Era Muammar al-Gaddafi: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Flag_of_Libya_(1977-2011).svg|miniaturadaimagem|A bandeira verde da [[Era Muammar al-Gaddafi|Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia]]. A cor verde, que representava o [[Islão|Islã]] e a [[Terceira Teoria Universal|Terceira Teoria Internacional]] de [[Muammar Gaddafi|Gaddafi]], foi delineada no ''[[Livro Verde]]''.]]
{{Mais notas||soc|data=julho de 2012}}
[[Ficheiro:Moamer el Gadafi (cropped).jpg|miniaturadaimagem|[[Muammar Gaddafi]], retratado logo após sua tomada do poder, em visita à [[República Socialista Federativa da Iugoslávia|Iugoslávia]] em 1970.]]
{{Info/Estado extinto
[[Muammar Gaddafi]] tornou-se o líder ''[[de facto]]'' da [[Líbia]] em 1 de Setembro de 1969, depois de liderar um grupo de jovens oficiais do [[Exército Líbio (1951–2011)|Exército Líbio]] contra [[Idris I da Líbia|Rei Idris I]] num [[Revolução de 1 de Setembro|golpe de Estado sem derramamento de sangue]]. Depois que o rei fugiu do país, o [[Conselho do Comando Revolucionário da Líbia|Conselho do Comando Revolucionário]] (CCR), liderado por Gaddafi, aboliu a [[Reino da Líbia|monarquia]] e a antiga constituição e estabeleceu a '''República Árabe da Líbia''', com o lema "[[liberdade]], [[socialismo]] e unidade". <ref name="GlobalEdge2">{{Citar web|url=http://globaledge.msu.edu/countries/libya/history/|titulo=Libya: History|acessodata=14 Ago 2011|publicado=[[GlobalEDGE]] (via [[Michigan State University]])|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100620094302/http://globaledge.msu.edu/countries/libya/history/|arquivodata=20 Jun 2010|urlmorta=live}}</ref> O nome da Líbia foi mudado várias vezes durante o mandato de Gaddafi como líder. De 1969 a 1977, o nome foi '''República Árabe da Líbia'''. Em 1977, o nome foi mudado para '''Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia'''. <ref name="P.-M. Favre">{{Citar livro|título=Kadhafi : "je suis un opposant à l'échelon mondial"|ultimo=Kadhafi|primeiro=Mouammar|ultimo2=Barrada|primeiro2=Hamid|ultimo3=Kravetz|primeiro3=Marc|ultimo4=Whitaker|primeiro4=Mark|editora=P.-M. Favre|ano=1984|localização=Paris|língua=fr}}</ref> ''[[Jamairia|Jamahiriya]]'' foi um termo cunhado por Gaddafi, <ref name="P.-M. Favre" /> geralmente traduzido como “Estado das massas”. O país foi renomeado novamente em 1986 como '''Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia''', após o bombardeio dos Estados Unidos naquele ano.
|_noautocat = yes
|nome_oficial= <big>الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الإشتراكية العظمى</big><br><small>''Al-Jamāhīriyyah al-ʿArabiyyah al-Lībiyyah aš-Šaʿbiyyah al-Ištirākiyyah al-ʿUẓmā''</small>
|nome_completo= Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia
|nome_comum = Líbia
|continente = África
|region = Norte da África
|país = Líbia
|era = [[Guerra Fria]]<br />[[Guerra ao Terror]]
|forma_de_governo= "Estado das massas", oficialmente [[democracia direta]] <small>(de jure)</small><br />[[Ditadura]] <small>(de facto)</small>
|data_início= 2 de Março
|data_fim = 20 de Outubro
|ano_início = 1969
|ano_fim = 2011
|data_evento1 = 20 de Agosto de 2011
|evento_início = Revolução de 1 de Setembro
|evento1 = [[Segunda batalha de Trípoli|Queda de Trípoli]]
|evento_fim = [[Morte de Muammar al-Gaddafi|Morte de Gaddafi]]
|p1 = Reino da Líbia
|bandeira_p1 = Flag of Libya (1951-1969).svg
|s1 = Líbia
|bandeira_s1 = Flag of Libya.svg
|imagem_bandeira=Flag_of_Libya_(1977-2011).svg
|imagem_escudo =
|mapa = Libya (orthographic projection).svg
|image_map_caption =
|capital = [[Trípoli]] (1969–2011)<br />[[Sirte]] (2011)<ref>{{citar jornal|url=https://edition.cnn.com/2011/09/27/world/africa/libya-war/index.html|publicado=CNN|título=Anti-Gadhafi forces take over port in Sirte|data=27 de setembro de 2011}}</ref>
|latd= |latm= |latNS= |longd= |longm= |longEW =
|hino_nacional= [[Allahu Akbar (hino)|Allahu Akbar]]
|idioma = [[Língua árabe|Árabe]]
|religião = [[Islã]]
|moeda = [[Dinar líbio]]
|líder1 = [[Muammar Gaddafi]]
|ano_líder1 = 1969–2011
|título_líder = [[Lista de chefes de Estado da Líbia|Líder e Guia da Revolução]]
}}
{{História da Líbia}}
A '''[[História da Líbia]] sob [[Muammar Gaddafi]]''' atravessou um período de mais de quatro décadas de 1969 a 2011. Gaddafi se tornou o líder ''[[de facto]]'' do país em 1 de setembro de 1969 depois de liderar um grupo de jovens oficiais militares líbios contra o rei [[Idris I da Líbia|Idris I]] em um [[golpe de Estado]] sem derramamento de sangue.<ref>{{Citar periódico|data=1969-09-01|titulo=1969: Bloodless coup in Libya|url=http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/september/1/newsid_3911000/3911587.stm|jornal=BBC News|lingua=en-GB}}</ref> Depois que o rei havia fugido do país, o [[Conselho de Comando Revolucionário da Líbia]] (CCRL), dirigido por Gaddafi aboliu a monarquia e a antiga constituição e proclamou a '''República Árabe da Líbia''', com o lema "liberdade, socialismo e unidade".<ref name="GlobalEdge">{{citar web|url=http://globaledge.msu.edu/countries/libya/history/|título=Libya: History|publicado=[[GlobalEDGE]]|acessodata=14 de agosto de 2011|obra=[[Michigan State University]]}}</ref>


