bezbozhnik u Stanka (em português: "Os Ateus no Local de Trabalho") difundiam a propaganda ateísta.[145] A educação ateística era considerada uma tarefa essencial das escolas soviéticas.[146] A ação, que tinha por objetivo acabar com o analfabetismo, foi dificultada pelas tentativas de se combiná-la com a educação ateística, o que provocou o afastamento dos camponeses e que eventualmente se reduziu.[147]

Em 1929, todas as formas de educação religiosa foram banidas como propaganda religiosa, e o direito à propaganda antirreligiosa era explicitamente assegurada. Consequentemente, a Liga dos Sem-Deus acabou se tornando a Liga dos Militantes Sem-Deus.[148]

Proclamou-se um "Plano Quinquenal contra Deus", supostamente a pedido das massas.[149] Virtudes cristãs, como a humildade e a ternura, foram ridicularizadas na imprensa com autodisciplina, lealdade ao partido, confiança no futuro e, em contrapartida, recomendando-se o ódio aos inimigos de classe.[150] A propaganda antirreligiosa na Rússia foi um eventual sucesso, já que ela conseguiu reduzir as demonstrações públicas de religiões.[151] Em alguns aspectos, essa ação de remover a religião unificou e separou a Rússia ainda mais, haja vista que agora não havia mais similaridades e diferenças religiosas entre as pessoas por lá.

Muitos dos esforços antirreligiosos eram dedicados para promover a ciência em seu lugar.[152]

Durante o desmascaramento de um milagre - de uma Virgem que supostamente chorava lágrimas de sangue, mas que se mostrou ser água contaminada com líquidos multicoloridos que haviam sido despejados na estátua - foi oferecido ao público presente como prova da ciência, o que resultou na morte de dois cientistas por parte das massas.[153]

O movimento "Igreja Viva" desprezava a hierarquia da Igreja Ortodoxa Russa e pregava que o socialismo era a forma moderna de Cristianismo; Trotsky insistiu no encorajamento deles em dividir a Igreja Ortodoxa.[154]

Durante a Segunda Guerra Mundial, a propaganda antirreligiosa havia sido desfeita; pela primeira vez, o "Pravda" escreveu a palavra "Deus" com letras maiúsculas, visto que a prática religiosa passou a ser efetivamente incentivada.[155] Grande parte dessa nova propaganda era para destinada ao consumo externo, onde a crença religiosa estava desacreditada, com Roosevelt condenando o Nazismo e o Comunismo como sendo regimes ateístas que não permitiam a liberdade de consciência.[156]

Anti-intelectualismo

Entre as campanhas contra a cultura burguesa e fazendo com que a ideologia da Ofensiva Socialista fosse inteligível às massas, com clichês e estereótipos, um tom anti-intelectual cresceu na propaganda.[150] Líderes comunistas posavam como pessoas comuns sem qualquer interesse por assuntos como as belas artes e o balé, mesmo quando eles escolhiam seletivamente da cultura da classe trabalhadora.[157]

Plutocracias

Nos anos 1920, muita propaganda soviética para o mundo exterior apontava os países capitalistas como se fossem plutocracias, alegando que eles pretendiam destruir a União Soviética como o paraíso dos trabalhadores.[110] E que o capitalismo, por ser o responsável pelos males do mundo, era, portanto, fundamentalmente imoral.[158]

O fascismo era exibido como um ataque terrorista do capital financeiro, vindo da pequena burguesia e dos camponeses médios, equivalente aos kulaks, que foram os perdedores no processo histórico.[159]

Durante as fases iniciais da Segunda Guerra Mundial, foi apresentado abertamente como uma guerra entre os capitalistas, que os enfraqueceria e permitiria o triunfo comunista, contanto que a união Soviética ficasse de fora.[160] Os partidos comunistas de todo mundo tinham sido instruídos a se oporem à guerra como se ela fosse um conflito entre estados capitalistas.[161]

Depois da Segunda Guerra, os Estados Unidos da América foi apresentado como sendo um bastião da opressão imperialista, com o qual haveria uma rivalidade não violenta, como se o capitalismo se encontrava nos seus últimos estágios.[162]

Anticzarista

Campanhas contra a sociedade czarista continuaram efetivamente na história da União Soviética. Um discursante havia feito a recontagem de quantos homens tiveram de servir no exército imperial por vinte e cinco anos, e foi interrompido por um membro da plateia que disse que isso não importava, uma vez que eles possuíam comida e roupa.[163]

As crianças foram informadas de que o "passado amaldiçoado" havia sido deixado para trás e que elas poderiam se tornar completamente "Vermelhas".[5]

Antipolonesa

Um exemplo de propaganda antipolonesa do período da Guerra Polonesa-Soviética é o pôster.

