Estudos de gênero: diferenças entre revisões

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== Ideologia de gênero ==
== Ideologia de gênero ==

Nos estudos de gênero, ideologia de gênero é a expressão usada para descrever as crenças normativas sobre os [[Papel social de gênero|papéis sociais]] apropriados e as naturezas fundamentais de [[mulher]]es e [[Homem|homens]], sejam essas pessoas [[cisgênero]] ou [[Transgénero|transgênero]], nas sociedades [[humanas]]. A [[Diferença entre sexo e gênero|distinção entre sexo e gênero]] é central para o conceito, visto que as diferenças biológicas entre homens e mulheres, ou suas diferenças sexuais, são usadas como base para a atribuição de [[Gênero (ciências sociais)|gênero]] e a [[construção cultural]] de [[identidades de gênero]]. As pessoas são atribuidas a um gênero em todas as sociedades, mas os sistemas de gênero e as ideologias de gênero que são pensados para ajudar a sustentá-los são culturalmente variáveis.<ref>{{citar web |url=https://www.sciencedirect.com/topics/computer-science/gender-ideology |titulo=Gender Ideology: Cross-cultural Aspects |autor=S.U. Philips |editor=International Encyclopedia of the Social & Behavioral Sciences |data=2001 |acessodata=15 de junho de 2019}}</ref><ref>{{citar web |url=https://books.google.com.br/books?id=cMXP9RO0DVMC&pg=PA9&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false |titulo=In Pursuit of Gender: Worldwide Archaeological Approaches |autor=Sarah M. Nelson |data=2002 |acessodata=15 de junho de 2019}}</ref> Por esta ótica, não existe apenas o gênero masculino e feminino, mas um espectro que pode ser muito mais amplo do que a [[Gênero binário|identificação binária]].<ref>[https://www.academia.edu/36632681/Ideologia_de_g%C3%AAnero_-_esbo%C3%A7o_da_palestra.docx Ideologia de gênero - esboço da palestra] por Ewerton B. Tokashiki (2018)</ref>

=== Outros significados ===
A ideologia de gênero é o sistema de crenças pelas quais as pessoas explicam, responsabilizam e justificam seu comportamento e interpretam e avaliam o dos outros. Em suma, é o conjunto de crenças que governam a participação das pessoas na ordem de gênero e pelo qual explicam e justificam essa participação.<ref name="EckertPenelope2003">{{citar livro|autor1 =Penelope Eckert|autor2 =Eckert Penelope|autor3 =Sally McConnell-Ginet|título=Language and Gender|url=https://books.google.com/books?id=JnZGzMkBaqkC&pg=PA35|data=9/1/2003|publicado=Cambridge University Press|língua=en|isbn=978-0-521-65426-5|páginas=35–36}}</ref> O conceito é frequentemente usado, mas raramente questionado, em contraste a outros, como a [[identidade de gênero]]. Suspeita-se que a flexibilidade das definições e os múltiplos significados associados à ideologia, em geral, sejam a fonte de seu uso comum e de sua desconsideração conceitual. Em “terminologia de reorganização” (Gerring 1997: 960), a ideologia de gênero é frequentemente usada como sinônimo de conceitos como atitudes de gênero, normas de gênero, poder de gênero, relações de gênero, estruturas de gênero e dinâmicas de gênero.<ref>Duerst-Lahti, G. (2008). Gender ideology: Masculinism and feminalism. In G. Goertz & A. Mazur (Eds.), Politics, Gender, and Concepts: Theory and Methodology (pp. 159-192). Cambridge: Cambridge University Press. doi:10.1017/CBO9780511755910.008 {{en}}</ref>
A ideologia de gênero é o sistema de crenças pelas quais as pessoas explicam, responsabilizam e justificam seu comportamento e interpretam e avaliam o dos outros. Em suma, é o conjunto de crenças que governam a participação das pessoas na ordem de gênero e pelo qual explicam e justificam essa participação.<ref name="EckertPenelope2003">{{citar livro|autor1 =Penelope Eckert|autor2 =Eckert Penelope|autor3 =Sally McConnell-Ginet|título=Language and Gender|url=https://books.google.com/books?id=JnZGzMkBaqkC&pg=PA35|data=9/1/2003|publicado=Cambridge University Press|língua=en|isbn=978-0-521-65426-5|páginas=35–36}}</ref> O conceito é frequentemente usado, mas raramente questionado, em contraste a outros, como a [[identidade de gênero]]. Suspeita-se que a flexibilidade das definições e os múltiplos significados associados à ideologia, em geral, sejam a fonte de seu uso comum e de sua desconsideração conceitual. Em “terminologia de reorganização” (Gerring 1997: 960), a ideologia de gênero é frequentemente usada como sinônimo de conceitos como atitudes de gênero, normas de gênero, poder de gênero, relações de gênero, estruturas de gênero e dinâmicas de gênero.<ref>Duerst-Lahti, G. (2008). Gender ideology: Masculinism and feminalism. In G. Goertz & A. Mazur (Eds.), Politics, Gender, and Concepts: Theory and Methodology (pp. 159-192). Cambridge: Cambridge University Press. doi:10.1017/CBO9780511755910.008 {{en}}</ref>


