Capitania de Ilhéus
Capitania de Ilhéus | |||||||||
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Mapa da capitania por João Teixeira Albernaz, o Velho, 1640
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Continente | América do Sul | ||||||||
Capital | São Jorge dos Ilhéus | ||||||||
País atual | Brasil | ||||||||
Língua oficial | português | ||||||||
História | |||||||||
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A Capitania de Ilhéus foi uma das subdivisões administrativas do território brasileiro no período colonial da América Portuguesa (1500-1815), criada em 1534 junto com mais treze regiões hereditárias (1534–1548), entregues pelo rei de Portugal, Dom João III, a donatários em regime de hereditariedade.[1][2][3]
Esta capitania foi criada no trecho da costa entre o Morro de São Paulo e a margem esquerda do rio Jequitinhonha, em Belmonte. Eram 50 léguas de costa, estendendo-se da foz do Rio Jaguaripe, próximo à Ilha de Tinharé, ao norte, até a foz do Rio Poxim (na época, Rio Coxim), ao sul. Adentrando para o interior do continente, o território da capitania percorria até a região atualmente ocupada pela cidade de Brasília.
Pernambuco e São Vicente foram as únicas capitanias que prosperaram no período colonial.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Antecedentes
[editar | editar código-fonte]A colonização européia na América foi efetivamente iniciada em 1534, quando o rei Dom João III dividiu o território em quatorze capitanias hereditárias (administração do território colonial português) que foram doadas a doze capitães-donatários (vassalos), que podiam explorar os recursos da terra, mas em contra-partida deveriam povoar e proteger as regiões,[5] onde os direitos e deveres dos donatários eram regulamentados pelas Cartas de Foral.[6][7]
O sistema de capitanias já era empregado pelo Império Português nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde desde o século XV.[8] Em carta dirigida a Martim Afonso de Sousa em 1532, Dom João III comunicou a decisão de dividir o território português, assim em 1534 efetivou as primeiras doações.[9]
Existem três possíveis fatores para a adoção do sistema de capitanias no Brasil: uma resposta da monarquia portuguesa ante a ameaça da França ao seu projeto de domínio na América;[10] transferência dos gastos com a colonização que deixavam de ser do Estado e passavam para os donatários, favorecendo a Coroa em um contexto de escassez de recursos;[5] conversão da população nativa ao cristianismo, dando continuidade ao ideal da Cruzadas.[11]
Origens
[editar | editar código-fonte]Doada pelo rei na cidade de Évora em 26 de junho de 1534 a Jorge de Figueiredo Correia, foi ocupada em 1535 por um capitão-mor por ele nomeado, Francisco Romero, que, após curta estada no Morro de São Paulo (ilha de Tinharé), transferiu-se para a foz do rio Cachoeira, onde fundou a primitiva vila de São Jorge dos Ilhéus (1536), na elevação depois conhecida como Morro da Matriz Velha. A vila foi, então, de lá transferida para o sítio atual, entre os outeiros de Pontal e da Ponta de Pedra de Pernambuco.[12]
Romero conseguiu uma boa convivência dos colonos com os índios tupiniquins, o que resultou em relativa prosperidade. Segundo Gabriel Soares, nela se plantou, pela primeira vez no Brasil, a cana-de-açúcar. Dentre os sesmeiros que possuíam engenho, figuram Mem de Sá, dono do Engenho de Sant'Ana, doado mais tarde aos jesuítas, e Fernando d’Álvares de Andrade, homem rico da metrópole portuguesa.[carece de fontes]
Outro grande sesmeiro foi Lucas Giraldes, que, com a morte do donatário em 1552, obteve consentimento da Coroa para comprar a capitania na mão de seu filho, Jerônimo d’Alarcão de Figueiredo. De propriedade de Lucas Giraldes e de seu filho Francisco, a capitania chegou a ter nove engenhos ainda no século XVI. Em 1565, Giraldes ordenou, a seu procurador, Baltazar Ferreira Gaivoto, a criação das vilas de Cairu, Camamu e Boipeba. Mas, devido às lutas com os aimorés, isto só se efetivou entre 1608 e 1610. Gabriel Soares relata, em seu Tratado Descritivo do Brasil em 1587, que, naquele ano, a capitania de Ilhéus estava destruída e praticamente despovoada por causa dos ataques dos aimorés aos colonos portugueses e seus escravos:[13]
"Mas deu nesta terra esta praga dos aimorés, de feição que não há aí já mais que seis engenhos, e estes não fazem açúcar, nem há morador que ouse plantar canas, porque em indo os escravos ou homens ao campo não escapam a estes alarves, com medo dos quais foge a gente dos lhéus para a Bahia, e tem a terra quase despovoada, a qual se despovoará de todo, se Sua Majestade com muita instância não lhe valer."
