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Cronologia do Escândalo do Mensalão em 2005: diferenças entre revisões

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* Em [[14 de dezembro]], [[Roberto Jefferson]] entra com um recurso na Justiça para [[n:Roberto Jefferson entra na Justiça para reaver mandato|reaver o mandato]].
* Em [[14 de dezembro]], [[Roberto Jefferson]] entra com um recurso na Justiça para [[n:Roberto Jefferson entra na Justiça para reaver mandato|reaver o mandato]].

* Em [[15 de dezembro]], o deputado Mauro Passos ([[Partido dos Trabalhadores|PT]]-[[Santa Catarina|SC]]) entra com representação na Mesa Diretora da Câmara contra o deputado Osvaldo Biolchi ([[PMDB]]-[[Rio Grande do Sul|RS]]). Passos acusa Biolchi de fazer "boca de urna" para Queiroz e de distribuir cédulas prontas contra a cassação entre os parlamentares.[http://www.camara.gov.br/internet/agencia/materias.asp?pk=81139 ]


* Em [[15 de dezembro]], o tesoureiro da campanha do deputado João Magno ([[Partido dos Trabalhadores|PT]]-[[Minas Gerais|MG]]) à Prefeitura de [[Ipatinga]] (MG) em 2004 diz para o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que recebeu R$ 350 mil da empresa SMPB, do empresário [[Marcos Valério]].
* Em [[15 de dezembro]], o tesoureiro da campanha do deputado João Magno ([[Partido dos Trabalhadores|PT]]-[[Minas Gerais|MG]]) à Prefeitura de [[Ipatinga]] (MG) em 2004 diz para o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que recebeu R$ 350 mil da empresa SMPB, do empresário [[Marcos Valério]].

Revisão das 21h05min de 19 de novembro de 2008

Desde que o susposto mensalão foi noticiado pela imprensa brasileira, novos fatos supostamente ligados ao dito esquema de corrupção foram surgindo frequentemente.

Dia-a-dia da crise

2005

Junho

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Com o olho roxo, Roberto Jefferson depõe para a CPI dos Correios. Foto: Wilson Dias/ABr.

Julho

Cueca recheada de dinheiro - manifestação contra a corrupção em Brasília, em 17 de Agosto. Foto Lindomar Cruz/ABr.
  • No mesmo dia, José Borba (líder do PMDB) afirma em documento que Marcos Valério participava diretamente da nomeação de diretores para cargos públicos estratégicos (diretorias de estatais), ainda que ele não tivesse nenhum cargo público. O fato seria posteriormente negado por Marcos Valério. [4]
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Deputado Carlos Rodrigues chora ao depor no Conselho de Ética. Foto: José Cruz/ABr.
  • Em 6 de julho, o deputado ("Bispo") Carlos Rodrigues depõe para o Conselho de Ética. Ele diz que não conhece o empresário Marcos Valério, nem o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, afirma que não é distribuidor de mensalão, e alega que o mensalão é uma invenção de Roberto Jefferson. Rodrigues também nega ser o "precursor do mensalão", ao tentar implantar um sistema semelhante primeira vez na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, conforme as declarações feitas por Roberto Jefferson. [6]
  • No dia 15 de julho, Marcos Valério afirma, em entrevista ao Jornal Nacional (Rede Globo), que os recursos e as movimentações suspeitas de suas contas bancárias seriam provenientes de empréstimos que seriam destinados ao PT, caracterizando um "caixa 2" do partido. A oposição suspeitou que esta fosse uma manobra diversionista de Valério e do PT, que estariam tentando reduzir suas irregularidades a crimes eleitorais (cujas penas são mais brandas na legislação brasileira). Alguns integrantes da CPI fazem alusão à chamada "Operação Uruguai" do governo Collor, em que justificavam a origem de grandes somas de dinheiro (incompatíveis com os rendimentos do presidente) como parte de um suposto empréstimo contraído no Uruguai. Posteriormente, descobriu-se que o referido empréstimo era fictício, sendo a Operação Uruguai apenas uma tentativa de lavar dinheiro, conforme elucidado durante a CPI do PC Farias. No dia 20 de julho, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) chama a suposta farsa de "Operação Paraguai", por se tratar de uma cópia da original, em alusão ao fato de que muitos produtos pirateados entram no Brasil via Paraguai. Neste mesmo dia o embaixador do Paraguai no Brasil, Luis González Arias, protesta com relação à forma pejorativa como seu país foi mencionado.
