Terapia de choque (economia): diferenças entre revisões

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{{Sidebar Economia}}{{Capitalismo}}{{Liberalismo}}Em economia, uma '''terapia de choque''' é um grupo de políticas que devem ser implementadas simultaneamente para liberalizar a economia, incluindo a liberalização de todos os preços, a privatização, a liberalização do comércio e a estabilização por meio de políticas monetárias e fiscais rígidas. No caso dos países ex-socialistas, foi implementada para fazer a transição de uma economia de comando para uma economia de mercado.
Uma '''terapia de choque''' económica é a liberalização de um mercado estatal de modo a estimular a economia desse mesmo estado. Acontece geralmente após uma guerra ou quando um estado tem dívidas externas e/ou internas impossíveis de as saldar.

== Visão geral ==
A terapia de choque é um programa que visa a [[Liberalização econômica|liberalizar economicamente]] uma [[economia mista]] ou fazer a transição de uma [[economia planejada]] ou [[desenvolvimentista]] para uma economia de [[mercado livre]] por meio de uma reforma [[neoliberal]] repentina e drástica. As políticas de terapia de choque geralmente incluem o fim dos [[controles de preços]], o fim dos [[Subsídio|subsídios governamentais]], a [[privatização]] de setores estatais e [[políticas fiscais]] mais rígidas, como taxas de impostos mais altas e redução dos gastos do governo.<ref>{{cite web|url=https://www.investopedia.com/terms/s/shock-therapy. asp|title=Shock Therapy|access-date=February 15, 2021|publisher=Investopedia|last1=Kenton|first1=Will}}</ref> Em essência, as políticas de terapia de choque podem ser destiladas para a liberalização de preços acompanhada de rigorosa [[austeridade]]. <ref name=":3">{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=4}}</ref>

O primeiro exemplo de terapia de choque foram as reformas neoliberais do [[Chile sob Pinochet]],<ref>{{Cite book|url=https://books.google.com/books?id=7OX5QaLkH-YC|title=Empire's Workshop: Latin America, the United States, and the Rise of the New Imperialism|last1=Grandin|first1=Greg|date=2006|publisher=Henry Holt and Company|isbn=9781429959155}}</ref> realizadas após o golpe militar de [[Augusto Pinochet]]. As reformas foram baseadas nas ideias econômicas liberais centradas na Universidade de Chicago, que ficaram conhecidas como Chicago Boys. O termo também é aplicado ao caso da Bolívia. A Bolívia enfrentou com sucesso a hiperinflação em 1985, sob o comando do presidente Victor Paz Estenssoro e do ministro do Planejamento Gonzalo Sánchez de Lozada, usando as ideias do economista Jeffrey Sachs: The Rise of Disaster Capitalism| isbn=9781429919487| last1=Klein| first1=Naomi| date=2007|publisher=Henry Holt and Company}}<nowiki></ref></nowiki>

[O liberalismo econômico ganhou destaque após a década de 1960 e a terapia de choque liberal tornou-se cada vez mais usada como resposta às crises econômicas, por exemplo, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na Crise Financeira Asiática de 1997: O banco mundial responde ao Leste Asiático em Crise. <nowiki><ref>|url=</nowiki>https://www.researchgate.net/publication/288584689 |journal=Journal of Third World Studies |volume=31 |issue=2 |pages=129-150 |via=ResearchGate}}<nowiki></ref></nowiki> A terapia de choque tem sido controversa, com seus defensores argumentando que ela ajudou a acabar com as crises econômicas, estabilizou as economias e abriu caminho para o [[crescimento econômico]], enquanto seus críticos, inclusive o economista [[Joseph Stiglitz]], acreditavam que ela ajudou a aprofundá-las desnecessariamente e criou sofrimento social desnecessário.<ref name="StiglitzDiscontents" />

Na [[Rússia pós-soviética]] e em outros estados [[pós-comunistas]], as reformas neoliberais baseadas no [[Consenso de Washington]] resultaram em um aumento no excesso de mortalidade<ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/7828901.stm Privatisation 'raised death rate']. ''[[BBC]],'' 15 de janeiro de 2009. Recuperado em 24 de novembro de 2018.</ref><ref>{{cite journal |title=Premature Deaths:Russia's Radical Economic Transition in Soviet Perspective |date=2001 |journal=[[Europe-Asia Studies]] |issue=8 |pages=1159-1176 |doi=10.1080/09668130120093174 |volume=53 |last1=Rosefielde |first1=Steven |s2cid=145733112 |author-link=Steven Rosefielde}}</ref> e a diminuição da expectativa de vida,<ref>{{{cite book|url=https://www.dukeupress.edu/red-hangover|title=Red Hangover: Legacies of Twentieth-Century Communism|last=Ghodsee|first=Kristen|date=2017|publisher=[[Duke University Press]]|isbn=978-0822369493|pages=63-64|author-link=Kristen R. Ghodsee}}</ref> juntamente com o aumento da [[desigualdade econômica]], [[corrupção]] e [[pobreza]].<ref name="Scheidel2017">{{{cite book|title=The Great Leveler:Violence and the History of Inequality from the Stone Age to the Twenty-First Century|last=Scheidel|first=Walter|publisher=[[Princeton University Press]]|isbn=978-0691165028|author-link=Walter Scheidel|year=2017|page=222}}</ref><ref name=":4">{{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=231-232}}</ref> [[Isabella Weber]] da [[Universidade de Massachusetts]] disse:"Como resultado da terapia de choque, a Rússia teve um aumento na mortalidade além de qualquer experiência anterior de um país industrializado em tempos de paz."<ref name=":0">{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=2}}</ref> O [[índice de Gini]] aumentou em uma média de 9 pontos para todos os estados pós-comunistas. <ref name="Scheidel2017" /> O estado pós-comunista médio havia retornado aos níveis de 1989 do PIB per capita em 2005,<ref>{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=PHhTDwAAQBAJ&pg=PA36|title=From Triumph to Crisis:Neoliberal Economic Reform in Postcommunist Countries|last1=Appel|first1=Hilary|last2=Orenstein|first2=Mitchell A.|date=2018|publisher=[[Cambridge University Press]]|isbn=978-1108435055|page=36}}</ref> embora alguns ainda estejam muito aquém disso.<ref>{{Cite journal |title=After the Wall Fell: The Poor Balance Sheet of the Transition to Capitalism |journal=[[Challenge (revista de economia)|Challenge]] |issue=2 |year=2015 |pages=135-138 |doi=10.1080/05775132.2015.1012402 |volume=58 |last1=Milanović |first1=Branko |s2cid=153398717 |author-link=Branko Milanović |quote=Então, qual é o balanço da transição?Pode-se dizer que apenas três ou, no máximo, cinco ou seis países estão no caminho para se tornarem parte do mundo capitalista rico e (relativamente) estável.Muitos dos outros países estão ficando para trás, e alguns estão tão atrasados que não podem aspirar a voltar ao ponto em que estavam quando o Muro caiu por várias décadas.}}</ref> Na Rússia, a renda média real de 99% das pessoas era menor em 2015 do que em 1991.<ref name=":0" /> De acordo com [[William Easterly]], as [[economias de mercado]] bem-sucedidas se baseiam em uma estrutura de leis, regulamentações e práticas estabelecidas,<ref name="SotoMystery" /> que não podem ser criadas instantaneamente em uma sociedade que antes era autoritária, fortemente centralizada e sujeita à propriedade estatal de ativos.<ref>Easterly, William: ''The White Man's Burden: Why the West's Efforts to Aid the Rest Have Done So Much Ill and So Little Good'' (Penguin, 2006)</ref> O historiador alemão Philipp Ther afirmou que a imposição da terapia de choque teve pouco a ver com o crescimento econômico futuro.<ref>{{cite book|url=https://press.princeton.edu/titles/10812.html|title=Europe since 1989: A History|last=Ther|first=Philipp|date=2016|publisher=[[Princeton University Press]]|isbn=9780691167374}}</ref>

== Teoria ==

=== Origens do termo "terapia de choque" ===
O termo foi popularizado por [[Naomi Klein]]. Em seu livro de 2007, ''[[The Shock Doctrine]]'', ela argumenta que as políticas neoliberais de livre mercado (conforme defendidas pelo economista [[Milton Friedman]]) ganharam destaque globalmente devido a uma estratégia de "terapia de choque".<ref>{{Cite book|url=https://books.google.com/books?id=PwHUAq5LPOQC|title=The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism|last1=Klein|first1=Naomi|date=2007|publisher=Henry Holt and Company|isbn=9781429919487}}</ref> Ela argumenta que essas políticas são muitas vezes impopulares, resultam em maior desigualdade e são acompanhadas de "choques" políticos e sociais, como golpes militares, terror patrocinado pelo Estado, desemprego repentino e supressão do trabalho.

