Festival Eurovisão da Canção
Festival Eurovisão da Canção | ||||
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Salvador Sobral, representante de Portugal, intérprete de Amar pelos Dois, canção vencedora da edição de 2017 | ||||
Edições | ||||
62 edições (2018) |
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Festival | ||||
Criação | 1956 | |||
Diretor | ![]() |
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Estação | UER | |||
Géneros musicais |
Vários estilos musicais | |||
Vencedor(a) atual | ![]() Salvador Sobral "Amar pelos Dois" |
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Participantes | 42 (2017) | |||
Realização | 1956 - 2017(presente) | |||
Mapa dos países participantes desde 1956 | ||||
Participaram pelo menos uma vez Quiseram participar, mas retiraram-se antes da final Nunca participaram, mas estão autorizados |
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Cronologia | ||||
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A decorrer desde 1956, o Festival Eurovisão da Canção (em inglês: Eurovision Song Contest, também utilizado no Brasil, e em francês: Concours Eurovision de la Chanson) é um concurso anual de canções transmitido pela televisão, com participantes de diversos países e cuja televisão nacional transmissora é membro do European Broadcasting Union.
A competição baseou-se no atual Festival de Sanremo realizado na Itália desde 1951.
O concurso é transmitido na televisão e na rádio por toda a Europa. Recentemente, a transmissão do mesmo foi também alargada a outros países não europeus por meio dos canais internacionais dos seus membros e também pode ser acompanhada na Internet.
O nome do concurso deriva da palavra Eurovision, a primeira palavra da cadeia de televisões europeia: a European Broadcasting Union (EBU) (União Europeia de Radiodifusão, em português). Esta união pode conseguir uma audiência de aproximadamente 1/6 da população mundial. Qualquer membro da EBU pode participar no concurso, mesmo que não seja um país europeu. Isto inclui países africanos e asiáticos como Israel e Marrocos, que já participaram no concurso. O Líbano tentou participar em 2005, mas pelas leis locais teria de cortar a transmissão da participação israelense/israelita. A Austrália, apesar de ser apenas um membro associado da EBU, participa no concurso desde 2015.
Índice
História[editar | editar código-fonte]
Baseado no festival de música de São Remo, o festival eurovisivo saiu da mente da EBU.
O primeiro festival teve lugar no dia 24 de maio de 1956, onde sete dos dez membros originais da entidade concorreram (três países foram desqualificados por terem entrado tardiamente). Assim, os primeiros países foram a França, a então Alemanha Ocidental, a Itália, a Holanda, o Luxemburgo, a Bélgica e a Suíça. No ano seguinte, juntaram-se a estes o Reino Unido, a Áustria e a Dinamarca e, em 1959, o Mónaco. Muitos outros países se foram juntando ao passar dos anos, como, por exemplo, Portugal em 1964, a Irlanda em 1965, Israel em 1973 e a Islândia em 1986. No entanto, o fim da Guerra Fria, no início da década de 1990, trouxe consigo a expansão do concurso para o leste, com muitos países a competir pela primeira vez no período de 1993 a 2008. As últimas adições ao concurso foram San Marino e o Azerbaijão em 2008 e a Austrália como país convidado em 2015.
Sistema de classificação (1993-2015/2016-presente)[editar | editar código-fonte]
No período de preparação para o concurso de 1993, a União Europeia de Radiodifusão começou finalmente a lidar com a explosão no número de potenciais países participantes, causados pela dissolução no bloco de Leste, e também pela desintegração da Jugoslávia, que tinha sido tradicionalmente o único país comunista a participar no concurso. Pela primeira vez, foi introduzida uma fase de pré-qualificação, mas apenas para os países que nunca participaram na competição, ou, no caso das ex-repúblicas da Jugoslávia, que ainda não tinham competido como nações soberanas. Esta foi, no entanto, apenas uma medida 'tapa buraco', já que claramente não seria uma solução sustentável para os anos seguintes, porque não seria visto como uma oportunidade equitativa. Entretanto, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Hungria, Eslovénia, Eslováquia, Roménia e Estónia foram separadas para se enfrentar em uma competição especial chamada Kvalifikacija za Millstreet (Classificatória para Millstreet) em Ljubliana, a 3 de abril, na qual apenas três vagas estavam disponíveis. Depois de uma votação extremamente apertada, Croácia, Bósnia e Herzegovina e Eslovénia qualificaram-se. Neste ano, pela primeira vez, os seis últimos colocados perderiam a sua vaga no ano seguinte, para dar lugar aos países que não se classificaram em Ljubliana.
