Leonor da Aquitânia

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Leonor
Leonor da Aquitânia
Duquesa da Aquitânia e da Gasconha
Período 9 de abril de 1137
a 1 de abril de 1204
Antecessor(a) Guilherme X
Sucessor(a) João
Rainha Consorte da França
Reinado 1 de agosto de 1137
a 21 de março de 1152
Coroação 25 de dezembro de 1137
Predecessora Adelaide de Saboia
Sucessora Constança de Castela
Rainha Consorte da Inglaterra
Reinado 25 de outubro de 1154
a 6 de julho de 1189
Coroação 19 de dezembro de 1154
Predecessora Matilde I, Condessa de Bolonha
Sucessora Berengária de Navarra
Duquesa da Normandia, Condessa de Anjou, Maine e Touraine
Reinado 18 de maio de 1152
a 6 de julho de 1189
Predecessora Matilde de Inglaterra
Sucessora Berengária de Navarra
 
Nascimento 1122 ou 1124
  Poitiers, Bordéus ou Nieul-sur-l'Autise, França
Morte 1 de abril de 1204
  Poitiers, França
Sepultado em Abadia de Fontevraud, Fontevraud-l'Abbaye, França
Maridos Luís VII de França
Henrique II de Inglaterra
Descendência Maria da França
Alice de França
Guilherme IX, Conde de Poitiers
Henrique, o Jovem
Matilde de Inglaterra
Ricardo I de Inglaterra
Godofredo II, Duque da Bretanha
Leonor de Inglaterra
Joana de Inglaterra
João de Inglaterra
Casa Poitiers
Pai Guilherme X da Aquitânia
Mãe Leonor de Châtellerault
Religião Catolicismo Romano

Leonor da Aquitânia (em francês: Aliénor/Éléonore d'Aquitaine; em inglês: Eleanor of Aquitaine; 1122 ou 11241 de abril de 1204) foi uma das mulheres mais ricas e poderosas da Idade Média. Leonor foi Duquesa da Aquitânia e da Gasconha e Condessa de Poitiers por seu próprio direito. Ela foi rainha consorte da França, como esposa de Luís VII, e depois da Inglaterra, como esposa de Henrique II, além de ter sido matriarca da dinastia Plantageneta, que governou a Inglaterra entre 1154 e 1485. Era a filha mais velha de Guilherme X, o Santo, a quem sucedeu em 1137, e de Leonor de Châtellerault.

Foi mãe de vários filhos, dentre eles os reis da Inglaterra, Ricardo, Coração de Leão e João Sem Terra.

Primeiros anos

Leonor nasceu na corte mais literata e culta do seu tempo. O seu avô tinha sido Guilherme IX, o Trovador (1071 – 1126), um dos primeiros trovadores e poetas vernaculares. Era ainda um homem extremamente culto, que transmitiu o gosto pela aprendizagem ao herdeiro Guilherme X que, por sua vez, ofereceu uma educação excepcional a suas duas filhas. Leonor e Petronila eram fluentes em cerca de oito línguas, aprenderam matemática e astronomia, e discutiam leis e filosofia a par com os doutores da Igreja. Esta educação, excepcional por serem mulheres e em uma época em que a maior parte dos governantes eram analfabetos, permitiu-lhes desenvolver espírito crítico e sagacidade política, útil especialmente à Leonor que haveria de governar ela própria. Guilherme X teve ainda o gosto de envolver sua herdeira nos variados aspectos do governo, levando-a em várias visitas através dos seus territórios.

Rainha de França

Representação do casamento de Luís VII e Leonor

Em 1130 torna-se a herdeira universal do seu pai depois da morte do seu irmão Guilherme Aigret ainda na infância. Sete anos depois sucede em todos os títulos de Guilherme X, após a sua morte durante uma peregrinação à catedral de Santiago de Compostela. Como senhora de uma porção substancial do que é atualmente França, Leonor aos 15 anos tornou-se na noiva mais desejada da Europa. O eleito foi o rei Luis VII de França, com quem se casou em 22 de julho de 1137, na Catedral de Bordeaux. Luís, com o casamento, estendeu os seus domínios até aos Pirenéus. Era desejo de Guilherme X, expresso no seu testamento, casar a filha com Luís, o Jovem, filho do rei da França (Luís VI). Em troca oferecia ao rei, como dote, a Aquitânia e Poitou.