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* Em [[pedagogia]], por exemplo ao estudar a associação entre a ideologia de gênero precoce e simultânea dos pais e os comportamentos de gênero e as atitudes de gênero dos filhos ,<ref name="Halpern2014">{{citar livro|autor =Hillary Paul Halpern|título=Parents' Gender Ideology and Gendered Behavior as Predictors of Children's Gender-role Attitudes: A Longitudinal Exploration|url=https://books.google.com/books?id=Dwh9rgEACAAJ|ano=2014|publicado=University of Massachusetts Amherst}}</ref>
* Em [[pedagogia]], por exemplo ao estudar a associação entre a ideologia de gênero precoce e simultânea dos pais e os comportamentos de gênero e as atitudes de gênero dos filhos ,<ref name="Halpern2014">{{citar livro|autor =Hillary Paul Halpern|título=Parents' Gender Ideology and Gendered Behavior as Predictors of Children's Gender-role Attitudes: A Longitudinal Exploration|url=https://books.google.com/books?id=Dwh9rgEACAAJ|ano=2014|publicado=University of Massachusetts Amherst}}</ref>
* Em livros sobre religião, como sobre as demandas no programa de catolicismo nacional de [[Francisco Franco]] conflitantes com o desenvolvimento econômico patrocinado pelo Estado que pretendia uma sociedade de consumo moderna,<ref name="Morcillo2008">{{citar livro|autor =Aurora G. Morcillo|título=True Catholic Womanhood: Gender Ideology in Franco's Spain|url=https://books.google.com/books?id=LnCePwAACAAJ|data=maio de 2008|publicado=Northern Illinois University Press|isbn=978-0-87580-997-7}}</ref> estudo e publicação sobre uma "personalização" do catolicismo em [[Gana]].<ref name="Sackey2006">{{citar livro|autor =Brigid M. Sackey|título=New Directions in Gender and Religion: The Changing Status of Women in African Independent Churches|url=https://books.google.com/books?id=KNxAeJmCjxsC|ano=2006|publicado=Lexington Books|isbn=978-0-7391-1058-4}}</ref> livro de Susan Starr Sered, ''Priestess, Mother, Sacred Sister: Religions Dominated by Women'' que descreve e analisa religiões, espalhadas por todo o mundo, em que as mulheres são a maioria dos líderes e a maioria dos participantes.<ref name="Sered1996">{{citar livro|autor =Susan Starr Sered|título=Priestess, Mother, Sacred Sister: Religions Dominated by Women|url=https://books.google.com/books?id=MrW3dIw0w6wC&pg=PA195|ano=1996|publicado=Oxford University Press|isbn=978-0-19-510467-7|páginas=195–196|citação=Capítulo intitulado "Ideologia de gênero"}}</ref>
* Em livros sobre religião, como sobre as demandas no programa de catolicismo nacional de [[Francisco Franco]] conflitantes com o desenvolvimento econômico patrocinado pelo Estado que pretendia uma sociedade de consumo moderna,<ref name="Morcillo2008">{{citar livro|autor =Aurora G. Morcillo|título=True Catholic Womanhood: Gender Ideology in Franco's Spain|url=https://books.google.com/books?id=LnCePwAACAAJ|data=maio de 2008|publicado=Northern Illinois University Press|isbn=978-0-87580-997-7}}</ref> estudo e publicação sobre uma "personalização" do catolicismo em [[Gana]].<ref name="Sackey2006">{{citar livro|autor =Brigid M. Sackey|título=New Directions in Gender and Religion: The Changing Status of Women in African Independent Churches|url=https://books.google.com/books?id=KNxAeJmCjxsC|ano=2006|publicado=Lexington Books|isbn=978-0-7391-1058-4}}</ref> livro de Susan Starr Sered, ''Priestess, Mother, Sacred Sister: Religions Dominated by Women'' que descreve e analisa religiões, espalhadas por todo o mundo, em que as mulheres são a maioria dos líderes e a maioria dos participantes.<ref name="Sered1996">{{citar livro|autor =Susan Starr Sered|título=Priestess, Mother, Sacred Sister: Religions Dominated by Women|url=https://books.google.com/books?id=MrW3dIw0w6wC&pg=PA195|ano=1996|publicado=Oxford University Press|isbn=978-0-19-510467-7|páginas=195–196|citação=Capítulo intitulado "Ideologia de gênero"}}</ref>

=== Apropriação do termo ===
[[Imagem:Benoit xvi octobre 2008.jpg|thumb|Um texto de 1997 do então cardeal [[Papa Bento XVI|Joseph Ratzinger]] menciona "ideologia de gênero".<ref name=":1" />]]

