Argumento da causa primeira: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:00Galaxy NGC1300.jpg|thumb|320px|O raciocínio cosmológico afirma que tudo que começou a existir tem uma causa. Se o [[Universo]] veio a existir, então nem sempre ele existiu. Logo, o Universo tem uma causa primeira.]]
[[Ficheiro:00Galaxy NGC1300.jpg|thumb|320px|O raciocínio cosmológico afirma que tudo que começou a existir tem uma causa. Se o [[Universo]] veio a existir, então nem sempre ele existiu. Logo, o Universo tem uma causa primeira.]]


'''Argumento cosmológico''' é um [[raciocínio]] filosófico que visa a buscar uma causa primeira (ou uma causa sem causa) para o [[Universo]]<ref name="GEISLER, 2002">[[Norman Geisler]]. ''Argumento Cosmológico''. In: ''Enciclopédia Apologética''. São Paulo: Vida, 2002;</ref>. Por extensão, esse [[argumento]] é frequentemente utilizado para a existência de um ser incondicionado e supremo, identificado como [[Deus]].
'''Argumento cosmológico''' é um [[raciocínio]] filosófico que visa a buscar uma causa primeira (ou uma causa sem causa) para o [[Universo]]<ref name="GEISLER, 2002">[[Norman Geisler]]. ''Argumento Cosmológico''. In: ''Enciclopédia Apologética''. São Paulo: Vida, 2002;</ref>. Por extensão, esse [[argumento]] é frequentemente utilizado para a existência de um ser incondicionado e supremo, identificado como [[Deus]].


A [[premissa]] básica é que, já que há um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na [[Lei de causa e efeito (filosofia)|lei da causalidade]], que diz que toda coisa [[Finitude|finita]] ou [[Contingência|contingente]] é causada agora por algo além de si mesma<ref name="GEISLER, 2002"/>.
A [[premissa]] básica é que, já que há um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na [[Lei de causa e efeito (filosofia)|lei da causalidade]], que diz que toda coisa [[Finitude|finita]] ou [[Contingência|contingente]] é causada agora por algo além de si mesma<ref name="GEISLER, 2002"/>.
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Esse argumento é tradicionalmente conhecido como ''argumento a partir da causalidade universal'', ''argumento da causa primeira'', ''argumento causal'' ou o ''argumento da existência''. Qualquer que seja o [[termo]] empregado, há três variantes básicas do argumento cosmológico, cada uma com distinções sutis, mas importantes: os argumentos da causa ([[causalidade]]), da [[essência]] (essencialidade), do [[devir]] (tornando-se), além do argumento da [[contingência]].
Esse argumento é tradicionalmente conhecido como ''argumento a partir da causalidade universal'', ''argumento da causa primeira'', ''argumento causal'' ou o ''argumento da existência''. Qualquer que seja o [[termo]] empregado, há três variantes básicas do argumento cosmológico, cada uma com distinções sutis, mas importantes: os argumentos da causa ([[causalidade]]), da [[essência]] (essencialidade), do [[devir]] (tornando-se), além do argumento da [[contingência]].


Esse raciocínio tem sido utilizado por vários [[teólogos]] e [[filósofos]] ao longo dos séculos, desde a [[Grécia Antiga]] com [[Platão|Platão, Karl Marx]] e [[Aristóteles]], passando pela [[Idade Média]] com [[São Tomás de Aquino]], até a atualidade com [[William Lane Craig]]<ref>[http://pt.scribd.com/doc/36215706/O-Novo-Ateismo-e-Os-Argumentos-Para-a-Existencia-de-Deus-William-Lane-Craig O Novo Ateísmo e cinco argumentos para a existência de Deus];</ref>, [[Alexander Pruss]]<ref>Alexander Pruss. ''The Principle os Sufficiente Reason: A Reassessment''. Cambridge: Cambridge University Press, 2006;</ref>, [[Timothy O'Connor]]<ref>Timothy O'Connor. ''Theism and Ultimate Explanation: The Necessary Shape of Contingency''. Oxford: Blackwell, 2008;</ref>, [[Stephen Davis]], [[Robert Koons]] e [[Richard Swinburne]].
Esse raciocínio tem sido utilizado por vários [[teólogos]] e [[filósofos]] ao longo dos séculos, desde a [[Grécia Antiga]] com [[Platão]] e [[Aristóteles]], passando pela [[Idade Média]] com [[São Tomás de Aquino]], até a atualidade com [[William Lane Craig]]<ref>[http://pt.scribd.com/doc/36215706/O-Novo-Ateismo-e-Os-Argumentos-Para-a-Existencia-de-Deus-William-Lane-Craig O Novo Ateísmo e cinco argumentos para a existência de Deus];</ref>, [[Alexander Pruss]]<ref>Alexander Pruss. ''The Principle os Sufficiente Reason: A Reassessment''. Cambridge: Cambridge University Press, 2006;</ref>, [[Timothy O'Connor]]<ref>Timothy O'Connor. ''Theism and Ultimate Explanation: The Necessary Shape of Contingency''. Oxford: Blackwell, 2008;</ref>, [[Stephen Davis]], [[Robert Koons]] e [[Richard Swinburne]].