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A ex-secretária de Marcos Valério, Fernanda Karina Somaggio. Foto: Wilson Dias/ABr.
  • No mesmo dia e no mesmo canal de televisão, vai ao ar entrevista concedida pelo presidente Lula quando de sua passagem por Paris. Durante a entrevista Lula afirma: “O que o PT fez no ponto de vista eleitoral o que é feito no Brasil sistematicamente por outros partidos”, em uma clara demonstração que caixa dois é normal. Falando a desgraça da mentira diz pensando alto: “A desgraça da mentira é que, ao contar na primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que contou”. Os analistas políticos e a oposição suspeitam que estas duas entrevistas, bem como a de Marcos Valério, exibida anteriormente, teriam sido orquestradas, tendo em vista que o teor de todas elas apontam que o tesoureiro do PT seria o único culpado. Esta seria uma estratégia orientada por advogados para que os supostos crimes fossem tidos como de menor gravidade. [13]
  • No dia 19 de julho, a quebra do sigilo bancário de Marcos Valério e de suas empresas traz à tona depósitos feitos a lideranças de diversos partidos, inclusive do PT: o então presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP) aparece como beneficiado por um saque de R$ 50 mil, em dinheiro, feito pela sua esposa. Até então, João Paulo dizia que ela tinha ido à agência do Banco Rural apenas para pagar uma conta de TV a cabo. Também são descobertos saques de R$ 320 mil feitos por Anita Leocádia, assessora do líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PT-BA), no valor de R$ 320 mil, bem como diversos outros saques por assessores de líderes do PT e da base aliada. [14],[15]
  • Em 19 de julho, Silvio Pereira depõe na CPI dos Correios, contestando que tivesse toda a influência que lhe vem sendo atribuída quanto à indicação de pessoas e liberação de pagamentos por parte do governo e do PT. Amparado por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Sílvio Pereira nega-se a esclarecer a acusação de que teria ganho uma Land Rover, paga a vista feito por José Paulo, o qual é funcionário da GDK, presidida por César Oliveira, a quem Sílvio Pereira admite conhecer. Esta empresa ganhou, no ano de 2004, um contrato de R$ 90 milhões junto à Petrobras. Silvio Pereira, cujo salário como funcionário do PT é de R$ 9 mil, é acusado de ter renda incompatível com seu patrimônio, que inclui uma casa e uma cobertura em São Paulo, além de uma mansão em Ilhabela. Silvio Pereira ainda afirma que nunca ouviu falar da palavra "mensalão". [16]
Delúbio Soares, depõe na CPl dos Correios. Foto: Antonio Cruz/ABr.
  • Ainda em 19 de julho, uma das correntes internas do PT, chamada de Alternativa Socialista, anuncia seu desligamento do partido e filiação ao PSOL, legenda ainda em formação. Não é nem a primeira nem a última ocorrência de políticos se desligarem de um partido supostamente envolvido ser seguida da filiação de outro que acreditem possuir postura mais correta, mas, foi o primeiro ato em grupo desse tipo.
  • No mesmo dia, Delúbio Soares depõe na CPI dos Correios, também amparado por habeas corpus. Reiterando a entrevista concedida à Rede Globo, Delúbio diz que ele é o único culpado pelo "caixa dois" (dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral) do PT, preferindo, contudo, usar o eufemismo "dinheiro não contabilizado". Delúbio nega a existência do mensalão. [18]
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A ex-mulher do ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP), Maria Christina depõe no Conselho de Ética. Foto: Wilson Dias/ABr.
  • Outro facto do dia 20 é a exoneração, a pedido, de Rodrigo Barroso Fernandes da presidência da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Rodrigo, que nega ter sacado R$ 274 mil de contas das agências SMP&B e DNA entre 2003 e 2004, era considerado o "braço direito" do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), para quem havia trabalhado como tesoureiro durante a campanha da eleição de 2002.
  • Em 22 de julho, durante solenidades no Rio de Janeiro, Lula Lula declara que "está para nascer alguém que venha querer discutir ética" com ele e que seu governo prendeu mais corruptos do "nos 20 anos dos governos anteriores".
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Renilda Santigago, esposa de Marcos Valério, chora na CPI dos Correios. Valter Campanato/ABr.

