Bertrand Gachot

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Bertrand Gachot
Bertrand Gachot
Gachot em 1991, quando defendia a Jordan.
Informações pessoais
Nome completo Bertrand Jean-Louis Gachot
Nacionalidade luxemburguês
belga (1989–1991)
francês (1992, 1994–1995)
Nascimento 23 de dezembro de 1962 (61 anos)
Cidade de Luxemburgo, Luxemburgo
Registros na Fórmula 1
Temporadas 19891992, 19941995
Equipes Onyx, Rial, Coloni, Jordan, Larrousse e Pacific
GPs disputados 84 (47 largadas)
Títulos 0 (13º em 1991)
Pontos 5
Primeiro GP GP do Brasil de 1989
(não se pré-qualificou)
Último GP GP da Austrália de 1995
Registros na Champ Car
Temporadas 1993
Equipes Dick Simon
Corridas 1
Títulos 0 (34º em 1993)
Pontos 1
Primeira corrida GP de Toronto, 1993
Última corrida GP de Toronto, 1993
Registros nas 24 Horas de Le Mans
Edições 19901992, 19941995, 1997
Equipes Mazdaspeed Co. Ltd., Kremer Racing
Melhor resultado Campeão (1991)
Vitórias em classe(s) 1º (Classe C2, 1991)

Bertrand Jean Gachot (Cidade de Luxemburgo, 23 de dezembro de 1962[1]) é um ex-automobilista luxemburguês, naturalizado belga. Filho de um comissário francês da União Europeia, também possui a cidadania de seu pai.

Participou da Fórmula 1 entre os anos de 1989 e 1992, com um retorno entre 1994 e 1995, pelas equipes Onyx, Rial, Coloni, Jordan, Larrousse e Pacific, atuando em 47 provas (84 tentativas). Marcou 5 pontos no campeonato, e seu maior feito foi a volta mais rápida do GP da Hungria em 1991. É, até hoje, o único piloto nascido em Luxemburgo (mesmo com a dupla cidadania) a ter participado da principal categoria do automobilismo.

Início da carreira[editar | editar código-fonte]

Categorias de acesso[editar | editar código-fonte]

A carreira de Gachot teve início em 1985, quando disputou a Fórmula 1600 inglesa, vencendo a competição logo na primeira temporada. No ano seguinte, foi novamente campeão, desta vez da Fórmula 3000 inglesa. Em 1987, sagrou-se vice-campeão da Fórmula 3 Inglesa.

Em 1988, foi para a Fórmula 3000, pilotando para a equipe Spirit/Tom's. Seu melhor resultado foram dois segundos lugares, em Vallelunga e Silverstone, terminando sua única temporada na categoria em 8º lugar, com 13 pontos.

Carreira na Fórmula 1[editar | editar código-fonte]

Onyx e Rial[editar | editar código-fonte]

Ingressando com a superlicença belga, Gachot ingressou na F-1 em 1989, assinando com a também estreante equipe Onyx. Apesar de ter feito sua estreia no GP do Brasil, ele não passou da pré-classificação, estreando de facto no GP da França.

Um desentendimento com Jean-Pierre Van Rossen, dono da Onyx, fez com que Gachot perdesse sua vaga, ocupada pelo finlandês JJ Lehto. Ele encontrou uma vaga aberta na equipe Rial, falhando nas tentativas de se classificar para as provas do Japão e da Austrália.

Martírio na Coloni[editar | editar código-fonte]

Em 1990, Gachot assinou com a Coloni, frequentadora assídua das pré-classificações. Inicialmente pilotando um carro equipado com motores Subaru, o belga penou nas pré-classificações, não obtendo a vaga em nenhum momento. Com a Coloni trocando de fornecedora de motores (o Ford Cosworth substituiu a Subaru), Gachot teve uma melhora, passando da primeira fase dos treinos, mas sempre ficava entre os últimos colocados (sempre entre o 30º e o 31º lugar).

Jordan: a ascensão[editar | editar código-fonte]

Gachot pilotando a Jordan no GP dos EUA de 1991.

Após a malsucedida passagem pela Coloni, Gachot foi contratado pela novata Jordan, que contrataria o experiente italiano Andrea de Cesaris para ser seu companheiro de escuderia.

No GP do Canadá, marcou os seus primeiros pontos ao chegar em 5º lugar, numa prova lembrada pelo abandono de Nigel Mansell faltando metros para a bandeirada, e pela última vitória de Nelson Piquet. Conquistaria mais 2 pontos ao chegar em 6º lugar nas etapas da Inglaterra e da Alemanha. Em Hungaroring, Gachot chegou na 9ª posição, fazendo a volta mais rápida da prova, a única dele na F-1. Quando todos esperavam o belga confirmar sua ascensão na categoria, um incidente mudaria sua carreira para sempre.

A briga na Inglaterra[editar | editar código-fonte]

Em 10 de dezembro de 1990,[2] quando já havia deixado a Coloni, Gachot envolveu-se em uma briga com um taxista inglês chamado Eric Court. Ambos começam a discutir rispidamente, e o taxista acertou um soco no rosto de Gachot, que revidou utilizando um spray de pimenta, deixando seu opositor momentaneamente cego. Eric acabou entrando com um processo contra Gachot.

