Eleição presidencial no Brasil em 1950: diferenças entre revisões

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Revisão das 23h52min de 7 de novembro de 2020

Eleição presidencial no Brasil em 1950
  1945 ←  → 1955
3 de outubro de 1950
Candidato Getúlio Dornelles Vargas Eduardo Gomes
Partido PTB UDN
Natural de Rio Grande do Sul Rio de Janeiro
Vencedor em 17 estados + Distrito Federal 3 estados
Votos 3 849 040 2 342 384
Porcentagem 48,73% 29,66%

Estados e territórios onde cada candidato venceu de acordo com a legenda.

Eleição para vice-presidente em 1950
  1945 ←  → 1955
3 de outubro de 1950
Candidato Café Filho Odilon Braga Altino Arantes
Partido PSP UDN PSD
Natural de Rio Grande do Norte Minas Gerais São Paulo
Vencedor em 8 estados + Distrito Federal 11 estados 4 estados
Votos 2 520 790 2 344 841 1 649 309
Porcentagem 35,76% 33,26% 23,40%

Estados e territórios onde cada candidato venceu de acordo com a legenda

Titular
Nereu Ramos
PSD

Eleito
Café Filho
PSP

A eleição presidencial brasileira de 1950 foi a décima quinta eleição presidencial e a décima terceira direta.

Contexto histórico

Na eleição anterior de 2 de dezembro de 1945, que sucedeu o período do Estado Novo de Getúlio Vargas, foi eleito o general Eurico Gaspar Dutra (PSD) para Presidente da República. O cargo de vice-presidente havia sido extinguido na época, mas foi restaurado pela Constituição de 1946. Em 19 de setembro de 1946, Nereu Ramos (PSD) foi eleito indiretamente para ocupar o cargo de vice-presidente.[1]

Constituição de 1946

De acordo com a Constituição de 1946, o mandato do presidente vigoraria por cinco anos. Assim, Dutra governara até 31 de janeiro de 1951, passando a faixa presidencial para o eleito nesta eleição.[2] O direito ao voto foi permitido a todos os brasileiros com mais de dezoito anos de ambos os sexos, mas os analfabetos eram proibidos a votar.[3] Foi determinado, também, que a eleição para presidente e vice-presidente ocorreriam de forma separada.

Mandato de Eurico Gaspar Dutra

O grande destaque a ser realizado sobre os anos do governo do presidente Eurico Gaspar Dutra esta relacionado com o início da Guerra Fria. A partir de 1946 e 1947, o quadro da bipolarização do mundo já se evidenciava, e o alto interesse dos Estados Unidos no Brasil transformava o país em um território de alta importância estratégica.

Havia um grande temor sobre o crescimento do comunismo no Brasil, pois o PCB (Partido Comunista Brasileiro) havia conseguido cerca de 9% dos votos na candidatura de Iedo Fiúza e, além disso, a presença dos comunistas entre organizações de trabalhadores era muito forte. Assim, o governo de Dutra alinhou-se com os interesses dos EUA e adotou uma política contrária ao comunismo. O PCB teve a legalidade cassada pelo Superior Tribunal Eleitoral e os sindicatos passaram a sofrer intervenção do governo Federal. Diante desses ataques, o PCB convocou a população à luta armada, contudo não conseguiu vasta adesão e perdeu expressão política.

Politicamente, Dutra afastou-se do varguismo e aliou-se à direitista UDN por meio do Acordo Interpartidário. Economicamente, Dutra aderiu aos princípios liberais, reduzindo os investimentos públicos e promovendo o arrocho salarial. O incentivo às importações dilapidou as reservas de moedas estrangeiras e desequilibrou as contas públicas com o crescimento da inflação. Para contrabalançar a economia estatal, Dutra lançou o Plano SALTE, com postulados intervencionistas próximos aos do varguismo. O Plano SALTE consistiu em um programa econômico quinquenal para o desenvolvimento das áreas da saúde, alimentação, energia e transporte. No entanto, muitas metas desse plano não foram atingidas por falta de recursos.