Depois de chegar ao poder, o governo do CCRL iniciou um processo de direcionar fundos para fornecer educação, saúde e habitação para todos. As reformas, embora não totalmente eficazes, tiveram o seu efeito. A educação pública no país é livre e a educação primária é obrigatória para os meninos e meninas. A assistência médica também tornou-se disponível ao público, sem qualquer custo.<ref>{{citar web|url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/339574/Libya/279574/Housing|título=Libya|obra=[[Encyclopædia Britannica]]|acessodata=14 de agosto de 2011}}</ref> Sob Gaddafi, a renda per capita no país subiu para mais de US$ 11 000, a quinta maior na África.<ref>{{citar web|url=http://www.nationmaster.com/graph/eco_afr_cou_by_gdp_per_cap_gdp_per_cap-african-countries-gdp-per-capita|título=African Countries by GDP Per Capita > GDP Per Capita (most recent) by Country|acessodata=24 de julho de 2011|publicado=[[NationMaster]]|arquivourl=http://web.archive.org/web/20110716042352/http://www.nationmaster.com/graph/eco_afr_cou_by_gdp_per_cap_gdp_per_cap-african-countries-gdp-per-capita|arquivodata=16-07-2011}}</ref> O aumento da prosperidade foi acompanhada por uma política estrangeira controversa, com o aumento da repressão política em casa.<ref name="GlobalEdge"/><ref>{{citar web|url=http://www-rohan.sdsu.edu/faculty/rwinslow/africa/libya.html|título=Comparative Criminology&nbsp;– Libya|acessodata=24 de julho de 2011|publicado=Crime and Society|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110807181001/http://www-rohan.sdsu.edu/faculty/rwinslow/africa/libya.html|arquivodata=2011-08-07|urlmorta=yes}}</ref>
Depois de chegar ao poder, o governo da CCR iniciou um processo de direcionamento de fundos para o fornecimento de educação, cuidados de saúde e habitação para todos. A educação pública no país tornou-se gratuita e o ensino primário obrigatório para ambos os sexos. Os cuidados médicos tornaram-se disponíveis ao público gratuitamente, mas fornecer alojamento para todos foi uma tarefa que o governo da CCR não conseguiu concluir. <ref>{{Citar enciclopédia|url=https://www.britannica.com/EBchecked/topic/339574/Libya/279574/Housing|titulo=Housing|acessodata=14 Ago 2011|enciclopédia=[[Encyclopædia Britannica]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111128052452/https://www.britannica.com/EBchecked/topic/339574/Libya/279574/Housing|arquivodata=28 Nov 2011|urlmorta=live}}</ref> Sob Gaddafi, o rendimento per capita no país aumentou para mais de 11.000 dólares, o quinto mais elevado de África. O aumento da prosperidade foi acompanhado por uma política externa controversa e pelo aumento da repressão política interna. <ref name="GlobalEdge3">{{Citar web|url=http://globaledge.msu.edu/countries/libya/history/|titulo=Libya: History|acessodata=14 Ago 2011|publicado=[[GlobalEDGE]] (via [[Michigan State University]])|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100620094302/http://globaledge.msu.edu/countries/libya/history/|arquivodata=20 Jun 2010|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar web|url=http://www-rohan.sdsu.edu/faculty/rwinslow/africa/libya.html|titulo=Comparative Criminology&nbsp;– Libya|acessodata=24 Jul 2011|publicado=Crime and Society|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110807181001/http://www-rohan.sdsu.edu/faculty/rwinslow/africa/libya.html|arquivodata=7 Ago 2011|urlmorta=dead}}</ref>


Durante as décadas de 1980 e 1990, Gaddafi, em aliança com o [[Bloco de Leste|Bloco Oriental]] e a [[Cuba]] de [[Fidel Castro]], apoiou abertamente movimentos rebeldes como o [[Congresso Nacional Africano]] de [[Nelson Mandela]], a [[Organização para a Libertação da Palestina]] de [[Yasser Arafat]], o [[Exército Republicano Irlandês Provisório]] e a [[Frente Polisário]]. O governo de Gaddafi era conhecido ou suspeito de participar ou ajudar em ataques dessas e de outras forças por procuração. Além disso, Gaddafi empreendeu várias invasões de estados vizinhos em África, nomeadamente o [[Conflito entre Chade e Líbia|Chade nas décadas de 1970 e 1980]]. Todas as suas ações levaram a uma deterioração das [[Relações Exteriores da Líbia sob Muammar Gaddafi|relações externas da Líbia]] com vários países, principalmente [[Mundo ocidental|estados ocidentais]], <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=VOw0DAAAQBAJ&pg=PA139|título=Libya in Western Foreign Policies, 1911–2011|ultimo=van Genugten|primeiro=Saskia|data=18 Maio 2016|editora=Springer|língua=en|isbn=9781137489500}}</ref> e culminaram no [[Operação El Dorado Canyon|bombardeio da Líbia pelos Estados Unidos em 1986]]. Gaddafi defendeu as ações do seu governo citando a necessidade de apoiar movimentos [[Anti-imperialismo|anti-imperialistas]] e [[Anticolonialismo|anticoloniais]] em todo o mundo. Notavelmente, Gaddafi apoiou movimentos [[Antissionismo|antissionistas]], [[Pan-arabismo|pan-árabes]], [[Pan-africanismo|pan-africanistas]], [[árabes]] e [[negros]] pelos[[direitos civis]]. O comportamento de Gaddafi, muitas vezes errático, levou alguns estrangeiros a concluir que ele não era mentalmente são, uma afirmação contestada pelas autoridades líbias e outros observadores próximos de Gaddafi. Apesar de receber extensa ajuda e assistência técnica da [[União Soviética]] e dos seus aliados, Gaddafi manteve laços estreitos com governos pró-americanos na [[Europa Ocidental]], em grande parte cortejando empresas petrolíferas ocidentais com promessas de acesso ao lucrativo sector energético líbio. Após os [[Ataques de 11 de setembro de 2001|ataques de 11 de setembro]], as relações tensas entre a Líbia e os países da [[Organização do Tratado do Atlântico Norte|OTAN]] foram em grande parte normalizadas e as sanções contra o país foram relaxadas, em troca do desarmamento nuclear.
O nome do país foi alterado várias vezes durante o governo Gaddafi. No início, o nome era República Árabe da Líbia. Em 1977, o nome foi alterado para '''Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia''', onde ''Jamahiriya'' é um termo cunhado por Gaddafi,<ref>{{citar livro|autor=Mouammar Kadhafi, Hamid Barrada, Marc Kravetz, Mark Whitaker|título=Kadhafi : "je suis un opposant à l'échelon mondial|publicado= P.-M. Favre|local= Paris|ano= 1984|página=104|língua=francês}}</ref> normalmente traduzido como "estado das massas". O país foi renomeado novamente em 1986 para '''Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia'''. Durante os anos 1980 e 1990, Gaddafi apoiou abertamente o [[terrorismo]] internacional,<ref>{{Citar web|titulo=Libya: Colonel Gaddafi supported terror around the world|url=https://www.mirror.co.uk/news/uk-news/libya-colonel-gaddafi-supported-terror-149208|obra=www.mirror.co.uk|data=2011-08-22|acessodata=19 de novembro de 2015|primeiro=Tom|ultimo=Parry|publicado=Mirror}}</ref> bem como movimentos de independência,{{Carece de fontes|data=julho de 2012}} incluindo, o [[Congresso Nacional Africano]] de [[Nelson Mandela]], a [[Organização de Libertação da Palestina]], o [[Exército Republicano Irlandês]] e a [[Frente Polisário]], o que levou a uma deterioração das relações exteriores da Líbia com diversos países e culminou com o [[Operação El Dorado Canyon|bombardeio dos EUA à Líbia]] em 1986. Após os [[ataques de 11 de setembro]], no entanto, as relações foram em sua maioria normalizadas.