Agosto

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Roberto Jefferson e José Dirceu no Conselho de Ética. Foto: Marcello Casal Jr./ABr.
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Valdemar Costa Neto no Conselho de Ética. Foto: Antonio Cruz/ABr.
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Brasília - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe em audiência o presidente da Portugal Telecom, Miguel Antônio Igrejas Horta Costa, no Palácio do Planalto, em 19/08/2004. Foto Ricardo Stuckert/PR.
  • Em 3 de agosto a Presidência da República do Brasil "nega enfaticamente que Marcos Valério tenha sido, em qualquer momento, autorizado a apresentar-se como "consultor do Presidente do Brasil" junto ao governo português ou em qualquer outra situação".
  • Em 4 de agosto o ex-Ministro português de Obras Públicas, Transportes e Comunicações Antonio Mexia se encontra por dez minutos com o embaixador do Brasil em Portugal, Antônio Paes de Andrade. Mexia diz que teve "a oportunidade de manifestar ao senhor embaixador [do Brasil] o total repúdio à tentativa de envolvimento do seu nome, em questões de política interna do Brasil". [30]
  • Em 4 de agosto o então deputado Roberto Jefferson reafirmava, na CPI do Mensalão, suas denúncias e criticava duramente a atitude do colega Valdemar da Costa Neto, presidente do PL. O petebista comentou em tom irônico que Valdemar é como o publicitário Duda Mendonça – conhecido apreciador de briga de galo, e ainda rasgou um documento entregue pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP)
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Duda Mendonça chora ao lembrar a origem humilde na CPI dos Correios. Foto: Valter Campanato/ABr.
  • Em 8 de agosto Marcos Valério distribui uma nota para a imprensa em que nega a versão apresentada por Roberto Jefferson e diz que sua viagem a Portugal foi para tratar negócios com a Portugal Telecom, relacionados com a empresa Telemig Celular. Valério diz que é muito amigo do secretário e tesoureiro informal do PTB Emerson Palmieri e que este acompanhou-o em sua viagem a Lisboa para "descansar" [32].
  • Em 9 de agosto, Marcos Valério presta depoimento para a CPI do Mensalão. O empresário pede perdão ao povo brasileiro por ter escondido a verdade nas suas declarações anteriores. Valério nega a existência do mensalão, diz que cometeu erros, mas não reconhece ter cometido crimes. O empresário alega ter feito, a partir de 2003, seis empréstimos no Banco Rural e no BMG, no valor de R$ 55 milhões, e ter repassado os valores ao então tesoureiro do PT Delúbio Soares. Marcos Valério declara que "Delúbio Soares e José Dirceu destruíram sua vida pessoal e empresarial".