No ano seguinte, novamente na Irlanda, competiram sete países. Hungria, Eslováquia, Roménia e Estónia tiveram a sua primeira participação e foram abertas 3 vagas remanescentes, devido à situação especial de Luxemburgo que tinha ficado na "zona de descida" para este ano e que desistiu e devido à retirada voluntária da Itália, deixando 3 vagas em aberto, que foram preenchidas pela Rússia, Polónia e Lituânia.
Para o concurso de 1996 na Noruega, a União Europeia de Radiodifusão continuou a experimentar nos seus esforços para encontrar um método amplamente aceitável de reduzir gradualmente o elevado número de potenciais países participantes para um número prático. Neste ano, voltaram para a fase de pré-qualificação que tinha sido usado para o concurso de 1993, mas desta vez com apenas um país isento do processo - a anfitriã Noruega. A pré-qualificação deste ano foi uma exceção, já que não foi transmitida em qualquer formato, nem implicou qualquer apresentação em direto das entradas. Em vez disso, o conjunto tradicional de júris nacionais simplesmente ouviu as gravações em estúdio de cada música, através de CDs, e atribuiu os pontos normalmente. Algum tempo depois, foram revelados apenas os países que se classificaram. Posteriormente, foram conhecidas as respetivas pontuações e posições, mas não a forma como os júris votaram.
Mais uma vez, tornou-se evidente que este sistema não era sustentável. Este processo fez com que os países participantes fizessem as suas seleções nacionais em aberto, já que sabiam que existia a possibilidade de que o público internacional não tivesse conhecimento da sua entrada. Não havia a previsão de que um dos principais colaboradores financeiros do evento, a Alemanha, seria prejudicado e eliminado. Por causa desse critério, este foi o único ano que o país ficou ausente do concurso.
Depois da controvérsia sobre a pré-seleção em 1996, de 1997 a 2001 foi utilizado um novo sistema de classificação. Os países que tiveram a menor média de pontuação no período de 1992 a 1996 estavam eliminados e, posteriormente, os países que tiveram as menores médias nas suas últimas cinco participações (a ressalva de que cada país tão excluído por um ano, automaticamente, estava automaticamente classificado para o ano seguinte). Assim, haveria um revezamento e o número de países participantes variava de 23 a 25.
Para a Eurovisão de 1999, em Israel, a EBU decidiu que os quatro maiores maiores contribuintes financeiros da entidade - Alemanha, Espanha, França e Reino Unido - teriam classificação automática para as edições posteriores. Doze anos mais tarde, a Itália no seu regresso seria incluída no grupo.
Nas edições de 2002 e 2003, deu-se a última mudança no sistema de classificação relacionada a eliminação de participantes. O sistema era simples: estavam classificados para a próxima edição os 17 primeiros do ano anterior, os "big four" e aqueles que não participaram na edição anterior.
Em 2004, a EBU decidiu fazer do Festival Eurovisão da Canção um evento de dois dias, limpando todas as regras existentes anteriormente relativas à não participação de um país por um ano por causa dos maus resultados. Assim, todos os anos se organizava uma final (com os Big four já automaticamente classificados) mais os dez primeiros colocados do ano anterior. Os restantes teriam que participar na semifinal e tentar a sua sorte, já que haveria apenas dez lugares disponíveis na final do concurso. Esta fórmula durou por quatro anos.
Após vários problemas relacionados com a votação em blocos geográficos no Festival de 2007, em Helsinquía, a EBU decidiu novamente alterar o formato do Festival para evitar estes problemas. Assim, desde 2008 que os participantes estão divididos em duas semifinais de até 20 participantes cada. Os dez primeiros colocados de cada semifinal classificam-se para a grande final, enquanto o país organizador e os "big five" estão classificados automaticamente e são divididos para votar em cada semifinal.
Em 2015, a Austrália participou como país convidado. Por isto, classificou-se diretamente à final e teve o direito de votar nas duas semifinais.
Em 2016, houve uma grande mudança nas votações. O público de casa continua a votar, mas agora tem maior poder face aos votos dos jurados de cada país. Primeiramente, são revelados os votos dos jurados, obtendo-se assim um resultado inicial. Após isso, o Top 5 da competição é revelado. Cada um tem uma pontuação diferente que, somada aos votos dos jurados, determina a pontuação final, podendo ou não diferenciar-se da posição dos jurados. No ano em que foi implantado, Dami Im, representante da Austrália na competição, estava em primeiro lugar nas votações dos jurados, mas acabou por perder para Jamala, representante da Ucrânia, na votação do público. Mesmo assim, a Rússia obteve o primeiro lugar da votação do público, mas não teve uma soma suficiente para alcançar Jamala e Dami Im, ficando em 3º lugar na competição.