No início de 2011, uma [[Guerra Civil Líbia (2011)|guerra civil eclodiu]] no contexto mais amplo da "[[Primavera Árabe]]". As forças anti-Gaddafi formaram um comitê chamado [[Conselho Nacional de Transição]] em 27 de fevereiro de 2011. Ele foi concebido para atuar como uma autoridade interina nas áreas controladas pelos rebeldes. Após uma série de atrocidades foram cometidas pelo governo,<ref>{{citar jornal| url=http://news.sky.com/home/article/15958004 |título=Evidence Of Massacre By Gaddafi Forces |obra=Sky News |data=23 de março de 2011 |acessodata=25 de outubro de 2011 |último =Crawford |primeiro =Alex}}</ref><ref>{{citar jornal| url=http://news.xinhuanet.com/english2010/world/2011-03/06/c_13764143.htm |título=Pro-Gaddafi tanks storm into Libya's Misurata: TV |obra=Xinhua |data=6 de março de 2011 |acessodata=25 de outubro de 2011}}</ref> com a ameaça de mais derramamento de sangue,<ref>{{citar jornal| url=http://www.nytimes.com/2011/02/23/world/africa/23libya.html?pagewanted=all |título=Qaddafi’s Grip on the Capital Tightens as Revolt Grows |obra=The New York Times |data=23 de fevereiro de 2011 |acessodata=25 de outubro de 2011 |primeiro1 =Kareem |último1 =Fahim |primeiro2 =David D. |último2 =Kirkpatrick}}</ref> uma [[Intervenção militar na Líbia em 2011|coalizão multinacional]] liderada pelas forças da [[OTAN]] interveio em 21 de março de 2011 com o objetivo declarado de proteger os civis contra os ataques das forças do governo.<ref>{{citar web|url=http://www.france24.com/en/20110228-libya-muammar-gaddafi-unrest-arab-africa-Trípoli|título=NATO Launches Offensive Against Gaddafi|publicado=[[France 24]]|acessodata=21 de abril de 2011}}{{Ligação inativa|data=maio de 2019 }}</ref> Ao mesmo tempo, o [[Tribunal Penal Internacional]] emitiu um mandado de prisão contra Gaddafi e sua comitiva em 27 de junho de 2011. Gaddafi foi deposto do poder na sequência da [[Segunda batalha de Trípoli|queda de Trípoli]] para as forças rebeldes em 20 de agosto de 2011, apesar de focos de resistência realizada por forças leais ao governo de Gaddafi estenderem-se por mais dois meses, especialmente na cidade natal de Gaddafi, [[Sirte]], que foi declarada a nova capital da Líbia, em 1 de setembro de 2011.<ref name="sirte">{{citar jornal| url=http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-14753645 |obra=BBC News |título=Libya crisis: Col Gaddafi vows to fight a 'long war' |data=1 de setembro de 2011}}</ref> A queda das cidades ainda sob controle pro-Gaddafi e [[Batalha de Sirte (2011)|captura de Sirte]], em 20 de outubro de 2011, seguido pela [[morte de Muammar al-Gaddafi|subsequente morte de Gaddafi]], marcou o fim da Jamahiriya Árabe da Líbia.
No início de 2011, eclodiu uma [[Guerra Civil Líbia (2011)|guerra civil]] no contexto da [[Primavera Árabe]] mais ampla. As [[Oposição Líbia|forças rebeldes anti-Gaddafi]] formaram um comitê denominado [[Conselho Nacional de Transição]] em Fevereiro de 2011, para atuar como [[Governo provisório|autoridade interina]] nas áreas controladas pelos rebeldes. Após assassinatos perpetrados pelas forças governamentais <ref>{{Citar jornal|ultimo=Crawford|primeiro=Alex|url=http://news.sky.com/home/article/15958004|titulo=Evidence of Massacre By Gaddafi Forces|data=23 Mar 2011|acessodata=25 Out 2011|publicado=Sky News|arquivourl=https://archive.today/20120719205020/http://news.sky.com/home/article/15958004|arquivodata=19 Jul 2012|urlmorta=dead}}</ref>, além dos perpetrados pelas forças rebeldes, <ref>{{Citar jornal|ultimo=McGreal|primeiro=Chris|url=https://www.theguardian.com/world/2011/mar/30/libyan-rebels-no-match-gaddafi|titulo=Undisciplined Libyan rebels no match for Gaddafi's forces|data=30 Mar 2011|acessodata=29 Abr 2017|website=The Guardian|lingua=en-GB|issn=0261-3077|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170923002747/https://www.theguardian.com/world/2011/mar/30/libyan-rebels-no-match-gaddafi|arquivodata=23 Set 2017|urlmorta=live}}</ref> uma [[Intervenção militar na Líbia em 2011|coligação multinacional]] liderada pelas forças da OTAN interveio em Março em apoio aos rebeldes. <ref>{{Citar jornal|url=https://www.washingtonpost.com/world/libya-vows-to-fight-any-foreign-troops-on-its-soil-rebuffs-eu-proposal/2011/04/19/AF7GP34D_story.html|titulo=Western nations step up efforts to aid Libyan rebels|acessodata=29 Abr 2017|website=The Washington Post|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170303221958/https://www.washingtonpost.com/world/libya-vows-to-fight-any-foreign-troops-on-its-soil-rebuffs-eu-proposal/2011/04/19/AF7GP34D_story.html|arquivodata=3 Mar 2017|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar jornal|url=https://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/americas-secret-plan-to-arm-libyas-rebels-2234227.html|titulo=America's secret plan to arm Libya's rebels|data=7 Mar 2011|acessodata=29 Abr 2017|website=The Independent|lingua=en-GB|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170904101241/http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/americas-secret-plan-to-arm-libyas-rebels-2234227.html|arquivodata=4 Set 2017|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar jornal|url=https://www.washingtonpost.com/world/france-sent-arms-to-libyan-rebels/2011/06/29/AGcBxkqH_story.html|titulo=France sent arms to Libyan rebels|acessodata=29 Abr 2017|website=The Washington Post|arquivourl=https://archive.today/20120918015154/http://www.washingtonpost.com/world/france-sent-arms-to-libyan-rebels/2011/06/29/AGcBxkqH_story.html|arquivodata=18 Set 2012|urlmorta=live}}</ref> O [[Tribunal Penal Internacional]] emitiu um mandado de prisão contra Gaddafi e sua comitiva em junho de 2011. O governo de Gaddafi foi derrubado após a [[Segunda batalha de Trípoli|queda de Trípoli]] nas mãos das forças rebeldes em agosto, embora bolsões de resistência mantidos por forças de apoio ao governo de Gaddafi tenham resistido por mais dois meses, especialmente na cidade natal de Gaddafi, [[Sirte]], que ele declarou a nova capital da Líbia em Setembro. <ref name="sirte2">{{Citar jornal|url=https://www.bbc.co.uk/news/world-africa-14753645|titulo=Libya crisis: Col Gaddafi vows to fight a 'long war'|data=1 Set 2011|acessodata=21 Jun 2018|publicado=BBC News|arquivourl=https://web.archive.org/web/20181013121126/https://www.bbc.co.uk/news/world-africa-14753645|arquivodata=13 Out 2018|urlmorta=live}}</ref> A [[Batalha de Sirte (2011)|queda dos últimos locais restantes em Sirte]] sob controlo pró-Gaddafi em 20 de outubro de 2011, seguida pelo subsequente [[Morte de Muammar al-Gaddafi|assassinato de Gaddafi]], marcou o fim da Jamahiriya Árabe da Líbia.


