Império Quemer
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Império Quemer | ||||
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Vermelho: Império Khmer Verde claro: Haripunjaya Amarelo: Champa | ||||
Continente | Ásia | |||
Região | Extremo Oriente | |||
Capital | Yasodharapura Hariharalaya Angkor | |||
Língua oficial | Quemer antigo | |||
Governo | Monarquia | |||
Rei | ||||
• 802 - 850 | Jayavarman | |||
• 877 - 889 | Indravarman | |||
• 889 - 900 | Yashovarman | |||
• c. 928 | Jayavarman IV | |||
• c. 944 | Rajendravarman II | |||
• 1011 - 1049 | Suryavarman I | |||
• 1113 - c. 1150 | Suryavarman II | |||
• 1181 - c. 1215 | Jayavarman VII | |||
• 1393 - 1463 | Ponhea Yat | |||
História | ||||
• 802 | Unificação de principados khmer rivais | |||
• 1431 | Idade das Trevas do Camboja | |||
População | ||||
• est. | 3 000 000 |
Império Quemer[1][2] (em quemer: ចក្រភពខ្មែរ ou អាណាចក្រខ្មែរ; romaniz.: Chakrphup Khmer ou Anachak Khmer), oficialmente Império de Anguecor (em quemer: អាណាចក្រអង្គរ; romaniz.: Anachak Angkor), foi o Estado predecessor do Camboja moderno ("Kampuchea" ou "Siroque Quemer" para os quemeres). Foi um poderoso império hindu-budista no sudeste da Ásia, que cresceu a partir dos antigos reinos de Funan e Chenla e chegou a dominar grande parte do continente asiático.[3]
Seu maior legado é Angkor, que foi o local da capital durante o apogeu do império. Os majestosos monumentos de Angkor - como Angkor Wat e Bayon - testemunham o imenso poder e riqueza, a impressionante arte e cultura, a técnica arquitetônica e as conquistas estéticas, bem como a variedade de sistemas de crenças do Império Quemer. Imagens de satélite revelaram que Angkor, durante o seu pico nos séculos XI a XIII, chegou a ser o maior centro urbano pré-industrial do mundo.[4]
O início da Era quemer é convencionalmente datado de 802. Neste ano, o rei Jaiavarmã II declarara-se chakravartin ("rei do mundo" ou "rei dos reis") em Phnom Kulen. O império terminou com a queda de Angkor no século XV.
História[editar | editar código-fonte]
Parte da série sobre a |
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História do Camboja |
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Primórdios |
Idade das Trevas |
Período colonial |
Século XX |
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Linha do tempo |
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O governante quemer mais antigo que se conhece é Rudravarman. Assim como os seus subsequentes, o seu nome régio associa o de uma divindade hindu ou de algum atributo poderoso com o sufixo "varman". De acordo com a tradição, a sede do governo foi Angkor Borei, centro dos primeiros avanços culturais e políticos dos quemer.
O registro mais antigo que se têm do Império Quemer está numa estrela do templo Sdok Kok Thom, na província tailandesa Sa Kaeo, datada de 1053 comemorativa da ascensão ao trono de Udaiaditiavarmã II (1050 – 1066. Estas inscrições fazem referência ao antigo soberano quemeres Jaiavarmã II que teria subido ao trono no ano de 802 da nossa era.
Demografia[editar | editar código-fonte]
Religião[editar | editar código-fonte]
Além de outros aspectos culturais, os quemeres foram fortemente influenciados pela religião Hindu a ponto de adoptarem todo o panteão de deuses e respectivos rituais. Até mesmo o nome dos soberanos era talhado em sânscrito e invariavelmente terminavam com o sufixo varmam que significa protegido de . (v.g. Surya Varman = Protegido pelo Sol). Mais adiante o budismo foi adoptado, com implicações nas construções cerimoniais que eram continuamente conservadas e reformadas.
Governo[editar | editar código-fonte]
Imperadores[editar | editar código-fonte]

Engenharia[editar | editar código-fonte]
O império só se veio a desenvolver depois da regulação da agricultura pela monarquia local que, a partir de Suriavarmã II, culminou por libertar um grande contingente de pessoas bem alimentadas, que foram canalizadas para as guerras de conquista e para a construção do templo maior na então capital, Angkor Wat. Mas a precedente organização da agricultura já é notável em si mesma por ter exigido consideráveis esforços para vencer o regime climático de chuvas e o relevo plano coberto pela selva equatorial que só possibilitava uma safra anual de arroz semeada quando chegavam as chuvas das monções.