Entre grupos [[Religião|religiosos]] e [[Conservadorismo|conservadores]], desde o início do século XXI, o termo tem sido apropriado sem respaldo científico para distorcer aspectos dos estudos de gênero com o objetivo de criar um tipo de [[pânico moral]] e alimentar [[teorias conspiratórias]] sobre um conluio mundial para "destruir os [[valores familiares]]" e voltar a opinião pública contra políticas sociais direcionadas para as [[Direitos das mulheres|mulheres]] e a população [[LGBT]], uma estratégia conhecida como [[falácia do espantalho]].<ref name=":2">{{Citar periódico|ultimo=Duque|primeiro=Tiago|data=2018|titulo=Ninguém nasce Inês Brasil, torna-se Inês Brasil: artefato cultural, pânico moral e “ideologia de gênero” em Campo Grande (MS)|url=https://periodicos.furg.br/momento/article/view/7787|jornal=Momento - Diálogos em Educação|lingua=pt|volume=27|numero=3|paginas=227–247|doi=10.14295/momento.v27i3.7787|issn=2316-3100}}</ref><ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=Miskolci|primeiro=Richard|ultimo2=Campana|primeiro2=Maximiliano|data=2017|titulo=“Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922017000300725&lng=pt&tlng=pt|jornal=Sociedade e Estado|volume=32|numero=3|paginas=725–748|doi=10.1590/s0102-69922017.3203008|issn=1980-5462|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Correa|primeiro=Sonia|ultimo2=Prado|primeiro2=Marco Aurélio Maximo|data=2018|titulo=Retratos transnacionais e nacionais das cruzadas antigênero|url=http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1519-549X2018000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Revista Psicologia Política|lingua=pt|volume=18|numero=43|paginas=444–448|issn=1519-549X|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Junqueira|primeiro=Rogério Diniz|data=2018|titulo=A invenção da "ideologia de gênero": a emergência de um cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero|url=http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1519-549X2018000300004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Revista Psicologia Política|lingua=pt|volume=18|numero=43|paginas=449–502|issn=1519-549X|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=A GÊNESE DE UMA CATEGORIA|url=http://www.clam.org.br/destaque/conteudo.asp?cod=12704|obra=Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos|data=2017|publicado=|ultimo=Lowenkron|primeiro=Laura|ultimo2=Mora|primeiro2=Claudia|acessodata=|wayb=20190615110355}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Balieiro|primeiro=Fernando de Figueiredo|data=2018-09-13|titulo=“Não se meta com meus filhos”: a construção do pânico moral da criança sob ameaça|url=https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8653414|jornal=Cadernos Pagu|lingua=pt|numero=53|issn=1809-4449}}</ref><ref name=":4">{{Citar periódico|ultimo=Miskolci|primeiro=Richard|ultimo2=Miskolci|primeiro2=Richard|data=2018|titulo=Exorcizando um fantasma: os interesses por trás do combate à “ideologia de gênero”|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-83332018000200402&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Cadernos Pagu|lingua=pt|numero=53|doi=10.1590/18094449201800530002|issn=0104-8333|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Aguiar|primeiro=Márcio Mucedula|ultimo2=Ferreira|primeiro2=Camila Camargo|data=2018|titulo=“Ideologia de gênero”: pânicos morais, silêncios tagarelas e a (re)produção de normas binárias de gênero|url=http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/nanduty/article/view/8838|jornal=Revista Ñanduty|lingua=pt|volume=6|numero=8|paginas=114–143|doi=10.30612/nty.v6i8.8838|issn=2317-8590|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Miskolci|primeiro=Richard|data=2007|titulo=Pânicos morais e controle social: reflexões sobre o casamento gay|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-83332007000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Cadernos Pagu|lingua=pt|numero=28|paginas=101–128|doi=10.1590/S0104-83332007000100006|issn=0104-8333|acessodata=}}</ref><ref name=":5">{{Citar periódico|ultimo=Machado|primeiro=Maria das Dores Campos|data=2018|titulo=O discurso cristão sobre a “ideologia de gênero”|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-026X2018000200212&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Revista Estudos Feministas|lingua=pt|volume=26|numero=2|doi=10.1590/1806-9584-2018v26n247463|issn=0104-026X|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Arribas|primeiro=Célia da Graça|data=2019-05-06|titulo=O sexo dos espíritos|url=https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/157776|jornal=Revista USP|lingua=pt-BR|numero=121|paginas=97–108|doi=10.11606/issn.2316-9036.v0i121p97-108|issn=2316-9036}}</ref><ref name=":6">{{Citar web|titulo=Bolsonaro pede ao MEC projeto de lei que proíba ideologia de gênero|url=https://www.metropoles.com/brasil/educacao-br/bolsonaro-pede-ao-mec-projeto-de-lei-que-proiba-ideologia-de-genero|obra=Metrópoles|data=2019-09-03|acessodata=2019-09-03|lingua=pt-BR}}</ref>