== Revolução de 1969 e ascensão de Gaddafi ==
== Golpe de Estado de 1969 ==
{{AP|Revolução de 1 de Setembro}}
{{Artigo principal|Revolução de 1 de Setembro}}{{História da Líbia}}
A descoberta de [[Reservas de petróleo|reservas petrolíferas]] significativas em 1959 e o subsequente rendimento das [[Economia da Líbia|vendas de petróleo]] permitiram ao [[Reino da Líbia]] passar de uma das nações mais pobres do mundo para um estado rico. Embora o petróleo tenha melhorado drasticamente as finanças do governo líbio, começou a aumentar o ressentimento devido à crescente concentração da riqueza da nação nas mãos do [[Idris I da Líbia|rei Idris]]. Este descontentamento aumentou com a ascensão do [[nasserismo]] e do [[Nacionalismo árabe|nacionalismo]]/[[Socialismo árabe|socialismo]] árabe em todo o [[Norte de África]] e no [[Médio Oriente]].
[[imagem:King Idris I of Libya August 15, 1965.jpg|thumb|esquerda|150px|O rei {{lknb|Idris|I|da Líbia}}]]
Na década de 1960, a [[Reino da Líbia|monarquia líbia]] enfrentava o surgimento de um forte descontentamento social, devido tanto à distribuição desigual dos recursos naturais do país como da difícil posição internacional da Líbia. Aliada dos [[Estados Unidos]] e do [[Reino Unido]], a Líbia sofreu com os demais países árabes com a humilhação na [[Guerra dos Seis Dias]] em 1967. Apesar de tentativas de reformas sociais e políticas durante a década, o regime monárquico se mostra incapaz de resolver o mal-estar da população e a esclerose da vida política.<ref name=Burgat56-58>[[#BUR03|François Burgat et André Laronde (2003)]], p.56-58</ref>


Em 1 de setembro de 1969, um grupo de cerca de 70 jovens oficiais do exército conhecido como [[Movimento dos Oficiais Livres]] e homens alistados, em sua maioria designados para o [[Transmissões|Corpo de Sinalização]], assumiu o controle do governo e, de uma só vez, aboliu a monarquia líbia. O golpe foi lançado em [[Bengasi]] e em duas horas a tomada do poder foi concluída. As unidades do exército rapidamente se reuniram em apoio ao golpe e, em poucos dias, estabeleceram firmemente o controle militar em [[Trípoli]] e em todo o país. A recepção popular do golpe, especialmente por parte dos jovens nas áreas urbanas, foi entusiástica. Os receios de resistência na [[Cirenaica]] e em [[Fezã]] revelaram-se infundados. Nenhuma morte ou incidente violento relacionado ao golpe foi relatado. <ref>BBC News: [http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/september/1/newsid_3911000/3911587.stm 1969: Bloodless coup in Libya] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20110720121138/http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/september/1/newsid_3911000/3911587.stm|date=20 July 2011}}</ref>
Em 1 de setembro de 1969, o rei {{lknb|Idris|I|da Líbia}}, então em tratamento no exterior, é deposto em um golpe conduzido quase sem derramamento de sangue. Os conspiradores, que se autodenominam "Oficiais Unionistas Livres" e reivindicando fortemente o [[nasserismo]], estavam em contato com os serviços secretos egípcios que lhes revelou que o rei planejava, em 2 de setembro, abdicar em favor de seu sobrinho, o príncipe [[Hasan as-Senussi]].<ref>Nicholas Hagger, ''The Libyan Revolution: Its Origins and Legacy a Memoir and Assessment'', O Books, 2009, pages 54-55</ref> O líder da conjuração era um jovem capitão (rebaixado, por razões disciplinares, a tenente), na época com 27 anos de idade, Muammar Gaddafi.
Assumindo a liderança do [[Conselho do Comando Revolucionário da Líbia|Conselho do Comando Revolucionário]], um órgão composto por doze dirigentes dos Oficiais Unionistas Livres, Gaddafi se encarregou de ler na rádio no dia do golpe a proclamação dos conjurados: ele anunciou que o "exército heroico", atendendo às demandas do povo, depôs o antigo regime "reacionário", "atrasado" e "decadente".<ref name=Burgat59-60>[[#BUR03|François Burgat et André Laronde (2003)]], p.59-60</ref> A "Revolução de 1 de Setembro" mais tarde foi chamada de "Revolução Fateh", um termo retirado do [[Corão]] cujo significado é «que abre» ou «que conquista».<ref>{{harvsp|Najjar|2011|p=37}}</ref>


O Movimento dos Oficiais Livres, que reivindicou o crédito pela execução do golpe, foi liderado por uma direção de doze membros que se autodenominava Conselho do Comando Revolucionário (CCR). Este órgão constituiu o governo líbio após o golpe. Na sua proclamação inicial de 1 de Setembro, <ref>[https://docs.google.com/fileview?id=0B7-KFQOKhAl1ZjAxNzkwMWItMGJhMS00NTg1LTk4NjgtOTRhZmIzYmQ4ZTI0&hl=en "First Decree of the revolution"]. (1 September 1969) at [http://emerglobal.com/lex EMERglobal Lex] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120319134440/http://www.emerglobal.com/lex/law-1958-162|date=19 March 2012}} for the Edinburgh Middle East Report. Retrieved 31 March 2010.</ref> a CCR declarou o país como um Estado livre e soberano denominado '''República Árabe da Líbia''', que prosseguiria "no caminho da liberdade, unidade e justiça social, garantindo o direito à igualdade aos seus cidadãos, e abrindo diante deles as portas do trabalho honroso." O domínio dos turcos e italianos e o governo "reacionário" recém derrubado foram caracterizados como pertencentes à "era das trevas", a partir da qual o povo líbio foi chamado a avançar como "irmãos livres" para uma nova era de prosperidade, igualdade e honra. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/160277 |título=The Jamahiriya Experiment in Libya: Qadhafi and Rousseau |data=1980 |acessodata=2024-02-05 |periódico=The Journal of Modern African Studies |número=2 |ultimo=Hajjar |primeiro=Sami G. |paginas=181–200 |issn=0022-278X}}</ref>
Em 8 de setembro, o nome de Gaddafi é revelado publicamente quando este seria nomeado para o posto de coronel e proclamado chefe das forças armadas. Como, portanto, não foram claramente identificados tanto o líder da revolução como o novo chefe do regime, a lista de membros do Conselho do Comando Revolucionário foi conhecida pelo público apenas quatro meses depois da tomada de poder. O Conselho de Comando Revolucionário atuou como o verdadeiro governo do país (o Conselho de Ministros em título, nomeado pelo Conselho de Comando Revolucionário, sendo apenas uma agência de execução): seu funcionamento regular, no entanto, nunca foi estabelecido.<ref>Geoffrey Leslie Simons, ''Libya: the struggle for survival'', Palgrave MacMillan, 1993, pages 176-180</ref><ref name=Burgat59-60/>


O CCR informou aos representantes diplomáticos na Líbia que as mudanças revolucionárias não tinham sido dirigidas de fora do país, que os tratados e acordos existentes permaneceriam em vigor e que as vidas e propriedades estrangeiras seriam protegidas. O reconhecimento diplomático do novo governo veio rapidamente de países de todo o mundo. O reconhecimento dos [[Estados Unidos]] foi oficialmente prorrogado em 6 de setembro. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/4186602 |título=Libya's Foreign Policy under Qaddafi |data=1989 |acessodata=2024-02-05 |periódico=Africa Today |número=3/4 |ultimo=El-Khawas |primeiro=Mohamed A. |editor-sobrenome=St John |editor-nome=Ronald Bruce |paginas=121–123 |issn=0001-9887}}</ref>
[[Imagem:Nasser Gaddafi 1969.jpg|thumb|Gaddafi (esquerda) com o presidente egípcio [[Gamal Abdel Nasser]] em 1969]]