[33]

  • Em 11 de agosto, o publicitário Duda Mendonça depõe espontaneamente na CPMI dos Correios e acusa Marcos Valério de ter pedido para que ele abrisse uma conta num paraíso fiscal para receber o pagamento pelo seus serviços prestados ao PT nas campanhas de 2002 e 2004. O pagamento teria sido feito com dinheiro de Caixa Dois, o que comprometeria até mesmo a campanha do presidente Lula. Deputados do PT comunicam em plenário o seu desligamento da bancada petista.
Em pronunciamento na televisão, Lula pede desculpas ao povo brasileiro e diz que foi traído. Foto Ricardo Stuckert/PR.
  • Em 12 de agosto, a revista Época, número 378, traz uma entrevista com o ex-deputado Valdemar Costa Neto. Costa Neto diz, segundo a revista, que Lula e José Alencar sabiam sobre uma doação de R$ 10 milhões do PT para o PL formar uma aliança que resultaria na chapa que disputaria a eleição presidencial de 2002. A Presidência da República admite a negociação e afirma que ela foi uma negociação pública normal, sem nenhum irregularidade.
  • Em 12 de agosto, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pronunciamento transmitido em cadeia de televisão diz: "eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas...". Sem citar nomes ele diz: “Eu me sinto traído”.

[35]

  • Em 16 de agosto, o primeiro-secretário e tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, alega para a CPI do Mensalão que viajou a Portugal na companhia de Marcos Valério para testemunhar uma reunião na Portugal Telecom, em que seria pedida ajuda financeira para o PT e PTB. Ele diz que não se considera amigo de Valério [36].
  • Em 16 de agosto, a CPI dos Correios ouve em São Paulo Antonio Oliveira Claramunt, o doleiro "Toninho da Barcelona", condenado a 25 anos de prisão por evasão de divisas. Toninho alega ter informações sobre movimentações financeiras no exterior feitas para políticos, pede proteção e uma redução de pena através do recurso da delação premiada.
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O ex-tesoureiro do PL, Jacinto Lamas, enchuga uma lágrima durante depoimento na CPI da Compra de Votos. Foto: Marcello Casal Jr/ABr.
  • Em 16 de agosto, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas depõe para a CPI de Compra de Votos. Nervoso, entre crises de riso e algumas de choro, Lamas conta que o Presidente do PL Valdemar Costa Neto usou dinheiro do partido para mobiliar sua residência em Brasília, conforme denúncia apresentada pela ex-mulher de Valdemar, Maria Christina Caldeira. Lamas diz que esteve em dois hotéis de Brasília para receber dinheiro em nome de Valdemar Costa Neto. Segundo Jacinto Lamas, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares avisava Valdemar Costa Neto por telefone e ele, Jacinto, ia buscar os recursos sem questionar valores. [37], [38], [39]
  • Em 17 de agosto, a Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores torna pública uma nota em que "pede desculpas" ao povo brasileiro. Segundo a nota:"os atos que nos comprometem, moral e politicamente perante os brasileiros, foram cometidos por dirigentes do PT, sem o conhecimento de suas instâncias"[40].
  • Em 19 de agosto, Buratti faz acordo com autoridades e revela suposto esquema de recebimento de dinheiro "por fora" de diversas prefeituras do interior de Minas Gerais e São Paulo. Na parte mais explosiva de suas denúncias envolve o Ministro da Fazenda Antonio Palocci, que foi prefeito (1993-1996) de Ribeirão Preto e acusa-o de receber 50 mil reais de empresas de coleta de lixo.
  • Em 20 de agosto, o empresário Marcos Valério entra na Justiça para cobrar quase R$100 milhões do PT, que ele alega serem referentes aos empréstimos que fez para o partido. [41]
  • Em 20 de agosto, a revista Veja, edição 1919, datada de 24 de agosto de 2005, traz as denúncias de Rogério Tadeu Buratti e do doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona.
  • Ainda na edição 1919, datada de 24 de agosto de 2005, na secção "Lembra do dinheiro das FARC", a revista Veja recorda notícia que publicou em março de 2005, que dizia que agentes da Abin tinham investigado durante cerca de um ano uma suspeita de que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) fizeram uma contribuição de 5 milhões de dólares para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
  • Em 21 de agosto, o Ministro da Fazenda Antonio Palocci faz um pronunciamento transmitido pela televisão em que nega "com veemência" todas as acusações feitas por seu ex-assessor Rogério Tadeu Buratti. O ministro desqualifica as gravações e os emails citados na edição 1919 da revista Veja, informação divulgada por outros meios de comunicação. Ele nega ter tido contato com empresários agendados por Buratti.
  • Em 23 de agosto o advogado de Buratti alega que seu cliente está doente e não pode comparecer para prestar depoimento marcado pela CPI dos Bingos. A CPI ameaça enviar uma junta médica para avaliar Buratti.
  • Em 23 de agosto o ex-deputado e presidente do PL, Valdemar Costa Neto diz para a CPI dos Bingos que recebeu do tesoureiro do PT, em cheques da empresa de Marcos Valério, um total de R$ 6,5 milhões, em parcelas pagas durante 18 meses, até janeiro de 2005. Segundo Costa Neto, o dinheiro foi para pagar dívidas da campanha de Lula em São Paulo. Ele também diz que o acordo entre o PT e o PL foi normal e correto.
  • Em 24 de agosto, atendendo um pedido do governo da Colômbia, a Polícia Federal prende Francisco Antonio Cadenas Collazzos, representante das FARC. Colazzos participou em março de uma festa em Brasília com integrantes do PT e de outras legendas da esquerda. Segundo relatórios de agentes da Abin, Collazzos anunciou uma doação de 5 milhões de dólares das FARC para a campanha de Lula, em 2002. Essa informação foi desmentida enfaticamente pela direção da Abin e pelo governo, que comandou uma investigação e disse que não encontrou nada.
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Juscelino Kubitschek (sentado). Foto: Rose Brasil/ABr.
  • Em 25 de agosto Rogério Buratti presta depoimento para a CPI dos Bingos e confirma suas denúncias de irregularidades na prefeitura de Ribeirão Preto durante gestão do prefeito Antonio Palocci, atual ministro da Fazenda do Brasil.
  • Em 25 de agosto a Câmara dos Deputados concede a aposentadoria a Valdemar Costa Neto do cargo de deputado, atendendo a seu pedido. Com isso Valdemar passará a receber R$ 5.542 mensais até fim da vida, ou até que consiga se eleger novamente.
  • Em 30 de agosto, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Severino diz que "mensalão" não existe e defende punição branda aos acusados. [43]
  • Em 30 de agosto Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, envia à CPI do Mensalão uma carta envolvendo mais dois partidos no suposto esquema do Mensalão: PSB e PC do B.

