Integral de superfície
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Uma integral de superfície é uma generalização das integrais múltiplas sobre uma superfície.[1][2][3] Dada uma superfície S, pode-se integrar sobre ela um campo escalar ou um campo vetorial. Aplicações de integrais de superfícies aparecem em vários ramos da ciência e das engenharias, tais como em problemas envolvendo fluxo de fluido e de calor, eletricidade, magnetismo, massa e centro de gravidade.[4] Por exemplo, ao integrarmos uma função densidade de massa sobre uma superfície, obteremos a massa aplicada sobre a superfície.[2] Em uma superfície orientável, a integral de superfície do produto interno de um campo vetorial pelo campo normal à superfície fornece o fluxo desse campo, indicado por pela letra grega maiúscula Φ.[3]
Definição
[editar | editar código-fonte]Seja , , uma função definida em todos os pontos de uma superfície . A integral de superfície de sobre é definida por[2]:
onde, é o elemento infinitesimal de área sobre a superfície.
Se é uma superfície orientável, então definimos a integral de superfície de um campo vetorial sobre por[3]:
onde, é o campo normal escolhido na orientação da superfície. O integrando na forma de produto escalar evidencia que somente as componentes do campo perpendiculares à superfície contribuirão no cálculo do fluxo.[4]
Orientação
[editar | editar código-fonte]Assim como as curvas, também as superfícies precisam ser orientadas, a fim de que, ao adotar certa convenção, sempre se encontre o mesmo sinal para fluxo Φ. Diz-se que uma superfície de dois lados é orientável e que uma superfície de um único lado é não orientável. Assim, existe a necessidade de distinção dos lados de uma superfície orientável e convenção para orientação considerada positiva e negativa, pois ao inverter a orientação de S inverte-se o sinal de Φ.[4]
Sendo assim:
Para o cálculo de :
Suponha que a superfície seja dada como: ou ou .
Reescrevendo cada uma das equações na forma é possível interpretar a última como a equação de uma superfície de nível de uma função .
A partir do conceito que é um vetor 3-D e representa um vetor normal à superfície de nível , pode-se definir da seguinte forma:
Elemento de área
[editar | editar código-fonte]O cálculo do elemento infinitesimal de área sobre a superfície pode ser feito com o auxílio de uma projeção adequada da superfície sobre um plano do espaço cartesiano. Suponhamos que é descrita pela superfície de nível . Consideremos, ainda, um plano dado de normal unitária . A projeção de sobre define uma região planar que denotaremos por .
Com isso, aproximamos um elemento de área da superfície pela área do elemento tangente associado. Este, por sua vez, pode ser calculado em função do elemento de área projetado sobre o plano . Denotando este por , temos[2]:
onde, é o ângulo entre o vetor gradiente e o vetor calculado em algum ponto de .
Assim, podemos calcular o elemento de área por[2]:
onde, é o ângulo entre o vetor gradiente e o vetor . é o elemento de área planar.
Observamos, ainda, que o ângulo está relacionado ao produto interno entre e por:
Segue, daí, que o elemento de área pode ser calculado por:
Teorema
[editar | editar código-fonte]Seja uma superfície suave da forma ou ou e seja um campo vetorial contínuo em . Supondo também que a equação de seja reescrita como , ao passar para o membro esquerdo da equação e seja a projeção de no plano coordenado das variáveis independentes de .[4] Então:
Cálculo da integral de superfície
[editar | editar código-fonte]Com base no cálculo do elemento de área sobre uma superfície podemos calcular a integral de superfície como uma integral dupla sobre uma região planar.[2] Seja , , uma função definida em todos os pontos de uma superfície descrita pela superfície de nível . Seja, ainda, a região planar definida pela projeção de sobre um plano dado . Então, a integral de superfície de sobre pode ser calculada pela seguinte integral dupla sobre :
Observações Importantes
[editar | editar código-fonte]- Já que foi feita substituição de uma integração de superfície por uma integração dupla na região dos planos coordenados, o integrando deve coincidir com os pontos da superfície. É indispensável identificar a superfície.[4]
- Nas aplicações, as superfícies mais simples são os planos, cúbicas, e os tetraedros. Também é possível ter superfícies de revolução, como cilíndricas, e superfícies quádricas.[4]
- É importante a observação do integrando , para escolha do sistema de coordenadas mais apropriado, tendo em vista a simetria da superfície.[4]
Exemplo
[editar | editar código-fonte]Exemplo da apostila da prof Irene Strauch[4].