O sistema continuou ativo no ano de 2017, porque, segundo os produtores, traz mais emoção aos resultados finais, que ficavam previsíveis após certo número de ligações.
Seleções Nacionais[editar | editar código-fonte]
Para a edição do festival de 2002, a Televisão Espanhola (TVE) criou um reality show chamado «Operación Triunfo» que mostrava a formação e seleção de cantores desconhecidos. O formato televisivo foi um enorme sucesso em Espanha e no concurso. A partir daí, o formato foi-se espalhando pelos vários países europeus (Irlanda, Reino Unido, Portugal, França, Itália, Albânia,…). O auge foi em 2005, quando vários países seguiram o formato.
Regras[editar | editar código-fonte]
Número de canções[editar | editar código-fonte]
No primeiro festival (1956), cada país era autorizado a levar duas canções de três minutos e meio cada, cantadas por um habitante do próprio país em questão. Mas, logo no ano seguinte (1957), a EBU restringiu o número de canções para uma por país. O número de países continuou a crescer e, a partir de 1980, as canções só podiam ter, no máximo, três minutos, para haver tempo suficiente de transmitir o festival inteiro. Temos o exemplo da participação de Itália no Festival Eurovisão da Canção 2015, cuja música teve de ser cortada para ficar com 3 minutos.
Cantores[editar | editar código-fonte]
As regras atuais dizem que só podem estar 6 pessoas em palco por cada atuação realizada e que essas pessoas devem ter mais de 16 anos. No entanto, já não existe nenhuma regra sobre a nacionalidade daqueles que representam o país, tendo por isso aparecido casos como o de Céline Dion que, sendo canadiana, representou a Suíça no festival. Se algum país concorrente não transmitir o festival em determinado ano, será imediatamente desqualificado nesse ano e não poderá concorrer no ano seguinte.
Línguas[editar | editar código-fonte]
Vendo que o inglês começou a dominar o Festival, particularmente com a vitória sueca de 1974 (ABBA com "Waterloo"), foi imposta uma regra que afirmava que cada país teria que cantar numa das suas línguas oficiais.
A regra foi novamente posta de lado em 1999, quando a Suécia repetiu a proeza de ganhar o festival com uma música em inglês: Take me to your heaven.
Atualmente, a maior parte dos países opta pela língua inglesa com o objetivo de conquistar mais audiências e votos por parte de todos os europeus. Mesmo assim, ainda existem países que continuam a usar as suas línguas locais e, normalmente, cantam na sua própria língua (Portugal, Espanha, França, Israel, Sérvia, Andorra e Itália entre outros).
Existem ainda alguns casos de línguas inventadas (Bélgica, 2003, e Países Baixos, 2006) e de opções de músicas com várias línguas. Portugal optou por esse mecanismo na final em 2003, 2005, 2006 e 2007.
Big Four e Big Five[editar | editar código-fonte]
Desde 2000, o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Espanha qualificam-se automaticamente para a final do Festival Eurovisão, independentemente da posição no festival do ano anterior.[1] Estes quatro países ganharam este estatuto especial por serem os quatro maiores contribuidores financeiros para a EBU / UER (sem a qual a produção do Festival Eurovisão da Canção não seria possível). Devido ao seu estatuto intocável, estes países tornaram-se conhecidas como "Big Four".[2] A 31 de Dezembro de 2010 foi anunciado na lista oficial de participação pela EBU / UER que a Itália iria qualificar-se automaticamente para a final, juntando-se aos outros quatro qualificados automáticos, passando o grupo a ser conhecido como "Big Five".[3] Com a vitória de Lena Meyer-Landrut no festival de 2010, a Alemanha foi o primeiro país dos "Big Four" a vencer o concurso desde a introdução da regra no ano de 2000.
Países participantes[editar | editar código-fonte]
Cada país participante tem de ter obrigatoriamente uma estação televisiva que esteja integrada na União Europeia de Radiodifusão (UER) para que o possa representar no certame. Por exemplo, a de Portugal é a RTP. Apesar de poder haver mais que uma cadeia televisiva de um país na UER, não é norma a participação das televisões privadas no concurso. Há duas exceções: o Mónaco, que está representado por uma televisão privada, e o Azerbaijão, que está representado por uma emissora independente.
Caso haja vontade de um país participar na edição seguinte do concurso à qual não participou, essa edição anterior terá obrigatoriamente de ser transmitida ao vivo para todo o país.