A propaganda foi usada durante a Invasão soviética da Polônia e também na anexação da Polônia Oriental, em 1939 a 1941.[164]

Guerra espanhola

Vários escritores e artistas comunistas e soviéticos participaram da guerra civil espanhola (Mikhail Koltsov, Ilya Ehrenburg) ou apoiaram os republicanos. O poema popular revolucionário "Grenada", de Mikhail Arkadyevich Svetlov, foi publicado já em 1926.

Segunda Guerra Mundial

Propaganda antinazista pré-guerra

Os filmes Professor Mamlock e A Família Oppenheim foram lançados em 1938 e 1939, respectivamente.

Pacto Molotov-Ribbentrop

Diante do enorme estado de confusão pelo qual passava a União Soviética, o Pacto Molotov-Ribbentrop foi defendido pelo ministro das Relações Exteriores em Gorky.[165] Molotov defendeu-o em um artigo do Pravda, declarando que era um tratado entre estados, não entre sistemas.[165] O próprio Stalin criou diagramas para mostrar que Neville Chamberlain queria colocar a URSS contra a Alemanha Nazista, mas o Camarada Stalin sabiamente tinha colocado a Grã-Bretanha contra a Alemanha Nazista.[165]

Durante o período do pacto, os propagandistas elogiavam grandemente os alemães.[166] As propagandas antialemães e antinazistas, como o filme Professor Mamlock, foram banidas.

Antialemã

Em um programa transmitido em 1941, Stalin declarou que a Alemanha empreendeu uma guerra para exterminar os povos da URSS.[167] Uma propaganda publicada no Pravda acusava todos os alemães de serem assassinos, parasitas e canibais, e muito jogo de cena era feito das supostas atrocidades.[168] O ódio era promovido aberta e publicamente.[155] Eles foram informados de que os alemães não capturaram quaisquer prisioneiros.[169] Os guerrilheiros eram encorajados a se verem como vingadores.[170] Ilya Ehrenburg foi um notável articulista da propaganda.

Muitos filmes antialemães no período do Nazismo giravam em torno da perseguição aos judeus na Alemanha, tais como Professor Mamlock e A Família Oppenheim.[110] Moça Nº 217 retratou os horrores das punições sobre os prisioneiros de guerra russos, em especial a escravização da personagem principal Tanya por uma família alemã desumana,[171] mostrando o tratamento cruel dado aos ostarbeiters (trabalhadores da Europa centro-oriental) na Alemanha Nazista.

Apesar do próprio tratamento dado à religião, permitiu-se o renascimento da Igreja Ortodoxa durante a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de demonizar o Nazismo como sendo o único inimigo da religião.[172]

Vasily Grossman e Mikhail Arkadyevich Svetlov eram os correspondentes do jornal militar russo Estrela Vermelha (em inglês: Krasnaya Zvezda).

Alemanha vs. Hitleristas

A propaganda soviética destinada aos alemães durante a Segunda Guerra Mundial teve o cuidado em distinguir os alemães comuns de seus líderes, os hitleristas, e declarar que não tinham desavenças com o povo.[173] A única maneira de descobrir se um soldado alemão havia caído vivo em mãos soviéticas era escutar; o rádio iria anunciar que um certo prisioneiro falaria, dando então algum tempo para que sua família se reunisse e o ouvisse, intervalo que era preenchido com propaganda.[14] Um Comitê Nacional por uma Alemanha Livre foi fundado em campos de prisioneiros de guerra na União Soviética numa tentativa de promover uma revolta na Alemanha.[174]

Antifascismo

O antifascismo foi muito empregado na propaganda voltada para o exterior durante a década de 1930, particularmente com o objetivo de atrair pessoas para organizações de fachada.[175] A Guerra Civil Espanhola, em particular, foi utilizada para sufocar a dissidência entre os partidos comunistas europeus e suprimir reportagens sobre o crescente totalitarismo de Stalin.[176]

Nacionalista

Diante da ameaça nazista, as reivindicações internacionais do Comunismo foram minimizadas, e as pessoas eram encorajadas a ajudarem a defender o país por motivos patrióticos.[112] A presença de um inimigo real foi usada para inspirar ações e a produção em face da ameaça ao Pai da União Soviética ou à Mãe Rússia.[177] Todos os cidadãos soviéticos foram chamados para lutar, e os soldados que se rendiam haviam fracassado ao cumprir o seu dever.[178] Para prevenir as fugas de Stalingrado, soldados eram instigados a lutarem pela terra.[179]

A história russa era pressionada a produzir um passado heroico e símbolos patrióticos, ainda que de forma seletiva. Por exemplo, homenageando os homens como construtores do estado.[180] O filme Alexander Nevsky fez de sua temática principal a importância de pessoas comuns em salvar a Rússia, enquanto que os nobres e comercientas nada fizeram, assunto que foi intensamente aproveitado.[181] Entretanto, os personagens exibidos não possuíam nenhuma conexão com o socialismo.[155] Os artistas e escritores tiveram mais liberdade, contanto que não criticassem o Marxismo diretamente e que contivessem temas patrióticos.[182] Isso ficou conhecido como "A Grande Guerra Patriótica" e as histórias apresentaram-na como uma luta de heroísmo das pessoas comuns.[183]

