Lagoa Rodrigo de Freitas
Lagoa Rodrigo de Freitas | |
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Localização | |
Localização | Zona Sul do Rio de Janeiro |
País | Brasil |
Localidades mais próximas | Rio de Janeiro |
Características | |
Área * | 2,2 km² |
Perímetro * | 7,8 km |
Profundidade média | 2,8 m |
Volume * | aprox. 0,0062 km³ |
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas. |
Rodrigo de Freitas é uma lagoa localizada na Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no Brasil.[1]
Embora receba as águas de diversos rios tributários que descem das encostas circundantes, entre os quais se destaca o Rio dos Macacos (hoje canalizado), apresenta águas salobras.
A lagoa apresenta duas ilhas: Ilha Piraquê, na margem oeste, que abriga o Departamento Esportivo do Clube Naval; Ilha Caiçaras, na margem sul, que abriga o Clube dos Caiçaras, onde se realizaram as provas de esqui aquático dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Conta ainda com alguns parques ao seu redor, dos quais se destacam o Parque da Catacumba, o Parque do Cantagalo e o Parque dos Patins.
História
[editar | editar código-fonte]Inicialmente habitada pelos índios Tamoios, que a denominavam Piraguá (que significa "enseada de peixe", pela junção de pirá, peixe e kûá, enseada[2]) ou Sacopenapã (caminho dos socós), com a chegada do colonizador português, o governador e capitão-geral da Capitania do Rio de Janeiro, António Salema (1575-1578), pretendeu instalar um engenho de açúcar nas margens da lagoa. Para livrar-se da presença indesejável dos indígenas, recorreu ao estratagema de fazer espalhar roupas anteriormente utilizadas por doentes de varíola às margens da lagoa, vindo assim a exterminá-los. Iniciou-se, então, o plantio de cana-de-açúcar e a montagem do Engenho d'El-Rey, onde atualmente funciona o Centro de Recepção aos Visitantes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Posteriormente, essas terras foram adquiridas ao doutor Salema pelo vereador Amorim Soares, passando a lagoa a ser referida como "Lagoa de Amorim Soares". Com a expulsão deste da região em 1609, as terras foram vendidas para o seu genro, Sebastião Fagundes Varela, com a consequente alteração da toponímia para "Lagoa do Fagundes". Este latifundiário, por aquisição e invasão, ampliou as suas propriedades na região, de maneira que, em torno de 1620, já era proprietário de todas as terras que se estendem do atual bairro do Humaitá até o atual bairro do Leblon.
Em 1702, a sua bisneta, Petronilha Fagundes, então com 35 anos de idade, casou-se com o jovem oficial de cavalaria português, Rodrigo de Freitas de Carvalho, então com apenas 18 anos de idade, que deu o seu nome à lagoa. Viúvo, Rodrigo de Freitas retornou a Portugal em 1717, onde veio a falecer em 1748.
A região permaneceu em mãos de arrendatários, sem grande expressão até ao início do século XIX, quando, com a chegada da Família Real Portuguesa em 1808, o Príncipe-Regente desapropriou o "Engenho da Lagoa" para construir, no local, uma fábrica de pólvora e instalar o "Real Horto Botânico" (atual Jardim Botânico do Rio de Janeiro).
Durante o século XIX, foram cogitadas diversas soluções para o problema da renovação de suas águas, até que, em 1922, a Repartição de Saneamento das Zonas Rurais apresentou um projeto visando a "sanear e embelezar a Capital para as festas do Centenário da Independência". Esse projeto consistia na abertura de um canal, através de dragagem, aprofundando a barra, religando a lagoa ao mar. Com a sua execução, a terra retirada do canal formou a Ilha dos Caiçaras, atual sede do clube de mesmo nome. Em pouco tempo, surgiram aterros às suas margens que reduziram, paulatinamente, o seu espelho d'água, surgindo o Jockey Club Brasileiro, o Jardim de Alá e a sede esportiva do Clube Naval na Ilha do Piraquê. O canal dragado passou a denominar-se Canal do Jardim de Alá.