Setembro

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Deputados comemoram a eleição do candidato do governo, Aldo Rebelo (PCdoB - São Paulo). Foto: José Cruz/ABr.
  • Em 1º de setembro as CPIs dos Correios e do Mensalão aprovam relatório que sugere a cassação de dezoito parlamentares envolvidos no escândalo. São eles Carlos Rodrigues (PL-RJ), João Magno (PT-MG), João Paulo Cunha (PT-SP), José Borba (PMDB-PR), José Dirceu (PT-SP), José Janene (PP-PR), José Mentor (PT-SP), Josias Gomes (PT-BA), Paulo Rocha (PT-PA), Pedro Correia (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG), Roberto Jefferson (PTB-RJ), Romeu Queiroz (PTB-MG), Sandro Mabel (PL-GO), Valdemar Costa Neto (PL-SP) (que já havia renunciado um mês antes), Vadão Gomes (PP-SP), Wanderval Santos (PL-SP).
  • Em 1º de setembro Lula condecora diplomatas e personalidades brasileiras e estrangeiras com a medalha da Ordem do Rio Branco. Entre os agraciados está o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. [44]
  • Em 7 de setembro, Lula fala em cadeia de rádio e TV para todo o Brasil. O Presidente enaltece as realizações de seu governo e o bom desempenho da economia. Sobre a crise política, Lula afirma: "A crise política também será vencida, pelo Congresso, pelo governo e pelo povo brasileiro. Será vencida com a apuração cabal de todas as denúncias e com a punição rigorosa dos culpados. Nem eu nem vocês admitiremos qualquer contemporização, nenhum acordo subalterno. Doa a quem doer, sejam amigos ou adversários." [46]
  • Em 9 de setembro o deputado Carlos Rodrigues (do PL-RJ), também conhecido por Bispo Rodrigues), um dos dezoito que poderiam sofrer processo de cassação, decide renunciar ao mandato. A formalização do mesmo se daria na segunda-feira, de acordo com o quarto-secretário da Câmara.
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Luiz Gushiken na CPI dos Correios. Foto: José Cruz/ABr.

declara para o Conselho de Ética que estava presente à reunião ocorrida em março de 2005, quando Roberto Jefferson avisou Lula sobre o mensalão. Segundo Rebelo, Lula ordenou uma investigação que foi arquivada por falta de provas. [47], [48], [49]