A primeira transmissão de uma emissora de televisão no Brasil tem início comercialmente em 18 de setembro de 1950, quando foi inaugurada a TV Tupi São Paulo (antecessora do SBT São Paulo) em São Paulo, com equipamentos trazidos por Assis Chateaubriand, fundando assim o primeiro canal de televisão do país. Quatro meses depois, em 20 de janeiro de 1951, entra no ar a TV Tupi Rio de Janeiro (antecessora da TV Manchete Rio de Janeiro e da RedeTV! Rio de Janeiro).

Em outubro de 1950, foram realizadas eleições para a sucessão presidencial da República. Dutra apoiou o candidato Cristiano Machado do PSD. A UDN novamente lançou a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes. E Getúlio Vargas veio como candidato pela coligação entre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP). Apesar de não possuir o apoio da mídia, Vargas obteve a maioria dos votos (48,7%).

Candidatos

Presidência da República

PTB/PSP: A coligação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e do Partido Social Progressista (PSP), ambos de centro-esquerda, com o PTB sendo trabalhista e o PSP sendo social-democrata, lançou o ex-presidente Getúlio Vargas como candidato a Presidente da República. Vargas era pertencente e fundador do PTB, e havia governado o país anteriormente por quinze anos. Ex-presidente, mesmo quando ele teve de largar a Presidência em 1945, ele ainda continuou na cena política, sendo eleito em 1945 senador por São Paulo e Rio Grande do Sul. Vargas haveria utilizado da propaganda para promoção pessoal na vida política, e assim ele sempre foi representado junto ao povo. Vargas teria sido um presidente trabalhista e que mais coisas teria feito pelos trabalhadores, como por exemplo, a criação de leis trabalhistas. Desta forma, ele era considerado o "pai dos pobres", e o povo o admirava. Outro fator importante além da admiração dele pelo povo, foi o nacionalismo na campanha "o petróleo é nosso", que favoreceu as empresas brasileiras.[4]

Algo, que foi marca da campanha de Vargas em 1950, foi o seu jingle de campanha, que era uma marchinha de carnaval e chamava-se "Retrato do Velho":[5][6]
"Bota o retrato do velho outra vez
Bota no mesmo lugar
Bota o retrato do velho outra vez
Bota no mesmo lugar
O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar
O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar
Eu já botei o meu
E tu, não vais botar?
Eu já enfeitei o meu
E tu, vais enfeitar?
O sorriso do velhinho faz a gente se animar
O sorriso do velhinho faz a gente se animar
"

UDN/PRP/PDC/PL: Pela coligação da União Democrática Nacional (UDN), do Partido de Representação Popular (PRP), do Partido Democrata Cristão (PDC), e do Partido Libertador (PL), foi lançado o mesmo candidato da eleição anterior, o tenente-brigadeiro Eduardo Gomes da conservadora UDN.

PSD/PR/POT/PST: A coligação do Partido Social Democrático (PSD), do Partido Republicano (PR), do Partido Orientador Trabalhista (POT), e do Partido Social Trabalhista (PST), lançou o ex-prefeito de Belo Horizonte Cristiano Machado do centrista PSD. Muitos membros do PSD apoiaram Vargas em vez de Cristiano Machado, o que gerou a expressão "cristianizar" (lançar um candidato e apoiar outro), e isso garantiu a vitória de Vargas, embora com menos de 50% dos votos.

PSB: O Partido Socialista Brasileiro (PSB) não fez coligação, e lançou o socialista democrático baiano João Mangabeira como candidato a presidente.

Vice-presidência da República

PTB/PSP: Pela mesma coligação de Getúlio Vargas (Partido Trabalhista Brasileiro/Partido Social Progressista), foi lançado o potiguar Café Filho do PSP para vice-presidente.

UDN/PRP/PDC/PL: Pela coligação da União Democrática Nacional (UDN), do Partido de Representação Popular (PRP), do Partido Democrata Cristão (PDC), e do Partido Libertador (PL), foi lançado o mineiro Odilon Braga da UDN para vice.

PSD/PR/POT: A coligação do Partido Social Democrático (PSD), do Partido Republicano (PR), e do Partido Orientador Trabalhista (POT), lançou o ex-presidente do Estado de São Paulo Altino Arantes do PSD para vice.

PST/PTN: O Partido Social Trabalhista (PST) formou com o Partido Trabalhista Nacional (PTN) uma coligação e lançou o senador Vitorino Freire do PST para vice.