=== Pós-golpe ===
Em 11 de dezembro, uma "proclamação constitucional", "destinada a fornecer a base para a organização do Estado durante a fase de conclusão da revolução nacional e democrática" para redigir uma constituição permanente, é publicada. A República Árabe Líbia é colocada imediatamente numa perspectiva [[pan-arabismo|pan-árabe]], o artigo 1 proclama: «A Líbia é uma república árabe, democrática e livre, na qual a soberania pertence ao povo. O povo líbio é uma parte da nação árabe. Seu objetivo é a unidade árabe total». O artigo 6 clarifica: «O objetivo do Estado é a realização do [[socialismo]] através da aplicação da justiça social, que proíbe todas as formas de exploração».<ref>[http://mjp.univ-perp.fr/constit/ly1969.htm Proclamation constitutionnelle de 1969], site de l'université de Perpignan</ref>
[[Ficheiro:Nasser_Gaddafi_1969.jpg|miniaturadaimagem|Gaddafi (à esquerda) com o presidente egípcio [[Gamal Abdel Nasser]] em 1969]]
Tendo em conta a falta de resistência interna, parecia que o principal perigo para o novo governo residia na possibilidade de uma reação inspirada pelo ausente rei Idris ou pelo seu herdeiro designado, o príncipe herdeiro [[Haçane Senussi|Haçane]], que tinha sido levado sob custódia na altura do golpe, juntamente com outros altos funcionários civis e militares do governo real. No entanto, poucos dias após o golpe, Hasan renunciou publicamente a todos os direitos ao trono, declarou o seu apoio ao novo governo e apelou ao povo para o aceitar sem violência. <ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/24701340 |título=To the Shores of Tripoli: America, Qaddafi, and Libyan Revolution 1969–89 |data=2013 |acessodata=2024-02-05 |periódico=The International History Review |número=1 |ultimo=Little |primeiro=Douglas |paginas=70–99 |issn=0707-5332}}</ref>


Idris, numa troca de mensagens com o CCR através do presidente do Egito, [[Gamal Abdel Nasser|Nasser]], dissociou-se das supostas tentativas de garantir a intervenção britânica e negou qualquer intenção de regressar à Líbia. Em troca, o CCR lhe garantiu a segurança de sua família ainda no país. A seu pedido e com a aprovação de Nasser, Idris fixou residência mais uma vez no Egito, onde passou o seu primeiro exílio e onde permaneceu até à sua morte em 1983. <ref name=":1" />
== República Árabe da Líbia (1969–1977) {{anchor|República Árabe da Líbia}} ==


Em 7 de setembro de 1969, a CCR anunciou que havia nomeado um gabinete para conduzir o governo da nova república. Um técnico educado nos Estados Unidos, [[Mahmud Suleiman Magrebi|Mahmud Suleiman Maghribi]], que estava preso desde 1967 por suas atividades políticas, foi designado primeiro-ministro. Ele presidiu o Conselho de Ministros de oito membros, dos quais seis, como Maghribi, eram civis e dois – '''Adam Said Hawwaz''' e '''Musa Ahmad''' – eram oficiais militares. Nenhum dos oficiais era membro do CCR. <ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/24357744 |título=Muammar al-Qaddafi: The "King" of Libya |data=2001 |acessodata=2024-02-05 |periódico=Journal of International Affairs |número=2 |ultimo=Anderson |primeiro=Lisa |paginas=515–517 |issn=0022-197X}}</ref>
=== Tentativa de contra-golpes ===
Após a formação da República Árabe da Líbia, Gaddafi e seus colaboradores insistiram que seu governo não descansaria sobre a liderança individual, mas sim sobre a decisão colegiada tomada. No entanto, logo ficou claro que Gaddafi atuava como ditador ''de facto'', com a o CCR agindo como sendo pouco mais que seu carimbo.<ref name="countrystudies">{{Citar web |url=http://countrystudies.us/libya/29.htm |titulo=Libya - Qadhafi |acessodata=2021-02-15 |website=countrystudies.us}}</ref>


O Conselho de Ministros foi instruído a "implementar a política geral do Estado tal como elaborada pela CCR", não deixando dúvidas sobre onde residia a autoridade final. No dia seguinte, o CCR decidiu promover o capitão Gaddafi a coronel e nomeá-lo comandante-em-chefe das Forças Armadas da Líbia. Embora os porta-vozes do CCR tenham recusado até Janeiro de 1970 revelar quaisquer outros nomes de membros do CCR, tornou-se evidente a partir dessa data que o chefe do CCR e o novo chefe de Estado ''de facto'' era Gaddafi. <ref name=":2" />
A primeira grande mudança do gabinete ocorreu logo após o primeiro desafio para o governo. Em dezembro de 1969, Adam Said Hawwaz, o ministro da Defesa, e Musa Ahmad, o ministro do interior, foram presos e acusados de planejar um golpe. O novo gabinete formado após a crise, Gaddafi, mantendo seu cargo de presidente do CCR, também se tornou primeiro-ministro e ministro da Defesa.<ref name=countrystudies/> O Major [[Abdel Salam Jallud]], considerado geralmente como o segundo depois de Gaddafi no CCR, tornou-se vice-primeiro-ministro e ministro do interior.<ref name=countrystudies/> Este gabinete totalizou treze membros, dos quais cinco eram oficiais do CCR.<ref name=countrystudies/> O governo foi desafiado pela segunda vez em julho de 1970, quando Abdullah Abid Sanusi e [[Ahmed al-Senussi]], primos distantes do antigo rei Idris, e membros de Sayf do clã Nasr da [[Fazânia]] foram acusados de conspirar para tomar o poder para si próprios.<ref name=countrystudies/> Após a conspiração ser frustrada, uma mudança substancial ocorreu no gabinete, com os oficiais da CCR pela primeira vez, formando uma maioria entre os novos ministros.<ref name=countrystudies/>

Os analistas foram rápidos a apontar as semelhanças impressionantes entre o golpe militar na Líbia de 1969 e o do Egito sob Nasser em 1952, e tornou-se claro que a experiência egípcia e a figura carismática de Nasser formaram o modelo para o Movimento dos Oficiais Livres. À medida que a CCR, nos últimos meses de 1969, se movia vigorosamente para instituir reformas internas, proclamou a neutralidade no confronto entre as superpotências e a oposição a todas as formas de colonialismo e imperialismo. Também deixou clara a dedicação da Líbia à unidade árabe e ao apoio à causa palestiniana contra Israel. <ref name=":2" />

O CCR reafirmou a identidade do país como parte da "nação árabe" e a sua religião estatal como o [[Islão|Islã]]. Aboliu as instituições parlamentares, sendo todas as funções legislativas assumidas pela CCR, e deu continuidade à proibição dos partidos políticos, em vigor desde 1952. O novo governo rejeitou categoricamente o comunismo – em grande parte porque era [[Ateísmo|ateu]] – e adoptou oficialmente uma interpretação árabe do socialismo que integrava os princípios islâmicos com reformas sociais, económicas e políticas. A Líbia mudou, praticamente da noite para o dia, do campo dos estados tradicionalistas árabes conservadores para o dos estados nacionalistas radicais. <ref name=":2" />