  • Em 14 de setembro a CPI dos Correios ouve Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica do governo (SECOM). Gushiken diz que a SECOM não exerceu nenhuma influência sobre os fundos de pensão, mas confirma ter ligações com dirigentes dessas instituições. Admite que indicou Wagner Pinheiro (da Eletros, fundo de pensão da Eletronorte) e manteve contato freqüente com Sérgio Rosa (Previ, do Banco do Brasil). [50]
  • Em 15 de setembro o Partido Socialismo e Liberdade que, durante as investigações do suposto esquema de corrupção teve a sua base de políticos e simpatizantes aumentada (com destaque midiático para a corrente petista Alternativa Socialista) obtem registro definitivo. Isso possibilita que o partido concorra nas Eleições de 2006, criando mais uma opção de oposição de "esquerda" às legendas que estariam envolvidas no Mensalão.
  • Em 15 de setembro, relatório parcial da CPI dos Correios revela que oito empresas de Marcos Valério movimentaram entre 2000 e 2005 R$ 4,9 bilhões. As empresas com a maior movimentação foram a DNA (R$ 2,6 bilhões) e a SMPB (R$ 1,8 bilhão). O sub-relator da CPI deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), afirma que o resultado das investigações revela indícios de falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, improbidade administrativa e crimes contra o sistema financeiro. [52]
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Toninho da Barcelona depõe para as CPIs. Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr.
  • Em 15 de setembro, um dia depois se ter o mandato como deputado do PTB cassado, Roberto Jefferson dá coletiva de imprensa e diz: “Eu sabia que ia ser cassado. Só não sabia que ia ser por esse num número cabalístico. São os 300 picaretas do Lula mais 13 do PT”. Jefferson cita a frase dita por próprio Lula em 1993: “No Congresso Nacional existe os 300 picaretas” e o número 13 do partido do PT.
  • Em 21 de setembro o banqueiro Daniel Dantas afirma durante reunião conjunta das CPIs dos Correios e do Mensalão "que o governo interferiu constantemente nos fundos de pensão". Durante o depoimento os ânimos entre os políticos do governo e da oposição se exaltam.[55]
  • Em 22 de setembro, a empresária Jeany Mary Corner, conhecida agenciadora de garotas para políticos em Brasília, depõe para a Polícia Federal. Segundo o ex-sócio de Marcos Valério, Ricardo Penna Machado, Valério promovia festas em hotéis cinco estrelas em Brasília, com garotas contratadas da agência de Jeany Mary Corner. Jeany confirma as festas e declara que elas foram pagas por Ricardo Penna Machado. [56], [57] ,[58]
  • Em 23 de setembro o governo libera cerca de R$500 milhões para atender emendas que deputados e senadores fizeram ao orçamento de 2005. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, diz que a liberação da verba não tem nenhuma relação com a eleição para Presidente da Câmara.

Outubro

Niterói, RJ (10/10/2005) - Lula durante lançamento do Programa de Modernização e Expansão da Frota de Petroleiros da Petrobras Transporte S/A - Transpetro. Foto: Ricardo Stuckert/PR.
  • Em 3 de outubro Silvio Pereira desmente a sua entrevista publicada pela Folha de S. Paulo no dia anterior e acusa o jornal de distorcer suas declarações. A Folha alega que a entrevista, que foi gravada, reproduz fielmente as declarações de Pereira.
  • Também em 3 de outubro Valter Pomar, terceiro vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, desmente Silvio Pereira. Pomar diz: "Silvio Pereira não é mais petista. Ele próprio afirmou que se afastava quando se comprovou um ato de corrupção dele, automóvel, quatro rodas, bonitinho." Pomar ainda diz: "Ele deveria reconhecer que já produziu um estrago muito grande no partido e ponto. Não levo a declaração a sério".
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O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Foto:Roosewelt Pinheiro/ABr.
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O chefe do gabinete pessoal de Lula, Gilberto Carvalho na CPI dos Bingos.
  • Em 5 de outubro a CPI dos Bingos promove uma super-acareação entre os envolvidos em denúncias de irregularidades na renovação de contrato da multinacional Gtech com a Caixa Econômica Federal. Waldomiro Diniz, Enrico Gianelli, Rogério Buratti, Marcelo José Rovai e Carlos Augusto de Almeida Ramos (Carlinhos Cachoeira) trocam acusações, insultos ao mesmo tempo em que juram inocência para os senadores da comissão. [65]
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O doleiro Najun Turner na CPI. Foto: Wilson Dias/ABr.
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O juiz afastado João Carlos da Rocha Mattos na CPI dos Bingos. Foto: Antonio Cruz/ABr.
  • Em 25 de outubro o juiz afastado João Carlos da Rocha Mattos declara para a CPI dos Bingos que não houve interesse das autoridades na apuração do assassinato do prefeito Celso Daniel. Rocha Matos afirma que ouviu as fitas com diálogos telefónicos entre integrantes do PT e pessoas supostamente envolvidas no assassinato do prefeito. Nas fitas, o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, supostamente orienta outras pessoas como se manifestar para a imprensa no que diz respeito ao caso Celso Daniel. Rocha Matos afirma que Gilberto Carvalho "é a chave para elucidar a morte de Celso Daniel".

[83]

  • Em 26 de outubro o Senador Geraldo Mesquita Júnior anuncia a sua desfiliação temporária do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Mesquita Júnior é acusado por um ex-funcionário de recolher todo mês 40% dos salários dos servidores de seu gabinete de Brasília.
  • Em 26 de outubro o presidente do sindicato dos profissionais em processamento de dados do Distrito Federal (DF) Avel de Alencar, filiado ao PT, declara para a Polícia Federal ser o autor dos cartazes apócrifos contra o senador Jorge Bornhausen. De acordo com o diretor da polícia civil do DF, o funcionário da assessoria de imprensa do PT na Câmara Legislativa do Distrito Federal, Marcos Wilson, e o irmão de Avel, Avelmar, também ajudaram na produção dos cartazes. Os três disseram que fizeram os cartazes sozinhos, sem a participação do Ministro do Trabalho, Luiz Marinho e do PT. Foram confeccionados cerca de 3 mil cartazes a um custo total de R$ 1060. [85], [86]
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O então Ministro da Casa Civil José Dirceu ao telefone em 31/07/2003. Foto: Marcello Casal Jr/ABr.
  • Em 28 de outubro o procurador da República Luciano Sampaio Gomes Rolim protocola uma ação civil pública contra José Dirceu por suposta prática de improbidade administrativa. Documentos e depoimentos da Procuradoria da República no Distrito Federal mostram que Dirceu organizou uma estrutura especial para atender o seu filho José Carlos Becker de Oliveira (Zeca Dirceu), prefeito de Cruzeiro d'Oeste, no Paraná, entre 2003 e 2004. [91], [92]
  • Em 29 de outubro a Revista Veja, edição número 1929 traz uma matéria de capa que afirma que a campanha de Lula à Presidência, em 2002, foi financiada com dinheiro vindo de Cuba. As fontes da revista são duas pessoas de confiança do Ministro da Fazenda Antonio Palocci: Rogério Buratti e Vladmir Poleto. O Presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, afirma que a denúncia é "infundada". Segundo a revista, no Brasil o dinheiro foi transportado de avião de Brasília até Campinas escondido em caixas de bebida. De Campinas o dinheiro foi transportado num automóvel blindado Omega preto até o comitê da campanha de Lula na Vila Mariana em São Paulo e entregue ao então tesoureiro Delúbio Soares.
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Brasília, 1/1/2003 - Fidel Castro, participa da cerimônia de posse de Lula. Foto: Rose Brasil/ABr.
  • Em 30 de outubro o governo de Cuba diz que a denúncia de Veja é "caluniosa" e trata-se de uma "manobra do imperialismo contra Cuba e Lula" para desviar a atenção dos problemas enfrentados pelo Presidente George W. Bush.