A [[Igreja Católica]] tem usado o termo pelo menos desde 1998, após uma nota da [[Conferência Episcopal do Peru]], intitulada “''A ideologia de gênero: seus perigos e alcances''".<ref name=":1">{{Citar web|titulo=Saiba como surgiu o termo 'ideologia de gênero'|url=https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/saiba-como-surgiu-o-termo-ideologia-de-genero.shtml|obra=[[Folha de S.Paulo]]|data=2018|publicado=|ultimo=Saldaña|primeiro=Paulo|wayb=20190615070140}}</ref> Registra-se em 1997 um longo documento de Ratzinger intitulado "O Sal da Terra",<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/60831718|título=La sal de la tierra: cristianismo e Iglesia Católica ante el nuevo milenio: una conversación con Peter Seewald|ultimo=Ratzinger|primeiro=Joseph|ultimo2=Seewald|primeiro2=Peter|data=2005|editora=Ediciones Palabra|ano=|edicao=5a|local=Madrid|páginas=|isbn=8482399209|oclc=60831718|autorlink=Joseph Ratzinger|acessodata=}}</ref> no qual ele faz diversas críticas às questões relacionadas aos estudos de gênero, ao [[feminismo]] e aos aspectos ideológicos que orbitam tais questões.<ref>{{Citar web|titulo=El cristianismo al final del milenio, según Ratzinger|url=http://www.aceprensa.com/articles/1997/may/14/el-cristianismo-al-final-del-milenio-seg-n-ratzing/|obra=www.aceprensa.com|data=1997|publicado=|ultimo=Contreras|primeiro=Diego|lingua=es|wayb=20190615083914}}</ref> Depois de eleito papa, o cardeal Ratzinger publicou documentos análogos, como a "''Carta aos bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e a mulher na Igreja e no mundo''", preparado pela [[Congregação para a Doutrina da Fé]], ainda criticando o feminismo e a [[homossexualidade]].<ref>{{Citar web|titulo=Vaticano se posiciona contra o feminismo e a ideologia de gênero|url=https://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2004/07/31/ult1766u4859.jhtm|obra=noticias.uol.com.br|data=2004|ultimo=|primeiro=|acessodata=|wayb=20190615082258}}</ref><ref name=":0" /><ref name=":2" /><ref name=":5" />

Em 10 de junho de 2019, a [[Congregação para a Educação Católica]], um organismo da [[Cúria Romana]] publicou um documento intitulado ''"Homem e Mulher os criou"'' cujo subtítulo é “Sim ao diálogo sobre estudos, não à ideologia”<ref>[https://noticias.cancaonova.com/igreja/vaticano-publica-documento-sobre-gender-homem-e-mulher-os-criou/ ''Vaticano publica documento sobre “gender”: "Homem e Mulher os criou"''], [[Canção Nova]], 10/6/2019</ref> para recordar a incompatibilidade entre a ideologia de género e a "antropologia cristã".<ref>[https://observador.pt/opiniao/a-ideologia-de-genero-nao-e-ciencia-e-ideologia/ ''A ideologia de género não é ciência, é ideologia'']</ref>

==== Brasil ====
{{VT|Escola sem Homofobia|Escola sem Partido|Homofobia no Brasil}}
{{Imagem múltipla
| image1 = CDH - Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (20161104638).jpg
| image2 = Silas Malafaia na Comissão de Direitos Humanos 1.JPG
| align = left
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| footer = O padre [[Paulo Ricardo (padre)|Paulo Ricardo]] e o pastor neopentescostal [[Silas Malafaia]].
}}

Desde 2014, vários projetos de lei têm sido apresentados, no [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]] e nos poderes legislativos estaduais, com o objetivo de evitar uma alegada “doutrinação ideológica” nas instituições de ensino. Eles ecoam as propostas da organização “[[Escola sem Partido|Escola Sem Partido]]”, que no mesmo período adquiriu grande visibilidae no debate público. A principal meta é suprimir a reflexão crítica sobre questões de gênero, estigmatizada como “ideologia de gênero”. Pelas propostas, qualquer questionamento aos papéis convencionais atribuídos a mulheres e homens estaria vetado.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Miguel|primeiro=Luis Felipe|data=2016|titulo=Da “doutrinação marxista” à "ideologia de gênero" - Escola Sem Partido e as leis da mordaça no parlamento brasileiro|url=http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/25163|jornal=Revista Direito e Práxis|volume=7|numero=15|doi=10.12957/dep.2016.25163|issn=2179-8966|acessodata=}}</ref>

Líderes religiosos católicos, como o padre [[Paulo Ricardo (padre)|Paulo Ricardo]], e [[Neopentecostalismo|neopentecostais]], como o pastor [[Silas Malafaia]], utilizam a ideologia de gênero na propagação do [[pânico moral]].<ref>{{Citar web|url=https://padrepauloricardo.org/blog/esoterismo-racismo-e-discriminacao-as-origens-da-agenda-de-genero|titulo=As origens sombrias da ideologia de gênero|data=2015|acessodata=|publicado=padrepauloricardo.org|ultimo=Introvigne|primeiro=Massimo|wayb=20190615061152|autorlink=Massimo Introvigne}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo=Araújo|primeiro=Bruna Lassé|data=2017|titulo="Ideologia de gênero” e a juventude assembleiana. Perspectivas Sociológicas|url=https://www.anpocs.com/index.php/papers-40-encontro-2/gt-30/gt29-11/10872-ideologia-de-genero-e-a-juventude-assembleiana-perspectivas-sociologicas/file|jornal=Anais do 41º Encontro Anual da ANPOCS|local=Caxambu}}</ref><ref name=":0" />