O termo "pátria" era usado para designar a União Soviética, e, enquanto heróis russos eram ressuscitados, os heróis soviéticos passaram a ser bastante utilizados também.[184] Houve apelos de que os lugares de outras nacionalidades eram também as suas próprias casas.[185]

Vários cidadãos soviéticos achavam que o tratamento dado aos soldados que haviam caído em mãos inimigas, considerados "traidores da Pátria", era apropriado para a sua severa determinação, e a filosofia do "nenhum passo para trás" inspirava soldados a lutarem com heroísmo e sacrifício próprio.[183]

Isso continuou depois da guerra numa campanha para se eliminar elementos antipatrióticos.[186]

Nos anos 1960, reviveu-se as memórias da Grande Guerra Patriótica para reforçar o apoio ao regime, com todas as contas de bancos cuidadosamente censuradas a fim de prevenir a divulgação dos registros da incompetência do Stalin, as derrotas e o alto custo.[187]

Propaganda soviética no exterior

Trotsky e um pequeno grupo de comunistas consideravam que a União Soviética estaria condenada, caso não houvesse uma difusão internacional do Comunismo.[188] Contudo, a vitória de Stalin, o qual considerava a construção do socialismo na União Soviética como um modelo necessário para o resto do mundo e que representava a visão da maioria[189], não pôs fim à propaganda internacional.

Na década de 1980, a CIA havia estimado que o orçamento da propaganda soviética no exterior estava entre os 3.5-4.0 bilhões de dólares.[190]

A propaganda externa foi parcialmente conduzida por agências de inteligência soviéticas. Só o GRU gastou mais que $1 bilhão com propaganda e movimentos de paz contra a Guerra do Vietnam, que foi uma "campanha altamente sucedida e cujo custo valeu a pena", de acordo com o desertor do Departamento Central de Inteligencia Stanislav Lunev.[191] Ele afirmou que "o GRU e a KGB ajudaram a financiar praticamente todos os movimento pacifistas e organizações na América e no exterior".[191]

Segundo Oleg Kalugin:

A inteligência soviética era realmente incomparável. ... Os programas da KGB -- que executariam todos os tipos de congressos, congressos de paz, congressos juvenis, festivais, movimentos feministas, movimentos de sindicatos, campanhas contra os mísseis americanos na Europa, contra as armas neutrônicas, alegações de que a AIDS ... tinha sido inventada pela CIA ... todos os tipos de falsificações e materiais adulterados -- eram destinados a políticos, à comunidade acadêmica, ao público em geral.[192]

Os movimentos dirigidos pelos soviéticos fingiam ter pouca ou nenhuma ligação com a URSS; eram vistos frequentemente como não comunistas (ou aliados a esses grupos), quando na verdade eram controlados pela URSS.[193] Grande parte dos membros e apoiadores, denominados "idiotas úteis", não percebiam que eram instrumentos de resistência da propaganda soviética.[193][194] Por meio de Medidas ativas, as organizações visavam convencer os ocidentais bem-intencionados, porém ingênuos, a apoiarem os objetivos claros e obscuros dos soviéticos.[195] Em uma audiência do Congresso dos EUA, a respeito de operações soviéticas de encobertamento, uma testemunha descreveu os objetivos de tais organizações: "espalhar os temas da propaganda soviética e criar a falsa impressão de apoio público às políticas externas da União Soviética."[194]

Boa parte dos movimentos de paz dirigidos pelos soviéticos eram supervisionados pelo Conselho Mundial da Paz.[193][194] Outras organizações importantes incluíam a Federação Sindical Mundial, a Federação Mundial da Juventude Democrática e a União Internacional de Estudantes.[194] Organizações menos importantes incluíam: Organização de Solidariedade do Povo Afro-Asiático, Conferência Cristã da Paz, Associação Internacional de Advogados Democráticos, Federação Internacional de Movimentos de Resistência, Instituto Internacional pela Paz, Organização Internacional de Jornalistas, Federação Democrática Internacional das Mulheres e Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos.[196] Existiam numerosas organizações menores afiliadas com as frentes citadas acima.[195][197]

Essas organizações recebiam da URSS (no total) mais do que 100 milhões de dólares por ano.[193]

A propaganda contra os Estados Unidos incluíam as seguintes ações:[198]

Ver também

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Propaganda na União Soviética

Leitura complementar

  • Ellul, Jacques. Propaganda: The Formation of Men's Attitudes. Trans. Konrad Kellen & Jean Lerner. New York: Knopf, 1965. New York: Random House/ Vintage 1973

Referências

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  3. Pipes, Richard. (2011). In Russia Under the Bolshevik Regime. Knopf Doubleday Publishing Group. p. 315. ISBN 978-0-394-50242-7. Google Book Search. Retrieved on November 26, 2014.
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