Roseana Sarney
Roseana Sarney | |
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Roseana Sarney em seu segundo mandato como governadora do Maranhão. | |
Deputada federal pelo Maranhão | |
No cargo | |
Período | 1º de fevereiro de 2023 até a atualidade |
Período | 1º de fevereiro de 1991 até 16 de dezembro de 1994 |
57.ª e 60.ª Governadora do Maranhão | |
Período | 17 de abril de 2009 até 10 de dezembro de 2014 (2 mandatos consecutivos) |
Vice-governador | João Alberto Souza (2009–2011) Washington Luiz de Oliveira (2011–2013) Nenhum (2013–2014) |
Antecessor(a) | Jackson Lago |
Sucessor(a) | Flávio Dino |
Período | 1º de janeiro de 1995 até 5 de abril de 2002 (2 mandatos consecutivos) |
Vice-governador | José Reinaldo Tavares |
Antecessor(a) | José de Ribamar Fiquene |
Sucessor(a) | José Reinaldo Tavares |
Senadora pelo Maranhão | |
Período | 1º de fevereiro de 2003 até 17 de abril de 2009[a] |
Dados pessoais | |
Nome completo | Roseana Macieira Sarney Murad |
Nascimento | 1 de junho de 1953 (71 anos) São Luís, MA |
Nacionalidade | brasileira |
Progenitores | Mãe: Marly Sarney Pai: José Sarney |
Alma mater | Universidade de Brasília |
Prêmio(s) | |
Marido | Jorge Murad (c. 1976) |
Parentesco |
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Partido | PFL (1990–2006) MDB (2006–presente) |
Religião | catolicismo romano |
Profissão | socióloga, política |
Assinatura |
Roseana Macieira Sarney Murad[nota 1] GCIH • GOMM (São Luís, 1 de junho de 1953) é uma socióloga e política brasileira filiada ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Pelo Maranhão, foi governadora por quatro mandatos, senadora e atualmente é deputada federal.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Filha do ex-presidente da república José Sarney e de sua esposa, Marly Sarney. São seus irmãos, o ex-deputado federal Sarney Filho e o político e empresário Fernando Sarney, presidente da Rede Mirante.[3]
Após graduar-se em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília, casou-se em 1976 com o empresário e político Jorge Murad Júnior. O casal adotou uma filha, Rafaela Sarney. Eles se separaram em 1988, mas reconciliaram-se em 1995.[4]
Carreira política
[editar | editar código-fonte]Deputada Federal
[editar | editar código-fonte]Em 1990, candidatou-se à deputada federal pelo PFL, tendo sido eleita.[5]
Foi eleita novamente para deputada federal em 2022.[6]
Governadora do Maranhão
[editar | editar código-fonte]Primeira mulher eleita governadora
[editar | editar código-fonte]Em 1994, foi eleita governadora do Maranhão em segundo turno com 50,61% dos votos válidos contra 49,39% de Epitácio Cafeteira (PPR) sendo eleita com ampla maioria, igualando o feito de 1965 quando seu pai José Sarney conquistou o governo. Roseana foi a primeira mulher eleita diretamente por voto.[7][8]
Tomou posse em 1º de janeiro de 1995. Em março do mesmo ano, foi admitida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[1][9]
Em 1998, foi reeleita governadora, a primeira mulher a se reeleger ao cargo.[10]
Cassação do adversário eleito em 2009
[editar | editar código-fonte]Na noite do dia 16 de abril de 2009, o TSE confirmou a cassação do mandato de Jackson Lago e do vice Luís Porto por abuso de poder econômico e político nas eleições de 2006.[11]
Com a cassação, foi ordenada a imediata posse de Roseana Sarney como governadora do Maranhão e de João Alberto de Souza como vice.[12]
Reeleição em 2010
[editar | editar código-fonte]Nas Eleições estaduais de 2010, Roseana Sarney foi vencedora com apertada vantagem de 50,08% dos votos no 1° turno, contra seus principais adversários Flávio Dino (29,49%) e Jackson Lago (19,54%). No primeiro e no segundo turno, Roseana declarou apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT).[12][13][14]
Renúncia ao governo do Maranhão
[editar | editar código-fonte]No dia 10 de dezembro de 2014, Roseana renuncia ao governo do Maranhão, alegando problemas de saúde. O presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão Arnaldo Melo toma posse como governador interino por 21 dias.[15][16]
Pré-candidatura à Presidência da República
[editar | editar código-fonte]Indicação do PFL
[editar | editar código-fonte]Em 2002, foi indicada como pré-candidata à presidência do país pelo PFL e renunciou após o Escândalo da Lunus, que envolveu seu marido Jorge Murad, e decidiu apoiar a candidatura de Ciro Gomes (PPS).[17]
