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Suzano Papel e Celulose

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Suzano
Razão socialSuzano S.A.
Empresa de capital aberto
SloganNós plantamos o futuro.
CotaçãoB3SUZB3
NYSE: SUZ
AtividadePapel e celulose
Fundação22 de janeiro de 1924 (101 anos) (São Paulo,  Brasil)[1]
Fundador(es)Leon Feffer
SedeSalvador, Bahia,  Brasil (Sede social)
São Paulo,  Brasil (Sede administrativa)
Área(s) servida(s) Mundo
Pessoas-chaveDavid Feffer (Presidente do Conselho de Administração)
Walter Schalka (Presidente Executivo - CEO)
EmpregadosMais de 40.000 (diretos e indiretos, 2024)[2]
ProdutosCelulose de mercado (eucalipto)
Celulose fluff
Papel (imprimir, escrever, cartão)
Papel tissue
Bens de consumo (papel higiênico, toalhas)
Lignina e outros bio-produtos
Empresa-mãeSuzano Holding S.A.
SubsidiáriasFuturaGene
Veracel Celulose (50%)
Portocel (51%)
AtivosAumento R$ 164,7 bilhões (2023)[2]
ReceitaAumento R$ 45,1 bilhões (2023)[2]
LAJIRR$ 22,9 bilhões (EBITDA ajustado, 2023)[2]
Website oficialsuzano.com.br

Suzano S.A. é uma empresa multinacional brasileira do setor de papel e celulose, sendo a maior produtora mundial de celulose de mercado e uma das maiores produtoras de papel da América Latina.[3] Com uma história centenária que se entrelaça com a industrialização do Brasil, a companhia é reconhecida globalmente por seu pioneirismo na produção de celulose a partir da fibra curta do eucalipto, uma inovação que revolucionou a indústria e estabeleceu o Brasil como uma potência no setor.

Resultado da fusão com a Fibria em 2019, a nova Suzano é uma companhia de base florestal, com mais de 2,6 milhões de hectares de terras, dos quais 1,2 milhão são de florestas plantadas e 1,1 milhão são dedicados à conservação ambiental.[2] Suas ações são negociadas no Novo Mercado da B3, o mais alto nível de governança corporativa da bolsa brasileira, sob o código SUZB3, e também na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) como ADRs.

1924–1950: A Gênese Empreendedora

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A história da Suzano começa com a chegada do imigrante judeu-ucraniano Leon Feffer ao Brasil em 1921. Com um aguçado senso de oportunidade, ele identificou o potencial do mercado de papel, que na época era majoritariamente importado. Em 22 de janeiro de 1924, fundou a Leon Feffer & Cia. em São Paulo, inicialmente como uma distribuidora de papéis e outros artigos de escritório.[4]

O salto de comerciante para industrial ocorreu em 1939, quando Feffer vendeu seus ativos para construir sua primeira fábrica de papel no bairro do Ipiranga. O marco decisivo para a expansão, no entanto, veio em 1956 com a aquisição da Indústria de Papel Euclides Damiani, localizada na cidade de Suzano, que daria o nome à empresa e se tornaria o coração de suas operações por décadas.[5]

1951–1980: A Revolução do Eucalipto e a Liderança de Max Feffer

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Nesse período, a indústria global de celulose dependia de fibras longas de coníferas (como o pinus), escassas no Brasil. Leon Feffer, inconformado com a dependência da matéria-prima importada, iniciou pesquisas pioneiras para utilizar o eucalipto, árvore de fibra curta e rápido crescimento. Sob a liderança técnica de seu filho, o engenheiro químico Max Feffer, a Suzano superou o ceticismo mundial e, no final da década de 1950, conseguiu desenvolver um processo industrial para produzir celulose de eucalipto de alta qualidade.