== República Árabe da Líbia (1969–1977) ==
{{Info/Estado extinto|nome_completo=República Árabe da Líbia|nome_oficial={{nobold|الجمهورية العربية الليبية ([[Língua árabe|Árabe]])<br />{{nowrap|{{small|Al-Jumhūrīyah Al-ʿArabiyyah Al-Lībiyyah}}}}}}|ano_início=1969|ano_fim=1977|mapa=Libya (orthographic projection).svg|legenda_mapa=Localização da República Árabe da Líbia|p1=Reino da Líbia|bandeira_p1=Flag of Libya.svg|s1=#Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia (1977–2011)|bandeira_s1=Flag of Libya (1977–2011).svg|moeda=[[Dinar líbio]]|dados_ano1=1977|dados_população1=2,681,900|capital=[[Trípoli]]|era=[[Guerra Fria Árabe]]|língua_não_oficial=[[Línguas berberes|Berbere]]<br>[[Língua italiana|Italiano]]|idioma=[[Língua árabe|Árabe]]|data_início=1 de setembro|evento_início=[[Revolução de 1 de Setembro|Golpe de Estado]]|data_fim=2 de março|evento_fim=[[Declaração sobre o Estabelecimento da Autoridade do Povo|Estabelecimento da Jamahiriya]]|imagem_bandeira=Flag of Libya (1972–1977).svg|imagem_escudo=Coat of arms of Libya (1972–1977).svg|bandeira=Bandeira da Líbia|bandeira_tipo=Bandeira<br>(1972–1977)|símbolo=Brasão de armas da Líbia|símbolo_tipo=Brasão<br>(1972–1977)|hino_nacional={{lang|ar|والله زمان يا سلاحي}}<br />''[[Walla Zaman Ya Selahy]]''<br />{{small|("Já Faz Muito Tempo, Oh Minha Arma!")}}<hr>{{lang|ar|الله أكبر}}<br />''[[Allahu Akbar]]''<br />{{small|("Deus é o Maior")}}|título_líder=[[Conselho do Comando Revolucionário da Líbia|Presidente do Conselho do Comando Revolucionário]]|líder1=[[Muammar Gaddafi]]|ano_líder1=1969–1977|vice1=[[Mahmud Suleiman Maghribi]]|título_vice=[[Lista de chefes de governo da Líbia|Primeiro-ministro]]|ano_vice1=1969–1970 <small>(primeiro)</small>|vice2=[[Abdessalam Jalloud]]|ano_vice2=1972–1977 <small>(último)</small>|forma_de_governo=[[República]] [[Estado unitário|unitária]] [[Socialismo árabe|socialista árabe]] [[Nasserismo|nasserista]] de [[Unipartidarismo|partido único]]{{ref label|a|a}} sob uma [[Ditadura militar|ditadura militar]]|notas={{Note|a}} A [[União Socialista Árabe (Líbia)|União Socialista Árabe]] foi estabelecida como o único partido legal em 1971, como sucessora do [[Movimento dos Oficiais Livres]].}}

=== Tentativas de contra-golpe ===
Após a formação da '''República Árabe Líbia''', Gaddafi e os seus associados insistiram que o seu governo não se basearia na liderança individual, mas sim na tomada de decisões colegiais.

A primeira grande mudança de gabinete ocorreu logo após o primeiro desafio ao governo. Em dezembro de 1969, Adam Said Hawwaz, o ministro da defesa, e Musa Ahmad, o ministro do interior, foram presos e acusados de planejar [[Tentativa de golpe de estado na Líbia em 1969|um golpe]]. No novo gabinete formado após a crise, Gaddafi, mantendo o cargo de presidente do CCR, tornou-se também primeiro-ministro e ministro da Defesa. <ref name="countrystudies2">{{Citar web|url=http://countrystudies.us/libya/29.htm|titulo=Libya - Qadhafi|acessodata=16 Maio 2016|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160405132239/http://countrystudies.us/libya/29.htm|arquivodata=5 Abr 2016|urlmorta=live}}</ref>

O major [[Abdessalam Jalloud]], geralmente considerado atrás apenas de Gaddafi no CCR, tornou-se vice-primeiro-ministro e ministro do Interior. <ref name="countrystudies3">{{Citar web|url=http://countrystudies.us/libya/29.htm|titulo=Libya - Qadhafi|acessodata=16 Maio 2016|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160405132239/http://countrystudies.us/libya/29.htm|arquivodata=5 Abr 2016|urlmorta=live}}</ref> Este gabinete totalizava treze membros, dos quais cinco eram oficiais do CCR. <ref name="countrystudies3" /> O governo foi desafiado pela segunda vez em julho de 1970, quando Abdullah Abid Sanusi e [[Ahmed al-Senussi]], primos distantes do ex-rei Idris, e membros do clã Sayf an Nasr de Fezzan foram acusados de conspirar para tomar o poder para si próprios. <ref name="countrystudies3" /> Depois que a conspiração foi frustrada, ocorreu uma mudança substancial no gabinete, com os oficiais do CCR formando pela primeira vez a maioria entre os novos ministros. <ref name="countrystudies3" />


=== Afirmação do controle de Gaddafi ===
=== Afirmação do controle de Gaddafi ===
Desde o início, os porta-vozes do CCR haviam indicado uma séria intenção de trazer o "regime extinto" à prestação de contas. Entre 1971 e 1972, mais de 200 oficiais, incluindo sete primeiros-ministros e vários ministros de gabinete do governo anterior, bem como o antigo Rei Idris e membros da família real, foram levados a julgamento sob a acusação de traição e corrupção no [[Tribunal Popular Líbio]]. Muitos, que como Idris viviam no exílio, foram julgados à revelia. Embora uma grande percentagem dos acusados foram absolvidos, sentenças de até 15 anos de prisão e multas pesadas foram impostas a outros. Cinco sentenças de morte, todos menos a um deles na sua ausência, foram pronunciadas, entre eles, uma contra Idris. [[Fatima el-Sharif|Fátima]], a antiga rainha, e Hasan ar Rida foram condenados a cinco e três anos de prisão, respectivamente.
Desde o início, os porta-vozes do CCR indicaram uma intenção séria de responsabilizar o “regime extinto”. Em 1971 e 1972, mais de 200 antigos funcionários do governo (incluindo sete primeiros-ministros e numerosos ministros), bem como o antigo rei Idris e membros da família real, foram levados ao [[Tribunal Popular da Líbia]] para serem julgados sob a acusação de traição e corrupção. <ref name=":3">Vandewalle, Dirk (2008), "Libya's Revolution in Perspective: 1969–2000", ''Libya Since 1969: Qadhafi's Revolution Revisited'', Palgrave Macmillan, pp. 9–53, ISBN 978-0-230-33750-3.</ref>


Muitos, que viviam no exílio (incluindo Idris), foram [[In absentia|julgados ''à revelia'']]. Embora uma grande percentagem dos acusados tenha sido absolvida, foram impostas a outros penas de até quinze anos de prisão e pesadas multas. Cinco sentenças de morte, todas menos uma delas ''à revelia'', foram pronunciadas; entre eles, um contra Idris. A ex-rainha [[Fátima Xarife|Fátima]] e o ex-príncipe herdeiro [[Haçane Senussi|Haçane]] foram condenados a cinco e três anos de prisão, respectivamente. <ref name=":3" />
Enquanto isso, Gaddafi e o CCR haviam dissolvido a [[Senussi|ordem Sanussi]] e oficialmente rebaixou seu papel histórico no alcançar da independência da Líbia. Eles também atacaram as diferenças regionais e tribais como obstáculos ao caminho do progresso social e da unidade árabe, demitindo os líderes tradicionais e desenhando as fronteiras administrativas entre [[Tribos da Líbia|grupos tribais]].