- Calcular o fluxo de através da superfície dada por com e e orientada para fora da concavidade.
Resolução
[editar | editar código-fonte]A região projetada é o retângulo no plano restrito a e , então
Integral de superfície de campos escalares
[editar | editar código-fonte]Supondo que f seja uma função de um campo escalar de três variáveis em uma superfície suave S. Para encontrar uma fórmula explícita da integral de superficie f sobre S, é precido parametrizar S. Dada a parametrização r(s, t), onde (s, t) varia em alguma região T no plano, a integral de superfície é definida por:
Se S for o gráfico de uma função , então:
Onde T é a projeção de S sobre o plano xy.[5]
Integral de superfície de campos vetoriais
[editar | editar código-fonte]Seja uma superfície suave representada por e um vetor unitário normal a essa superfície. Dado um campo vetorial definido sobre , a integral de superfície é definida por:
quando a integral da direita existe. Se é suave por partes, a integral é definida sobre a soma das integrais de cada fragmento de . Como o vetor unitário é dado por:
os módulos do produto vetorial se anulam. A expressão se torna:
A integral terá sinal positivo se o lado de escolhido para integração for o lado do qual emana o vetor unitário . Do contrário, o sinal será negativo.[5]
Aplicações
[editar | editar código-fonte]Aplicações de integrais de superfícies aparecem em vários ramos da ciência e das engenharias. Aqui, discutimos rapidamente algumas delas.
Na Mecânica dos Fluidos poderemos ter fluxo de um campo de velocidades . No Eletromagnetismo teremos fluxo de um campo elétrico ou de um campo de indução magnética através de uma superfície . Se o campo vetorial for um campo de densidade de corrente, indicado pela letra , então o fluxo terá dimensão de massa por unidade de tempo ou de corrente elétrica, conforme estejamos estudando o movimento de um fluido ou o movimento de cargas elétricas, respectivamente.[4]
Massa
[editar | editar código-fonte]Suponhamos que descreve a superfície de uma placa fina com densidade de massa dada pela função . Então, a massa da placa é dada pela integral de superfície[2]:
Fluxo
[editar | editar código-fonte]Seja uma superfície no espaço e um campo vetorial. Em cada ponto de S existem dois vetores normais unitários, apontando em direções opostas; o vetor normal unitário com orientação positiva, denotado por . Se S é uma superfície fechada, como uma esfera ou um cubo, então por convenção ela é orientada de forma que o lado exterior seja o positivo(sempre aponta pra fora de S).[6]
Então o fluxo através de S é determinado por
onde é o elemento de área da superfície
Também é usada a notação
Por exemplo, se é o campo de velocidades de um escoamento, então esta integral fornece o fluxo do escoamento através de .[2]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Flemming, Diva Marília. Cálculo B 2 ed. [S.l.]: Pearson. ISBN 9788576051169
- ↑ a b c d e f g h Thomas, George B. (2012). Cálculo - Volume 2 12 ed. [S.l.]: Pearson. ISBN 9788581430874
- ↑ a b c Stewart, James (2013). Cálculo - Volume 2 7 ed. [S.l.]: Cengage. ISBN 9788522112593
- ↑ a b c d e f g h i Strauch, Irene (2008). Análise Vetorial em dez aulas. Porto Alegre: Departamento de Matemática Pura e Aplicada, Instituto de Matemática.
- ↑ a b Gonçalves, Flemming, Mirian Buss, Diva Marília (2007). Cálculo B 2 ed. [S.l.]: Pearson. ISBN 9788576051169
- ↑ 18.02 Notes and Exercises by A. Mattuck and Bjorn Poonen with the assistance of T.Shifrin and S. LeDuc c M.I.T. 2010-2014