No ano de 2019, para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o [[Governo Jair Bolsonaro|governo Bolsonaro]] preparava uma inspeção no banco de questões para excluir da prova uma suposta "ideologia de gênero". De acordo com o então presidente do [[Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira|Inep]], Marcus Vinicius Rodrigues, questões relacionadas à "ideologia de gênero" não estão de acordo com os "valores da sociedade" e serão, portanto, excluídas do banco de dados.<ref name=":3">{{Citar web|titulo=Enem 2019: Governo prepara inspeção em banco de questões para excluir da prova suposta 'ideologia de gênero'|url=https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/enem-2019-governo-prepara-inspecao-em-banco-de-questoes-para-excluir-da-prova-suposta-ideologia-de-genero-23466043|obra=[[O Globo]]|data=2019|publicado=|ultimo=Mariz|primeiro=Renata|wayb=20190615084626}}</ref>
[[Imagem:Damares_Alves_em_fevereiro_de_2019_(2).jpg|thumb|upright|[[Damares Alves]], [[Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos|Ministra dos Direitos Humanos]] classifica o ensino de diversidade de gênero como violência contra as crianças.|alt=]]

No mês de junho de 2019, o [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|Ministério das Relações Exteriores]] brasileiro orientou seus [[Diplomacia|diplomatas]] a reiterar em discussões multilaterais internacionais a posição do governo brasileiro de que gênero é apenas [[sexo biológico]].<ref>{{Citar web|titulo=Itamaraty orienta diplomatas a frisar que gênero é apenas sexo biológico|url=https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/06/itamaraty-orienta-diplomatas-a-frisar-que-genero-e-apenas-sexo-biologico.shtml|obra=Folha de S.Paulo|data=2019-06-26|acessodata=2019-09-04|lingua=pt-BR}}</ref>

Em 10 de agosto de 2019, o presidente Jair Bolsonaro na [[Marcha para Jesus]] em [[Brasília]], classificou a ideologia de gênero como "coisa do Capeta", explicou que não acolheria políticas de apoio aos homossexuais sem uma [[Emenda constitucional|emenda]] à [[Constituição brasileira de 1988|constituição brasileira]] e, sendo impossível escrever emendas à [[Bíblia]], seguiria defendendo que a família é constituída de homens e mulheres.<ref>{{Citar web|titulo=Bolsonaro ataca de ideologia de gênero a radares diante de evangélicos|url=https://veja.abril.com.br/politica/bolsonaro-ataca-de-ideologia-de-genero-a-radar-em-marcha-para-jesus-no-df/|obra=VEJA.com|acessodata=2019-08-10|lingua=pt-BR}}</ref> <ref>{{Citar web|titulo=Bolsonaro defende 'família tradicional' e chama 'ideologia de gênero' de 'coisa do capeta' - Política|url=https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-defende-familia-tradicional-e-chama-ideologia-de-genero-de-coisa-do-capeta,70002962393|obra=Estadão|acessodata=2019-08-10|lingua=pt-BR}}</ref>

Em 29 de agosto de 2019, a pastora e [[Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos|Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos]] [[Damares Alves]] em evento na [[Assembleia Legislativa de Santa Catarina]] declarou que "Ideologia de gênero é violência contra a criança. Não é diversidade sexual, não são os homossexuais, as lésbicas e os travestis. É além disso. Escolheram o Brasil como laboratório dessa teoria, mas estamos mandando um recado que acabou a brincadeira, nossas crianças não são cobaias.". A declarou fazia eco ao anúncio do governador de [[Santa Catarina]], [[Carlos Moisés]] ([[Partido Social Liberal|PSL]]), de retirar a expressão “identidade de gênero” dos currículos escolares do Estado. <ref>{{Citar web|titulo="Ideologia de gênero é violência contra a criança", diz Damares Alves durante evento em SC|url=https://www.nsctotal.com.br/noticias/ideologia-de-genero-e-violencia-contra-a-crianca-diz-damares-alves-durante-evento-em-sc|obra=www.nsctotal.com.br|acessodata=2019-09-04|lingua=pt-BR}}</ref>

No dia 3 de setembro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro tornou público sua determinação ao [[Ministério da Educação (Brasil)|Ministério da Educação]] que edite um projeto de lei com o objetivo de proibir "a ideologia de gênero em sala de aula". Bolsonaro estaria baseada em parecer ao [[Supremo Tribunal Federal]] de Renato de Lima França, [[Advocacia-Geral da União|Advocagado-Geral da União]] substituto sugerindo proibir "a aplicação da ideologia de gênero ou do conceito de gênero estipulado pelos [[Princípios de Yogyakarta]]".<ref name=":6" /><ref>{{Citar web|titulo=Bolsonaro diz preparar PL que proíbe 'ideologia de gênero' no ensino fundamental - Educação|url=https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-diz-preparar-pl-que-proibe-ideologia-de-genero-no-ensino-fundamental,70002994948|obra=Estadão|acessodata=2019-09-03|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Bolsonaro pede a MEC projeto de lei para proibir 'ideologia de gênero'|url=https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/09/bolsonaro-pede-a-mec-projeto-de-lei-para-proibir-ideologia-de-genero.shtml|obra=Folha de S.Paulo|data=2019-09-03|acessodata=2019-09-03|lingua=pt-BR}}</ref>

