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Paulo Rangel

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Paulo Rangel
Paulo Rangel
Paulo Rangel
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa
Período 2 de abril de 2024 até à atualidade
Governo XXIV Governo
Antecessor(a) João Gomes Cravinho
Vice-Presidente do Partido Social Democrata
Período 3 de julho de 2022 até à atualidade
Presidente Luís Montenegro
Eurodeputado no Parlamento Europeu pela República Portuguesa
Período 1 de julho de 2009
até 1 de abril de 2024
Deputado à Assembleia da República pelo Distrito do Porto
Período 10 de março de 2005
até 13 de julho de 2009
Vice- Primeiro Ministro (Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros)
Período 2 de abril de 2024 até à atualidade
Dados pessoais
Nascimento 18 de fevereiro de 1968 (56 anos)
Vila Nova de Gaia, Portugal
Nacionalidade portuguesa
Ocupação Advogado, consultor jurídico e político

Paulo Artur dos Santos de Castro de Campos Rangel (Vila Nova de Gaia, 18 de Fevereiro de 1968)[1] é um advogado e político português.

Atualmente, assume as funções de vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD e de Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros do XXIV Governo de Portugal, desde o dia 2 de abril, chefiado por Luís Montenegro[2] , sendo considerado o segundo membro do Executivo[3].

Infância e juventude

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Natural de Vila Nova de Gaia, passou a infância e juventude no norte do país, crescendo entre Gaia, Porto e Gondomar.[4]

Frequentou o Colégio Internato dos Carvalhos, antes de ingressar na Universidade Católica Portuguesa[5].

Percurso académico e profissional

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Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, em 1991.[6]

Advogado de profissão, foi admitido em 1994 na Ordem dos Advogados Portugueses,[7] e dedica-se ao Direito Público, especialmente ao Direito Administrativo e ao Direito do Ambiente.[8]

Enquanto advogado, integrou as sociedades de advogados Osório de Castro, Verde Pinho, Vieira Peres, Lobo Xavier & Associados, de 1999 a 2005, e a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados (sociedade ibérica resultante da fusão entre a espanhola Cuatrecasas e a Gonçalves Pereira, Castelo Branco & Associados, de André Gonçalves Pereira e Manuel Castelo Branco), da qual foi sócio desde 2006 até 2012.

Foi também docente no Centro Regional do Porto da Universidade Católica, onde, ate ao seu ingresso no governo, regia a disciplina de Ciência Política no curso de licenciatura em Direito.

No âmbito do seu percurso académico foi bolseiro da Deutscher Akademischer Austausch Dienst, o que lhe permitiu fazer investigação no estrangeiro, nos campos do Direito Constitucional, do Direito Administrativo e da Ciência Política, no Instituto Universitário Europeu e nas universidades de Bolonha, Génova e Freiburg. A sua investigação sobre a teoria do federalismo e a constituição europeia, o estatuto constitucional do poder judicial e sistemas de governo, deram origem ao livro Repensar o Poder Judicial, publicado em 2001.

Entre as restantes atividades que Paulo Rangel exerceu, constam as de membro do Conselho de Redação da revista Jurisprudência Constitucional, do Conselho Editorial da Universidade Católica Portuguesa, da Direção da Associação Comercial do Porto e do Conselho de Administração da Fundação Robert Schuman.

Foi colunista no jornal Público e comentador da RTP, bem como da TVI24, onde integrou o painel do programa Prova dos Nove.

Foi distinguido com o Prémio D. António Ferreira Gomes, da Universidade Católica (1986) e com o Prémio René Cassin, do Conselho da Europa (1989).

Atividade política

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Entrada na politica ativa

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A primeira participação de Paulo Rangel na política deu-se nas eleições autárquicas de 2001 — o PSD e o CDS-PP confiaram-lhe então a redação do programa de candidatura à Câmara Municipal do Porto, encabeçada por Rui Rio.