No mesmo ano, Roseana foi eleita senadora, derrotando Epitácio Cafeteira (PDT). Seguiu a orientação do pai, José Sarney, e passou a apoiar Lula.[18]
Desistência da candidatura
[editar | editar código-fonte]Em 1º de abril de 2002, a Polícia Federal fez operação na empresa Lunus Participações, da qual é sócia, administrada pelo marido Jorginho. Na operação, foram apreendidos R$ 1 300 000,00 não declarados.[19]
Em 5 de abril, renunciou ao Governo do Estado, passando-o ao vice José Reinaldo Tavares, para se candidatar à Presidência pelo PFL, em meio ao escândalo.[20]
Nos dias seguintes, o marido Jorge Murad apresentou sete versões diferentes sobre a origem do dinheiro e com isso levou a perda de pontos nas pesquisas e posterior desistência em se candidatar.[21]
Rompimento com o PSDB
[editar | editar código-fonte]Roseana Sarney foi indicada como possível candidata a vice-presidente na chapa PSDB-PFL para suceder o governo FHC. No entanto, a governadora não se contentou com o posto de vice, optando pela imagem de uma candidatura própria.[22]
Como o PFL confirmou pré-candidatura própria, desmontando a chapa com o PSDB, Roseana começou a ser vista pela mídia como um nome independente do governo. Ela chegou ao segundo lugar nas pesquisas iniciais e posteriormente ao empate com Lula.[23] Porém, com o Caso Lunus, a pré-candidatura de Roseana foi eliminada pela queda nas pesquisas, pela perda de popularidade e pelas notícias das grandes mídias nacionais.[24]
Tal acontecimento resultou no rompimento entre o PSDB e o PFL, incluindo a família Sarney. Seu irmão, Sarney Filho pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente e o bloco pefelista do Congresso Nacional abandonou a base do governo.[25]
Senadora pelo Maranhão
[editar | editar código-fonte]Candidatura
[editar | editar código-fonte]Sem chance na Presidência, ela se candidatou ao Senado pelo Maranhão. Apesar do escândalo, conseguiu eleger-se como senadora no Maranhão no mesmo ano, juntamente com Edison Lobão.[26]
Mandato como senadora e andamento das denúncias
[editar | editar código-fonte]Em 17 de abril, o vice-procurador-geral da República, Haroldo Ferraz da Nóbrega, encaminha parecer aprovado pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que "não há prova de que a senadora tenha conscientemente se inserido em uma cadeia criminosa, cujo objetivo fosse apropriação de dinheiro público", ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes recomendando o arquivamento do inquérito policial que investigava a possível participação da Roseana Sarney em desvios de recursos públicos quando era governadora do Maranhão no Caso Lunus. O Ministério Público considerou que não havia provas de que ela teria, direta ou indiretamente, desviado os recursos públicos liberados no projeto Usimar e que não havia qualquer prova do vínculo de tais recursos com os R$ 1,3 milhão apreendidos na sede da empresa Lunus, de propriedade de Roseana Sarney.[19]
Em 1º de agosto do mesmo ano, o ministro do STF, Gilmar Mendes determinou o arquivamento de petição contra a senadora acusada por crimes por meio do projeto empresa Usimar Componentes Automotivos (Usimar), por formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e peculato, que envolviam o marido Jorge Murad e o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), sob a afirmação de falta de elementos na denúncia do Ministério Público Federal. Em 4 de agosto, o STF determinou o arquivamento contra as acusações.[27][28]
A mera participação na reunião que resultou em aprovação do Projeto Usimar não constitui elemento suficiente para se concluir que há indício de conduta criminosa imputável à denunciada. E também não há provas de ter a denunciada se beneficiado, direta ou indiretamente, dos recursos públicos liberados no projeto.— Gilmar Mendes[27]
A senadora sempre alegou que a denúncia era política e decidiu mover ação de indenização por danos morais contra a União em 7 de agosto, alegando que o Ministério Público Federal a acusou indevidamente de envolvimento em desvio de verbas da extinta SUDAM, prejudicando sua pré-candidatura à Presidência da República, no ano anterior.[29]
Rompimento com o sucessor