O governador do estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], [[João Doria]], ordenou o recolhimento no dia 3 de setembro de 2019 de material didático de ciências que trata de diversidade de gênero e destinado a alunos do [[Ensino fundamental|oitavo ano]]. Declarou que não aceitaria "apologia à ideologia de gênero", classificando como um "erro inaceitável" e que apuraria os responsáveis. A apostila versa sobre sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual, trazendo também orientações sobre [[gravidez]] e [[Doenças Sexualmente Transmissíveis|doenças sexualmente transmissíveis]]. <ref>{{Citar web|titulo=Doria manda recolher apostila de ciência que fala sobre diversidade sexual: 'Não aceitamos apologia à ideologia de gênero'|url=https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/09/03/doria-manda-recolher-livros-de-ciencia-que-fala-sobre-diversidade-sexual-nao-aceitamos-apologia-a-ideologia-de-genero.ghtml|obra=G1|acessodata=2019-09-03|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Doria manda recolher material sobre identidade de gênero por suposta apologia|url=https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/09/doria-manda-recolher-material-que-cita-identidade-de-genero-e-fala-em-apologia.shtml|obra=Folha de S.Paulo|data=2019-09-03|acessodata=2019-09-03|lingua=pt-BR}}</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 05h03min de 9 de setembro de 2019

Vários símbolos de identidade de gênero estilizados como anéis olímpicos

Estudos de gênero é um campo de estudo interdisciplinar dedicado à identidade de gênero e à representação de gênero como categorias centrais de análise. Esse campo inclui estudos sobre as mulheres (sobre mulheres, feminismo, gênero e política), estudos sobre os homens e estudos queer.[1] Às vezes, estudos de gênero são definidos como conjunto ao estudo da sexualidade humana. Essas disciplinas estudam gênero e sexualidade nos campos da literatura, língua, geografia, história, ciência política, sociologia, antropologia, mídia,[2] desenvolvimento humano, direito, saúde pública e medicina.[3] Elas também analisam como raça, etnia, localização, classe, nacionalidade e deficiência se cruzam com as categorias de gênero e sexualidade.[4][5]

Em relação ao gênero, Simone de Beauvoir disse: "Não se nasce mulher, se torna uma".[6] Essa visão propõe que, nos estudos de gênero, o termo "gênero" deve ser usado para se referir às construções sociais e culturais das masculinidades e feminilidades e não ao estado de ser homem ou mulher em sua totalidade.[7] No entanto, essa visão não é mantida por todos os teóricos de gênero. A visão de Beauvoir é a que muitos sociólogos apoiam, embora haja muitos outros contribuintes para o campo dos estudos de gênero com diferentes origens e pontos de vista opostos, como o psicanalista Jacques Lacan e feministas como Judith Butler.

O gênero é pertinente a muitas disciplinas, como a teoria literária, os estudos de teatro e do cinema, a história da arte contemporânea, a antropologia, a sociologia, a sociolinguística e a psicologia. No entanto, essas disciplinas às vezes diferem em suas abordagens sobre como e por que o gênero é estudado. Por exemplo, na antropologia, na sociologia e na psicologia, o gênero é frequentemente estudado como uma prática, enquanto nos estudos culturais as representações de gênero são mais frequentemente examinadas. Na política, o gênero pode ser visto como um discurso fundamental que os atores políticos empregam para posicionar-se em uma variedade de questões.[8] Os estudos de gênero também são uma disciplina em si, incorporando métodos e abordagens de uma ampla gama de disciplinas.[9]

Cada campo passou a considerar o "gênero" como uma prática, às vezes referida como algo que é performativo. A teoria feminista da psicanálise, articulada principalmente por Julia Kristeva[10] (a "semiótica" e "abjeção") e Bracha L. Ettinger[11] (o "eros matricial feminino-prematerno-materno",[12] a "trans-subjetividade matricial" e as "fantasias maternais primitivas"),[13] e informadas por Freud, Lacan e pela teoria da relação de objetos, é muito influente nos estudos de gênero. De acordo com Sam Killermann, o gênero também pode ser dividido em três categorias, identidade de gênero, expressão de gênero e sexo biológico.[14]

Histórico

Ainda no século XIX, a questão do estudo de gênero foi abordada em diversas obras como dicionários e revistas através de críticas ao modelo tradicional masculino. Por exemplo, em "Mulheres influentes e seu povo", a feminista alemã Louise Otto-Peters critica os métodos de seleção de biografias da época caracterizados pela união aos homens e não por feitos próprios. Neste contexto, inclui-se também o papel da mulher na revolução francesa no qual também lutaram por igualdades de direitos, seguidos a reivindicações por direitos políticos e sociais principalmente no que se refere a maternidade e posteriormente à questão profissional e do lar.[15]

Brasil

Embora o movimento feminista no Brasil tenha se intensificado a partir dos anos 1970, foi mais tardia a introdução do tema no mundo acadêmico.[16] Foucault se popularizou entre os acadêmicos brasileiros a partir do fim da década de 1980, e a partir de então surgem os primeiros estudos sobre a condição feminina no Brasil baseados nas premissas do debate teórico iniciado nos EUA.