Rangel tinha já sido militante do CDS-PP — aos 28 anos, em 1996, aderira ao partido democrata-cristão quando este era liderado por Manuel Monteiro. Abandonaria essa estrutura três anos mais tarde, na sequencia da dissolução do projeto de coligação da chamada Alternativa Democrática (AD), ensaio de uma reedição da Aliança Democrática, por Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas[9].

Já em 2004, quando José Pedro Aguiar-Branco foi nomeado Ministro da Justiça do XVI Governo Constitucional, de coligação entre o PSD e o CDS-PP, sendo Primeiro-Ministro Pedro Santana Lopes, o advogado portuense indicou Rangel para ser Secretário de Estado Adjunto do seu ministério.

Depois da queda do governo de Santana Lopes, Rangel foi incluído nas listas do PSD para as legislativas de 2005.

Estrear-se-ia assim como deputado na Assembleia da Republica, na sequencia dessas legislativas, vencidas, com maioria absoluta, pelo Partido Socialista de José Sócrates[10].

Liderança da bancada parlamentar do PSD

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Deputado à Assembleia da República, pelo Círculo do Porto[11] — altura em que formalizou a sua adesão ao PSD — viria a ter um papel de destaque no Parlamento com a chegada de Manuela Ferreira Leite à liderança do partido, que o indicou para presidente do Grupo Parlamentar, em junho de 2008.[12]

Liderou assim a bancada parlamentar do PSD ate ao ano seguinte, em 2009.

Nas eleições para o Parlamento Europeu de 2009, Paulo Rangel foi a escolha da direção de Ferreira Leite para encabeçar a lista desse partido,[13]. Saiu vencedor sobre o PS[14]

Desde a sua eleição coordenou o Grupo Europeu do PSD[ligação inativa] e foi igualmente vice-presidente do Grupo Parlamentar do PPE; em 2011 passou também a presidir ao então criado Grupo Parlamentar União Europeia-Brasil.[15]

Já em 2015 foi eleito vice-presidente do PPE, no congresso de Madrid, realizado a 22 de Outubro desse ano.[16]

Nas eleições europeias de 2014, Rangel foi convidado por Pedro Passos Coelho para encabeçar de novo a lista do PSD, que acabou por fazer lista conjunta com o CDS-PP — na altura seu parceiro de coligação no XX Governo Constitucional.[17]

Embora tenha sido ultrapassado pela candidatura do PS, a lista encabeçada por Rangel obteve 27,71% dos votos (elegendo sete deputados (em 21) ao Parlamento Europeu), contra 31,46%, obtidos pelo PS.[18]

O resultado obtido pelo PSD face às expetativas internas do PS nestas eleições, que esperava uma maior margem de vitória perante a coligação PSD/CDS-PP — numa altura em que o governo formado por estes partidos aplicavam as medidas impopulares do memorando de Portugal com a Troika — viria a causar uma crise política interna no PS[19]. Contestado internamente, o então líder deste partido, António José Seguro, vir-se-ia na contingencia de convocar eleições internas, das quais sairia ganhador a fação oposta à de Seguro, encabeçada por António Costa, a seguir, líder do partido[19]

Ja a 26 de Maio de 2019, sendo, pela terceira vez sucessiva, o cabeça de lista do seu partido às eleições europeias, Rangel conseguiria apenas 21,9% dos votos (727.207 votos)[1], tendo dessa forma obtido o pior resultado eleitoral de sempre do PSD.[2]

Paulo Rangel em 2022

Candidaturas a liderança do PSD

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Paulo Rangel foi, por duas vezes, candidato a liderança do PSD.

Em fevereiro de 2010, com o fim do mandato de Manuela Ferreira Leite, disputou, pela primeira vez, o cargo, com Pedro Passos Coelho e Aguiar-Branco[20].