== Argumento ==
== Argumento ==

Revisão das 18h50min de 27 de maio de 2020

O raciocínio cosmológico afirma que tudo que começou a existir tem uma causa. Se o Universo veio a existir, então nem sempre ele existiu. Logo, o Universo tem uma causa primeira.

Argumento cosmológico é um raciocínio filosófico que visa a buscar uma causa primeira (ou uma causa sem causa) para o Universo[1]. Por extensão, esse argumento é frequentemente utilizado para a existência de um ser incondicionado e supremo, identificado como Deus.

A premissa básica é que, já que há um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na lei da causalidade, que diz que toda coisa finita ou contingente é causada agora por algo além de si mesma[1].

Esse argumento é tradicionalmente conhecido como argumento a partir da causalidade universal, argumento da causa primeira, argumento causal ou o argumento da existência. Qualquer que seja o termo empregado, há três variantes básicas do argumento cosmológico, cada uma com distinções sutis, mas importantes: os argumentos da causa (causalidade), da essência (essencialidade), do devir (tornando-se), além do argumento da contingência.

Esse raciocínio tem sido utilizado por vários teólogos e filósofos ao longo dos séculos, desde a Grécia Antiga com Platão e Aristóteles, passando pela Idade Média com São Tomás de Aquino, até a atualidade com William Lane Craig[2], Alexander Pruss[3], Timothy O'Connor[4], Stephen Davis, Robert Koons e Richard Swinburne.

Argumento

Há duas formas básicas do argumento cosmológico: a horizontal, ou argumento cosmológico Kalam, e a vertical. O argumento cosmológico horizontal baseia seu raciocínio numa causa do início do Universo. O argumento cosmológico vertical baseia seu raciocínio no Universo existente agora. O primeiro diz que o Universo existe conforme uma causa originadora enquanto o segundo diz que ele existe conforme uma causa sustentadora. Formas diferentes do argumento cosmológico combinam ambas as dimensões.

Parte-se da premissa geral de que tudo o que veio a existir possui uma causa. Ora, o Universo veio a existir, nem sempre existiu, logo ele possui uma causa. De fato, cada ente possui uma causa, que também possui uma causa e assim por diante. Entretanto, não é possível recuar infinitamente numa série de causas, pois assim o Universo nem poderia começar. Sendo impossível a regressão infinita, deve haver uma causa primeira, que é necessariamente incausada.

Essa versão do argumento cosmológico pode ser expressa com um silogismo formal:

  • Tudo que começa a existir tem uma causa.
  • O Universo começou a existir.
  • Portanto, o Universo teve uma causa.

A outra versão do argumento tem as seguintes premissas e conclusão:

  • Toda parte do Universo é dependente.
  • Se toda parte é dependente, então todo o Universo também deve ser dependente.
  • Logo, todo o Universo é dependente agora de algum ser independente dele para sua existência atual.

Existem críticas; a primeira é que as premissas não são necessariamente verdadeiras, não se pode dizer que tudo precisa ter causa e que o Universo teve um começo. A segunda é que a própria causalidade não é um conceito pacificado em filosofia, como explicou David Hume. Existem também modelos de causalidade não lineares, como na teoria do caos, nos quais cada evento é causa e efeito de outro. Por fim, aventa-se a possibilidade de uma regressão infinita, como na teoria M, segundo a qual o Universo não possui começo nem fim.[5][6]

Ver também

Referências

  1. a b Norman Geisler. Argumento Cosmológico. In: Enciclopédia Apologética. São Paulo: Vida, 2002;
  2. O Novo Ateísmo e cinco argumentos para a existência de Deus;
  3. Alexander Pruss. The Principle os Sufficiente Reason: A Reassessment. Cambridge: Cambridge University Press, 2006;
  4. Timothy O'Connor. Theism and Ultimate Explanation: The Necessary Shape of Contingency. Oxford: Blackwell, 2008;
  5. Argumentos para provar a exstência de Deus. Acessado em 24 de outubro de 2011.
  6. Reflexão de Bertrand ussel. Acessado em 24 de outubro de 2011.

Ligações externas

  • (em português) Filedu - Porque não sou Cristão, sobre o argumento da Causa primeira (Bertrand Russell). Acessado em 8 de fevereiro de 2012.
  • (em português) Teísmo - Considerações sobre o Porque não sou Cristão de Russell – "A Causa primeira". Acessado em 8 de fevereiro de 2012.