A introdução dos estudos de gênero no Brasil se deu através de iniciativas coordenadas nas áreas de história e sociologia a partir dos anos 1990. Nessa mesma época foi criado na UNICAMP o Grupo de Estudos de Gênero Pagu, sob a liderança de Margareth Rago, Adriana Piscitelli, Elisabeth Lobo e Mariza Corrêa,[17] grupo esse responsável pela edição do periódico Cadernos Pagu,[18] hoje referência na área.

Diferença entre sexo e gênero

Ver artigo principal: Diferença entre sexo e gênero

Os conceitos de gênero e sexo biológico embora possam parecer sinônimos foram utilizados separadamente para enfatizar a distinção entre a condição biológica determinante do sexo e as construções sociais que envolvem as relações entre gêneros.[15] Segundo Soihet (op cit., págs. 266 e 267), "gênero" abrange o aspecto relacional entre as mulheres e os homens, onde nenhum dos dois pode ser compreendidos em estudos que os considere em separado. Soihet (op cit., pág. 267) frisa ainda que o termo gênero foi proposto em defesa de que "a pesquisa sobre as mulheres transformaria fundamentalmente os paradigmas da disciplina; acrescentaria não só os novos temas, como também iria impor uma reavaliação crítica das premissas e critérios do trabalho científico" e que implicaria não apenas em "uma nova história das mulheres, mas uma nova história"[19]

Ideologia de gênero

Nos estudos de gênero, ideologia de gênero é a expressão usada para descrever as crenças normativas sobre os papéis sociais apropriados e as naturezas fundamentais de mulheres e homens, sejam essas pessoas cisgênero ou transgênero, nas sociedades humanas. A distinção entre sexo e gênero é central para o conceito, visto que as diferenças biológicas entre homens e mulheres, ou suas diferenças sexuais, são usadas como base para a atribuição de gênero e a construção cultural de identidades de gênero. As pessoas são atribuidas a um gênero em todas as sociedades, mas os sistemas de gênero e as ideologias de gênero que são pensados para ajudar a sustentá-los são culturalmente variáveis.[20][21] Por esta ótica, não existe apenas o gênero masculino e feminino, mas um espectro que pode ser muito mais amplo do que a identificação binária.[22]

Outros significados

A ideologia de gênero é o sistema de crenças pelas quais as pessoas explicam, responsabilizam e justificam seu comportamento e interpretam e avaliam o dos outros. Em suma, é o conjunto de crenças que governam a participação das pessoas na ordem de gênero e pelo qual explicam e justificam essa participação.[23] O conceito é frequentemente usado, mas raramente questionado, em contraste a outros, como a identidade de gênero. Suspeita-se que a flexibilidade das definições e os múltiplos significados associados à ideologia, em geral, sejam a fonte de seu uso comum e de sua desconsideração conceitual. Em “terminologia de reorganização” (Gerring 1997: 960), a ideologia de gênero é frequentemente usada como sinônimo de conceitos como atitudes de gênero, normas de gênero, poder de gênero, relações de gênero, estruturas de gênero e dinâmicas de gênero.[24]

Em arqueologia, o termo é usado para tentar explicar as dinâmicas de gênero das sociedades, por exemplo no livro In Pursuit of Gender: Worldwide Archaeological Approaches, a definição de Hays-Gilpin e Whitley é que a ideologia de gênero são os significados e valores atribuído às categorias de gênero em uma dada cultura e a atribuição de gênero a fenômenos ou ideias como sol/lua, terra/céu, macio/duro etc.[25]

O termo ideologia de gênero no significado literal é encontrado em publicações e estudos sobre vários temas:

  • Nos estudos de linguística, quando pesquisado as relações, as interseções e tensões entre linguagem e gênero.[26]
  • Em história, por exemplo as origens da desigualdade entre homens e mulheres que se estabeleceu na Era Vitoriana.[27] A manutenção dos papeis de gênero durante o comunismo na Europa nomeada como "ideologia de gênero neotradicional"[28] e também após o colapso do regime.[29]
  • Em sociologia, o termo é encontrado em discussões sobre a exclusão social baseada em gênero por exemplo no trabalho e esfera pública,[30] no serviço militar,[31] nos esportes[32] etc.
  • Em pedagogia, por exemplo ao estudar a associação entre a ideologia de gênero precoce e simultânea dos pais e os comportamentos de gênero e as atitudes de gênero dos filhos ,[33]
  • Em livros sobre religião, como sobre as demandas no programa de catolicismo nacional de Francisco Franco conflitantes com o desenvolvimento econômico patrocinado pelo Estado que pretendia uma sociedade de consumo moderna,[34] estudo e publicação sobre uma "personalização" do catolicismo em Gana.[35] livro de Susan Starr Sered, Priestess, Mother, Sacred Sister: Religions Dominated by Women que descreve e analisa religiões, espalhadas por todo o mundo, em que as mulheres são a maioria dos líderes e a maioria dos participantes.[36]