Entretanto, Gaddafi e o CCR dissolveram a [[Senussi|Ordem Senussi]] e rebaixaram oficialmente o seu papel histórico na conquista da independência da Líbia. Ele também declarou que as questões regionais e tribais eram "obstruções" no caminho do avanço social e da unidade árabe, demitindo os líderes tradicionais e traçando fronteiras administrativas entre os [[Demografia da Líbia|grupos tribais]]. <ref name=":3" />
[[Imagem:Sadat Qaddafi Assad 1971.jpg|thumb|esquerda|[[Anwar Sadat]], [[Muammar Gaddafi]] e [[Hafez al-Assad]] durante a assinatura do acordo de federação dos três países em 1971]]


O Movimento dos Oficiais Livres foi renomeado "[[União Socialista Árabe (Líbia)|União Socialista Árabe]]" (USA) em 1971, após o Egito modelar a [[União Socialista Árabe (Egito)|União Socialista Árabe]], e tornou-o [[partido único|único partido legal]] na Líbia de Gaddafi. O partido agiu como um "veículo de expressão nacional", pretendendo "elevar a consciência política dos líbios" e "ajudar o CCR na formulação de políticas públicas através de debates em fóruns abertos".<ref>[http://countrystudies.us/libya/29.htm]</ref> Os sindicatos foram incorporados à USA e greves foram postas na ilegalidade. A imprensa, já sujeita a censura, foi oficialmente recrutada em 1972 como um "agente da revolução". Os italianos e o que restou da [[judeus|comunidade judaica]] foram expulsos do país e seus bens confiscados em outubro de 1970.
O Movimento dos Oficiais Livres foi renomeado como "[[União Socialista Árabe (Líbia)|União Socialista Árabe]]" (ASU) em 1971 (modelado após a [[União Socialista Árabe (Egito)|União Socialista Árabe]] do Egito), ao mesmo tempo que se tornou o [[Unipartidarismo|único partido legal]] na Líbia de Gaddafi. Agiu como um “veículo de expressão nacional”, pretendendo “elevar a consciência política dos líbios” e “ajudar o CCR na formulação de políticas públicas através do debate em fóruns abertos”. <ref>{{Citar web|url=http://countrystudies.us/libya/29.htm|titulo=Libya – Qadhafi|data=11 June 1970|acessodata=15 September 2013|publicado=Countrystudies.us|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160405132239/http://countrystudies.us/libya/29.htm|arquivodata=5 April 2016|urlmorta=live}}</ref> Os sindicatos foram incorporados à ASU e as greves foram proibidas. A imprensa, já sujeita à censura, foi oficialmente recrutada em 1972 como agente da revolução. Os italianos (e o que restou da comunidade judaica) foram [[Expulsão de italianos da Líbia em 1970|expulsos]] do país e os seus bens confiscados em Outubro de 1970. <ref name=":3" />


Em 1972, a Líbia entrou para a [[Federação das Repúblicas Árabes]] com o Egito e a [[Síria]], mas a união pan-árabe dos estados prevista nunca teve o sucesso pretendido, e foi, efetivamente, inativada depois de 1973.
Em 1972, a Líbia juntou-se à [[Federação das Repúblicas Árabes]] com o [[Egito]] e a [[Síria]]; a união anteriormente pretendida de estados pan-árabes, que nunca se concretizou, ficou efetivamente adormecida depois de 1973. <ref name=":3" />


Com o passar dos meses, Gaddafi, apanhado em suas visões apocalípticas revolucionárias do pan-arabismo e do Islã bloqueou-se em uma luta mortal com o que ele chamava de "cerco pelas forças demoníacas reacionárias", o [[imperialismo]], o [[sionismo]] e, passou cada vez mais a dedicar sua atenção ao internacional em vez dos assuntos internos. Como resultado, as tarefas administrativas rotineiras cairam nas mãos do Major Jallud, que em 1972 se tornou primeiro-ministro no lugar de Gaddafi. Dois anos mais tarde, Jallud assumiu as funções administrativas restantes e obrigações de protocolo para permitir que Gaddafi dedicasse seu tempo à teorização revolucionária. Gaddafi permaneceu como comandante em chefe das forças armadas e como efetivo chefe de Estado. A imprensa estrangeira especulou sobre um eclipse de sua autoridade e personalidade dentro do CCR, porém Gaddafi logo dissipou tais teorias por suas medidas de reestruturação da sociedade líbia.
Com o passar dos meses, Gaddafi, apanhado nas suas visões [[Apocaliticismo|apocalípticas]] do [[pan-arabismo]] revolucionário e do Islão (ambos envolvidos numa luta mortal com o que ele chamou de "forças demoníacas e envolventes da reacção, do imperialismo e do sionismo"), dedicou cada vez mais atenção à política internacional. em vez de assuntos internos. Como resultado, as tarefas administrativas de rotina recaíram sobre o major Jallud, que se tornou primeiro-ministro no lugar de Gaddafi, em 1972. Dois anos depois, Jallud assumiu as funções administrativas e protocolares restantes de Gaddafi para permitir que Gaddafi dedicasse seu tempo à teorização revolucionária. Gaddafi permaneceu comandante-chefe das forças armadas e chefe de Estado efetivo. A imprensa estrangeira especulou sobre um eclipse da sua autoridade e personalidade dentro do CCR, mas Gaddafi rapidamente dissipou tais teorias através das suas medidas para reestruturar a sociedade líbia. <ref name=":3" />


=== Alinhamento com o bloco soviético ===
=== Alinhamento com o bloco soviético ===
Depois do golpe de setembro, forças dos EUA prosseguiram deliberadamente com a retirada planejada da [[Base Aérea de Wheelus]] nos termos do acordo feito com o governo anterior. O último contingente americano retornou a unidade aos líbios em 11 de junho de 1970, data posteriormente celebrada na Líbia como um feriado nacional. Como as relações com os EUA sofrendo uma deterioração progressiva, Gaddafi estreitou relações com a [[União Soviética]] e outros países da [[Europa Oriental]], ao mesmo tempo que mantinha a posição da Líbia como um país não-alinhado e opondo-se a expansão do comunismo no [[mundo árabe]]. O exército da Líbia - aumentou acentuadamente a força de {{fmtn|6000}} homens pré-revolucionário que havia sido treinados e equipados pelos britânicos - foi armado com armamento e mísseis de fabricação soviética.
Após o golpe de Setembro, as forças dos EUA procederam deliberadamente à retirada planeada da Base Aérea de Wheelus ao abrigo do acordo feito com o governo anterior. O ministro das Relações Exteriores, [[Salah Busir]], desempenhou um papel importante na negociação da retirada militar britânica e americana da nova república. O último contingente americano entregou as instalações aos líbios em 11 de junho de 1970, data posteriormente celebrada na Líbia como feriado nacional. Em 27 de março de 1970, a base aérea britânica de El Adem e a base naval de Tobruk foram abandonadas. <ref>{{Citar livro|título=Наука. Главная редакция восточной литературы|ultimo=Naumkin|primeiro=Vitaly|ano=1987|língua=ru|isbn=5-02-016714-2|autorlink=Vitaly Naumkin}}</ref>


À medida que as relações com os EUA se deterioravam constantemente, Gaddafi estabeleceu laços estreitos com a [[União Soviética]] e outros países do [[Bloco de Leste|Bloco Oriental]], mantendo ao mesmo tempo a posição da Líbia como um país não alinhado e opondo-se à propagação do comunismo no mundo árabe. O exército da Líbia – consideravelmente aumentado em relação à força pré-revolucionária de 6.000 homens que tinha sido treinada e equipada pelos britânicos – estava armado com blindados e mísseis de construção soviética.
=== Políticas petrolíferas ===
A base econômica para a revolução líbia foram os rendimentos do [[petróleo]]. No entanto, as reservas de petróleo da Líbia eram pequenas comparadas com as de outros estados árabes grandes produtores de petróleo. O petróleo foi visto tanto como um meio de financiar o desenvolvimento econômico e social de um país subdesenvolvido como uma arma política para brandir na luta árabe contra [[Israel]].