Esta inovação foi o pilar do sucesso da empresa e uma virada de chave para a indústria brasileira, que passou de importadora a grande exportadora de celulose, com vantagens competitivas imbatíveis.[6]

1981–2017: Consolidação e Expansão Estratégica

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Sob o comando da segunda e terceira gerações da família Feffer, a Suzano embarcou em um ciclo de crescimento e diversificação. Movimentos estratégicos consolidaram sua posição no mercado:

  • Bahia Sul (1987-2001): Em uma joint venture com a Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale S.A.), formou a Bahia Sul Celulose no sul da Bahia. Em 2001, a Suzano adquiriu a participação da Vale por US$ 320 milhões, assumindo o controle total da unidade, hoje uma de suas maiores operações em Mucuri.[7]
  • Aquisição da Ripasa (2004): Em um movimento complexo, a Suzano e a Votorantim Celulose e Papel (VCP) adquiriram o controle da concorrente Ripasa. Anos depois, a Suzano assumiu integralmente a parte que lhe coube no negócio, a unidade de Limeira (SP).[8]
  • Internacionalização e Governança: A empresa expandiu sua presença comercial com escritórios na América do Norte, Europa e Ásia. Em 2003, aderiu ao Nível 1 de Governança Corporativa da B3 e, em 2017, migrou para o Novo Mercado, o mais alto padrão.

2018–Presente: A Fusão com a Fibria e a Liderança Global

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O movimento mais transformador da história da Suzano ocorreu em março de 2018, quando anunciou um acordo para a fusão com sua maior concorrente, a Fibria (resultante da união entre VCP e Aracruz Celulose). A operação, avaliada em R$ 47,9 bilhões na época, foi uma das maiores da história corporativa brasileira.[9]

Concluída em janeiro de 2019, após aprovação de órgãos reguladores no Brasil e no exterior, a fusão deu origem à Suzano S.A., líder absoluta na produção de celulose de eucalipto, com capacidade de produção superior a 11 milhões de toneladas anuais. A integração, liderada pelo CEO Walter Schalka, foi focada na captura de sinergias operacionais, logísticas e administrativas, consolidando a empresa como a principal força do mercado global.[10]

Operações e Estrutura

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Ativos Florestais e Industriais

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A Suzano opera um modelo de negócio verticalmente integrado. Seus ativos incluem:

  • Base Florestal: 2,6 milhões de hectares, sendo 1,5 milhão de plantios de eucalipto e 1,1 milhão de áreas de conservação de matas nativas nos biomas da Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado.[2]
  • Unidades Industriais: Onze unidades industriais no Brasil, localizadas em São Paulo (Suzano, Limeira, Jacareí), Bahia (Mucuri), Maranhão (Imperatriz), Mato Grosso do Sul (Três Lagoas), Espírito Santo (Aracruz) e Ceará (Fortaleza).[2]
  • Projeto Cerrado: Em 2021, a empresa anunciou seu maior projeto de investimento, a construção de uma nova fábrica em Ribas do Rio Pardo (MS), com investimento de R$ 22,2 bilhões e capacidade para 2,55 milhões de toneladas de celulose/ano, uma das maiores do mundo.[11]
  • Logística: Opera terminais portuários próprios ou em parceria, como o Portocel (ES), garantindo um escoamento eficiente da produção para mais de 100 países.

Unidades de Negócio

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A companhia está organizada em três principais frentes de negócio:

  1. Celulose: O carro-chefe, produzindo celulose de mercado (market pulp) vendida para fabricantes de papel e produtos de higiene em todo o mundo.
  2. Papéis: Produção de papéis para imprimir e escrever (como a marca Report), papel-cartão para embalagens e papel tissue (marcas como Mimmo e Max Pure).
  3. Novos Negócios: Focada em desenvolver produtos de base renovável a partir da biomassa de eucalipto, como a celulose fluff (Eucafluff®), a lignina, e outras aplicações para a bioeconomia.

Inovação e Bioeconomia

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A inovação está no DNA da Suzano desde sua origem. A empresa mantém centros de pesquisa e investe em tecnologia para aumentar a produtividade florestal e desenvolver novos produtos. Suas principais frentes de P&D incluem:

  • FuturaGene: Subsidiária de biotecnologia focada no melhoramento genético do eucalipto, buscando árvores mais produtivas e resistentes.
  • Eucafluff®: Primeira celulose fluff de fibra curta do mundo, usada em produtos absorventes como fraldas e absorventes femininos, competindo com a fibra longa tradicional.[12]
  • Bioeconomia: Desenvolvimento de aplicações para a lignina (um subproduto da fabricação de celulose) e outros componentes da madeira, visando substituir matérias-primas de origem fóssil em setores como químicos e combustíveis.