Apresentou então como mandatário nacional António Capucho, e contou, entre os seus apoiantes, com militantes históricos como Mário Montalvão Machado e José Menéres Pimentel; novos quadros do partido, como Paulo Mota Pinto e Sofia Galvão; e antigos dirigentes ou governantes das direções de Durão Barroso (como Nuno Morais Sarmento e José Luís Arnaut), ou Cavaco Silva (como Pacheco Pereira, Pedro Lynce e João Maria de Oliveira Martins).[21]

Saiu derrotado por Passos Coelho, vencendo sobre Aguiar-Branco.

Já em 2021, depois de, dois anos antes, ter perdido as eleições europeias, anunciou, em conselho nacional realizado no dia 15 de outubro, pela segunda vez, a sua candidatura à liderança do partido. Teve agora como adversário Rui Rio.

Nas eleições disputadas a dia 27 de novembro de 2021 Rio vencia Rangel por 1.746 votos; a vitória mais curta de sempre em eleições internas do PSD[22]

Depois do fim da liderança de Rui Rio — derrotado com a maioria absoluta do PS de António Costa, nas eleições legislativas de 2022 — Rangel ingressaria na direção de Luís Montenegro, atual presidente do partido, como seu vice-presidente.

Em julho de 2021 surgiu numa publicação na Internet um vídeo, gravado uns anos antes, em que Rangel aparecia embriagado numa rua de Bruxelas.

No seu twitter o então eurodeputado, reagia com a seguinte mensagem: Um vídeo depois de um excesso num jantar com amigos, há anos em Bruxelas, tornou-se viral. Não sei quem filmou, guardou e só agora divulgou. Deploro que o tenha feito, violando os limites da vida privada. Vida, em que como canta o Sérgio, todos temos glórias, terrores e aventuras[23].

Em setembro de 2021, Rangel assumiu não ser heterossexual no programa de entrevistas de Daniel Oliveira, Alta Definição, transmitido pela SIC. Na entrevista, em que desvalorizava a importância politica de falar publicamente sobre a sua orientação sexual[24], foi também denotado que evitou afirmar ser "gay"[25].

Tais declarações aconteceram da sequência de o semanário tabloide Tal & Qual ter feito manchete com o seguinte título: "Eles querem ver Rangel a sair do armário"[26], titulo que foi interpretado como uma chantagem (utilizando o referido jornal) feita pelos seus adversários políticos internos, com a vista prejudicar a sua possivel candidatura à liderança do PSD[27].

Não sendo a primeira vez que um político "em funções" (governativas, de representação ou de direção de partido), assumia a sua orientação sexual (haviam-no feito a então Secretária de Estado da Modernização Administrativa, Graça Fonseca em 2017, numa entrevista ao DN, e Adolfo Mesquita Nunes, então vice-presidente do CDS/PP, em 2018, ao Expresso), foi a primeira vez que um político "acusado" publicamente de ser homossexual respondia, também publicamente, assumindo essa identidade[28].

O facto de, enquanto político, Rangel sempre ter feito campanha e votado contra os direitos LGBT[carece de fontes?] — à exceção de um voto a favor, em 2015, de uma resolução do Parlamento Europeu que propunha reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo como um direito humano — contrastar com a confissão da sua homossexualidade foi ignorado pelos média portugueses[29].

Condecorações

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Obras publicadas

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  • Concertação, Programação e Direito do Ambiente. Coimbra, Coimbra Editora, 1994
  • O assassinato do conto policial, FTD Editora, 1989
  • Reserva de Jurisdição: Sentido Dogmático e Sentido Jurisprudencial. Porto, Editora Universidade Católica, 1997
  • Repensar o Poder Judicial. Porto, Publicações Universidade Católica, 2001
  • Guerras Surdas - Crónicas da Tensão Política. Coimbra, 2005
  • O estado do Estado - Dom Quixote, 2009