Representação de Luís VII na
Biblioteca Nacional de França

Leonor estimulou o marido a participar da Segunda Cruzada. Antes da partida, atuou nos preparativos: promoveu torneios para arrecadar recursos, recolheu doações e, como era costume dos cruzados fazer, foi a todas as abadias pedir a bênção e as preces dos religiosos das ordens. Leonor acompanhou a expedição, assim como outras damas da nobreza, mas ela tinha o estatuto de líder feudal do exército da Aquitânia em pé de igualdade com os outros dirigentes. Segundo as lendas tradicionais, Leonor e as suas aias vestiram-se de Amazonas, num traje que incluía parafernália militar. Esta história é duvidosa, mas de qualquer maneira é histórico que o seu comportamento durante a cruzada foi considerado indecoroso pelo papa.

Esse vaso foi dado a ela por seu avô, Guilherme IX, com o qual ela presenteou Luís VII. Ele então o doou para a Abadia de Saint-Denis.

Foi durante a expedição que começaram as divergências entre Leonor e Luís. Leonor era favorável à luta pela reconquista do Condado de Edessa, como estratégia de defesa do Principado de Antioquia, estado cruzado sob o domínio do seu tio Raimundo de Poitiers. Luís considerava mais importante alcançar Jerusalém. A discussão resultou numa rebelião dos cavaleiros da Aquitânia, e o exército ficou dividido. Em consequência, Luís VII decidiu atacar Damasco, mas fracassou.

Em 1149, Luís e Leonor regressaram à Europa, passando por Roma, onde o Papa Eugênio III promoveu a sua reconciliação, ao contrário do esperado anulamento. A segunda filha do casal, Alice Capeto, nasceu pouco depois, mas o casamento estava perdido. Em 21 de março de 1152, no castelo de Beaugency, a união foi anulada por alegada consanguinidade e, em consequência, Leonor recuperou o controle dos seus territórios, que estava em poder da coroa francesa.

Rainha de Inglaterra

Selo da rainha
Fragmento de mural mostrando Leonor e seu filho João
Ricardo Coração de Leão

Apenas semanas depois, em 18 de maio de 1152, em Poitiers, ou na Catedral de Bordeaux, Leonor casou com Henrique Plantageneta, o futuro Henrique II de Inglaterra, então Conde de Anjou, onze anos mais novo do que ela. Henrique era filho de Matilde de Inglaterra, herdeira do pai Henrique I de Inglaterra, filho do rei Guilherme, o Conquistador, duque da Normandia e primeiro rei normando da Inglaterra, cujo ancestral era o viking Rollo. Assim como com Luís, Leonor tinha parentesco Henrique, como primos do terceiro grau.

A relação dos dois pode ter começado antes da união aos olhos da Igreja, como sugere o nascimento ainda no mesmo ano de 1152 de Guilherme, o primeiro filho do casal.

Havia um rumor de que Leonor tinha sido amante do pai do marido, Godofredo V de Anjou, pois ele aconselhou o filho a ficar longe dela.

O casal foi coroado rei e rainha de Inglaterra na Abadia de Westminster, em 19 de de dezembro de 1154.

No fim da década de 1160, Leonor separou-se de Henrique e retirou-se para a Aquitânia, devido possivelmente aos casos extra-matrimoniais do marido ou da sua insistência em interferir nos assuntos do ducado de Leonor. A reconciliação nunca chegou e, em 1173 Leonor e os seus três filhos mais velhos Henrique, o Jovem, (1155 - 1183), Ricardo Coração de Leão e Godofredo revoltaram-se contra Henrique II - com o apoio de Luís VII, rei da França e ex-marido de Leonor. A rebelião familiar gerou outras revoltas em Poitou e motins dos vassalos do rei em grande parte de seus feudos.

Henrique II conseguiu controlar a situação e perdoou os filhos. No entanto, mandou prender Leonor que, acusada de ser a instigadora do complô, permaneceu encarcerada por 16 anos, primeiro no Castelo de Chinon, depois em Salisbury, entre outros castelos da Inglaterra.

Em 1189, com a morte do marido e ascensão ao trono do seu filho Ricardo, Leonor é libertada e, com a partida de Ricardo para a Terceira Cruzada (1189 - 1192), tornou-se a regente da Inglaterra.

Leonor morreu em 1204 e encontra-se sepultada na Abadia de Fontevraud, junto de Henrique II e Ricardo I.

Descendência

De Luís VII, Rei de França:

De Henrique II, Rei de Inglaterra:

Leonor da Aquitânia foi avó de Henrique III de Inglaterra, bisavó de Eduardo I de Inglaterra, trisavó de Eduardo II de Inglaterra, tetravó de Eduardo III de Inglaterra, pentavó de Ricardo II de Inglaterra. E é ancestral de todos os monarcas britânicos das dinastias subsequentes à Plantageneta, de todos os reis da Casa de Lencastre e da Casa de Iorque, ambas ramos da Dinastia Plantageneta. Assim como da Dinastia Tudor, resultado da união entre os Lencastre e Iorques com origem galesa, da escocesa Casa de Stuart, da alemã Casa de Hanôver e da Casa de Windsor, inclusive da atual rainha Isabel II do Reino Unido.