O economista [[Jeffrey Sachs]] (às vezes creditado como criador do termo) diz que nunca escolheu o termo "terapia de choque", não gosta muito dele e afirma que o termo "foi algo que foi sobreposto pelo jornalismo e pela discussão pública" e que o termo "soa muito mais doloroso de certa forma do que é". As ideias de Sachs sobre o que tem sido chamado por não-economistas de "terapia de choque" foram baseadas no estudo de períodos históricos de crise monetária e econômica e na observação de que um golpe decisivo poderia acabar com o caos monetário, muitas vezes em um dia.<ref name="PBS3" />

=== Ritmo da privatização ===
Os proponentes da terapia de choque, Sachs e Lipton, argumentaram em 1990: "O grande enigma é como privatizar um vasto conjunto de empresas de forma equitativa, rápida, politicamente viável e com probabilidade de criar uma estrutura eficaz de controle corporativo."<ref name=":32" /> Eles recomendaram que o ritmo "deve ser rápido, mas não imprudente" e deve "provavelmente ser realizado por vários meios."<ref name=":32" /> Na visão dos proponentes da terapia de choque, a liberalização do comércio exige primeiro a liberalização dos preços internos; assim, um "big bang" na liberalização dos preços subjacente à privatização e à liberalização do comércio forma o "choque" no apelido de "terapia de choque"."<ref name=":32" />

Na prática, a rápida aplicação da terapia de choque mostrou-se geralmente desastrosa nos estados pós-soviéticos.<ref>{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=4-6}}</ref>

=== Afastamento da "mão invisível" ===
Embora os economistas às vezes se refiram à terapia de choque como "criando" mercados, a terapia de choque não cria, de fato, essas novas estruturas ou instituições.<ref name=":24" /> Em vez disso, a esperança entre os proponentes da terapia de choque é que a destruição de uma economia de comando ou planejada resultaria automaticamente em uma economia de mercado. <ref name=":24" /> A expectativa era que, depois que a economia de comando ou [[economia planejada]] sofresse um "choque até a morte", a "[[mão invisível]]" poderia emergir.<ref>{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=5-6}}</ref>

As expectativas de que uma economia de mercado surgiria após a imposição da terapia de choque diferem da metáfora original da "mão invisível" de [[Adam Smith]].<ref>{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=6}}</ref> Smith via o mercado como emergindo lentamente à medida que as instituições que facilitam a troca de mercado se desenvolvem e, com a "mão invisível", o mecanismo de preços poderia emergir.<ref name=":12" />

=== Choque ilusório ===
A terapia de ilusão refere-se à imposição de políticas econômicas de choque na economia de forma que a sociedade não sinta o choque ou presuma que a mudança drástica nas políticas não é tão chocante ou radical quanto é no mundo real.<ref name="illusion" /> A primeira experiência de terapia de ilusão foi documentada após a implementação do projeto de reforma de subsídios do Irã.<ref name="illusion" />

== História ==

=== Alemanha Ocidental, 1948 ===

==== Antecedentes ====
A Alemanha encerrou o [[Teatro Europeu da Segunda Guerra Mundial]] com sua rendição incondicional em [[8 de maio de 1945|08 de maio de 1945]]. De abril de 1945 a julho de 1947, a ocupação aliada da Alemanha implementou a diretriz JCS 1067 do [[Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos|Estado-Maior Conjunto]]. Essa diretriz tinha como objetivo transferir a economia da Alemanha de uma economia centrada na indústria pesada para uma economia pastoral, a fim de evitar que a Alemanha tivesse capacidade para a guerra. Os setores civis que poderiam ter potencial militar, que na era moderna da "guerra total" incluíam praticamente todos, foram severamente restringidos. A restrição das indústrias civis foi definida de acordo com as "necessidades aprovadas da Alemanha em tempos de paz", que foram definidas de acordo com o padrão europeu médio. Para conseguir isso, cada tipo de indústria foi posteriormente revisado para ver quantas fábricas a Alemanha necessitava de acordo com esse nível mínimo de requisitos industriais.

Logo ficou óbvio que essa política não era sustentável. A Alemanha não conseguia cultivar alimentos suficientes para si mesma, e a desnutrição estava se tornando cada vez mais comum. A recuperação econômica europeia do pós-guerra não se concretizou e ficou cada vez mais óbvio que a economia europeia dependia da indústria alemã.<ref name="WikiMorgenthau" /> Em julho de 1947, o presidente [[Harry S. Truman]] rescindiu, por "motivos de segurança nacional", a punitiva JCS 1067, que havia orientado as forças de ocupação dos EUA na Alemanha a "não tomar nenhuma medida visando à reabilitação econômica da Alemanha". Ela foi substituída pela JCS 1779, que, em vez disso, enfatizava que "uma Europa ordenada e próspera exige as contribuições econômicas de uma Alemanha estável e produtiva".

Em 1948, a Alemanha sofria de hiperinflação desenfreada. A moeda da época (o [[Reichsmark]]) não tinha a confiança do público e, graças a isso e ao controle de preços, o comércio no [[mercado negro]] cresceu e o escambo proliferou. Os bancos estavam sobrecarregados de dívidas e o excedente de moeda era abundante.<ref name="Bundesbank" /> Graças à introdução do JCS 1779 e às primeiras tentativas dos Aliados de estabelecer o governo alemão, algo poderia ser feito a respeito. [O economista Ludwig Erhard, que havia passado muito tempo trabalhando no problema da recuperação pós-guerra, subiu na administração criada pelas forças americanas de ocupação até se tornar o diretor de economia do Conselho Econômico da União Econômica Britânica e Americana. Conselho Econômico nas zonas de ocupação conjunta britânica e americana (que mais tarde, com a adição do território ocupado francês, tornou-se a base da Alemanha Ocidental).

==== Reformas econômicas ====
A reforma monetária entrou em vigor em 20 de junho de 1948, com a introdução do [[marco alemão]] para substituir o [[Reichsmark]] e com a transferência para o Bank deutscher Länder do direito exclusivo de imprimir dinheiro.

De acordo com a [[Deutsche Mark#Reforma monetária de junho de 1948|lei de conversão de moeda alemã]] de 27 de junho, os saldos de crédito privados não bancários foram convertidos a uma taxa de 10 RM para 1 DM, com metade permanecendo em uma conta bancária congelada. Embora o estoque de dinheiro fosse muito pequeno em termos de produto nacional, o ajuste na estrutura de preços levou imediatamente a aumentos acentuados de preços, alimentados pela alta velocidade do dinheiro no sistema. Como resultado, em 4 de outubro, os governos militares eliminaram 70% dos saldos congelados restantes, resultando em um câmbio efetivo de 10:0,65. Os detentores de ativos financeiros (incluindo muitos pequenos poupadores) foram despojados e a dívida dos bancos em marcos do Reich foi eliminada, sendo transferida para créditos do Lander e, posteriormente, do governo federal. Salários, aluguéis, pensões e outros passivos recorrentes foram transferidos na proporção de 1:1. No dia da reforma monetária, [[Ludwig Erhard]] anunciou, apesar das reservas dos Aliados, que o racionamento seria consideravelmente relaxado e os controles de preços abolidos.<ref name="Bundesbank" />

==== Resultados ====
No curto prazo, as reformas monetárias e a abolição dos controles de preços ajudaram a acabar com a hiperinflação. A nova moeda gozava de considerável confiança e era aceita pelo público como meio de pagamento. As reformas monetárias garantiram que o dinheiro ficasse cada vez mais escasso, e o relaxamento dos controles de preços criou incentivos para a produção, as vendas e a obtenção desse dinheiro. A remoção dos controles de preços também significou que as lojas voltaram a ficar cheias de mercadorias, o que foi um grande fator psicológico na adoção da nova moeda.<ref name="Bundesbank3" />

Como mais tarde também ocorreria nos [[estados pós-soviéticos]], a terapia de choque resultou em redistribuição de baixo para cima, beneficiando aqueles que detinham ativos não monetários.<ref name=":22" /> Embora a liberalização de preços de Erhard tenha excluído aluguéis e bens essenciais, ela ainda causou um aumento na inflação e resultou em uma greve geral. <ref>{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy: the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=60-61}}</ref> Seguiu-se uma mudança de [[mercado livre]] para uma [[economia social de mercado]] sob o Programa Jedermann e, no final de 1948, "a transição alemã seguiu um padrão de via dupla com um núcleo planejado e uma periferia coordenada pelo mercado". " <ref>{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=61}}</ref>

=== Chile, 1975 ===

==== Reformas econômicas ====
O governo deu boas-vindas ao investimento estrangeiro e eliminou as [[barreira alfandegária]] protecionistas, forçando as empresas chilenas a competir com as importações em pé de igualdade, sob pena de fecharem as portas. A principal empresa de cobre, a [[Codelco]], permaneceu nas mãos do governo devido à nacionalização do cobre concluída por [[Salvador Allende]], mas as empresas privadas foram autorizadas a explorar e desenvolver novas minas.