Após um período próspero, a capitania entrou em longa disputa judiciária. Incorporada, juntamente com a Capitania de Porto Seguro, à Capitania da Baía de Todos os Santos, em 1761,[14] a Capitania de Ilhéus integraria, sucessivamente, a Província e o Estado da Bahia.
Galeria
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Capitania dos Ilheos, 1627
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Igreja de São Jorge, 1530
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «O Sistema de Capitanias Hereditárias». Portal MultiRio. Consultado em 18 de janeiro de 2017
- ↑ Dias, Carlos Malheiro (1924). Historia da colonização portuguesa do Brasil. Edição Monumental Comemorativa do Primeiro Centenário da Independência do Brasil,. 3 vols. Porto: Litografia Nacional
- ↑ Linhares, Maria Yedda; Silva, Francisco Carlos Teixeira da (2016). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier
- ↑ «O Sistema de Capitanias Hereditárias». Portal MultiRio. Consultado em 18 de janeiro de 2017
- ↑ a b Vainfas, Ronaldo (2000). Dicionário do Brasil colonial, 1500-1808. Rio de Janeiro: Objetiva
- ↑ «O Sistema de Capitanias Hereditárias». Portal MultiRio. Consultado em 18 de janeiro de 2017
- ↑ «O estabelecimento do exclusivo comercial metropolitano e a conformação do antigo sistema colonial no Brasil». SciELO. Consultado em 18 de janeiro de 2017
- ↑ Saldanha, António Vasconcelos de (2001). As capitanias do Brasil: antecedentes, desenvolvimento e extinção de um fenómeno atlântico. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses
- ↑ Linhares, Maria Yedda; Silva, Francisco Carlos Teixeira da (2016). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier
- ↑ Abreu, Capistrano de (1988). Capítulos de história colonial: 1500-1800 (PDF). Brasília: Conselho Editorial do Senado Federal
- ↑ Mauro, Frédéric (1983). Le Portugal, le Brésil et l'Atlantique au XVIIe siècle (1570-1670): étude économique. Paris: Fondation Calouste Gulbenkian
- ↑ Diocese de Ilhéus. A história da Capitania de Ilhéus
- ↑ Sousa, Gabriel Soares de (1987). Tratado descritivo do Brasil em 1587. São Paulo: Ed. Nacional/ Brasília: INL. ISBN 85-04-00217-9. p. 78
- ↑ Gil, Tiago; Capitania dos Ilhéus. Atlas Digital da América Lusa
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Marcelo Henrique Dias (2007), Economia, sociedade e paisagens da capitania e comarca de Ilhéus no período colonial, Niterói: Universidade Federal Fluminense, Wikidata Q114181476
- Ângelo Alves Carrara (2007), Marcelo Henrique Dias, ed., Um lugar na história: a capitania e comarca de Ilhéus antes do cacau (PDF), ISBN 978-85-7455-129-6, Ilhéus, Wikidata Q114177388
- Marcelo Henrique Dias (2011), Farinha, madeiras e cabotagem: a Capitania de Ilhéus no antigo sistema colonial (PDF), ISBN 978-85-7455-220-0, Ilhéus, OCLC 839672000, OL 31255622M, Wikidata Q114182882
- Marcelo Henrique Dias; Ruana Alencar Oliveira; Iuri Dantas Andrade (2019), «Morfologia Urbana da Vila Colonial de São Jorge dos Ilhéus», Urbana, ISSN 1982-0569, 11 (1), Wikidata Q114182880