Tremembés
Tremembés |
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População total |
3 662 (Siasi/Sesai, 2014)[1] |
Regiões com população significativa |
Itarema, Itapipoca e Acaraú, no Ceará; Raposa e São José de Ribamar, no Maranhão, no ![]() |
Línguas |
língua portuguesa língua indígena poromogûetá [2] |
Religiões |
Os tremembés são um povo étnico indígena que habita atualmente a área indígena Tremembé de Almofala (Itarema) e as terras indígenas São José e Buriti (Itapipoca), Córrego do João Pereira (Itarema e Acaraú) e Tremembé de Queimadas (Acaraú), no litoral do estado do Ceará, no Brasil. Também estão presentes no Maranhão, após migrações de terras cearenses.[3]

Origem dos Tremembé[editar | editar código-fonte]
Os tremembés eram originalmente nômades não tupis que viviam num território que estendia-se do sul do Maranhão até o Rio Acaraú, no atual estado do Ceará[4]. Realizam por dois séculos trocas comerciais com muitos europeus que atracavam na costa brasileira a fim de manter controle sob o seu território. No século XVIII foram aldeados pelos Jesuítas nas missões de Tutoya (Tutóia-Maranhão), Aldeia do Cajueiro (Almofala) e Soure (Caucaia).[5][6].
Foram declarados como não existentes pelo então governador da Província do Ceará (José Bento da Cunha Figueiredo Júnior), após decreto de 1863. Antes disto, em 1854, os índios perderam o direito da terra pela regulamentação da Lei da Terra. Estes ressurgem no cenário cearense nas décadas de 1980 e 1990, quando são reconhecidos pela Fundação Nacional do Índio.[7]
Nas décadas de 1950 e 1960, famílias tremembés emigraram para os municípios de Raposa, junto com migrações de pescadores cearenses para a região, e de São José de Ribamar, para trabalhar em um dos engenhos da região.[8][3]
Em 2013, os tremembés de Raposa tiveram sua etnicidade reconhecida pela Funai, em processo que contou com a participação de alguns membros do povo Tremembé que continuam vivendo em Almofala, e lutam pelo acesso aos direitos específicos e políticas sociais.[9]
Os tremembés de São José de Ribamar lutam por reconhecimento étnico e pela posse das terras da comunidade de Engenho. [10][3]
Arte e cultura[editar | editar código-fonte]
Os tremembés conseguiram reaprender um pouco da sua arte e cultura. Eles dançam o torém (uma dança tradicional Tremembé) e ainda produzem o mocororó (vinho de caju azedo fermentado).[11] Eles costumam pintar as paredes das suas habitações, das escolas diferenciadas e cerâmicas com motivos simbólicos do seu habitat, como: o caju, a rolinha, peixes, caranguejos e outros. As mulheres tremembés confeccionam biojoias, como colares e pulseiras com conchas, búzios e sementes e costumam vende-las no da 7 de Setembro, dia em que os Tremembés realizam a marcha Tremembé desde 2003.[12]
A tecelagem também é confeccionada por estes.
Referências
- ↑ Povos indígenas no Brasil. Disponível em https://pib.socioambiental.org/pt/povo/tremembe. Acesso em 15 de março de 2017.
- ↑ Povos indígenas no Brasil. Disponível em https://pib.socioambiental.org/pt/povo/tremembe/1063. Acesso em 15 de março de 2017.
- ↑ a b c Elizabeth Maria Beserra Coelho; Mônica Ribeiro Moraes de Almeida. «31ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA GT 56. Povos indígenas, afrodescendentes e outros povos tradicionais, conflitos territoriais, e o não reconhecimento pelo Estado nacional.». DINAMICAS DAS LUTAS POR RECONHECIMENTO ÉTNICO NO MARANHÃO
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 18,19.
- ↑ Galvão, R. Arte Tremembé. Fortaleza: SEBRAE-CE. 2005
- ↑ D‘ABBEVILLE, Cláudio. História da missão dos padre capuchinhos na Ilha do Maranhão [1614]. São Paulo: Siciliano, 2002.
- ↑ Revista Universidade Pública Ano III -N° 12. Fortaleza: UFC. Julho/Agosto 2002
- ↑ «Saga do povo Tremembé em Raposa é destaque no Repórter Mirante»
- ↑ Elizabeth Maria Beserra Coelho. «"NÓS SOMOS UMA RESISTÊNCIA, NÃO SÓ NO BRASIL, MAS NO MUNDO": a luta dos Tremembé do Engenho» (PDF)
- ↑ «Presidente do STF suspende reintegração de posse em Tremembé do Engenho em São José de Ribamar». Jornal Pequeno. 5 de novembro de 2020. Consultado em 21 de novembro de 2021
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 8 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 9 de julho de 2010
- ↑ BORGES, J. F.; Os Senhores das Dunas e os Adventícios d’além--mar: Primeiros contatos, tentativas de colonização e autonomia Tremembé na costa leste-oeste (SÉCULOS XVI e XVII). Tese (Doutorado em História). Universidade Federal Fluminense. Niterói. 2010.