[editar | editar código-fonte]Depois que José Reinaldo Tavares rompeu com o grupo Sarney em maio de 2004, Roseana foi acusada de usar meios de comunicações da TV Mirante e o jornal O Estado do Maranhão, para atacar o ex-aliado, usando métodos parecidos com a Família Magalhães na Bahia contra prefeitos e vereadores da oposição à oligarquia baiana.[30]
Primeira derrota eleitoral
[editar | editar código-fonte]Em 2006, foi candidata pela terceira vez ao governo do Maranhão, mas perdeu para Jackson Lago. A eleição, ocorrida no dia 29 de outubro daquele ano, foi uma das mais acirradas da história política maranhense, e resultou na vitória de Lago por uma diferença pouco maior do que 97 mil votos (diferença de 3,6 pontos percentuais), foi a primeira derrota de Roseana Sarney para o cargo, desta vez como Governadora.[31]
Processo de expulsão do PFL e filiação ao PMDB
[editar | editar código-fonte]Após a derrota, Roseana foi expulsa do PFL em novembro por fazer, durante as eleições presidenciais de 2006, campanha para o então candidato Lula, que foi reeleito, tendo inclusive participado, em 29 de setembro, de comício com Lula na cidade de Timon.[32]
Filiou-se ao PMDB, tornando-se uma das líderes do governo Lula no Congresso, de 1 de fevereiro de 2007 a 17 de abril de 2009. Após a cassação do governador Jackson Lago, assumiu o Governo do Estado e foi substituída no Congresso por Mauro Fecury.[33]
Patrimônio declarado ao TSE
[editar | editar código-fonte]Em julho de 2010, Roseana Sarney declarou ao TSE ter um patrimônio pessoal de R$ 7,84 milhões.[34]
Movimento "Fora Roseana Sarney"
[editar | editar código-fonte]Na última semana de agosto de 2010, ganhou força na internet um movimento intitulado "Fora Roseana Sarney".[35] O movimento #ForaRoseanaSarney foi semelhante ao #forasarney, que ocorreu em 2009, quando José Sarney era acusado em denúncias de corrupção.[35]
A campanha, que foi iniciada com a hashtag #ForaRoseanaSarney no Twitter, rendeu até jingle próprio, postado no YouTube. Cerca de 12 mil pessoas reproduziram a hashtag na rede de microblogs, incluindo o apresentador de televisão Marcelo Tas, que já havia gravado vídeo contra a reeleição da governadora. A hashtag chegaria ao terceiro lugar no ranking nacional de tópicos mais comentados.[36][35][35]
A propaganda eleitoral de Roseana Sarney na televisão tratou o movimento como se fosse uma campanha negativa de usuários de outros estados contra o Maranhão. Em seu programa eleitoral, Dino criticou a reação da campanha de Roseana, dizendo que "culpar os internautas pela má imagem do estado é esconder a realidade".[37][37]
Em 21 de setembro, cerca de cinco mil estudantes ligados ao Movimento participaram de passeata, que foi da Praça da Bíblia até o Palácio dos Leões, contra a candidatura de Roseana Sarney. Parte do protesto foi transmitido ao vivo via Twitter.[38][38]
Rompimento com o PT e Impeachment de Dilma
[editar | editar código-fonte]Com a reunião do PMDB para tratar do assunto com a continuidade ou não da aliança com o PT e o governo Dilma Rousseff, Roseana participa ativamente do processo e declara apoio às decisões de seu partido, entre as quais são o rompimento com o PT, com a presidente Dilma e com o apoio ao Processo de impeachment de Dilma Rousseff. Apesar de o PT do Maranhão ter se coligado na chapa do candidato apoiado por Roseana, muitos filiados fizeram campanha para seu adversário que acabou eleito no primeiro turno. O diretório estadual do PT no Maranhão declarou compor a base do governo do adversário de Roseana. Visando as eleições de 2018, o PT sinalizou pelo apoio à reeleição de Flávio Dino, mesmo com a pré-candidatura de Roseana.[39][40][41][42][43][44]
Candidatura ao governo do Maranhão em 2018
[editar | editar código-fonte]Roseana anunciou pré-candidatura ao governo do Maranhão com o apoio de seu grupo politico do PMDB. Durante o período de pré-campanha, o nome de Roseana chegou a ser cotada para ser vice na chapa presidencial de Henrique Meirelles (MDB).[45]
A disputa contou com alguns nomes anunciados como pré-candidatos: Flávio Dino (governador eleito em 2014 pelo PCdoB),[46] Maura Jorge (ex-prefeita de Lago da Pedra, PSL),[47] Roberto Rocha (senador pelo PSDB) e Ricardo Murad (ex-secretário de saúde, PRP),[48] este último renunciou à pré-candidatura e anunciou apoio a Roseana.