Em 1939, Manoel Pinto Júnior estabeleceu-se na Ladeira do Sacopã, dando início à comunidade que se tornaria o Quilombo Sacopã.[3]
A lagoa representa, atualmente, uma das principais atrações turísticas do município do Rio de Janeiro. É conhecida como "O Coração do Rio de Janeiro", devido a seu formato semelhante a um coração. A região administrativa e o bairro homônimo de Lagoa recebe sua denominação devido à Lagoa Rodrigo de Freitas. É uma região de classes média-alta e alta, com um dos mais altos índices de desenvolvimento humano do país. Desde 1995, na época de Natal, há a tradição de se montar uma gigantesca árvore de Natal iluminada, aproveitando o seu espelho d'água.
Poluição
[editar | editar código-fonte]Embora sobreviva às suas margens uma colônia de pescadores, a lagoa é vítima de um problema crônico de mortandade de peixes, causado pela proliferação de algas (eutrofização) que consomem o oxigênio nas águas. Vários estudos de engenharia hidráulica foram realizados, podendo-se citar o de Saturnino de Brito, o de Saturnino de Brito Filho realizados no HIDROESB, o do LNEC, em Lisboa, e o da Universidade de Lund, na Suécia acompanhados pelos engenheiros brasileiros Jorge Paes Rios e Flavio Coutinho. Todavia nenhuma solução concreta de renovação das águas foi implantada até 2013. Recentemente, a iniciativa de um biólogo tem tido um efetivo sucesso na reintrodução de algumas espécies nativas de manguezal, vegetação nativa de seu entorno.[4]
Eventos esportivos
[editar | editar código-fonte]A lagoa tem uma parte aterrada. Isso ocorreu nos meados do século XX (lá pelos anos 1940, 1950 e 1960), já que muitos morros, como o da Praia do Pinto, foram ocupados às margens da lagoa e, por muitos e muitos anos, abrigou favelas com cerca de até 50.000 moradores. Só que os barracos erguidos nos morros corriam o risco de desabar. Então o governo, depois de mais de vinte anos da ocupação dos morros, expulsou todos os moradores e "desmontou" os morros, aterrando grande parte do município. Seus moradores foram para o subúrbio e passaram a morar em conjuntos habitacionais. No lugar dos morros, foram construídos os prédios de apartamentos e parques.
Com 2,4 milhões de metros quadrados de superfície, sobre o seu espelho d'água praticam-se esportes aquáticos como o remo, ou simplesmente passeia-se de pedalinho. Em seu entorno, encontram-se um estádio de remo (Estádio de Remo da Lagoa), uma ciclovia pavimentada, com 7,5 km de extensão, diversos equipamentos de lazer e quiosques de alimentação, que oferecem itens da gastronomia regional e internacional. Aí, se encontram também alguns dos mais importantes clubes do município:
- Clube de Regatas do Flamengo;
- Jóquei Clube Brasileiro;
- Clube Naval na ilha do Piraquê;
- Paissandu Atlético Clube;
- Clube dos Caiçaras;
- Club de Regatas Vasco da Gama (sede náutica); e
- Botafogo de Futebol e Regatas (sede náutica).
A Lagoa Rodrigo de Freitas sediou competições de canoagem e remo dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016 e dos Jogos Paralímpicos de Verão de 2016. Havia uma grande preocupação quanto à saúde dos atletas durante a competição. Em 2015, treze remadores dos Estados Unidos apresentaram problemas estomacais depois de uma competição na lagoa, que foi considerada evento-teste dos Jogos Olímpicos. Na ocasião, os atletas sofreram de vômito e diarreia.[5] Além disso, foi reconhecido pelo governo do estado que não há tempo disponível para limpar efetivamente a lagoa para as competições Olímpicas.[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Lagoa Rodrigo de Freitas». Consultado em 17 de outubro de 2012
- ↑ Vocabulário tupi-português das lições. Disponível em http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm. Acesso em 1 de agosto de 2012.
- ↑ MAIA, Patrícia Ribeira de Castro. Ladeira Sacopã, 250: Um Parque, Um Quilombo, Um Conflito Sócioambiental na Lagoa Rodrigo de Freitas[ligação inativa]. Revista VITAS – Visões Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade – Revista Vitas Nº 1, setembro de 2011
- ↑ Mesmo com a despoluição e o monitoramento realizado pelo INEA é proibido nadar na lagoa Rodrigo de Freitas
- ↑ http://esporte.ig.com.br/olimpiadas/2015-08-10/remadores-dos-eua-passam-mal-apos-evento-teste-na-lagoa-rodrigo-de-freitas.html
- ↑ http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/07/aguas-contaminadas-sao-risco-para-atletas-nas-olimpiadas-do-rio.html