Podem participar todos os países que estão dentro da Área de Radiodifusão Europeia ou, então, no Conselho da Europa.
Desde 1956, pelo menos 50 países já participaram pelo menos uma vez:
Ano | Primeira participação de cada país |
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1956 | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
1957 | ![]() ![]() ![]() |
1958 | ![]() |
1959 | ![]() |
1960 | ![]() |
1961 | ![]() ![]() ![]() |
1964 | ![]() |
1965 | ![]() |
1971 | ![]() |
1973 | ![]() |
1974 | ![]() |
1975 | ![]() |
1980 | ![]() |
1981 | ![]() |
1986 | ![]() |
1993 | ![]() ![]() ![]() |
1994 | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
1998 | ![]() |
2000 | ![]() |
2003 | ![]() |
2004 | ![]() ![]() ![]() ![]() |
2005 | ![]() ![]() |
2006 | ![]() |
2007 | ![]() ![]() ![]() ![]() |
2008 | ![]() ![]() |
2015 | ![]() |
- a) Ocasionalmente apresentou-se como Alemanha Ocidental antes da Reunificação da Alemanha em 1990.
- b) As entradas apresentadas como Jugoslávia representaram a República Socialista Federal da Jugoslávia, excepto em 1992, quando representou a República Federal da Jugoslávia.
- c) A Austrália iria participar apenas uma vez, como país convidado para comemorar os 60 anos do certame. Após o sucesso da participação do país, ele foi efetivado como participante.
Vencedores[editar | editar código-fonte]
Os países participantes que venceram até hoje o Festival Eurovisão da Canção foram:
7 vitórias - Irlanda
6 vitórias - Suécia
5 vitórias - França, Luxemburgo e Reino Unido
4 vitórias - Países Baixos
3 vitórias - Dinamarca, Israel e Noruega[4]
2 vitórias - Alemanha, Itália, Suíça, Espanha, Ucrânia e Áustria
1 vitória - Azerbaijão, Bélgica, Estónia, Finlândia, Grécia, Jugoslávia, Letónia, Mónaco, Portugal, Rússia, Sérvia e Turquia
Sem vitórias - Albânia, Arménia, Austrália, Bulgária, Bielorrússia, Bósnia e Herzegovina, Croácia, Chipre, Eslovénia, Eslováquia, Geórgia, Hungria, Islândia, Lituânia, Malta, Montenegro, Moldávia, Polónia, República Checa, República da F.Y.R. Macedónia e Roménia
Canções com 0 (zero) pontos (desde 1978)[editar | editar código-fonte]
- 1978 - Mil etter mil, Jahn Teigen (Noruega)
- 1981 - Aldri i livet, Finn Kalvik (Noruega)
- 1982 - Nukua pommiin, Kojo (Finlândia)
- 1983 - Opera, Çetin Alp & the Short Waves (Turquia)
- 1983 - Quién Maneja Mi Barca?, Remedios Amaya (Espanha)
- 1987 - Şarkım Sevgi Üstüne, Seyyal Taner & Locomotif (Turquia)
- 1988 - Lisa, Mona Lisa, Wilfried (Áustria)
- 1989 - Það sem enginn sér, Daníel, (Islândia)
- 1991 - Venedig im regen, Thomas Forstner, (Áustria)
- 1994 - Lopšinė mylimai, Ovidijus Vyšniauskas (Lituânia)
- 1997 - San Francisco, Tor Endresen (Noruega)
- 1997 - Antes do adeus, Célia Lawson (Portugal)
- 1998 - Lass ihn, Gunvor (Suíça)
- 2003 - Cry Baby, Jemini (Reino Unido)
- 2004 - Celebrate, Piero & The Musicstars (Suíça) (Semifinal)
- 2009 - Aven Romale, Gipsy.cz (República Checa) (Semifinal 1)
- 2015 - Black Smoke, Ann Sophie (Alemanha) (Final)
- 2015 - I Am Yours, The Makemakes (Áustria)
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «Rules of the 44th Eurovision Song Contest, 1999» (PDF). União Europeia de Radiodifusão. 13 de outubro de 1998. Consultado em 18 de julho de 2006
- ↑ «Reference Group». União Europeia de Radiodifusão. Consultado em 5 de dezembro de 2010
- ↑ Bakker, Sietse (31 de dezembro de 2010). «43 nations on 2011 participants list». Eurovision.tv. Consultado em 31 de dezembro de 2010
- ↑ «Festival Eurovisão da Canção». Site Curiosidades. Consultado em 16 de dezembro de 2017