Em curto prazo, as reformas estabilizaram a economia. No longo prazo, o Chile teve um crescimento do PIB maior do que o de seus países vizinhos, mas com um aumento notável da [[desigualdade de renda]].<ref name="ChileLatamInequity">{{cite book|title=Has Latin American Inequality Changed Direction?|last1=Rodríguez Weber|first1=Javier E.|chapter=The Political Economy of Income Inequality in Chile Since 1850|doi=10.1007/978-3-319-44621-9_3|isbn=978-3-319-44620-2|chapter-url=https://link.springer.com/chapter/10. 1007%2F978-3-319-44621-9_3|year=2017|pages=43-64}}</ref>

=== Bolívia, 1985 ===

==== Antecedentes ====
Entre 1979 e 1982, a Bolívia foi governada por uma série de golpes, contragolpes e governos interinos, incluindo a notória ditadura de [[Luis García Meza Tejada]]. Esse período de instabilidade política preparou o terreno para a hiperinflação que mais tarde paralisou o país. Em outubro de 1982, os militares convocaram um Congresso eleito em 1980 para liderar a escolha de um novo Chefe do Executivo.<ref name="WikiBolivia" /> O país elegeu [[Hernán Siles Zuazo]], sob cujo mandato teve início o galopante processo hiperinflacionário. Zuazo recebeu pouco apoio dos partidos políticos ou dos membros do congresso, a maioria dos quais estava ansiosa para exercitar seus recém-adquiridos músculos políticos após tantos anos de autoritarismo. Zuazo recusou-se a assumir poderes extraconstitucionais (como os governos militares anteriores haviam feito em crises semelhantes) e, em vez disso, concentrou-se em preservar a democracia, encurtando seu mandato em um ano em resposta à sua impopularidade e à crise que assolava o país.<ref name="Zuazo" /> Em 06 de agosto de 1985, o presidente [[Víctor Paz Estenssoro]] foi eleito.

==== Prelúdio ao Decreto 21060 ====
Em 29 de agosto, apenas três semanas após a eleição de [[Víctor Paz Estenssoro]] como Presidente e a nomeação de [[Gonzalo Sánchez de Lozada]], o arquiteto da terapia de choque, como Ministro do Planejamento, foi aprovado o Decreto 21.060. O decreto abrangia todos os aspectos da economia boliviana, mais tarde chamado de terapia de choque. No período que antecedeu o decreto, [[Gonzalo Sánchez de Lozada]] relembrou o que o novo governo pretendia fazer, dizendo: "As pessoas achavam que não era possível deter a hiperinflação em uma democracia; que era preciso ter um governo militar, um governo autoritário para tomar todas essas medidas difíceis que precisavam ser tomadas. A Bolívia foi o primeiro país a deter a hiperinflação em uma democracia sem privar as pessoas de seus direitos civis e sem violar os direitos humanos."<ref name="PBS" />

Sobre as três semanas entre a posse do Presidente e o Decreto 21.060, ele disse: "Passamos uma semana dizendo: "''Será que realmente precisamos fazer alguma coisa? Precisamos mesmo de uma mudança radical?''" e depois outra semana debatendo tratamento de choque versus gradualismo. Por fim, levamos uma semana para escrever tudo."<ref name="PBS" /> Depois que decidiram agir, de Lozada lembrou-se de "uma grande discussão sobre se seria possível parar a hiperinflação ou a inflação, ponto final, tomando medidas graduais".<ref name="PBS" /> Ele acrescentou: "Muitas pessoas disseram que era preciso ir devagar. É preciso curar o paciente. O tratamento de choque significa que você tem um paciente muito doente [e] precisa operá-lo antes que ele morra. É preciso retirar o câncer ou interromper a infecção."<ref name="PBS" /> Ele explicou: "É por isso que cunhamos a frase que diz que a inflação é como um tigre e você tem apenas uma chance; se você não o pegar com essa chance, ele o pegará. Você tem uma credibilidade que precisa alcançar. Se você mantiver o gradualismo, as pessoas não acreditarão em você, e a hiperinflação continuará rugindo mais forte. Portanto, a terapia de choque é acabar com isso, acabar com a hiperinflação e, em seguida, começar a reconstruir sua economia para que você alcance o crescimento."<ref name="PBS" />

==== Decreto 21.060 ====
O Decreto 21.060 incluiu as seguintes medidas:

* Permitir a flutuação do peso.
* Fim do controle de preços e eliminação dos subsídios ao setor público.
* Demissão de dois terços dos funcionários das empresas estatais de petróleo e estanho e congelamento dos salários dos funcionários restantes e dos trabalhadores do setor público.
* Liberalização das tarifas de importação por meio da imposição de uma tarifa uniforme de 20%.
* Interrupção do pagamento da dívida externa em um acordo negociado com o FMI.

=== Estados pós-soviéticos ===
Com exceção de Belarus, todos os países do Leste Europeu adotaram a terapia de choque.<ref>{{Cite journal |title=FROM BELGRADE TO BEIJING: Comparing Socialist Economic Reforms in Eastern Europe and China |date=2021 |journal=World Review of Political Economy |issue=3 |last=Boer |first=Roland |pages=297 |doi=10.13169/worlrevipoliecon.12 .3.0296 |issn=2042-891X |jstor=48676094 |volume=12 |doi-access=free |s2cid=247967541}}</ref> Quase todos esses [[estados pós-soviéticos]] sofreram recessões profundas e prolongadas após a terapia de choque,<ref name=":1">{{{Cite book|url=https://www. worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=6}}</ref> com a pobreza aumentando mais de dez vezes.<ref>[https://query.nytimes.com/gst/fullpage.html? res=9C07E0D8163FF931A25753C1A9669C8B63 Study Finds Poverty Deepening in Former Communist Countries], New York Times, 12 de outubro de 2000</ref> A crise resultante da década de 1990 foi duas vezes mais intensa do que a [[Grande Depressão]] nos países da Europa Ocidental e nos Estados Unidos na década de 1930.<ref>Veja [http://documents1.worldbank.org/curated/en/271261468115157624/pdf/multi0page.pdf "What Can Transition Economies Learn from the First Ten Years?A New World Bank Report"]], em ''Transition Newsletter'', pp. 11-14.</ref><ref name="Russia">[https://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9B03E4D91E3AF93BA35753C1A9669C8B63 Who Lost Russia?], New York Times, 8 de outubro de 2000</ref> A hipótese de um salto único nos preços como parte da terapia de choque levou, na verdade, a um longo período de inflação extremamente alta, com queda na produção e subsequentes baixas taxas de crescimento. <ref name=":1" /> A terapia de choque desvalorizou a modesta riqueza acumulada pelos indivíduos sob o socialismo e representou uma [[redistribuição de riqueza]] regressiva em favor das elites que detinham ativos não monetários.<ref name=":23">{{Cite book|url=https://www.worldcat.org/oclc/1228187814|title=How China escaped shock therapy : the market reform debate|last=Weber|first=Isabella|date=2021|publisher=[[Routledge]]|isbn=978-0-429-49012-5|oclc=1228187814|location=Abingdon, Oxon|pages=5}}</ref> Ao contrário da expectativa dos defensores da terapia de choque, a rápida transição da Rússia para o mercado aumentou a corrupção, em vez de aliviá-la.<ref name=":42" />