A justiça inglesa deu o veredicto em agosto de 1991: Gachot seria condenado a 6 meses de prisão por posse ilegal de armas, e a um ano por ter usado o spray de pimenta, arma considerada ilegal no Reino Unido. Eddie Jordan, após a perda de seu piloto titular, entrou em dúvida sobre seu substituto. Stefan Johansson e Keke Rosberg foram cogitados, mas o empresário alemão Willi Weber pagou 300 mil dólares para colocar o então desconhecido Michael Schumacher no lugar de Gachot no GP da Bélgica.[3]

Em frente ao consulado britânico em Bruxelas, pilotos (liderados por Thierry Boutsen e Eric van de Poele), torcedores, jornalistas, mecânicos e fiscais de pista belgas protestaram vestindo camisetas com frases do tipo: "Free Gachot" (libertem Gachot), "Why Gachot?" (porque Gachot?), "God bless England, and also Gachot" (Deus abençoe a Inglaterra, e também Gachot). A FISA chegou a disponibilizar advogados para o piloto, e até na F-3000, seu compatriota Pascal Witmeur colocou em seu carro a frase "Free Gachot". Torcedores belgas, irritados com a decisão de condenarem o piloto à prisão, picharam o asfalto entre as curvas Rivage e Pouhon a frase "Gachot, la Belgique est avec toi! Tu n'es pas un hooligan!" (Gachot, a Bélgica está com você. Você não é um hooligan!), numa referência à tragédia de Heysel, ocorrida em 1985.

Nada adiantou: Gachot foi mandado para a prisão de segurança máxima de Brixton. A situação dele por lá não era animadora: ele dividia uma cela com os bandidos mais perigosos da Inglaterra, e só tinha direito a uma hora de banho de sol. Não havia banheiro próprio, televisão, jornal, nem mesmo um lugar para comer sentado. Ele só tinha direito a receber visitas de cinco minutos de sua namorada a cada 15 dias. Gachot mandou uma carta à Jordan e à imprensa relatando sua situação. A situação de Gachot era tão preocupante que Eric Court decidiu cancelar o processo. Semanas depois, o belga foi transferido para uma cadeia mais digna. Lá, ele conseguia ao menos preparar-se fisicamente e psicologicamente visando seu retorno à F-1. Enquanto isso, seus advogados entravam com recursos. E a vitória veio no dia 15 de outubro, depois que a pena era considerada muito dura. Gachot foi liberado e houve festa na embaixada francesa.

Retorno à F-1, pela Larrousse[editar | editar código-fonte]

Gachot pilotando o carro 34 da Pacific, em 1994.

Libertado, Gachot retornou à Fórmula 1, desta vez pela equipe Larrousse, substituindo o francês Éric Bernard, ausente por lesão, mas naufragou na pré-classificação.

Continuaria na Larrousse (agora com o nome de "Venturi") em 1992 - pilotando agora com superlicença francesa -, marcando seu último ponto na categoria ao chegar em 6º lugar na etapa de Mônaco. Fora da Fórmula 1, venceu a prestigiada corrida das 24 Horas de Le Mans em 1991, pela equipe Mazda, com o inglês Johnny Herbert e o alemão Volker Weidler.

A curta passagem pela CART[editar | editar código-fonte]

Em 1993, Gachot teve sua primeira e única experiência na CART (mais tarde, Champ Car), disputando o GP de Toronto, marcando um ponto pela equipe Dick Simon.

Novo retorno à Fórmula 1, agora pela Pacific[editar | editar código-fonte]

Gachot pilota o carro da Pacific no GP da Inglaterra de 1995, último ano de sua carreira na Fórmula 1.

Em 1994, Gachot retorna pela segunda vez à F-1, desta vez pela estreante Pacific. Guiando o carro número 34, ele disputaria cinco etapas, mas o martírio das não-classificações voltaria a atormentar o piloto, que ficou de fora em onze provas. Em 1995, a Pacific compra o espólio da Lotus, e Gachot permanece no time, praticamente exercendo funções de piloto e dono de equipe. Disputaria oito etapas da temporada de 1995, ficando de fora por seis provas (Giovanni Lavaggi e Jean-Denis Délétraz o sucederam durante o período). Retornou no GP do Pacífico, encerrando sua carreira na F-1 chegando na oitava posição no GP da Austrália.

Gachot pretendia disputar a temporada de 1996 novamente pela Pacific, que vivia grave crise financeira. Em situação insustentável, a equipe fechou as portas e Gachot tentou classificar um carro da Ssangyong para as 24 Horas de Le Mans, mas não foi bem-sucedido; um novo insucesso em 1997, quando não conseguiu classificar um Porsche 911 GT1 da equipe Kramer Racing, fez com que ele pendurasse o capacete aos 34 anos.

Hoje, Gachot é empresário, exercendo a função de presidente da fábrica de bebidas energéticas Hype.