Novembro

  • Em 1 de novembro o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL- BA) diz que ele, sua família e outros integrantes das CPIs são vítimas de espionagem por parte da Abin. Tal qual o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), Magalhães Neto ameaça “dar uma surra em Lula”, caso o Presidente mexa com sua família. A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) junta-se ao deputado e senador e afirma que também é capaz de “dar uma surra em Lula” se ele mexer com sua família.[93]
  • Em 1 de novembro o Conselho de Ética decide por unanimidade o fim do processo movido pelo PTB contra o líder do PL, deputado Sandro Mabel (Goiás). Mabel é acusado pela deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) de oferecer propina para ela trocar de partido. O Conselho alega que não há provas contra Sandro Mabel e que é a palavra de um deputado contra a de outro.
  • Em 3 de novembro outros deputados declaram que são vítimas de escuta telefónica: o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) e o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). [95]
  • Em 3 de novembro o empresário Roberto Colnaghi informa que emprestou seu avião Seneca prefixo PT-RSX, em 31 de Julho de 2002. Colnaghi não revela exatamente para quem emprestou o avião e afirma que a "identidade está implícita". O empresário diz que não sabe no que o avião foi usado.
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Lula no Roda Viva. Foto: Ricardo Stuckert/PR.
  • Em 7 de novembro Lula concede entrevista para a milésima edição do Programa Roda Viva da TV Cultura. Lula declara que o mensalão nunca existiu e que é "folclore do Congresso Nacional" e defende o ex-ministro José Dirceu e os acusados do mensalão: “E quem tem a magnitude política é o Zé Dirceu”. “O que houve foi que o Partido dos Trabalhadores, segundo nosso Delúbio, fez acordos para que a parte daquilo que a gente arrecadasse fosse dado proporcionalmente, em função da bancada dos partidos”, justificando o “repasse” de 10 milhões de reais do PT fez ao PL em 2002, deixando escapar o tesoureiro expulso do partido por “gestão temerária”. Lula muda a opinião sobre o caixa dois: “Não posso admitir que companheiros, em nome da facilidade, comecem a terceirizar campanha financeira de um partido. Por isso eu acho que fui traído por todos os que fizeram essa prática condenada pelo PT e pela sociedade brasileira”.
  • Em 9 de novembro a Câmara dos Deputados aprova parecer do relator do Conselho de Ética deputado Benedito de Lira (PP-AL) pelo arquivamento da representação do PTB que pedia a cassação do mandato do deputado Sandro Mabel (PL-GO). São 340 votos a favor do arquivamento, 108 contrários e 17 abstenções. [98], [99]
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Rogério Buratti na CPI dos Bingos. Foto: Wilson Dias/ABr.
  • Em 10 de novembro Rogério Buratti declara para a CPI dos Bingos que em 2002 foi consultado por Ralf Barquete (que morreu de câncer em 2004) sobre como fazer para trazer dólares do exterior. Segundo Buratti, Barquete disse que estava agindo em nome do então Prefeito Antonio Palocci, do qual era uma pessoa muito próxima. Buratti afirma que pela informação passada por Barquete, os dólares vieram e foram usados na campanha de Lula em 2002.
  • Em 10 de novembro Lula monta uma mega-operação para evitar a aprovação do requerimento que pede a prorrogação dos trabalhos da CPI dos Correios. O governo promete liberar até R$ 1, 2 bilhão em verbas para deputados e senadores que resolverem retirar suas assinaturas do requerimento que pede a prorrogação da CPI. Uma contagem feita pela Mesa da Câmara mostra que há 170 assinaturas de deputados a favor da prorrogação. Sendo 171 o número mínimo, aparentemente o governo conseguiu o seu intento de barrar a prorrogação da CPI.
Vladimir Poleto na CPI. Foto: Wilson Dias/ABr.
  • Ainda em 11 de novembro, no mesmo instante em que Vladimir Poleto é ouvido pela CPI dos Bingos, a Revista Veja coloca em seu website a gravação da entrevista dada pelo ex-assessor de Antonio Palocci. A CPI exibe a gravação da entrevista e desmascara Vladimir Poleto. Os senadores indignados aprovam requerimento que pede ao Ministério Público a prisão de Vladimir Poleto por ele ter mentido à CPI. [101]
  • 14 de novembro, segunda-feira e véspera de feriado. Muitos deputados e senadores saem de Brasília e viajam para passar o feriado em suas terras natais. Envolvido nas denúncias de corrupção contra seus colaboradores, entre eles: Rogério Buratti e Vladimir Poleto, o ministro da Fazenda Antonio Palocci passa o dia em casa, e evita contacto com os jornalistas.
  • 15 de novembro, feriado, dia da Proclamação da República. Palocci fica em casa e recebe assessores. Ele se prepara para o depoimento que pretende fazer no dia seguinte na Comissão de Assuntos Econômicos.
  • Em 16 de novembro, pela manhã, Lula fala na 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília. Sem citar o nome do ministro da Fazenda Antonio Palocci, Lula elogia o atual momento da economia brasileira: "Nunca tivemos uma conjugação de fatores tão positivos neste País desde a época de JK".[102], [103]
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Ministro Antonio Palocci fala na CAE. Foto: José Cruz/ABr.
  • Em 16 de novembro, à tarde, o ministro da Fazenda Antonio Palocci comparece à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado. A ida de Palocci à CAE é antecipada visto que ela estava agendada para o dia 22 de novembro. Os senadores fazem perguntas relacionadas à Economia e não levantam questões relacionadas às denúncias de corrupção, por entender que a CPI seria o fórum mais adequado para isso. [104]
  • Em 17 de novembro chega ao fim a CPI do Mensalão, sem mesmo ter sido aprovado o seu relatório final. Os parlamentares não conseguiram obter o número de votos mínimos para a prorrogação dos trabalhos desta CPI. O relatório final lido pelo relator deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) não foi considerado válido porque foi lido um dia depois do prazo máximo para funcionamento da CPI. No relatório, Abi-Ackel declara que houve pagamentos indevidos a parlamentares, contudo prefere não chamar isso de mensalão, sob a justificativa de que nem todo os pagamentos foram mensais, sendo alguns semanais, outros quinzenais, etc. [105], [106]
O "Sombra". Foto: Wilson Dias.
  • Em 17 de novembro o empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como "Sombra", depõe para a CPI dos Bingos. Ele é suspeito, segundo o Ministério Público de ter sido o mandante do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Bastante nervoso, Gomes da Silva nega seu envolvimento na morte do prefeito e na corrupção na prefeitura . Diz que está sendo perseguido, porém não consegue explicar aos senadores a sua movimentação bancária, nem convencê-los sobre a sua versão para o seqüestro de Celso Daniel.
  • Em 21 de novembro o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP) suspende o processo movido pelo PT contra o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). O motivo é que um laudo pericial elaborado pelo Instituto Del Picchia, em São Paulo apontou que a assinatura do então presidente do PT Tarso Genro no documento que pede o processo contra Lorenzoni é falsa. O PT moveu o processo contra Lorenzoni porque este acusou José Dirceu de omitir um empréstimo de R$ 14 mil em suas declarações de renda. O PT alega que Lorenzoni nunca deveria ter divulgado essa informação porque ela viola o direito de Dirceu ao sigilo bancário e fiscal. [107]
  • Brant é o único político da oposição cujo nome aparece na lista de saques da empresa SMPB de Marcos Valério. Nela consta um saque de R$ 102 mil feita por Nestor Francisco de Oliveira, coordenador político da campanha de Brant à Prefeitura de Belo Horizonte em 2004. Segundo o assessor a doação é uma doação não contabilizada feita pela empresa siderúrgica Usiminas. Roberto Brant declara que a culpa pela irregularidade fiscal é da Usiminas e que a SMPB apenas repassou a verba. [108], [109]
  • Em 26 de novembro, pelo menos 2.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram de uma manifestação contra o presidente Lula na orla da zona sul do Rio pela manhã. Clarissa de Matheus, de 23 anos, organizadora do protesto batizado de "Fora, Lulla" (com ele duplo, imitando o símbolo da campanha de Fernando Collor em 1992), disse à Folha de São Paulo ter convocado 800 integrantes da juventude do partido para o ato. Os manifestantes pediram o impeachment de Lula. [119]