O custo para a vida humana foi profundo, já que a Rússia sofreu o pior aumento de mortalidade em tempos de paz experimentado por qualquer país industrializado.<ref name=":02" /> Nos anos de 1987 e 1988, cerca de 2% da população russa vivia na pobreza (sobrevivendo com menos de US$ 4 por dia), em 1993-1995, era 50%.<ref>{{cite book|url=https://press.uchicago.edu/ucp/books/book/chicago/C/bo181707138.html|title=The Capital Order: How Economists Invented Austerity and Paved the Way to Fascism|last=Mattei|first=Clara E.|date=2022|publisher=[[University of Chicago Press]]|isbn=978-0226818399|page=302|location=}}</ref> De acordo com [[Kristen Ghodsee]] e Mitchell A. Orenstein, um conjunto significativo de estudos demonstra que os esquemas rápidos de [[privatização]] associados às reformas econômicas [[neoliberais]] realmente resultaram em piores resultados de saúde nos antigos países do Bloco Oriental durante a transição para o capitalismo, com a própria [[Organização Mundial da Saúde]] afirmando que "os programas de reforma econômica do FMI estão associados a taxas de incidência, prevalência e mortalidade de tuberculose significativamente pioradas nos países pós-comunistas do Leste Europeu e nos antigos países soviéticos. "<ref>{{cite book|url=|title=Taking Stock of Shock: Social Consequences of the 1989 Revolutions|last1=Ghodsee|first1=Kristen|last2=Orenstein|first2=Mitchell A.|date=2021|publisher=[[Oxford University Press]]|doi=10.1093/oso/9780197549230.001. 0001|isbn=978-0197549247|location=New York|page=84}}</ref> Eles acrescentam que as instituições e os economistas ocidentais eram indiferentes às consequências da terapia de choque que estavam defendendo, pois suas prioridades incluíam o desmantelamento permanente do sistema socialista estatal e a integração desses países à economia capitalista global emergente,<ref>{{cite book|url=|title=Taking Stock of Shock: Social Consequences of the 1989 Revolutions|last1=Ghodsee|first1=Kristen|last2=Orenstein|first2=Mitchell A.|date=2021|publisher=[[Oxford University Press]]|doi=10.1093/oso/9780197549230.001.0001|isbn=978-0197549247|location=New York|page=196|quote=No cinturão de mortalidade da antiga União Soviética, uma intervenção agressiva na política de saúde poderia ter evitado dezenas de milhares de mortes em excesso ou, pelo menos, gerado uma percepção diferente das intenções ocidentais. Em vez disso, o triunfalismo autocongratulatório do Ocidente, a prioridade política de destruir irreversivelmente o sistema comunista e o desejo de integrar as economias do Leste Europeu ao mundo capitalista a qualquer custo tiveram precedência.}}</ref> e que muitos cidadãos dos antigos países do Bloco Oriental passaram a acreditar que as potências ocidentais estavam deliberadamente infligindo esse sofrimento a eles como punição por desafiarem os ideais ocidentais sobre democracia liberal e economia de mercado.<ref>{{{cite book|url=|title=Taking Stock of Shock: Social Consequences of the 1989 Revolutions|last1=Ghodsee|first1=Kristen|last2=Orenstein|first2=Mitchell A.|date=2021|publisher=[[Oxford University Press]]|doi=10.1093/oso/9780197549230.001. 0001|isbn=978-0197549247|location=New York|page=195|quote=Muitos ex-cidadãos socialistas, bem como líderes políticos como Vladimir Putin, acreditam que o caos e a dor do processo de transição foram deliberadamente infligidos pelo Ocidente a seus antigos inimigos, como punição pelo longo desafio do Oriente às normas democráticas liberais e às liberdades de mercado.}}</ref>

Há controvérsias sobre se esses resultados adversos se deveram ao colapso geral da [[Economia da União Soviética|economia soviética]] (que começou antes de 1989) ou às políticas implementadas posteriormente ou a uma combinação de ambos. O próprio Sachs renunciou ao cargo de conselheiro, depois de declarar que achava que seus conselhos não eram ouvidos e que suas recomendações de políticas não eram realmente colocadas em prática.<ref>[https://web.archive.org/web/20000407085843/http://www.washingtonmonthly.com/books/2000/0003.sachs.html "Russia's Tumultuous Decade" by Jeffrey D. Sachs], The Washington Monthly</ref><ref>[https://web.archive.org/web/20090227065249/http://www.moscowtimes.ru/article/850/49/215662.htm Sachs Blames Lack of IMF Support for Reformers' Defeat], The Moscow Times, 25 de janeiro de 1994</ref> Além de criticar a maneira como as autoridades russas lidaram com as reformas, Sachs também criticou os EUA e o FMI por não terem dado apoio aos reformadores. Sachs também criticou os EUA e o FMI por não fornecerem ajuda financeira em larga escala à Rússia, o que, segundo ele, foi essencial para o sucesso das reformas.<ref>{{cite web|last=Sachs|first=Jeffrey|url=http://jeffsachs.org/2012/03/what-i-did-in-russia/|title=What I did in Russia|date=14 March 2012|access-date=22 May 2019|website=Jeffsachs.org|archive-url=https://web.archive.org/web/20130316035403/http://jeffsachs.org/2012/03/what-i-did-in-russia/|archive-date=2013-03-16}}</ref>

Os defensores da terapia de choque veem a [[Polônia]] como a história de sucesso da terapia de choque nos estados pós-comunistas e afirmam que a terapia de choque não foi aplicada adequadamente na [[Rússia]], enquanto os críticos afirmam que as reformas da Polônia foram as mais gradualistas de todos os países e contrastam as reformas da China com as da Rússia<ref name="StiglitzDiscontents2" /> e seus efeitos muito diferentes. Algumas pesquisas sugerem que o ritmo muito rápido da privatização da "terapia de choque" foi importante e teve um efeito particularmente severo sobre a taxa de mortalidade na Rússia.<ref>[https://economix.blogs.nytimes.com/2009/01/15/did-privatization-increase-the-russian-death-rate/ "Did Privatization Increase the Russian Death Rate?"]R.M. Schneiderman, ''New York Times'', 15 de janeiro de 2009</ref>

==== Contexto na Polônia ====
Após a derrota do Partido Comunista nas eleições de 4 de junho de 1989, ficou claro que o regime anterior não era mais legítimo. As conversações não oficiais em Magdalenka e depois as conversações da [[Mesa Redonda Polonesa]] de 1989 permitiram uma [[transição pacífica do poder]] para o governo democraticamente eleito.

A situação econômica era de inflação alta, com um pico de cerca de 600%, e a maioria dos monopólios e propriedades estatais era ineficaz e completamente obsoleta em termos de tecnologia. Embora praticamente não houvesse desemprego na Polônia, os salários eram baixos e a [[economia de escassez]] levou à falta até mesmo dos alimentos mais básicos nas lojas. Diferentemente de outros países pós-comunistas, no entanto, a Polônia teve alguma experiência com uma economia capitalista, pois ainda havia propriedade privada na agricultura e os alimentos ainda eram vendidos em mercados de agricultores.<ref name="PBS2" />

Em setembro de 1989, uma comissão de especialistas foi formada sob a presidência de Leszek Balcerowicz, o principal economista da Polônia, Ministro das Finanças e vice-[[Lista de primeiros-ministros da Polônia|premiê da Polônia]]. Entre os membros da comissão estavam Jeffrey Sachs, [[Stanisław Gomułka]], [[Stefan Kawalec]] e [[Wojciech Misiąg]].