Através de sua filha Leonor Plantageneta, Leonor é ancestral de todas as casas reais ibéricas e francesas. A neta de Leonor, Berengária de Castela, inseriu seu sangue na linhagem real espanhola, sua outra neta Branca de Castela tornou Leonor ancestral de todos os reis franceses a partir de Luís IX e por sua neta Urraca de Castela, rainha de Portugal, todos os reis de Portugal a partir de Sancho II de Portugal, assim como a Casa Imperial do Brasil descendem de Leonor.

E por parte de sua filha Matilde de Inglaterra, duquesa da Saxônia, Leonor converteu-se em ancestral de dezenas de casas reais e nobres alemães, dentre elas as casas de Habsburgo, Wettin, Wittelsbach, Hohenzollern e Hesse. Através dos descendentes alemães da rainha, seu sangue foi levado para as famílias reais escandinavas.

Por outras linhagens Leonor também é ancestral da maioria das casas reais e nobres italianas e eslavas.

Títulos e honrarias

  • 1 de abril de 11221130: Sua Alteza a princesa Leonor de Aquitânia
  • 11309 de abril de 1137: Sua Alteza a princesa Leonor, herdeira de Aquitânia
  • 9 de abril de 113725 de julho de 1137: Sua Alteza Ducal a duquesa Leonor de Aquitânia, Condessa de Bordeaux, Agen,Poitiers, Saintonge, Limousin e Angoumois
  • 25 de julho de 113721 de março de 1152: Vossa Majestade Real, Leonor de Aquitânia, Pela Graça de Deus, a Rainha dos Francos, Duquesa da Aquitânia, Condessa de Bordeaux, Agen, Poitiers, Saintonge, Limousin, Angoumois e de Poitevins
  • 18 de maio de 115215 de outubro de 1154: Sua Alteza Ducal, Leonor de Aquitânia, Duquesa da Aquitânia, Duquesa da Normandia, Condessa de Bordeaux, Agen, Poitiers, Saintonge, Limousin, Angoumois, Poitou e Anjou
  • 15 de outubro de 11546 de julho de 1189: Vossa Majestade Real, Pela Graça de Deus, Leonor de Aquitânia, Rainha da Inglaterra, Duquesa da Aquitânia, Duquesa da Normandia, Duquesa da Bretanha Condessa de Bordeaux, Agen, Poitiers, Saintonge, Limousin, Angoumois, Poitou e Anjou
  • 6 de julho de 118931 de março de 1204: Vossa Majestade Real, Leonor de Aquitânia, Rainha Viúva da Inglaterra, Duquesa da Aquitânia, Duquesa da Normandia, Condessa de Bordeaux, Agen, Poitiers, Saintonge, Limousin, Angoumois, Poitou e Anjou

Na cultura popular

Filmes

Leonor foi representada nos seguintes filmes:

Livros

  • Aparece nos livros When Christ And His Saints Slept, Time and Chance, Devil's Brood, Here Be Dragons, The Queen's Man, Cruel as the Grave, Dragon's Lair, e Prince of Darkness da autora americana Sharon Kay Penman;
  • Está presente na obra de 1973, A Proud Taste for Scarlet and Miniver de E. L. Konigsburg. A história ocorre no céu durante o século XX, onde Leonor, sua sogra Matilde de Inglaterra, e o cavaleiro Guilherme Marechal, 1.º Conde de Pembroke, esperam pela chegada de Henrique II. Enquanto isso, recordam-se de momentos da vida da rainha e duquesa;
  • Na série The Royal Diaries de Kristiana Gregory, no livro Eleanor: Crown Jewel of Aquitaine.
  • Em Lionheart and A King's Ransom de Sharon Kay Penman, que foca no reinado de Ricardo, ela é uma personagem de menor importância.

Teatro

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Ancestrais

Leonor da Aquitânia
Casa de Poitiers
1122 ou 1124 – 1 de abril de 1204
Precedida por
Guilherme X
Duquesa da Aquitânia

9 de abril de 1137 – 1 de abril de 1204
Sucedida por
João de Inglaterra
Condessa de Poitiers

9 de abril de 1137 – c. 1153
Sucedida por
Guilherme XI
Precedida por
Adelaide de Saboia
Rainha consorte da França

12 de julho de 1137 – 21 de março de 1152
Sucedida por
Constança de Castela
Precedida por
Matilde I, Condessa de Bolonha
Rainha consorte da Inglaterra

25 de outubro de 1154 – 6 de julho de 1189
Sucedida por
Berengária de Navarra

Ver também