Dezembro

  • Em 1 de dezembro, a Câmara dos Deputados aprova o processo do Conselho de Ética contra o deputado José Dirceu (PT-SP). José Dirceu é cassado com 293 a favor da cassação e 192 contra. O voto que deu fim o mandato do Dirceu foi às 00h03min (dia 1º de dezembro). Em 30 de novembro, os horários foram: 23hs03min (Regiões Nordeste e parte do Norte), 22hs03min (Norte e Centro-Oeste) e 21hs03min (Acre e sudoeste de Amazonas), em estados que não estão no horário de verão. [120]
  • Em 1 de dezembro, o Tribunal Superior Eleitoral condena Lula a pagar uma multa no valor de R$ 30 mil por ter divulgado propaganda eleitoral antecipada. O motivo foi ter apresentado números em que compara o governo FHC (1995-2002) que eram piores e do Lula ser melhor do que o governo anterior.
Marcos Valério.
  • Ainda em 1 de dezembro, o sócio da MM Consultoria Jurídica, Valter Santos Neto, ao tentar explicar para a CPI dos Bingos o destino de R$ 5 milhões que recebeu da empresa multinacional Gtech alega ser um gastador compulsivo que precisa de tratamento psiquiátrico. Segundo Santos Neto, boa parte do dinheiro foi gasta com frivolidades, mulheres e jogo. Para a maioria dos senadores da CPI, Santos Neto era distribuidor de recursos financeiros usado a fim de subornar funcionários públicos para a Gtech.
  • Em 6 de dezembro, a CPI dos Bingos ouve a jornalista Mara Gabrilli, que teria denunciado ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Março de 2003, na presença da primeira-dama e de assessores, todo o esquema de corrupção em Santo André (São Paulo). Segunda ela, as irregularidades não cessaram mesmo depois do assassinato do então prefeito Celso Daniel, em 2002. Mara acusou ainda o ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André Klinger Luiz de Oliveir e os empresários Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes da Silva (o Sombra) de comandar o esquema de corrupção, cuja arrecadação era destinada ao Partido dos Trabalhadores (PT).[121]
  • Lula afirma que levaria o deputado cassado José Dirceu no palanque, em uma afirmação direta à reeleição de 2006, defendendo o ex-deputado: “Eu levaria o José Dirceu para o palanque, até hoje nada foi provado contra ele”, em uma declaração em que o presidente ignora as acusações pesadas contra Dirceu.
  • Em 8 de dezembro, O ex-superintendente de compliance (espécie de auditoria) do Banco Rural Carlos Roberto Godinho diz que os empréstimos do banco a Marcos Valério eram feitos "para não serem pagos". Ele disse que relatórios do banco apontavam indícios de lavagem de dinheiro na movimentação da conta da empresa de Marcos Valérios, SMPB, porque ela era pelo menos dez vezes maior que o faturamento da empresa. [122]
  • Em 8 de dezembro, a Câmara Estadual de Ceará inicia o processo de cassação ao ex-presidente da câmara, José Janene. Ele é o irmão do José Jenoíno, acusado de receber 250 mil doláres de Marcos Valério; o assessor foi preso em julho no areoporto por tentar embacar para Fortaleza, Ceará, os doláres na cueca e reais em mala com fundo falso sem declarar.
  • Em 9 de dezembro, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprova por 12 votos a 2, o pedido de cassação do mandato do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), acusado de desrespeitar a legislação eleitoral ao intermediar recursos não declarados de campanha ("caixa dois") do PT para o PTB. [124]
  • Em 14 de dezembro, O Plenário da Câmara dos Deputados rejeita a cassação do mandato do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG). Votaram pela cassação 162 deputados e contra 252, outros 22 parlamentares optaram pela abstenção, 8 votaram em branco e um voto foi nulo. [126]
  • Em 15 de dezembro, o tesoureiro da campanha do deputado João Magno (PT-MG) à Prefeitura de Ipatinga (MG) em 2004 diz para o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que recebeu R$ 350 mil da empresa SMPB, do empresário Marcos Valério.
  • Em 15 de dezembro, o assessor do deputado João Magno (PT-MG) diz para o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que recebeu R$ 10 mil de Marcos Valério para o pagamento de fornecedores da campanha do deputado. [127]
  • Em 16 de dezembro, tem início o período de autoconvocação extraordinária do Congresso Nacional, em virtude do das CPIs e do Conselho de Ética.[128]
  • Em 20 de dezembro, parlamentares do Congresso Nacional entregam para o presidente da Câmara cartão de Natal criticando a possível não punição dos envolvidos no escândalo do mensalão. O cartão tem cinco metros de comprimento e cerca de mil assinaturas e foi enviado por moradores do Rio de Janeiro. O cartão, que foi colocado na árvore de Natal do gabinete da presidência da Câmara, contém os dizeres: "Pare. Não ao valerioindulto de Natal e ao mensalão legal. Em 2006 lembraremos bem do que cada um fez".[130] [131]
  • Em 20 de dezembro, o vice-líder do PPS deputado Raul Jungmann (PE) entrega ao presidente da Câmara requerimento que pede anulação da sessão do Plenário que resultou na absolvição do deputado Romeu Queiroz. Jungmann levanta suspeita sobre a existência de um "acordão" para abolver Queiroz e outros deputados envolvidos no mensalão. [132]
  • Em 20 de dezembro, o empresário Marcos Valério entra na Justiça de Brasília para cobrar do PT o pagamento de cerca de R$ 100 milhões referentes aos supostos empréstimos que ele alega ter feito nos bancos Rural e BMG. Valério já tinha cobrado o PT na Justiça em Agosto, mas o partido não se pronunciou, segundo informou um dos advogados do empresário.[133]
  • Em 21 de dezembro, a CPI dos Correios divulga relatório que aponta para a existência do mensalão. O relatório identifica quatro padrões de funcionamento do esquema: pagamentos semanais para o PL, dinheiro para trocas de partido, compra de votos de parlamentares e pagamentos para o PP. Apesar de detalhar o funcionamento do esquema o relatório deixa de fora os nomes de alguns políticos do PMDB e do PT que teriam recebido dinheiro do esquema.[134]
  • Em 22 de dezembro, o presidente da CPI dos Correios senador Delcídio Amaral (PT-MS) sugere a Lula que leia o relatório da CPI: "Seria importante que o Presidente tomasse conhecimento, lesse o relatório, porque as informações são relevantes". Delcídio diz: "O relatório é muito forte. É muito difícil negar a tese de que houve o mensalão".[135], [136]
  • Em 22 de dezembro, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) [137] diz que não acredita na existência do mensalão: "Não acredito que os parlamentares tenham recebido dinheiro para votar matérias a favor ou contra o governo. Essa convicção eu tenho até hoje". Aldo diz que o mensalão não foi provado em nenhum lugar. [138]