==== Plano Balcerowicz ====
Em 6 de outubro, o programa foi apresentado na televisão pública e, em dezembro, o [[Sejm]] aprovou um pacote de 11 atos, todos assinados pelo presidente em 31 de dezembro de 1989. Foram elas:

# "Lei sobre economia financeira em empresas estatais", que permitiu que empresas estatais declarassem falência e acabou com a ficção de que as empresas podiam existir mesmo que sua eficácia e responsabilidade fossem quase nulas.
# ''Act on Banking Law'', que proibiu o financiamento do déficit orçamentário do estado pelo banco central nacional e proibiu a emissão de novas moedas.
# Lei de Créditos: que aboliu as leis preferenciais sobre créditos para empresas estatais e vinculou as taxas de juros à inflação.
# Lei sobre a "Tributação do Aumento Excessivo de Salários", que introduziu o chamado "imposto popiwek", limitando o aumento de salários em empresas estatais para limitar a "hiperinflação".
# Lei sobre Novas Regras de Tributação: introduziu a tributação comum para todas as empresas e aboliu impostos especiais que poderiam ter sido aplicados anteriormente a empresas privadas por meio de decisão administrativa.
# Lei sobre a atividade econômica de investidores estrangeiros, permitindo que empresas estrangeiras e pessoas físicas invistam na Polônia e exportem seus lucros para o exterior.
# Lei sobre moedas estrangeiras, introduzindo a possibilidade de troca interna do zloty polonês e abolindo o monopólio estatal no comércio internacional.
# Lei sobre a legislação alfandegária, criando uma taxa alfandegária uniforme para todas as empresas.
# ''Act on Employment'', que regulamenta os deveres das agências de desemprego.
# Lei sobre circunstâncias especiais sob as quais um trabalhador pode ser demitido: protegendo os trabalhadores de empresas estatais de serem demitidos em grande número e garantindo subsídios de desemprego e indenizações.

A privatização de empresas foi deixada para depois.

==== Resultados na Polônia ====
Em curto prazo, as reformas sufocaram a hiperinflação em formação antes que ela atingisse níveis altos,<ref name="PolBalLec" /> acabaram com a escassez de alimentos, restauraram os produtos nas prateleiras das lojas e reduziram pela metade a ausência de funcionários no local de trabalho. <ref name="PolTime" /> No entanto, as reformas também fizeram com que muitas empresas estatais fechassem de uma só vez, deixando seus trabalhadores desempregados, e as estatísticas do governo mostram essa mudança, já que o desemprego subiu de 0,3% em janeiro de 1990 (logo após as reformas) para 6,5% no final daquele ano,<ref name="GUSUnemployment" /> e uma retração do PIB nos dois anos seguintes consecutivos de 9,78% no primeiro e 7,02% (consulte o artigo principal).

A longo prazo, as reformas abriram caminho para a recuperação econômica, com o PIB crescendo de forma constante para cerca de 6-7% entre 1995-7, caindo para um mínimo de 1,2% em 2001, antes de voltar a subir para a região de 6-7% em 2007,<ref name="PolGDP" /> muitas vezes liderado por pequenas empresas de serviços, há muito reprimidas pelo governo comunista.<ref name="PolSachs95" /> No entanto, apesar de o PIB indicar prosperidade para a Polônia, a taxa de desemprego continuou a subir de forma constante, atingindo um pico de 16. 9% em julho de 1994, antes de cair constantemente para um mínimo de 9,5% em agosto de 1998, antes de subir mais uma vez para um máximo de 20,7% em fevereiro de 2003, a partir do qual caiu até o ano de 2008.<ref name="GUSUnemployment" /> Durante os primeiros anos, acredita-se que a taxa de desemprego tenha sido menor devido ao fato de muitos dos que declararam desemprego trabalharem na economia cinza (informal), embora isso possa representar não mais do que 5% da taxa de desemprego.<ref name="PolSachs95" />

A propriedade de bens de consumo (carros, TVs, videocassetes, máquinas de lavar, geladeiras, computadores pessoais etc.) cresceu muito, assim como o consumo de frutas e legumes, carne e peixe.<ref name="PolSachs95" /> No entanto, o enorme ajuste econômico pelo qual a Polônia passou gerou uma enorme ansiedade.<ref name="PolSachs95" />

Em 2008, o PNB era 77% mais alto do que em 1989.<ref>Suomen Kuvalehti 23/2009</ref> Além disso, a desigualdade na Polônia realmente diminuiu logo após a implementação das reformas econômicas, embora tenha voltado a subir nos anos posteriores.<ref>{{cite web|url=http://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2001/03/keane.htm|title=Poland Inequality, Transfers, and Growth in Transition|access-date=December 23, 2006|author=[[Michael Keane (economista)|Michael P. Keane]] e Eswar S. Prasad}}</ref><ref>{{{cite web|url=http://documents1. worldbank.org/curated/en/442341468776391182/pdf/WPS3467.pdf|title=Economic growth, income distribution and poverty in Poland during transition|access-date=December 23, 2006|author=Pierella Pacia Marcin J. Sasinb and Jos Verbeek}}</ref> Atualmente, embora a Polônia enfrente uma série de problemas econômicos, ela ainda tem um [[PIB]] mais alto do que na época do comunismo e uma economia em desenvolvimento gradual. <ref>{{cite web|url=https://www.cia.gov/the-world-factbook/countries/poland/|title=Economy of Poland|access-date=May 9, 2006|author=Central Intelligence Agency}}</ref> A Polônia estava convergindo para a UE em relação ao nível de renda entre 1993 e 2004.<ref>{{{cite journal |url=http://ideas.repec.org/a/eaa/ijaeqs/v1y2004i1_13. html |title=Real Economic Convergence in the EU Accession Countries |journal=International Journal of Applied Econometrics and Quantitative Studies |publisher=Euro-American Association of Economic Development |issue=3 |author=Matkowski, Z., Prochniak, M. |year=2004 |pages=5-38 |volume=1}}</ref> De acordo com o Financial Times,<ref>{{{cite news|url=https://www. ft.com/content/c2b2b4a2-cb96-11e3-8ccf-00144feabdc0|title=Poland's 'shock therapy' creates lasting entrepreneurial state of mind|date=3 June 2014|access-date=8 April 2021|website=Financial Times|archive-url=https://ghostarchive.org/archive/20221210/https://www.ft.com/content/c2b2b4a2-cb96-11e3-8ccf-00144feabdc0|archive-date=2022-12-10|url-access=subscription}}</ref> A terapia de choque da Polônia abriu caminho para os empreendedores e ajudou a construir uma economia menos vulnerável a choques externos do que os vizinhos poloneses. Em 2009, enquanto o resto da Europa estava em recessão, a Polônia continuou a crescer, sem um único trimestre de crescimento negativo.


== Ver também ==
== Ver também ==

=== Pessoas ===
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* [[Ludwig Erhard]], o arquiteto da recuperação pós-guerra da [[Alemanha Ocidental]]
* [[Ludwig Erhard]], o arquiteto da recuperação pós-guerra da [[Alemanha Ocidental]]
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* [[moeda fiduciária]]
* [[moeda fiduciária]]


== Referências ==
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Revisão das 19h12min de 23 de dezembro de 2023

Em economia, uma terapia de choque é um grupo de políticas que devem ser implementadas simultaneamente para liberalizar a economia, incluindo a liberalização de todos os preços, a privatização, a liberalização do comércio e a estabilização por meio de políticas monetárias e fiscais rígidas. No caso dos países ex-socialistas, foi implementada para fazer a transição de uma economia de comando para uma economia de mercado.