Referências

  1. «Paulo Rangel». www.facebook.com. Consultado em 18 de junho de 2023 
  2. «Quem são e por onde andaram os novos ministros escolhidos por Montenegro». www.cmjornal.pt. Consultado em 29 de março de 2024 
  3. «Paulo Rangel: de número dois no PSD a número dois no Governo». www.tsf.pt. Consultado em 21 de julho de 2024 
  4. «Paulo Rangel | Eurodeputado (PSD)». PÚBLICO. 25 de abril de 2023. Consultado em 18 de junho de 2023 
  5. «Paulo Rangel | Eurodeputado (PSD)». PÚBLICO. 25 de abril de 2023. Consultado em 18 de junho de 2023 
  6. «Palavras no Tempo». Consultado em 18 de junho de 2023 
  7. «Ordem dos Advogados». Consultado em 16 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 18 de janeiro de 2017 
  8. «Docentes da UCP». Consultado em 8 de maio de 2009. Arquivado do original em 20 de novembro de 2008 
  9. Diario de Notiicas - Rangel: "Nunca escondi ligação ao CDS", 2010
  10. Observador - Apenas cinco maiorias absolutas desde 1976, quatro do PSD. PS teve a mais recente, 2022
  11. «Biografia». www.parlamento.pt. Consultado em 18 de junho de 2023 
  12. «Grupo Parlamentar | PSD». www.psd.pt. Consultado em 18 de junho de 2023 
  13. Paulo Rangel é o candidato do PSD às europeias
  14. «Rangel: Ferreira Leite "é a grande vencedora", Sócrates sofreu "derrota pessoal"». Consultado em 8 de junho de 2009. Arquivado do original em 11 de junho de 2009 
  15. https://www.facebook.com/DiariodeNoticias.pt/?fref=ts (16 de junho de 2011). «Vai ser criado Grupo Parlamentar União Europeia-Brasil». www.dn.pt. Consultado em 18 de junho de 2023 
  16. «Paulo Rangel eleito vice-presidente do PPE». TVI 24. 22 de Outubro de 2015. Consultado em 22 de Outubro de 2015 
  17. «TVI». tvi.iol.pt. Consultado em 18 de junho de 2023 
  18. «Europeias 2014 - Resultados Globais». www.eleicoes.mai.gov.pt. Consultado em 18 de junho de 2023 
  19. a b https://www.facebook.com/DiariodeNoticias.pt/?fref=ts (12 de julho de 2014). «Costa diz que não basta ganhar por poucochinho». www.dn.pt. Consultado em 18 de junho de 2023 
  20. «Cópia arquivada». Consultado em 13 de maio de 2019. Arquivado do original em 16 de março de 2012 
  21. https://www.facebook.com/tsfradio/?fref=ts (10 de fevereiro de 2010). «Candidatura de Paulo Rangel quer «libertar o futuro»». TSF Rádio Notícias. Consultado em 18 de junho de 2023 
  22. CNN/ Lusa - Rio venceu Rangel por 1.746 votos. Foi a vitória mais curta de sempre no PSD, 2021
  23. Noticias ao Minuto - Rangel reage a vídeo onde surge embriagado. "Todos temos aventuras"
  24. Câncio, Fernanda (7 de Setembro de 2021). «Paulo Rangel e a luta pela igualdade». Diário de Notícias 
  25. Sapage, Sonia (4 de Setembro de 2021). «Paulo Rangel fala sobre a sua homossexualidade: "Foi uma coisa que nunca escondi"». PÚBLICO 
  26. «"Não é nenhum segredo". Paulo Rangel assume publicamente homossexualidade» 
  27. Câncio, Fernanda (7 de Setembro de 2021). «Paulo Rangel e a luta pela igualdade». Diário de Notícias 
  28. Câncio, Fernanda (7 de Setembro de 2021). «Paulo Rangel e a luta pela igualdade». Diário de Notícias 
  29. Câncio, Fernanda (7 de Setembro de 2021). «Paulo Rangel e a luta pela igualdade». Diário de Notícias 
  30. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "Paulo de Campos Rangel". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de outubro de 2014 
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(como ministro dos Negócios Estrangeiros)
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2024 –
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