Acuntsu

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Akuntsu
População total

3 (2019)[1]

Regiões com população significativa
Rondônia
Línguas
português, akuntsú
Religiões
Xamanismo

Akuntsu (também conhecido como Akunt’su ou Akunsu) é um povo indígena brasileiro. Falam uma língua da família Tupari, do tronco Tupi.[1]

Localizado no sudeste de Rondônia, às margens do igarapé Omerê. No ano de 2005 sua população estimada era de seis sobreviventes.[1]

Representam uma das menores e mais ameaçadas sociedades indígenas no Brasil. Antigas tribos vizinhas os denominavam de "Wakontsu", e temiam seus guerreiros. Sua cultura Material encontra-se atualmente seriamente comprometida, porém ainda confeccionam os formidáveis maricos de fibra de tucum, objeto de uso doméstico que lembra uma bolsa de carga, usada à testa. Este objeto de uso doméstico simboliza uma característica importante da origem desta sociedade, os localizando dentro do complexo do maríco.[1] O antropólogo Adelino de Lucena Mendes realizou pesquisa de campo entre os akuntsu no ano de 2002. Produziu junto ao ISA um verbete informativo sobre esta tribo.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Akuntsu tem origem na palavra "wakontsón", da lingua Kanoê, e que significa "outro índio". Foi a denominação dada pelos Kanoê para o grupo vizinho ao qual não tinham contato.[1]

Costumes[editar | editar código-fonte]

Vestimentas[editar | editar código-fonte]

Costumam vestir pequenas tangas com franjas, e usam adornos corporais como abraçadeiras e tornozeleiras que são feitos em algodão, usando plumas de aves e dentes de mamíferos como decoração; também usam colares feitos com conchas diversas ou plásticos, que cortam em formato circular ou trapézio; e adorno no nariz.[1]

Rituais[editar | editar código-fonte]

Praticam os rituais xamânicos, com a presença de um pajé e aspiração de rapé. Em transe, entram em contato com espíritos de animais e entes ancestrais, acompanhados de cânticos e dança.[1]

Economia[editar | editar código-fonte]

Vivem da caça (com arcos e flexas) de porcos do mato, antas e pacas; coleta de frutas; e de pequena agricultura que fica próxima as malocas onde moram. A pescaria no igarapé é escassa, provendo peixes pequenos.[1]

História[editar | editar código-fonte]

A primeira vez que os Akuntsu foram citados, foi no livro de Frans Caspar, no período em que visitava o grupo vizinho Tupari. Até então, viviam isolados, mas com a chegada de fazendeiros e madereiros na região, constantemente tentavam expulsar os Akuntsu das suas terras, ocorrendo conflitos. Nos anos de 1980, houve um intenso conflito entre os Akuntsu e ruralistas da Fazenda Yvypytã, onde ocorreu um massacre, quase dizimando por completo o povo Akuntsu. Os poucos indivíduos que sobreviveram, tiveram que procurar outra área para construir uma nova aldeia. O primeiro contato oficial foi em 1985, pelo sertanista Marcelo dos Santos através da frente de atração da Funai. Durante anos anteriores, fazendeiros negavam a existência de grupos indígenas na região por interesses particulares. Quando Santos chegou até o local onde se encontravam os Akuntsu, só restavam 7 pessoas do grupoː 2 homens adultos, 2 mulheres adultas, 1 mulher idosa, 1 adolescente e 1 criança. Sendo Kunibu o líder do grupo.[1][2]

Com a comprovação de grupos indígenas na área (os Akuntsu, os Kanoê e o índio do buraco), Santos pediu a interdição de 63.900 hectares, através da Portaria nº 2.030/E/1986, de 11 de abril de 1986, para preservar o território indígena, sendo denominada Área Indígena Omerê. Em 12 de dezembro de 1986, Romero Jucá, que acabara de assumir a presidência da Funai, revogou a interdição das terras indígenas, e novas ameaças ocorreram entre ruralistas e os Kunibu.[2]

Entre os anos de 2000 e 2016, morreu uma das filhas de Kunibu, devido a uma queda de uma árvore sobre a maloca em que se encontrava; morreu Ururú, a mulher idosa, com doença respiratória; e Kunibu, devido a um câncer.[1][2][3]

Referências

  1. a b c d e f g h i j «Akuntsu». Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 9 de agosto de 2023 
  2. a b c «A morte de Konibu e o crime de genocídio de Romero Jucá». Carta Capital. 2 de junho de 2016. Consultado em 9 de agosto de 2023 
  3. «Morre Ururú, a mais velha da tribo Akuntsu na Amazônia». Jornal de Brasília. 19 de outubro de 2009. Consultado em 9 de agosto de 2023 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • RICARDO, Carlos Alberto. "Os índios" e a sociodiversidade nativa contemporânea no Brasil. IN: SILVA, Aracy Lopes da. GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. A temática indígena na escola. Brasília: MEC/MARI/UNESCO, 1995. p. 37-44.
  • INSTITUTO Socioambiental. Adelino de Lucena Mendes da Rocha. Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/akuntsu>. Acessado em: <18 de março de 2006>.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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