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Chronos: diferenças entre revisões

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'''Chronos''' ({{Lang-gr|''Χρόνος'', "tempo"}}; {{Lang-la|''Chronus''}}) também chamado de '''Aeon''' ({{Lang-gr|''Αίων'', "eternidade"}}; {{Lang-la|''Aeon''}}), na [[mitologia grega]], era a personificação do tempo eterno e imortal, e governava sobre o destino dos deuses imortais.
'''Chronos''' ({{Lang-gr|''Χρόνος'', "tempo"}}; {{Lang-la|''Chronus''}}) também chamado de '''Aeon''' ({{Lang-gr|''Αίων'', "eternidade"}}; {{Lang-la|''Aeon''}}), na [[mitologia grega]], era a personificação do tempo eterno e imortal, e governava sobre o destino dos deuses imortais.


== Nome e etimologia ==
== Etimologia ==
Durante a [[antiguidade]], Chronos era ocasionalmente confundido com o [[titã]] [[Cronos]].<ref>''[[A Greek–English Lexicon|LSJ]]'' entry: [http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aentry%3D*kro%2Fnos Κρόνος]</ref> De acordo com [[Plutarco]], os [[Grécia Antiga|gregos antigos]] acreditavam que Cronos era um nome alegórico para Chronos.<ref>[[Plutarco]], On Isis and Osiris, 32</ref>
Durante a [[antiguidade]], Chronos era ocasionalmente confundido com o [[titã]] [[Cronos]].<ref>''[[A Greek–English Lexicon|LSJ]]'' entry: [http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aentry%3D*kro%2Fnos Κρόνος]</ref> De acordo com [[Plutarco]], os [[Grécia Antiga|gregos antigos]] acreditavam que Cronos era um nome alegórico para Chronos.<ref>[[Plutarco]], On Isis and Osiris, 32</ref>


Além do nome, a história de Cronos comer seus filhos também era interpretada como uma [[alegoria]] de um aspecto específico do [[tempo]], a esfera de influência de Chronos. Chronos representava as características destrutivas de tempo, que consumia todas as coisas, um conceito que foi definitivamente ilustrado quando o rei titã consumiu os [[Mitologia grega|deuses]] do [[Olimpo]] - o passado consumindo o futuro, a geração mais velha suprimindo a próxima geração. Durante o [[Renascimento]], a identificação de Cronos e Chronos deu origem ao "Pai Tempo", uma representação [[antropomórfica]] do tempo empunhando a [[foice]] da colheita. O significado original e a etimologia da palavra ''Chronos'' ainda são incertos.<ref>[[Robert S. P. Beekes|R. S. P. Beekes]], ''Etymological Dictionary of Greek'', Brill, 2009, pp. 1651–2.</ref>
Além do nome, a história de Cronos comer seus filhos também era interpretada como uma [[alegoria]] de um aspecto específico do [[tempo]], a esfera de influência de Chronos. Chronos representava as características destrutivas de tempo, que consumia todas as coisas, um conceito que foi definitivamente ilustrado quando o rei titã consumiu os [[Mitologia grega|deuses]] do [[Olimpo]] - o passado consumindo o futuro, a geração mais velha suprimindo a próxima geração.


Durante o [[Renascimento]], a identificação de Cronos e Chronos deu origem ao "Pai Tempo", uma representação [[antropomórfica]] do tempo empunhando a [[foice]] da colheita. O significado original e a etimologia da palavra ''Chronos'' ainda são incertos.<ref>[[Robert S. P. Beekes|R. S. P. Beekes]], ''Etymological Dictionary of Greek'', Brill, 2009, pp. 1651–2.</ref>
== Mitologia ==
== Conceitos ==
Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: ''khrónos'', ''[[kairós]]'' e ''aíôn''. ''Khrónos'' refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim. ''Kairós'' refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. ''Aíôn'' já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.
Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: ''khrónos'', ''[[kairós]]'' e ''aíôn''. ''Khrónos'' refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim. ''Kairós'' refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. ''Aíôn'' já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.


== Mitologia ==
De acordo com a [[Orfismo (culto)|teogonia órfica]], Chronos surgiu no princípio dos tempos, formado por si mesmo. Era um ser incorpóreo e [[serpente|serpentino]] possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. Uniu-se à sua companheira [[Ananque|Ananque]] (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogénito separando-o, formando então o [[Cosmogonia|Universo]] ordenado com [[Gaia (mitologia)|Gaia]], [[Ponto (mitologia)|Ponto]] (o mar profundo) e o [[Urano (mitologia)|Urano]] (o céu).
De acordo com a [[Orfismo (culto)|teogonia órfica]], Chronos surgiu no princípio dos tempos, formado por si mesmo. Era um ser incorpóreo e [[serpente|serpentino]] possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. Uniu-se à sua companheira [[Ananque|Ananque]] (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogénito separando-o, formando então o [[Cosmogonia|Universo]] ordenado com [[Gaia (mitologia)|Gaia]], [[Ponto (mitologia)|Ponto]] (o mar profundo) e o [[Urano (mitologia)|Urano]] (o céu).


