Série 1320 da CP

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 Nota: Não confundir com a Série 1300, que também esteve ao serviço dos Caminhos de Ferro Portugueses.

A Série 1320 (1321-1337), também conhecida como Ateinsa ou Espanhola, descreve um tipo de locomotiva de bitola ibérica, a tracção diesel-eléctrica, que esteve ao serviço da operadora ferroviária Caminhos de Ferro Portugueses.

História[editar | editar código-fonte]

Correspondência de numeração[1]
CPRENFE
13211311
13221339
13231301
13241305
13251307
13261302
13271335
13281314
13291320
13301308
13311330
13321329
13331328
13341317
13351334
13361332
13371315
(n/a)1337

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Locomotiva Série 313 da Renfe, na libré desta operadora.

Entre 1967 e 1969, foram construídas, nas oficinas da empresa Ateinsa, em Espanha, várias locomotivas para a operadora ferroviária espanhola Red Nacional de los Ferrocarriles Españoles.[2] Estas locomotivas foram fabricadas a partir do modelo DL-535 da American Locomotive Company, tendo as primeiras unidades entrado ao serviço em 1967; originalmente, constituíram a Série 1300 daquela empresa,[2] tendo sido, posteriormente, reclassificadas para a Série 313.[3]

As locomotivas desta série asseguraram comboios de mercadorias e passageiros, tendo-se destacado, principalmente, pelos seus serviços de carga de minério na zona oriental da Andaluzia[4]

A numeração original destas 18 locomotivas, em Espanha, era 1301, 1302, 1305, 1307, 1308, 1311, 1314, 1315, 1317, 1320, 1328, 1329, 1330, 1332, 1334, 1335, 1337, e 1339.[4][1]

Aquisição e entrada ao serviço da C. P.[editar | editar código-fonte]

No final da vida activa desta série, na Década de 1980,[3] a transportadora espanhola começou a utilizá-las como locotractoras para manobras, tendo algumas sido vendidas a empresas privadas, a empreiteiros de obras ferroviárias, e para operadoras na Argentina.[5] Algumas unidades também foram adquiridas pela empresa Caminhos de Ferro Portugueses; um dos principais motivos para a compra desta série em especial deve-se ao facto da operadora portuguesa possuir já várias locomotivas com um motor do mesmo fabricante, a empresa americana American Locomotive Company, podendo, assim, reduzir custos na sua manutenção e exploração, além que os operários das oficinas do Barreiro já dispunham de formação sobre os material motor desta marca; por outro lado, estas unidades possuíam pouco peso por eixo, podendo, assim, circular em qualquer tipo de via.[3][1]

Inicialmente, só foram adquiridas duas unidades, para se proceder a testes; o contrato previa a compra de até mais 10 unidades.[6][2] Estas locomotivas passaram, em 1989, pelas oficinas Ateinsa, em Villaverde Bajo, em Madrid, para serem remodeladas,[1] e modificadas de acordo com as directrizes da operadora portuguesa.[7] Este processo consistiu numa série de reparações e de alterações estruturais, como a remoção da caixa de ferramentas junto à cabine de condução,[1] instalação de travões duplos, a ar comprimido e vácuo,[7] e a alteração do esquema de cores para o laranja e branco oficial da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, embora as paredes laterais exteriores das cabinas tenham sido pintadas de laranja em vez de castanho, como era usual nas locomotivas daquela operadora.[1] O símbolo da Companhia também foi pintado de forma errada, mas ainda reconhecível, e receberam, desde logo, os números de série 1321 e 1322 da operadora portuguesa.[1]

Estas duas locomotivas foram enviadas para Portugal nos inícios de Junho de 1989; nesta altura, previa-se a entrega das restantes 10 unidades até ao final do ano.[2]

Após a sua chegada a Portugal, foram submetidas a vários testes no Entroncamento, onde se confirmou que, devido ao facto da condução se fazer ao contrário de Espanha, existiam graves problemas de visibilidade a partir da cabina de condução, o que obrigava à presença de pelo menos um ajudante; mesmo assim, foram compradas as outras dez locomotivas, tendo o contrato sido alargado até mais seis unidades.[1] Contando com as duas originais, o número total de locomotivas adquiridas foi assim de 18, tendo 17 destas unidades entrado ao serviço; a unidade restante chegou a território nacional ainda com o esquema de cores original da Red Nacional de los Ferrocarriles Españoles, não tendo chegado a receber um número de série português ou a prestar serviço, tendo sido desde logo encostada para fornecer peças ao resto da série.[1][8]

Devolução a Espanha[editar | editar código-fonte]

No entanto, apenas estiveram ao serviço da C. P. apenas durante cerca de 10 anos, tendo sido devolvidas à RENFE logo em 1998, que as revendeu quase todas a empresas de construção e manutenção de caminhos de ferro.[9] A única que permaneceu por vender foi a 313.030 (1331 da C. P.), que foi preservada pela Fundación de los Ferrocarriles Españoles nas suas instalações em Villaverde Bajo.[9] Em Julho de 2017, a Asociación Madrileña para la Restauración de Material Ferroviario anunciou que tinha assinado um acordo com a Fundación de los Ferrocarriles Españoles para o fornecimento da locomotiva, de forma a restaurá-la ao seu estado original.[9]