Visão geral

A terapia de choque é um programa que visa a liberalizar economicamente uma economia mista ou fazer a transição de uma economia planejada ou desenvolvimentista para uma economia de mercado livre por meio de uma reforma neoliberal repentina e drástica. As políticas de terapia de choque geralmente incluem o fim dos controles de preços, o fim dos subsídios governamentais, a privatização de setores estatais e políticas fiscais mais rígidas, como taxas de impostos mais altas e redução dos gastos do governo.[1] Em essência, as políticas de terapia de choque podem ser destiladas para a liberalização de preços acompanhada de rigorosa austeridade. [2]

O primeiro exemplo de terapia de choque foram as reformas neoliberais do Chile sob Pinochet,[3] realizadas após o golpe militar de Augusto Pinochet. As reformas foram baseadas nas ideias econômicas liberais centradas na Universidade de Chicago, que ficaram conhecidas como Chicago Boys. O termo também é aplicado ao caso da Bolívia. A Bolívia enfrentou com sucesso a hiperinflação em 1985, sob o comando do presidente Victor Paz Estenssoro e do ministro do Planejamento Gonzalo Sánchez de Lozada, usando as ideias do economista Jeffrey Sachs: The Rise of Disaster Capitalism| isbn=9781429919487| last1=Klein| first1=Naomi| date=2007|publisher=Henry Holt and Company}}</ref>

[O liberalismo econômico ganhou destaque após a década de 1960 e a terapia de choque liberal tornou-se cada vez mais usada como resposta às crises econômicas, por exemplo, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na Crise Financeira Asiática de 1997: O banco mundial responde ao Leste Asiático em Crise. <ref>|url=https://www.researchgate.net/publication/288584689 |journal=Journal of Third World Studies |volume=31 |issue=2 |pages=129-150 |via=ResearchGate}}</ref> A terapia de choque tem sido controversa, com seus defensores argumentando que ela ajudou a acabar com as crises econômicas, estabilizou as economias e abriu caminho para o crescimento econômico, enquanto seus críticos, inclusive o economista Joseph Stiglitz, acreditavam que ela ajudou a aprofundá-las desnecessariamente e criou sofrimento social desnecessário.[4]

Na Rússia pós-soviética e em outros estados pós-comunistas, as reformas neoliberais baseadas no Consenso de Washington resultaram em um aumento no excesso de mortalidade[5][6] e a diminuição da expectativa de vida,[7] juntamente com o aumento da desigualdade econômica, corrupção e pobreza.[8][9] Isabella Weber da Universidade de Massachusetts disse:"Como resultado da terapia de choque, a Rússia teve um aumento na mortalidade além de qualquer experiência anterior de um país industrializado em tempos de paz."[10] O índice de Gini aumentou em uma média de 9 pontos para todos os estados pós-comunistas. [8] O estado pós-comunista médio havia retornado aos níveis de 1989 do PIB per capita em 2005,[11] embora alguns ainda estejam muito aquém disso.[12] Na Rússia, a renda média real de 99% das pessoas era menor em 2015 do que em 1991.[10] De acordo com William Easterly, as economias de mercado bem-sucedidas se baseiam em uma estrutura de leis, regulamentações e práticas estabelecidas,[13] que não podem ser criadas instantaneamente em uma sociedade que antes era autoritária, fortemente centralizada e sujeita à propriedade estatal de ativos.[14] O historiador alemão Philipp Ther afirmou que a imposição da terapia de choque teve pouco a ver com o crescimento econômico futuro.[15]

Teoria

Origens do termo "terapia de choque"

O termo foi popularizado por Naomi Klein. Em seu livro de 2007, The Shock Doctrine, ela argumenta que as políticas neoliberais de livre mercado (conforme defendidas pelo economista Milton Friedman) ganharam destaque globalmente devido a uma estratégia de "terapia de choque".[16] Ela argumenta que essas políticas são muitas vezes impopulares, resultam em maior desigualdade e são acompanhadas de "choques" políticos e sociais, como golpes militares, terror patrocinado pelo Estado, desemprego repentino e supressão do trabalho.

O economista Jeffrey Sachs (às vezes creditado como criador do termo) diz que nunca escolheu o termo "terapia de choque", não gosta muito dele e afirma que o termo "foi algo que foi sobreposto pelo jornalismo e pela discussão pública" e que o termo "soa muito mais doloroso de certa forma do que é". As ideias de Sachs sobre o que tem sido chamado por não-economistas de "terapia de choque" foram baseadas no estudo de períodos históricos de crise monetária e econômica e na observação de que um golpe decisivo poderia acabar com o caos monetário, muitas vezes em um dia.[17]

Ritmo da privatização

Os proponentes da terapia de choque, Sachs e Lipton, argumentaram em 1990: "O grande enigma é como privatizar um vasto conjunto de empresas de forma equitativa, rápida, politicamente viável e com probabilidade de criar uma estrutura eficaz de controle corporativo."[18] Eles recomendaram que o ritmo "deve ser rápido, mas não imprudente" e deve "provavelmente ser realizado por vários meios."[18] Na visão dos proponentes da terapia de choque, a liberalização do comércio exige primeiro a liberalização dos preços internos; assim, um "big bang" na liberalização dos preços subjacente à privatização e à liberalização do comércio forma o "choque" no apelido de "terapia de choque"."[18]

Na prática, a rápida aplicação da terapia de choque mostrou-se geralmente desastrosa nos estados pós-soviéticos.[19]

Afastamento da "mão invisível"

Embora os economistas às vezes se refiram à terapia de choque como "criando" mercados, a terapia de choque não cria, de fato, essas novas estruturas ou instituições.[20] Em vez disso, a esperança entre os proponentes da terapia de choque é que a destruição de uma economia de comando ou planejada resultaria automaticamente em uma economia de mercado. [20] A expectativa era que, depois que a economia de comando ou economia planejada sofresse um "choque até a morte", a "mão invisível" poderia emergir.[21]

As expectativas de que uma economia de mercado surgiria após a imposição da terapia de choque diferem da metáfora original da "mão invisível" de Adam Smith.[22] Smith via o mercado como emergindo lentamente à medida que as instituições que facilitam a troca de mercado se desenvolvem e, com a "mão invisível", o mecanismo de preços poderia emergir.[23]

Choque ilusório

A terapia de ilusão refere-se à imposição de políticas econômicas de choque na economia de forma que a sociedade não sinta o choque ou presuma que a mudança drástica nas políticas não é tão chocante ou radical quanto é no mundo real.[24] A primeira experiência de terapia de ilusão foi documentada após a implementação do projeto de reforma de subsídios do Irã.[24]

História

Alemanha Ocidental, 1948

Antecedentes

A Alemanha encerrou o Teatro Europeu da Segunda Guerra Mundial com sua rendição incondicional em 08 de maio de 1945. De abril de 1945 a julho de 1947, a ocupação aliada da Alemanha implementou a diretriz JCS 1067 do Estado-Maior Conjunto. Essa diretriz tinha como objetivo transferir a economia da Alemanha de uma economia centrada na indústria pesada para uma economia pastoral, a fim de evitar que a Alemanha tivesse capacidade para a guerra. Os setores civis que poderiam ter potencial militar, que na era moderna da "guerra total" incluíam praticamente todos, foram severamente restringidos. A restrição das indústrias civis foi definida de acordo com as "necessidades aprovadas da Alemanha em tempos de paz", que foram definidas de acordo com o padrão europeu médio. Para conseguir isso, cada tipo de indústria foi posteriormente revisado para ver quantas fábricas a Alemanha necessitava de acordo com esse nível mínimo de requisitos industriais.

Logo ficou óbvio que essa política não era sustentável. A Alemanha não conseguia cultivar alimentos suficientes para si mesma, e a desnutrição estava se tornando cada vez mais comum. A recuperação econômica europeia do pós-guerra não se concretizou e ficou cada vez mais óbvio que a economia europeia dependia da indústria alemã.[25] Em julho de 1947, o presidente Harry S. Truman rescindiu, por "motivos de segurança nacional", a punitiva JCS 1067, que havia orientado as forças de ocupação dos EUA na Alemanha a "não tomar nenhuma medida visando à reabilitação econômica da Alemanha". Ela foi substituída pela JCS 1779, que, em vez disso, enfatizava que "uma Europa ordenada e próspera exige as contribuições econômicas de uma Alemanha estável e produtiva".

Em 1948, a Alemanha sofria de hiperinflação desenfreada. A moeda da época (o Reichsmark) não tinha a confiança do público e, graças a isso e ao controle de preços, o comércio no mercado negro cresceu e o escambo proliferou. Os bancos estavam sobrecarregados de dívidas e o excedente de moeda era abundante.[26] Graças à introdução do JCS 1779 e às primeiras tentativas dos Aliados de estabelecer o governo alemão, algo poderia ser feito a respeito. [O economista Ludwig Erhard, que havia passado muito tempo trabalhando no problema da recuperação pós-guerra, subiu na administração criada pelas forças americanas de ocupação até se tornar o diretor de economia do Conselho Econômico da União Econômica Britânica e Americana. Conselho Econômico nas zonas de ocupação conjunta britânica e americana (que mais tarde, com a adição do território ocupado francês, tornou-se a base da Alemanha Ocidental).

Reformas econômicas

A reforma monetária entrou em vigor em 20 de junho de 1948, com a introdução do marco alemão para substituir o Reichsmark e com a transferência para o Bank deutscher Länder do direito exclusivo de imprimir dinheiro.