O engenho da inovação consistia basicamente em garantir o abastecimento de água para além das monções através de grandes represas para possibilitar o plantio de duas safras anuais: a primeira antecipada a partir de mudas previamente plantadas em viveiros e a segunda plantada no mesmo campo e pouco antes da primeira colheita. Com isto, os quemeres puderam duplicar a produção agrícola e pecuária, motor primário do seu desenvolvimento urbano, e com este, o da arquitectura e artes.
Digna de nota foi a solução para construir grandes reservatórios de água naquele relevo quase plano em meio à selva: Fizeram-no simplesmente construindo barragens de pequena altura mas cercando uma extensa área na qual a selva continuava intacta. Assim cada reservatório destes armazenava uma grande quantidade de água durante as chuvas das monções que irrigava os campos agrícolas adjacentes logo abaixo. Assim se desenvolveu a civilização surgida na região do Delta do rio Mecom, com uma economia baseada na pesca e na agricultura do arroz.
Normalmente as construções eram executadas em madeira e pedra (rara no local que era trazida de locais distantes e destinada apenas à construção cerimonial de templos e palácios, cujo expoente máximo é o templo Angkor Wat). Alguns dos seus templos possuem imagens do rosto de Buda esculpidas nas suas paredes externas. Em 1863, durante o período neocolonial a região onde ficava a cidade de Angkor tornou-se um protectorado francês, que mantém a estrutura estatal mas privatiza a terra (antes propriedade do rei) e dá estímulos ao desenvolvimento do comércio. Boa parte do que sabemos sobre esta civilização vê-se nos vários murais das ruínas do seu principal assentamento, Angkor Wat, e algo nos é reportado pelo diplomata chinês Zhou Daguam.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Castro 1950, p. 386.
- ↑ Guérios 1976, p. 40.
- ↑ infopleace
- ↑ Damian Evans; et al. (9 de abril de 2009). «A comprehensive archaeological map of the world's largest preindustrial settlement complex at Angkor, Cambodia». PNAS. 104 (36): 14277–82. PMC 1964867
. PMID 17717084. doi:10.1073/pnas.0702525104. Consultado em 22 de novembro de 2009
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Castro, Ferreira de. Obras completas de Ferreira de Castro: A volta ao mundo. Lisboa: Guimarães
- Guérios, Rosario Farani Mansur. Tabus linguísticos. São Paulo: Companhia Editora Nacional
- Cœdès, George (1966). The making of South East Asia. [S.l.]: University of California Press. ISBN 0-520-05061-4
- Freeman, Michael; Jacques, Claude (2006). Ancient Angkor. [S.l.]: River Books. ISBN 974-8225-27-5
- Higham, Charles (2001). The Civilization of Angkor. [S.l.]: Phoenix. ISBN 978-1-84212-584-7
- Vittorio Roveda: Khmer Mythology, River Books, ISBN 974-8225-37-2
- Bruno Dagens (engl: Ruth Sharman): Angkor — Heart of an Asian Empire, Thames & Hudson, ISBN 0-500-30054-2
- Keyes, Charles F. (1995). The Golden Peninsula. [S.l.]: University of Hawaii Press. ISBN 978-0-8248-1696-4
- Rooney, Dawn F. (2005). Angkor: Cambodia's wondrous khmer temples 5th ed. [S.l.]: Odissey. ISBN 978-962-217-727-7
- David P. Chandler: A History of Cambodia, Westview Press, ISBN 0-8133-3511-6
- Zhou Daguan: The Customs of Cambodia, The Siam Society, ISBN 974-8359-68-9
- Henri Mouhot: Travels in Siam, Cambodia, Laos, and Annam, White Lotus Co, Ltd., ISBN 974-8434-03-6
- Vickery, Michael (1998). Society, economics, and politics in pre-Angkor Cambodia: the 7th–8th centuries. [S.l.]: Toyo Bunko. ISBN 978-4-89656-110-4
- Benjamin Walker, Angkor Empire: A History of the Khmer of Cambodia, Signet Press, Calcutta, 1995.
- I.G. Edmonds, The Khmers of Cambodia: The story of a mysterious people
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
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