Uma vez candidata, obteve 30,07% dos votos válidos (947.191 votos) e acabou derrotada já no primeiro turno pelo governador e candidato à reeleição Flávio Dino do PCdoB, o qual foi reeleito naquela oportunidade com 1.867.396 votos (59,29%). No segundo turno, declarou apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da República.[49]
Controvérsias
[editar | editar código-fonte]Meio de comunicações
[editar | editar código-fonte]Roseana Sarney é sócia das emissoras de rádios - Mirante FM 96,1 (São Luís), Rádio Alecrim (Caxias), Rádio Verdes Campos (Pinheiro) - e TVs no Maranhão na história do Brasil, administradas por parentes.[50]
Oligarquias Brasileiras
[editar | editar código-fonte]Assemelha-se às oligarquias existentes no Nordeste do Brasil, junto com o pai José Sarney, aliada ao Renan Calheiros e Fernando Collor (que até então eram adversários).[51]
Caso Fábrica do Rosário
[editar | editar código-fonte]Em 13 de dezembro de 1996, o então presidente, Fernando Henrique Cardoso, inaugurou em Rosário uma fábrica da camisas em plena operação, fruto de uma parceria entre o governo do Maranhão e a empresa Kao-I Indústria e Comércio de Confecções Ltda., representada pelo brasileiro naturalizado Chhai Kwo Chheng, nascido em Taiwan.[52]
O protocolo de intenções assinado por Chheng e por Roseana Sarney, prometia 4 300 empregos, investimentos de 15 milhões de reais e produção anual de 15 milhões de camisas, sete milhões delas já no primeiro ano. Associados à empresa, 90 grupos comunitários, cada um com 40 integrantes, obtiveram 4 milhões de reais do Banco Mundial, além de um empréstimo de 3 milhões de reais do Banco do Nordeste do Brasil.[52]
Boa parte desse dinheiro foi para comprar 2.500 máquinas de costura industriais de uma empresa do próprio Chheng, a Yamacon Nordeste. Para viabilizar a compra os presidentes e tesoureiros de cada um dos 90 grupos assinaram cheques em branco para o empresário e sua equipe.[52]
Em 1998 a fábrica estava em precárias condições de operação, com pendências judiciais e uma legião de cooperativados cheios de dívidas.[52]
O empresário Chengg foi denunciado pelo ministério público e o governo estadual rompeu o protocolo de intenções. O caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça, com o ministro Edson Vidigal, nomeado ministro pelo amigo e então presidente José Sarney, apesar disso Vidigal não se declarou impedido.[52]
Até hoje, a fábrica existe (mas caindo aos pedaços), e os ex-trabalhadores têm dívidas que ultrapassam mais de R$ 100 mil.[52]
Caso Lunus
[editar | editar código-fonte]Em 2002, ao ser envolvida em escândalo de corrupção com a empresa Lunus Participações, da qual é sócia, com a descoberta de R$ 1 340 000 não-declarados, e o marido, Jorge Murad, apresentando sete versões diferentes sobre a origem do dinheiro levou a perda de pontos nas pesquisas e posterior desistência da candidatura.[53]
As investigações ainda apontaram que a Lunus mantinha sociedade oculta com uma empresa que teria desviado até 15 milhões de reais num projeto agrícola financiado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).[54]
O escritório também mantinha em arquivo papéis referentes à obra da Usimar Componentes Automotivos, um projeto que previa o gasto de 1,38 bilhão de reais na construção de uma fábrica de produção de peças para automóveis.[54]
Este projeto teve a ajuda de Jorge Murad nos bastidores e foi aprovado em 1999 pelo conselho deliberativo da Sudam, então presidido por Roseana e custaria pelo menos dez vezes mais que uma fábrica de autopeças semelhante.[54]
O caso levou ao rompimento nacional da aliança PFL-PSDB no governo federal.[53]
Contas no exterior