De acordo com a lei de conversão de moeda alemã de 27 de junho, os saldos de crédito privados não bancários foram convertidos a uma taxa de 10 RM para 1 DM, com metade permanecendo em uma conta bancária congelada. Embora o estoque de dinheiro fosse muito pequeno em termos de produto nacional, o ajuste na estrutura de preços levou imediatamente a aumentos acentuados de preços, alimentados pela alta velocidade do dinheiro no sistema. Como resultado, em 4 de outubro, os governos militares eliminaram 70% dos saldos congelados restantes, resultando em um câmbio efetivo de 10:0,65. Os detentores de ativos financeiros (incluindo muitos pequenos poupadores) foram despojados e a dívida dos bancos em marcos do Reich foi eliminada, sendo transferida para créditos do Lander e, posteriormente, do governo federal. Salários, aluguéis, pensões e outros passivos recorrentes foram transferidos na proporção de 1:1. No dia da reforma monetária, Ludwig Erhard anunciou, apesar das reservas dos Aliados, que o racionamento seria consideravelmente relaxado e os controles de preços abolidos.[26]

Resultados

No curto prazo, as reformas monetárias e a abolição dos controles de preços ajudaram a acabar com a hiperinflação. A nova moeda gozava de considerável confiança e era aceita pelo público como meio de pagamento. As reformas monetárias garantiram que o dinheiro ficasse cada vez mais escasso, e o relaxamento dos controles de preços criou incentivos para a produção, as vendas e a obtenção desse dinheiro. A remoção dos controles de preços também significou que as lojas voltaram a ficar cheias de mercadorias, o que foi um grande fator psicológico na adoção da nova moeda.[27]

Como mais tarde também ocorreria nos estados pós-soviéticos, a terapia de choque resultou em redistribuição de baixo para cima, beneficiando aqueles que detinham ativos não monetários.[28] Embora a liberalização de preços de Erhard tenha excluído aluguéis e bens essenciais, ela ainda causou um aumento na inflação e resultou em uma greve geral. [29] Seguiu-se uma mudança de mercado livre para uma economia social de mercado sob o Programa Jedermann e, no final de 1948, "a transição alemã seguiu um padrão de via dupla com um núcleo planejado e uma periferia coordenada pelo mercado". " [30]

Chile, 1975

Reformas econômicas

O governo deu boas-vindas ao investimento estrangeiro e eliminou as barreira alfandegária protecionistas, forçando as empresas chilenas a competir com as importações em pé de igualdade, sob pena de fecharem as portas. A principal empresa de cobre, a Codelco, permaneceu nas mãos do governo devido à nacionalização do cobre concluída por Salvador Allende, mas as empresas privadas foram autorizadas a explorar e desenvolver novas minas.

Em curto prazo, as reformas estabilizaram a economia. No longo prazo, o Chile teve um crescimento do PIB maior do que o de seus países vizinhos, mas com um aumento notável da desigualdade de renda.[31]

Bolívia, 1985

Antecedentes

Entre 1979 e 1982, a Bolívia foi governada por uma série de golpes, contragolpes e governos interinos, incluindo a notória ditadura de Luis García Meza Tejada. Esse período de instabilidade política preparou o terreno para a hiperinflação que mais tarde paralisou o país. Em outubro de 1982, os militares convocaram um Congresso eleito em 1980 para liderar a escolha de um novo Chefe do Executivo.[32] O país elegeu Hernán Siles Zuazo, sob cujo mandato teve início o galopante processo hiperinflacionário. Zuazo recebeu pouco apoio dos partidos políticos ou dos membros do congresso, a maioria dos quais estava ansiosa para exercitar seus recém-adquiridos músculos políticos após tantos anos de autoritarismo. Zuazo recusou-se a assumir poderes extraconstitucionais (como os governos militares anteriores haviam feito em crises semelhantes) e, em vez disso, concentrou-se em preservar a democracia, encurtando seu mandato em um ano em resposta à sua impopularidade e à crise que assolava o país.[33] Em 06 de agosto de 1985, o presidente Víctor Paz Estenssoro foi eleito.

Prelúdio ao Decreto 21060

Em 29 de agosto, apenas três semanas após a eleição de Víctor Paz Estenssoro como Presidente e a nomeação de Gonzalo Sánchez de Lozada, o arquiteto da terapia de choque, como Ministro do Planejamento, foi aprovado o Decreto 21.060. O decreto abrangia todos os aspectos da economia boliviana, mais tarde chamado de terapia de choque. No período que antecedeu o decreto, Gonzalo Sánchez de Lozada relembrou o que o novo governo pretendia fazer, dizendo: "As pessoas achavam que não era possível deter a hiperinflação em uma democracia; que era preciso ter um governo militar, um governo autoritário para tomar todas essas medidas difíceis que precisavam ser tomadas. A Bolívia foi o primeiro país a deter a hiperinflação em uma democracia sem privar as pessoas de seus direitos civis e sem violar os direitos humanos."[34]

Sobre as três semanas entre a posse do Presidente e o Decreto 21.060, ele disse: "Passamos uma semana dizendo: "Será que realmente precisamos fazer alguma coisa? Precisamos mesmo de uma mudança radical?" e depois outra semana debatendo tratamento de choque versus gradualismo. Por fim, levamos uma semana para escrever tudo."[34] Depois que decidiram agir, de Lozada lembrou-se de "uma grande discussão sobre se seria possível parar a hiperinflação ou a inflação, ponto final, tomando medidas graduais".[34] Ele acrescentou: "Muitas pessoas disseram que era preciso ir devagar. É preciso curar o paciente. O tratamento de choque significa que você tem um paciente muito doente [e] precisa operá-lo antes que ele morra. É preciso retirar o câncer ou interromper a infecção."[34] Ele explicou: "É por isso que cunhamos a frase que diz que a inflação é como um tigre e você tem apenas uma chance; se você não o pegar com essa chance, ele o pegará. Você tem uma credibilidade que precisa alcançar. Se você mantiver o gradualismo, as pessoas não acreditarão em você, e a hiperinflação continuará rugindo mais forte. Portanto, a terapia de choque é acabar com isso, acabar com a hiperinflação e, em seguida, começar a reconstruir sua economia para que você alcance o crescimento."[34]

Decreto 21.060

O Decreto 21.060 incluiu as seguintes medidas:

  • Permitir a flutuação do peso.
  • Fim do controle de preços e eliminação dos subsídios ao setor público.
  • Demissão de dois terços dos funcionários das empresas estatais de petróleo e estanho e congelamento dos salários dos funcionários restantes e dos trabalhadores do setor público.
  • Liberalização das tarifas de importação por meio da imposição de uma tarifa uniforme de 20%.
  • Interrupção do pagamento da dívida externa em um acordo negociado com o FMI.

Estados pós-soviéticos

Com exceção de Belarus, todos os países do Leste Europeu adotaram a terapia de choque.[35] Quase todos esses estados pós-soviéticos sofreram recessões profundas e prolongadas após a terapia de choque,[36] com a pobreza aumentando mais de dez vezes.[37] A crise resultante da década de 1990 foi duas vezes mais intensa do que a Grande Depressão nos países da Europa Ocidental e nos Estados Unidos na década de 1930.[38][39] A hipótese de um salto único nos preços como parte da terapia de choque levou, na verdade, a um longo período de inflação extremamente alta, com queda na produção e subsequentes baixas taxas de crescimento. [36] A terapia de choque desvalorizou a modesta riqueza acumulada pelos indivíduos sob o socialismo e representou uma redistribuição de riqueza regressiva em favor das elites que detinham ativos não monetários.[40] Ao contrário da expectativa dos defensores da terapia de choque, a rápida transição da Rússia para o mercado aumentou a corrupção, em vez de aliviá-la.[41]