PSB: O Partido Socialista Brasileiro (PSB) não fez coligação, e lançou Alípio C. Neto como candidato a vice-presidente.

Resultados

Presidência da República

Eduardo Gomes em campanha para presidente.
Eleição para presidente do Brasil em 1950
Candidato Votos Porcentagem
Getúlio Vargas (PTB/PSP) 3.849.040 48,73%
Eduardo Gomes (UDN/PRP/PDC/PL) 2.342.384 29,66%
Cristiano Machado (PSD/PR/POT/PST) 1.697.173 21,49%
João Mangabeira (PSB) 9.466 0,12%
Votos nominais 7.898.083
Votos brancos 211.433
Votos nulos 145.473
Votos apurados 8.254.989
Fonte:[7][8]

Nota: Em negrito, o candidato vencedor, e, em itálico, o partido do candidato.

Estados/Territórios vencidos por Getúlio Vargas
Estados/Territórios vencidos por Eduardo Gomes
Estados/Territórios vencidos por Cristiano Machado
Estado/Território Getúlio Vargas Eduardo Gomes Cristiano Machado João Mangabeira Votos nominais Votos brancos Votos nulos Votos apurados
Acre 4.101 737 4.211 9.049 168 47 9.264
Alagoas 45.909 25.292 22.940 51 94.192 3.666 2.069 99.927
Amapá 812 59 4.188 5.059 87 23 5.169
Amazonas 26.466 12.104 7.067 9 45.646 1.285 1.033 47.964
Bahia 306.899 165.883 108.719 243 581.744 15.916 12.036 609.696
Ceará 107.164 198.473 146.484 105 452.226 13.348 9.890 475.464
Distrito Federal 378.015 169.263 29.642 3.017 579.937 19.415 8.479 607.831
Espírito Santo 60.336 42.098 20.841 94 123.369 3.146 4.050 130.565
Goiás 61.298 55.446 24.106 45 140.895 5.702 4.475 151.072
Guaporé 2.595 412 646 3.653 82 79 3.814
Maranhão 64.160 14.806 70.989 6 149.961 3.954 4.775 158.690
Mato Grosso 35.744 27.397 19.677 23 82.841 2.957 1.396 87.194
Minas Gerais 418.194 441.690 409.402 356 1.269.642 33.259 27.725 1.330.626
Pará 55.978 52.761 78.032 112 186.883 3.914 4.190 194.987
Paraíba 125.463 108.852 20.660 67 255.042 7.868 2.215 265.125
Paraná 169.036 41.353 54.635 182 265.206 6.379 2.889 274.474
Pernambuco 172.565 121.275 94.595 195 388.630 8.875 6.684 404.189
Piauí 25.370 73.547 60.445 6 159.368 3.993 2.942 166.303
Rio Branco 1.845 59 645 2.549 59 76 2.684
Rio de Janeiro 274.588 110.942 36.502 499 422.531 11.264 15.849 449.644
Rio Grande do Norte 86.378 45.731 37.831 34 169.974 4.318 1.575 175.867
Rio Grande do Sul 346.798 147.571 207.613 636 702.618 11.893 4.825 719.336
Santa Catarina 110.398 101.386 59.501 27 271.312 4.357 4.062 279.731
São Paulo 925.493 357.413 153.039 3.650 1.439.595 41.959 21.287 1.502.841
Sergipe 43.435 27.834 24.783 109 96.161 3.569 2.802 102.532
Total 3.849.040 2.342.384 1.697.193 9.466 7.898.083 211.433 145.473 8.254.989

(a) Os resultados referentes a Fernando de Noronha foram incluídos no Distrito Federal.

Vice-presidência da República

Eleição para vice-presidente do Brasil em 1950
Candidato Votos Porcentagem
Café Filho (PTB/PSP) 2.520.790 35,76%
Odilon Braga (UDN/PRP/PDC/PL) 2.344.841 33,26%
Altino Arantes (PSD/PR/POT) 1.649.309 23,40%
Vitorino Freire (PST/PTN) 524.079 7,43%
Alípio Correia Neto (PSB) 10.800 0,15%
Votos nominais 7.049.719
Votos brancos 1.048.778
Votos nulos 156.392
Votos apurados 8.254.989
Fonte:[7]

Nota: Em negrito, o candidato vencedor, e, em itálico, o partido do candidato.