Permaneceu como um [[divindade|deus]] remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante [[Zeus]] sob a forma de um homem idoso de longos cabelos e barba brancos, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens.
Permaneceu como um [[divindade|deus]] remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante [[Zeus]] sob a forma de um homem idoso de longos cabelos e barba brancos, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens.


Uma das representações de Chronos, é a de um deus que devora seus próprios filhos. Esta representação deve-se ao facto de os [[antiga Grécia|antigos gregos]] tomarem Chronos como o criador do tempo, logo, de tudo o que existe e pode findar, sendo que, por este facto, se consideravam como filhos do tempo (Chronos), e uma vez que é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) por ele. A exemplo do [[deus|Deus único e criador]] dos [[cristianismo|cristãos]], [[judaísmo|judeus]] e [[islamismo|muçulmanos]], criador do universo e juiz final.
Uma das representações de Chronos, é a de um deus que devora seus próprios filhos. Esta representação deve-se ao fato de os [[antiga Grécia|antigos gregos]] tomarem Chronos como o criador do tempo, logo, de tudo o que existe e pode findar, sendo que, por este fato, se consideravam como filhos do tempo (Chronos), e uma vez que é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) por ele. A exemplo do [[deus|Deus único e criador]] dos [[cristianismo|cristãos]], [[judaísmo|judeus]] e [[islamismo|muçulmanos]], criador do universo e juiz final.


Uma explicação possível para esta representação é a confusão com o [[titã]] [[Cronos]], que comeu os seus filhos para que não se rebelassem contra ele e lhe tomassem o poder da [[Terra]] como ele fez com o seu pai, [[Urano (mitologia)|Urano]].
Uma explicação possível para esta representação é a confusão com o [[titã]] [[Cronos]], que comeu os seus filhos para que não se rebelassem contra ele e lhe tomassem o poder da [[Terra]] como ele fez com o seu pai, [[Urano (mitologia)|Urano]].

Revisão das 12h41min de 15 de maio de 2016

 Nota: Este artigo é sobre a personificação do tempo. Para o titã, veja Cronos.
 Nota: Para outros significados, veja Chronos (desambiguação).
Chronos
Deus do tempo

Chronos, o deus do tempo da mitologia grega, dormindo sobre uma tumba no cemitério Friedhof IV der Gemeinde Jerusalems- und Neue Kirche de Berlim, Alemanha, estátua de Hans Latt, c. 1904

Chronos (em grego: Χρόνος, "tempo"; em latim: Chronus) também chamado de Aeon (em grego: Αίων, "eternidade"; em latim: Aeon), na mitologia grega, era a personificação do tempo eterno e imortal, e governava sobre o destino dos deuses imortais.

Etimologia

Durante a antiguidade, Chronos era ocasionalmente confundido com o titã Cronos.[1] De acordo com Plutarco, os gregos antigos acreditavam que Cronos era um nome alegórico para Chronos.[2]

Além do nome, a história de Cronos comer seus filhos também era interpretada como uma alegoria de um aspecto específico do tempo, a esfera de influência de Chronos. Chronos representava as características destrutivas de tempo, que consumia todas as coisas, um conceito que foi definitivamente ilustrado quando o rei titã consumiu os deuses do Olimpo - o passado consumindo o futuro, a geração mais velha suprimindo a próxima geração.

Durante o Renascimento, a identificação de Cronos e Chronos deu origem ao "Pai Tempo", uma representação antropomórfica do tempo empunhando a foice da colheita. O significado original e a etimologia da palavra Chronos ainda são incertos.[3]

Conceitos

Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: khrónos, kairós e aíôn. Khrónos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim. Kairós refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. Aíôn já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.

Mitologia

De acordo com a teogonia órfica, Chronos surgiu no princípio dos tempos, formado por si mesmo. Era um ser incorpóreo e serpentino possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. Uniu-se à sua companheira Ananque (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogénito separando-o, formando então o Universo ordenado com Gaia, Ponto (o mar profundo) e o Urano (o céu).

Permaneceu como um deus remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sob a forma de um homem idoso de longos cabelos e barba brancos, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens.

Uma das representações de Chronos, é a de um deus que devora seus próprios filhos. Esta representação deve-se ao fato de os antigos gregos tomarem Chronos como o criador do tempo, logo, de tudo o que existe e pode findar, sendo que, por este fato, se consideravam como filhos do tempo (Chronos), e uma vez que é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) por ele. A exemplo do Deus único e criador dos cristãos, judeus e muçulmanos, criador do universo e juiz final.

Uma explicação possível para esta representação é a confusão com o titã Cronos, que comeu os seus filhos para que não se rebelassem contra ele e lhe tomassem o poder da Terra como ele fez com o seu pai, Urano.

Ver também

Referências

  1. LSJ entry: Κρόνος
  2. Plutarco, On Isis and Osiris, 32
  3. R. S. P. Beekes, Etymological Dictionary of Greek, Brill, 2009, pp. 1651–2.
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