Sustentabilidade e Práticas ESG

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A Suzano posiciona a sustentabilidade como parte central de sua estratégia de negócios, com metas de longo prazo conhecidas como "Compromissos para Renovar a Vida". Entre os 15 objetivos a serem atingidos até 2030, destacam-se:[13]

  • Ser um agente removedor de 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera.
  • Conectar meio milhão de hectares de áreas de conservação.
  • Retirar 200 mil pessoas da linha da pobreza nas áreas onde atua.
  • Oferecer 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável para substituir plásticos e derivados do petróleo.

Controvérsias e Impactos Socioambientais

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Apesar de seus compromissos, a Suzano, assim como outras empresas do setor, é alvo de críticas de organizações ambientais e movimentos sociais. As principais controvérsias envolvem:

  • Conflitos de Terra: Há um histórico de disputas territoriais com comunidades quilombolas, indígenas e pequenos agricultores, especialmente nos estados da Bahia, Espírito Santo e Maranhão. As comunidades reivindicam terras que, segundo elas, foram sobrepostas pelas plantações de eucalipto da empresa.[14]
  • Impacto da Monocultura: O modelo de plantio de eucalipto em larga escala é criticado por seu impacto na biodiversidade local, no esgotamento de recursos hídricos e na compactação do solo, um fenômeno pejorativamente chamado de "deserto verde".[15] A empresa contrapõe essas críticas com seus programas de manejo florestal certificado e a manutenção de vastas áreas de conservação.
  1. «Suzano Papel e Celulose S.A.». IBGE - Biblioteca. Consultado em 22 de dezembro de 2018 
  2. a b c d e f g Relatório Anual 2023 (PDF) (Relatório). Suzano S.A. 2024. p. 32. Consultado em 26 de maio de 2024 
  3. «Suzano to become world's top pulp producer after Fibria deal». Reuters. 16 de março de 2018. Consultado em 26 de maio de 2024 
  4. «O imigrante que revolucionou o papel». IstoÉ Brasileiro do Século. Consultado em 26 de maio de 2024. Cópia arquivada em 15 de maio de 2021 
  5. «Suzano Papel e Celulose eleva eficiência em sua unidade mais antiga». Folha de S.Paulo. 2 de setembro de 2010. Consultado em 13 de abril de 2024 
  6. «A revolução do eucalipto». Exame. 16 de outubro de 2008. Consultado em 26 de maio de 2024 
  7. «Suzano compra participação da Vale na Bahia Sul por US$ 320 mi». Folha de S.Paulo. 22 de fevereiro de 2001. Consultado em 28 de março de 2024 
  8. «Suzano e VCP concluem compra da Ripasa e dividem ativos». G1. 26 de setembro de 2007. Consultado em 26 de maio de 2024 
  9. «Suzano anuncia compra da Fibria e cria gigante de papel e celulose». G1. 16 de março de 2018. Consultado em 26 de maio de 2024 
  10. «Fusão de Suzano e Fibria é concluída». Valor Econômico. 14 de janeiro de 2019. Consultado em 26 de maio de 2024 
  11. «Suzano conclui montagem da caldeira de recuperação do Projeto Cerrado». Valor Econômico. 23 de junho de 2023. Consultado em 26 de maio de 2024 
  12. «Eucafluff é considerada uma das maiores inovações no mercado de higiene pessoal nos EUA». Tissue Online. 5 de fevereiro de 2016. Consultado em 20 de outubro de 2023 
  13. «Nossos Compromissos para Renovar a Vida». Suzano S.A. Consultado em 26 de maio de 2024 
  14. «Comunidades tradicionais acusam Suzano de não cumprir acordos e de violência no campo». Repórter Brasil. 12 de maio de 2021. Consultado em 26 de maio de 2024 
  15. WRM - World Rainforest Movement (2020). Plantações de árvores: os mesmos impactos de sempre (PDF). [S.l.]: WRM. pp. 18–25. ISBN 978-9974-91-995-1 Verifique |isbn= (ajuda). Consultado em 26 de maio de 2024