Caracterização[editar | editar código-fonte]

Caracterização técnica[editar | editar código-fonte]

Esta Série era composta por 17 locomotivas derivadas da Série 313 da Red Nacional de Ferrocarriles Españoles,[10] que receberam a numeração 1321 a 1337 dos Caminhos de Ferro Portugueses;[1] de tracção a gasóleo,[8] circulava em vias de bitola ibérica.[1] A transmissão utilizada era eléctrica.[8]

Cada unidade apresentava 16,237 metros entre os tampões de choque, 2,884 metros de largura, e 4,032 metros de altura,[1] e pesava cerca de 84 toneladas.[4] Cada locomotiva contava com um motor 251-D da American Locomotive Company,[8] que apresentava uma velocidade nominal de 1100 rotações por minuto, e uma potência total de 1370 cavalos-vapor ou 1022 quilowatts.[8][2] A disposição dos rodados era em C - C, e podiam ser comandadas 2 unidades ao mesmo tempo.[5]

Serviços em Portugal[editar | editar código-fonte]

Em 1994, estas locomotivas encontravam-se um pouco por todo o sul de Portugal, rebocando principalmente composições de mercadorias mas também de passageiros e mistas, por exemplo, entre o Entroncamento e Marvão-Beirã.[8]

Modelismo[editar | editar código-fonte]

A empresa Alejandro Modelismo Ferroviario comercializou modelos da Série 1300 da Renfe, com decoração dos Caminhos de Ferro Portugueses.[5]

Ficha técnica[editar | editar código-fonte]

  • Características de exploração
    • Ano de entrada ao serviço (em Portugal): 1989[11]
    • Número de unidades adquiridas: 18[1]
    • Número de unidades operacionais: 17 (1321-1337)[1]
  • Dados gerais
    • Bitola de Via: 1668 mm[1]
    • Tipo de tracção: Diesel (gasóleo)[8]
    • Tipo de locomotiva: Alco DL-535[2]
    • Disposição dos rodados: C - C[5]
    • Comando em unidades múltiplas: 2[5]
  • Peso: 84 toneladas[4]
  • Dimensões
    • Distância entre os tampões de choque: 16237 mm[1]
    • Largura: 2884 mm[1]
    • Altura: 4032 mm[1]
  • Transmissão de movimento
    • Tipo: Eléctrica[8]
  • Motores de tracção
    • Fabricante: Ateinsa (com licença ALCO)[2]
    • Tipo: 251-D[8]
    • Quantidade: 1[8]
    • Potência contínua por motor:
    • Velocidade nominal: 1100 rpm[8][2]
    • Potência total: 1370 cv / 1022 kW[8][2]
  • Partes mecânicas
    • Fabricante: Compañía Euskalduna[8][5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r ERUSTE, Manuel Galán (1994). «Las Alco de La Peninsula Iberica: Las 1300 portuguesas». Maquetren (em espanhol). 3 (21). Madrid: Resistor, S. A. p. 4-7 
  2. a b c d e f g h i CARBALLO, Roberto (Junho de 1989). «Ateinsa remoza para la red lusa doce locomotoras». Via Libre (em espanhol) (305). Madrid: Fundacion de los Ferrocarriles Españoles. p. 39 
  3. a b c BLAZQUEZ, Jose Luis Torres (1992). «Exposicion de Trenes Miniatura en Badajoz». Maquetren (em espanhol). 1 (4). Madrid: Resistor, S. A. p. 47 
  4. a b c d CASAS, Juan Carlos (Fevereiro de 1999). «Compra y venta de las Alco 1300». Via Libre (em espanhol). 36 (417). Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles. p. 36-37. ISSN 1134-1416 
  5. a b c d e f GUILLÉN, José Menchero (Abril de 2008). «Locomotoras diésel de la serie 1300 con diferentes decoraciones». Via Libre (em espanhol). 45 (518). Madrid: Fundacion de los Ferrocarriles Españoles. p. 78-80 
  6. ACERO, Montserrat; ESTRADA, José; RAMÍREZ, Eduard (Março de 1999). «El Material Motor de RENFE para los 90». Carril (em espanhol) (29). Barcelona: Associació d'Amics del Ferrocarril-Barcelona. p. 6 
  7. a b «Noticias». Carril (em espanhol) (30). Barcelona: Associació d'Amics del Ferrocarril-Barcelona. Junho de 1999. p. 28-29 
  8. a b c d e f g h i j k l m BRAZÃO, Carlos (1994). «Las 1300: miniatura en HO». Maquetren (em espanhol). 3 (21). Madrid: Resistor, S. A. p. 8-13 
  9. a b c «AREMAF logra la cesión de la locomotora RENFE 313-030-9 (1331 CP)» (em espanhol). Asociación Madrileña para la Restauración de Material Ferroviario. 27 de Julho de 2017. Consultado em 17 de Julho de 2018 
  10. GUILLÉN, José Menchero (Novembro de 2005). «Proyectos de la marca portuguesa Norbrass». Via Libre (em espanhol). 42 (491). p. 83 
  11. COSTA, André (2006). «Cronologia do Material Circulante». ADCosta Website. Consultado em 2 de Dezembro de 2010. Arquivado do original em 20 de novembro de 2004 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]