[editar | editar código-fonte]Em 15 de agosto de 2010, o jornal O Estado de S. Paulo publica documentos (que estão nos arquivos do extinto Banco Santos), mostrando que a governadora e o seu marido, Jorge Murad, simularam um empréstimo de R$ 4,5 milhões para tentar resgatar US$ 1,5 milhão que possuíam no exterior. Em entrevista ao Estado, o administrador judicial do banco, Vânio Aguiar, confirmou que os papéis estão nos arquivos oficiais da instituição bancária.[55]
O jornal mostrou que o empréstimo foi regularizado no Brasil poucos dias antes da intervenção judicial no Banco Santos, em 12 de novembro de 2004. O dinheiro foi liberado no dia 29 de julho, mas somente em 5 de novembro (uma semana antes da quebra do banco e da decretação da intervenção da Justiça) as garantias foram registradas, conforme certidões obtidas pela reportagem num cartório em São Paulo. Ou seja, quando o Banco Santos liberou o empréstimo em julho não havia formalização de fiança bancária.[55]
O banco pertenceu ao banqueiro Edemar Cid Ferreira, amigo íntimo da família Sarney e padrinho de casamento de Roseana e Jorge Murad. O banco quebrou em novembro de 2004, e sua falência foi decretada em 2005. Depois da decretação da falência, chegou a ser preso e condenado a 21 anos de prisão, mas recorreu e responde em liberdade.[56][55]
Segundo e-mails que estão nos arquivos do Banco Santos, os dólares foram transferidos por meio de uma conta do banco suíço UBS AG, onde Edemar é cliente. O empréstimo de R$ 4,5 milhões foi liberado no Brasil no dia 29 de julho de 2004 e segundo os documentos, US$ 1,5 milhão foram depositados cinco dias depois numa conta externa. As investigações sobre o banco mostram que o ex-banqueiro, sem aval para operar oficialmente no exterior, usava offshores e laranjas para receber recursos fora do Brasil.[55]
O dinheiro iria ser usado para a empresa Bel-Sul Participações, de Roseana e Murad, comprar ações em um shopping em São Luís e outro no Rio de Janeiro. A transação envolveu ainda mais um aliado da família Sarney: Miguel Ethel Sobrinho, ex-presidente da Caixa Econômica no governo de José Sarney e até 2009, conselheiro da fundação que leva o nome do presidente do Senado. Miguel Ethel detém 50% da Participa Empreendimentos, empresa que vendeu as ações dos shoppings.[55]
Horas depois das denúncias, Roseana divulgou nota negando. Chamou "fantasiosa" a denúncia feita pelo jornal e afirmou que o empréstimo foi regular no Brasil.[57]
Em 16 de agosto de 2010, o Ministério Público Federal pediu investigações sobre Roseana.[55]
Denúncias de crimes financeiros
[editar | editar código-fonte]Em janeiro de 2011, o executivo suíço Rudolf Elmer entregou à organização Wikileaks dados bancários que documentavam, segundo ele, casos de crimes financeiros em paraísos fiscais. Entre os documentos, encontravam-se alegadas provas de que Roseana Sarney teria feito operações secretas no banco Julius Baer, nas Ilhas do Canal e Ilhas Virgens, recebendo 10 mil dólares. As operações seriam intermediadas pelo Coronado Trust, fundo financeiro criado por Roseana Sarney e Jorge Murad nas Ilhas Virgens.[58][59]
Elmer havia previamente afirmado em livro que Roseana Sarney movimentou 150 milhões de dólares no banco Julius Baer de 1993 a 1999.[60]
Lava Jato
[editar | editar código-fonte]O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, autorizou a abertura de investigação contra Roseana em 6 de março de 2015, tirando o sigilo do pedido de abertura de inquérito.[61]
Fraude em concessão de isenções fiscais