Estados/Territórios vencidos por Café Filho
Estados/Territórios vencidos por Odilon Braga
Estados/Territórios vencidos por Altino Arantes
Estado vencido por Vitorino Freire
Estado/Território Café Filho Odilon Braga Altino Arantes Vitorino Freire Alípio C. Neto Votos nominais Votos brancos Votos nulos Votos apurados
Acre 3.505 615 3.763 415 8.298 919 47 9.264
Alagoas 26.078 28.986 579 23.224 41 78.908 18.700 2.319 99.927
Amapá 343 46 1.512 1.056 2.957 2.191 21 5.169
Amazonas 16.940 12.144 8.189 2.578 3 39.854 7.066 1.044 47.964
Bahia 172.121 195.950 65.436 22.992 215 456.714 140.566 12.416 609.696
Ceará 40.066 205.267 146.879 6.931 160 399.303 65.652 10.509 475.464
Distrito Federal 376.575 166.496 13.949 5.632 1.467 564.119 35.054 8.658 607.831
Espírito Santo 33.565 40.728 13.399 9.286 136 97.114 28.448 5.003 130.565
Goiás 30.742 47.555 14.246 20.064 38 112.645 32.815 5.612 151.072
Guaporé 2.289 337 5 864 3.495 232 87 3.814
Maranhão 57.942 16.233 728 71.773 1 146.677 7.156 4.857 158.690
Mato Grosso 26.398 27.839 11.730 3.402 8 69.377 16.220 1.597 87.194
Minas Gerais 163.801 499.101 518.313 16.030 644 1.197.889 104.889 27.848 1.330.626
Pará 52.147 42.981 80.930 1.434 143 177.635 12.970 4.382 194.987
Paraíba 47.769 103.908 14.773 8.795 28 175.273 87.571 2.281 265.125
Paraná 114.771 48.465 66.194 1.702 172 231.304 39.606 3.564 274.474
Pernambuco 119.837 124.065 57.448 50.856 145 352.351 44.686 7.152 404.189
Piauí 17.821 72.970 9.472 53.894 154.157 8.982 3.164 166.303
Rio Branco 1.799 44 3 671 2.517 88 79 2.684
Rio de Janeiro 198.081 110.997 56.553 9.374 276 375.181 56.875 17.488 449.644
Rio Grande do Norte 89.607 43.513 7.433 22.861 3 163.417 10.567 1.883 175.867
Rio Grande do Sul 220.965 158.479 208.491 1.938 299 590.172 124.714 4.450 719.336
Santa Catarina 21.399 114.223 99.762 2.912 10 238.306 37.388 4.037 279.731
São Paulo 658.601 255.069 225.544 184.428 6.899 1.330.541 147.347 24.953 1.502.841
Sergipe 27.628 28.830 23.978 967 112 81.515 18.076 2.941 102.532
Total 2.520.790 2.344.841 1.649.309 524.079 10.800 7.049.719 1.048.778 156.392 8.254.989

(a) Os resultados referentes a Fernando de Noronha foram incluídos no Distrito Federal.

Referências

  1. Nereu Ramos - Biografia - UOL Educação Acessado em 12/11/2011.
  2. Constituição de 1946 dos Estados Unidos do Brasil/Título I/Capítulo III/Artigo 82 Acessado em 12/11/2011.
  3. Júnior, Alfredo Boulos. História, Sociedade e Cidadania. 9º ano. 1ª edição - São Paulo - 2009.
  4. Piletti, Nelson e Claudino. História & Vida - Brasil: da Independência aos dias de hoje, Vl. 2. Editora Ática. 16ª ed. 1997. Pg. 76, Cap. 10: A hora e a vez da democracia, 3.Getúlio: um governo nacionalista e populista.
  5. Os 8 jingles mais marcantes de campanhas presidenciais no Brasil. Super. Acessado em 13/11/2011
  6. Retrato do Velho - Francisco Alves. (Letras.terra.com.br) Acessado em 13/11/2011.
  7. a b Eleição Presidencial - 3 de outubro de 1950 (Domingo). (Pós 1945) Acessado em 14/11/2011.
  8. «Secretaria do Tribunal Superior Eleitoral (página do IBGE)» (PDF). Consultado em 11 de abril de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 11 de abril de 2020