O custo para a vida humana foi profundo, já que a Rússia sofreu o pior aumento de mortalidade em tempos de paz experimentado por qualquer país industrializado.[42] Nos anos de 1987 e 1988, cerca de 2% da população russa vivia na pobreza (sobrevivendo com menos de US$ 4 por dia), em 1993-1995, era 50%.[43] De acordo com Kristen Ghodsee e Mitchell A. Orenstein, um conjunto significativo de estudos demonstra que os esquemas rápidos de privatização associados às reformas econômicas neoliberais realmente resultaram em piores resultados de saúde nos antigos países do Bloco Oriental durante a transição para o capitalismo, com a própria Organização Mundial da Saúde afirmando que "os programas de reforma econômica do FMI estão associados a taxas de incidência, prevalência e mortalidade de tuberculose significativamente pioradas nos países pós-comunistas do Leste Europeu e nos antigos países soviéticos. "[44] Eles acrescentam que as instituições e os economistas ocidentais eram indiferentes às consequências da terapia de choque que estavam defendendo, pois suas prioridades incluíam o desmantelamento permanente do sistema socialista estatal e a integração desses países à economia capitalista global emergente,[45] e que muitos cidadãos dos antigos países do Bloco Oriental passaram a acreditar que as potências ocidentais estavam deliberadamente infligindo esse sofrimento a eles como punição por desafiarem os ideais ocidentais sobre democracia liberal e economia de mercado.[46]

Há controvérsias sobre se esses resultados adversos se deveram ao colapso geral da economia soviética (que começou antes de 1989) ou às políticas implementadas posteriormente ou a uma combinação de ambos. O próprio Sachs renunciou ao cargo de conselheiro, depois de declarar que achava que seus conselhos não eram ouvidos e que suas recomendações de políticas não eram realmente colocadas em prática.[47][48] Além de criticar a maneira como as autoridades russas lidaram com as reformas, Sachs também criticou os EUA e o FMI por não terem dado apoio aos reformadores. Sachs também criticou os EUA e o FMI por não fornecerem ajuda financeira em larga escala à Rússia, o que, segundo ele, foi essencial para o sucesso das reformas.[49]

Os defensores da terapia de choque veem a Polônia como a história de sucesso da terapia de choque nos estados pós-comunistas e afirmam que a terapia de choque não foi aplicada adequadamente na Rússia, enquanto os críticos afirmam que as reformas da Polônia foram as mais gradualistas de todos os países e contrastam as reformas da China com as da Rússia[50] e seus efeitos muito diferentes. Algumas pesquisas sugerem que o ritmo muito rápido da privatização da "terapia de choque" foi importante e teve um efeito particularmente severo sobre a taxa de mortalidade na Rússia.[51]

Contexto na Polônia

Após a derrota do Partido Comunista nas eleições de 4 de junho de 1989, ficou claro que o regime anterior não era mais legítimo. As conversações não oficiais em Magdalenka e depois as conversações da Mesa Redonda Polonesa de 1989 permitiram uma transição pacífica do poder para o governo democraticamente eleito.

A situação econômica era de inflação alta, com um pico de cerca de 600%, e a maioria dos monopólios e propriedades estatais era ineficaz e completamente obsoleta em termos de tecnologia. Embora praticamente não houvesse desemprego na Polônia, os salários eram baixos e a economia de escassez levou à falta até mesmo dos alimentos mais básicos nas lojas. Diferentemente de outros países pós-comunistas, no entanto, a Polônia teve alguma experiência com uma economia capitalista, pois ainda havia propriedade privada na agricultura e os alimentos ainda eram vendidos em mercados de agricultores.[52]

Em setembro de 1989, uma comissão de especialistas foi formada sob a presidência de Leszek Balcerowicz, o principal economista da Polônia, Ministro das Finanças e vice-premiê da Polônia. Entre os membros da comissão estavam Jeffrey Sachs, Stanisław Gomułka, Stefan Kawalec e Wojciech Misiąg.

Plano Balcerowicz

Em 6 de outubro, o programa foi apresentado na televisão pública e, em dezembro, o Sejm aprovou um pacote de 11 atos, todos assinados pelo presidente em 31 de dezembro de 1989. Foram elas:

  1. "Lei sobre economia financeira em empresas estatais", que permitiu que empresas estatais declarassem falência e acabou com a ficção de que as empresas podiam existir mesmo que sua eficácia e responsabilidade fossem quase nulas.
  2. Act on Banking Law, que proibiu o financiamento do déficit orçamentário do estado pelo banco central nacional e proibiu a emissão de novas moedas.
  3. Lei de Créditos: que aboliu as leis preferenciais sobre créditos para empresas estatais e vinculou as taxas de juros à inflação.
  4. Lei sobre a "Tributação do Aumento Excessivo de Salários", que introduziu o chamado "imposto popiwek", limitando o aumento de salários em empresas estatais para limitar a "hiperinflação".
  5. Lei sobre Novas Regras de Tributação: introduziu a tributação comum para todas as empresas e aboliu impostos especiais que poderiam ter sido aplicados anteriormente a empresas privadas por meio de decisão administrativa.
  6. Lei sobre a atividade econômica de investidores estrangeiros, permitindo que empresas estrangeiras e pessoas físicas invistam na Polônia e exportem seus lucros para o exterior.
  7. Lei sobre moedas estrangeiras, introduzindo a possibilidade de troca interna do zloty polonês e abolindo o monopólio estatal no comércio internacional.
  8. Lei sobre a legislação alfandegária, criando uma taxa alfandegária uniforme para todas as empresas.
  9. Act on Employment, que regulamenta os deveres das agências de desemprego.
  10. Lei sobre circunstâncias especiais sob as quais um trabalhador pode ser demitido: protegendo os trabalhadores de empresas estatais de serem demitidos em grande número e garantindo subsídios de desemprego e indenizações.

A privatização de empresas foi deixada para depois.

Resultados na Polônia

Em curto prazo, as reformas sufocaram a hiperinflação em formação antes que ela atingisse níveis altos,[53] acabaram com a escassez de alimentos, restauraram os produtos nas prateleiras das lojas e reduziram pela metade a ausência de funcionários no local de trabalho. [54] No entanto, as reformas também fizeram com que muitas empresas estatais fechassem de uma só vez, deixando seus trabalhadores desempregados, e as estatísticas do governo mostram essa mudança, já que o desemprego subiu de 0,3% em janeiro de 1990 (logo após as reformas) para 6,5% no final daquele ano,[55] e uma retração do PIB nos dois anos seguintes consecutivos de 9,78% no primeiro e 7,02% (consulte o artigo principal).

A longo prazo, as reformas abriram caminho para a recuperação econômica, com o PIB crescendo de forma constante para cerca de 6-7% entre 1995-7, caindo para um mínimo de 1,2% em 2001, antes de voltar a subir para a região de 6-7% em 2007,[56] muitas vezes liderado por pequenas empresas de serviços, há muito reprimidas pelo governo comunista.[57] No entanto, apesar de o PIB indicar prosperidade para a Polônia, a taxa de desemprego continuou a subir de forma constante, atingindo um pico de 16. 9% em julho de 1994, antes de cair constantemente para um mínimo de 9,5% em agosto de 1998, antes de subir mais uma vez para um máximo de 20,7% em fevereiro de 2003, a partir do qual caiu até o ano de 2008.[55] Durante os primeiros anos, acredita-se que a taxa de desemprego tenha sido menor devido ao fato de muitos dos que declararam desemprego trabalharem na economia cinza (informal), embora isso possa representar não mais do que 5% da taxa de desemprego.[57]

A propriedade de bens de consumo (carros, TVs, videocassetes, máquinas de lavar, geladeiras, computadores pessoais etc.) cresceu muito, assim como o consumo de frutas e legumes, carne e peixe.[57] No entanto, o enorme ajuste econômico pelo qual a Polônia passou gerou uma enorme ansiedade.[57]

Em 2008, o PNB era 77% mais alto do que em 1989.[58] Além disso, a desigualdade na Polônia realmente diminuiu logo após a implementação das reformas econômicas, embora tenha voltado a subir nos anos posteriores.[59][60] Atualmente, embora a Polônia enfrente uma série de problemas econômicos, ela ainda tem um PIB mais alto do que na época do comunismo e uma economia em desenvolvimento gradual. [61] A Polônia estava convergindo para a UE em relação ao nível de renda entre 1993 e 2004.[62] De acordo com o Financial Times,[63] A terapia de choque da Polônia abriu caminho para os empreendedores e ajudou a construir uma economia menos vulnerável a choques externos do que os vizinhos poloneses. Em 2009, enquanto o resto da Europa estava em recessão, a Polônia continuou a crescer, sem um único trimestre de crescimento negativo.

Ver também

Pessoas

Planos Econômicos

Outros

Referências

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