Apropriação do termo

Ficheiro:Benoit xvi octobre 2008.jpg
Um texto de 1997 do então cardeal Joseph Ratzinger menciona "ideologia de gênero".[37]

Entre grupos religiosos e conservadores, desde o início do século XXI, o termo tem sido apropriado sem respaldo científico para distorcer aspectos dos estudos de gênero com o objetivo de criar um tipo de pânico moral e alimentar teorias conspiratórias sobre um conluio mundial para "destruir os valores familiares" e voltar a opinião pública contra políticas sociais direcionadas para as mulheres e a população LGBT, uma estratégia conhecida como falácia do espantalho.[38][39][40][41][42][43][44][45][46][47][48][49]

A Igreja Católica tem usado o termo pelo menos desde 1998, após uma nota da Conferência Episcopal do Peru, intitulada “A ideologia de gênero: seus perigos e alcances".[37] Registra-se em 1997 um longo documento de Ratzinger intitulado "O Sal da Terra",[50] no qual ele faz diversas críticas às questões relacionadas aos estudos de gênero, ao feminismo e aos aspectos ideológicos que orbitam tais questões.[51] Depois de eleito papa, o cardeal Ratzinger publicou documentos análogos, como a "Carta aos bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e a mulher na Igreja e no mundo", preparado pela Congregação para a Doutrina da Fé, ainda criticando o feminismo e a homossexualidade.[52][39][38][47]

Em 10 de junho de 2019, a Congregação para a Educação Católica, um organismo da Cúria Romana publicou um documento intitulado "Homem e Mulher os criou" cujo subtítulo é “Sim ao diálogo sobre estudos, não à ideologia”[53] para recordar a incompatibilidade entre a ideologia de género e a "antropologia cristã".[54]

Brasil

O padre Paulo Ricardo e o pastor neopentescostal Silas Malafaia.

Desde 2014, vários projetos de lei têm sido apresentados, no Congresso Nacional e nos poderes legislativos estaduais, com o objetivo de evitar uma alegada “doutrinação ideológica” nas instituições de ensino. Eles ecoam as propostas da organização “Escola Sem Partido”, que no mesmo período adquiriu grande visibilidae no debate público. A principal meta é suprimir a reflexão crítica sobre questões de gênero, estigmatizada como “ideologia de gênero”. Pelas propostas, qualquer questionamento aos papéis convencionais atribuídos a mulheres e homens estaria vetado.[55]

Líderes religiosos católicos, como o padre Paulo Ricardo, e neopentecostais, como o pastor Silas Malafaia, utilizam a ideologia de gênero na propagação do pânico moral.[56][57][39]

No ano de 2019, para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o governo Bolsonaro preparava uma inspeção no banco de questões para excluir da prova uma suposta "ideologia de gênero". De acordo com o então presidente do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues, questões relacionadas à "ideologia de gênero" não estão de acordo com os "valores da sociedade" e serão, portanto, excluídas do banco de dados.[58]

Damares Alves, Ministra dos Direitos Humanos classifica o ensino de diversidade de gênero como violência contra as crianças.

No mês de junho de 2019, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro orientou seus diplomatas a reiterar em discussões multilaterais internacionais a posição do governo brasileiro de que gênero é apenas sexo biológico.[59]

Em 10 de agosto de 2019, o presidente Jair Bolsonaro na Marcha para Jesus em Brasília, classificou a ideologia de gênero como "coisa do Capeta", explicou que não acolheria políticas de apoio aos homossexuais sem uma emenda à constituição brasileira e, sendo impossível escrever emendas à Bíblia, seguiria defendendo que a família é constituída de homens e mulheres.[60] [61]

Em 29 de agosto de 2019, a pastora e Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves em evento na Assembleia Legislativa de Santa Catarina declarou que "Ideologia de gênero é violência contra a criança. Não é diversidade sexual, não são os homossexuais, as lésbicas e os travestis. É além disso. Escolheram o Brasil como laboratório dessa teoria, mas estamos mandando um recado que acabou a brincadeira, nossas crianças não são cobaias.". A declarou fazia eco ao anúncio do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), de retirar a expressão “identidade de gênero” dos currículos escolares do Estado. [62]

No dia 3 de setembro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro tornou público sua determinação ao Ministério da Educação que edite um projeto de lei com o objetivo de proibir "a ideologia de gênero em sala de aula". Bolsonaro estaria baseada em parecer ao Supremo Tribunal Federal de Renato de Lima França, Advocagado-Geral da União substituto sugerindo proibir "a aplicação da ideologia de gênero ou do conceito de gênero estipulado pelos Princípios de Yogyakarta".[49][63][64]

O governador do estado de São Paulo, João Doria, ordenou o recolhimento no dia 3 de setembro de 2019 de material didático de ciências que trata de diversidade de gênero e destinado a alunos do oitavo ano. Declarou que não aceitaria "apologia à ideologia de gênero", classificando como um "erro inaceitável" e que apuraria os responsáveis. A apostila versa sobre sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual, trazendo também orientações sobre gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. [65][66]

Ver também

Referências

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Bibliografia

Ligações externas