[editar | editar código-fonte]Em novembro de 2016, Roseana foi denunciada pelo Ministério Público, junto com mais dez ex-gestores, por causar prejuízo de mais de 410 milhões de reais aos cofres públicos em um esquema fraudulento de concessão de isenções fiscais a empresas pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) a empresas.[62] O grupo foi acusado de compensações tributárias ilegais, implantação de filtro no sistema da secretaria para garantir essas operações tributárias ilegais e fantasmas, reativação de parcelamento de débitos de empresas que nunca pagavam as parcelas devidas, exclusão indevida dos autos de infração de empresas do banco de dados e contratação irregular de empresa especializada na prestação de serviços de tecnologia da informação, com a finalidade de garantir a continuidade das práticas criminosas.[62] Segundo o Ministério Público, Roseana autorizou acordos judiciais baseados em pareceres manifestamente ilegais dos procuradores-gerais do Estado por ela nomeados.[62]
Saúde
[editar | editar código-fonte]Roseana foi operada pela primeira vez em 1973, aos 19 anos, quando removeu um apêndice e um cisto ovariano. Passou por mais duas cirurgias no ovário entre 1977 e 1979, período em que tentou engravidar, sem sucesso.[63]
Em junho de 2009, Roseana Sarney realizou a vigésima primeira cirurgia, para correção de um aneurisma cerebral. A operação foi realizada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O procedimento, que durou quatro horas, aconteceu sem nenhuma intercorrência.[64]
Histórico eleitoral
[editar | editar código-fonte]Ano | Eleição | Cargo | Partido | Coligação | Vice | Votos | % | Resultado |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1990 | Estaduais no Maranhão | Deputada Federal | PFL | Maranhão pelo Povo
(PFL PTB, PSC) |
— | 44 785 | — | Eleita |
1994 | Estaduais no Maranhão | Governadora | Frente Popular do Maranhão
(PFL, PMDB, PTB, PP, PSC, PL, PRP) |
José Reinaldo Tavares (PFL) | 753.901 | 50,61% | Eleita | |
1998 | Estaduais no Maranhão | Maranhão Muito Mais
(PFL, PMDB, PSD, PL, PTB, PSC, PSL, PCdoB, PRP, PST, PRTB, PRONA, PSDC) |
1.005.755 | 66,01% | Eleita | |||
2002 | Estaduais no Maranhão | Senadora | O Maranhão Segue em Frente
(PFL, PMDB, PV, PSC, PSD, PSDC, PST) |
1ºː Mauro Fecury | 1.314.524 | 32,33% | Eleita | |
2006 | Estaduais no Maranhão | Governadora | Maranhão: A Força do Povo(PFL, PMDB, PP, PTB, PL, PSC, PV, PTN, PHS, PRTB, PRP) | João Alberto Souza | 1.295.880 | 48,18% | 2º lugar | |
2010 | Estaduais no Maranhão | Governadora | PMDB | O Maranhão Não Pode Parar
(PMDB, PT, DEM, PRB, PP, PV, PTB, PR, PSL, PTN, PSC, PRTB, PMN, PRP, PTdoB, PHS) |
Washington Luiz de Oliveira (PT) | 1.459.792 | 50,08% | Eleita |
2018 | Estaduais no Maranhão | Governadora | Maranhão Quer Mais | Ribinha Cunha (PSC) | 947.191 | 30,07% | 2º lugar | |
2022 | Estaduais no Maranhão | Deputada federal | — | — | 97.008 | — | Eleita |
Referências
- ↑ a b BRASIL, Decreto de 29 de março de 1995.
- ↑ Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ Placar Eleições UOL. Resultados das eleições no Maranhão. Acessado em 4 de outubro de 2010
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- ↑ Redação Folha de S.Paulo (10 de dezembro de 2014). «Roseana Sarney renuncia ao governo do Maranhão». Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de janeiro de 2015
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Notas
- ↑ O sobrenome Macieira não é utilizado oficialmente, por ser de batismo, sendo o nome grafado como "Roseana Sarney Murad", utilizando-se do sobrenome de casamento Murad.
- ↑ Renuncia em 17 de abril de 2009 para assumir o Governo do Maranhão.
Ligações externas
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Precedido por José de Ribamar Fiquene |
Governadora do Maranhão 1995–2002 |
Sucedido por José Reinaldo Tavares |
Precedido por Jackson Lago |
Governadora do Maranhão 2009–2014 |
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- Mulheres do Maranhão na política
- Governadores do Maranhão
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- Agraciados com a Ordem do Mérito Cultural
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