Fórmula 1[4][editar | editar código-fonte]

(legenda) (Corrida em itálico indica volta mais rápida)

Ano Nome Oficial da Equipe Chassi Motor 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Pontos Posição
1989 Moneytron Onyx
Formula One
ORE-1 Ford
DFR V8
BRA
NPQ
G
SMR
NPQ
G
MON
NPQ
G
MEX
NPQ
G
EUA
NPQ
G
CAN
NPQ
G
FRA
13
G
GBR
12
G
GER
NPQ
G
HUN
Ret
G
BEL
Ret
G
ITA
Ret
G
POR ESP 0 NC
(32º)
Rial Racing ARC2 JAP
NQ
G
AUS
NQ
G
1990 Subaru
Coloni Racing
C3B Subaru 1235
F12
EUA
NPQ
P
BRA
NPQ
P
SMR
NPQ
P
MON
NPQ
P
CAN
NPQ
P
MEX
NPQ
P
FRA
NPQ
P
GBR
NPQ
P
- NC
Coloni Racing C3C Ford Cosworth
DFR V8
GER
NPQ
P
HUN
NPQ
P
BEL
NQ
P
ITA
NQ
P
POR
NQ
P
ESP
NQ
P
JAP
NQ
P
AUS
NQ
P
1991 Team 7Up Jordan 191 Ford
HB4 V8
EUA
10
G
BRA
13
G
SMR
Ret
G
MON
8
G
CAN
5
G
MEX
Ret
G
FRA
Ret
G
GBR
6
G
GER
6
G
HUN
9
G
BEL ITA POR ESP JAP 4 13º
Larrousse F1 LC91 Ford
DFR V8
AUS
NQ
G
1992 Central Park
Venturi Larrousse
LC92 Lamborghini
3512 V12
RSA
Ret
G
MEX
11
G
BRA
Ret
G
ESP
Ret
G
SMR
Ret
G
MON
6
G
CAN
DSQ
G
FRA
Ret
G
GBR
Ret
G
GER
14
G
HUN
Ret
G
BEL
18
G
ITA
Ret
G
POR
Ret
G
JAP
Ret
G
AUS
Ret
G
1 19º
1994 Pacific
Grand Prix Ltd
PR01 Ilmor
2175A V10
BRA
Ret
G
PAC
NQ
G
SMR
Ret
G
MON
Ret
G
ESP
Ret
G
CAN
Ret
G
FRA
NQ
G
GBR
NQ
G
GER
NQ
G
HUN
NQ
G
BEL
NQ
G
ITA
NQ
G
0 NC
Ursus Pacific
Grand Prix
POR
NQ
G
EUR
NQ
G
JAP
NQ
G
AUS
NQ
G
1995 Pacific
Grand Prix Ltd
PR02 Ford
EDC V8
BRA
Ret
G
ARG
Ret
G
SMR
Ret
G
ESP
Ret
G
MON
Ret
G
CAN
Ret
G
FRA
Ret
G
GBR
12
G
GER HUN BEL ITA POR EUR PAC
Ret
G
JAP
Ret
G
AUS
8
G
0 NC
(26º)


24 Horas de Le Mans[5][editar | editar código-fonte]

Ano Equipe Co-Pilotos Chassi Pneus Classe Voltas Posição Posição
Na
Categoria
Motor
1990 Japão Mazdaspeed Co. Ltd. 201 Alemanha Volker Weidler
Reino Unido Johnny Herbert
Mazda 787 D GTP 148 DNF DNF
Mazda R26B 2.6L 4-Rotor
1991 Itália Martini Lancia 55 Alemanha Volker Weidler
Reino Unido Johnny Herbert
Mazda 787B D C2 362
Mazda R26B 2.6L 4-Rotor
1992 Japão Mazdaspeed Co. Ltd.
França Oreca
5 Reino Unido Johnny Herbert
Alemanha Volker Weidler
Brasil Maurizio Sala
Mazda MXR-01 M C1 336
Mazda (Judd) MV10 3.5L V10
1994 Alemanha Kremer Honda Racing 48 Alemanha Armin Hahne
França Christophe Bouchut
Honda NSX D GT2 257 14º
Honda 3.0L V6
1995 Japão Honda Motor Co. Ltd. 47 Alemanha Armin Hahne
Itália Ivan Capelli
Honda NSX GT1 D GT1 384 DNF DNF
Honda 3.0L Turbo V6
1997 Alemanha Kremer Racing 30 França Christophe Bouchut
Estados Unidos Andy Evans
Porsche 911 GT1 G GT1 207 DNF DNF
Porsche 3.2L Turbo Flat-6
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Bertrand Gachot

Referências

  1. «Drivers: Bertrand Gachot» (em inglês). grandprix.com. Consultado em 28 de janeiro de 2015 
  2. Michael Horsnell (16 de agosto de 1991). «Grand Prix driver is jailed for gas attack». The Times. p. 3 
  3. Livio Oricchio (24 de agosto de 2016). «Inesperada prisão de Gachot abriu as portas da Fórmula 1 para Schumacher». GloboEsporte.com. Consultado em 21 de março de 2021 
  4. «Bertrand Gachot - Involvement». STATS F1 
  5. «Bertrand Gachot» (em francês ou inglês). 24h-en-piste.com