=== Política do petróleo ===
O aumento da produção que se seguiu à revolução de 1969 foi acompanhado por exigências líbias para preços mais elevados do petróleo, maior quota dos rendimentos, e mais controle sobre o desenvolvimento da indústria petrolífera do país. As companhias petrolíferas estrangeiras concordaram com um aumento do preço de mais de três vezes do preço corrente (de US$ 0,90 to US$ 3,45 por barril) no início de 1971. Em dezembro, o governo líbio de repente nacionalizou as explorações da [[British Petroleum]] na Líbia e retirou fundos que ascendem a aproximadamente US$ 550 milhões investidos em bancos britânicos, como resultado de uma disputa na política externa. A British Petroleum rejeitou como uma oferta inadequada da Líbia de compensação, e o Tesouro britânico proibiu a Líbia de participação na área de libras esterlinas. Em 1973, o governo líbio anunciou a nacionalização de uma participação majoritária em todas as empresas petrolíferas que operam no país. Esta etapa deu a Líbia controle de cerca de 60 por cento de sua produção doméstica de petróleo no início de 1974, um número que posteriormente subiu para 70 por cento. A nacionalização total estava fora de questão, dada a necessidade de especialistas estrangeiros e recursos na exploração, produção e distribuição de petróleo.
A base econômica para a revolução da Líbia tem sido as receitas do petróleo. Contudo, as reservas petrolíferas da Líbia eram pequenas em comparação com as de outros grandes estados árabes produtores de petróleo. Como consequência, a Líbia estava mais disposta a racionar a produção a fim de conservar a sua riqueza natural e menos receptiva à moderação das suas exigências de aumento de preços do que os outros países. O petróleo era visto tanto como um meio de financiar o desenvolvimento económico e social de um país lamentavelmente subdesenvolvido como como uma arma política a brandir na luta árabe contra Israel. <ref name=":4">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/159126 |título=Libya: An Analysis of the Oil Economy |data=1969 |acessodata=2024-02-05 |periódico=The Journal of Modern African Studies |número=2 |ultimo=Heitmann |primeiro=George |paginas=249–263 |issn=0022-278X}}</ref>


O aumento da produção que se seguiu à revolução de 1969 foi acompanhado pelas exigências da Líbia por preços mais elevados do petróleo, uma maior participação nas receitas e mais controlo sobre o desenvolvimento da indústria petrolífera do país. As empresas petrolíferas estrangeiras concordaram com um aumento de preços de mais de três vezes a taxa actual (de 0,90 dólares para 3,45 dólares por barril) no início de 1971. Em Dezembro, o governo líbio nacionalizou subitamente as participações da [[BP|British Petroleum]] na Líbia e retirou fundos no valor de aproximadamente 550 milhões de dólares investidos em bancos britânicos como resultado de uma disputa de política externa. A British Petroleum rejeitou como inadequada uma oferta de compensação da Líbia, e o tesouro britânico proibiu a Líbia de participar na [[Área Esterlina|Área da Libra Esterlina]]. <ref name=":4" />
Insistindo no uso contínuo do petróleo como alavanca contra Israel e seus aliados no Ocidente, a Líbia pressionou fortemente a [[Organização dos Países Exportadores de Petróleo]] (Opep) [[Crise do petróleo|a agir em 1973]], e a militância da Líbia foi parcialmente responsável pelas medidas da OPEP para aumentar os preços do petróleo, impor embargos, e ganhar o controle da produção. Em 19 de outubro de 1973, a Líbia foi o primeiro país árabe a emitir um embargo de petróleo contra os Estados Unidos depois que o [[presidente dos EUA]], [[Richard Nixon]] anunciou que os EUA abasteceriam Israel com um programa de ajuda militar de 2,2 bilhões dólares durante a [[Guerra do Yom Kippur]].<ref name="gaddafiem">{{Citar web |ultimo=Department Of State. The Office of Electronic Information |primeiro=Bureau of Public Affairs |url=https://2001-2009.state.gov/r/pa/prs/ps/2008/sept/109054.htm |titulo=Significant Events in U.S.-Libyan Relations |data=2008-09-02 |acessodata=2021-02-15 |website=2001-2009.state.gov |lingua=en}}</ref> A [[Arábia Saudita]] e outros países árabes produtores de petróleo da OPEP iriam seguir o pacote no dia seguinte.<ref name=gaddafiem /> Enquanto as outras nações árabes levantaram seus embargos de petróleo em 18 de março de 1974,<ref name=gaddafiem /> o regime de Gaddafi se recusou a fazê-lo.<ref>[http://www.joliet.lib.il.us/digitization%20projects/The%201970s/Gas%20Lines.htm{{Ligação inativa|data=maio de 2019 }} joliet.lib.il.us]</ref> Como consequência de tais políticas, a produção de petróleo da Líbia caiu pela metade entre 1970 e 1974, enquanto os rendimentos das exportações de petróleo mais do que quadruplicou. A produção continuou a cair, recuando para seu ponto mais baixo de onze anos, em 1975, num momento em que o governo estava se preparando para investir grandes quantidades dos lucros do petróleo em outros setores da economia. Depois disso, a produção estabilizou em cerca de dois milhões de barris por dia. Os rendimentos de produção, portanto, diminuíram mais uma vez no início de 1980 por causa do alto preço do petróleo líbio e porque a [[Recessão do início dos anos 1980|recessão no mundo industrializado]] reduziu a demanda por petróleo de todas as fontes.


Em 1973, o governo líbio anunciou a nacionalização do controle acionário de todas as outras empresas petrolíferas que operam no país. Este passo deu à Líbia o controlo de cerca de 60 por cento da sua produção interna de petróleo no início de 1974, um número que posteriormente subiu para 70 por cento. A nacionalização total estava fora de questão, dada a necessidade de conhecimentos e fundos estrangeiros na exploração, produção e distribuição de petróleo. <ref name=":4" />
O Plano Quinquenal de Transformação Econômico e Social da Líbia {{nwrap||1976|1980}}, anunciado em 1975, foi programado para bombear US$ 20 bilhões para o desenvolvimento de uma vasta gama de atividades econômicas que continuariam a proporcionar renda após as reservas líbias de petróleo forem esgotadas. A agricultura foi escalada para receber a maior parte da ajuda, em um esforço para tornar a Líbia auto-suficiente em alimentos e para ajudar a manter a população rural no campo. O setor da indústria, que era pequeno antes da revolução, também recebeu uma quantidade significativa de financiamento no primeiro plano de desenvolvimento, bem como no segundo, lançado em 1981.


=== Transição para a ''Jamahiriya'' (1973-1977) ===
==== Crise do petróleo de 1973 ====
Insistindo no uso contínuo do petróleo como alavanca contra Israel e seus apoiadores no Ocidente, a Líbia instou fortemente a Organização dos Países Exportadores de Petróleo ([[Organização dos Países Exportadores de Petróleo|OPEP]]) a [[Crise petrolífera de 1973|tomar medidas em 1973]], e a militância líbia foi parcialmente responsável pelas medidas da OPEP para aumentar os preços do petróleo, impor embargos e obter o controle da produção. Em 19 de outubro de 1973, a Líbia foi a primeira nação árabe a emitir um embargo petrolífero contra os Estados Unidos, depois que o presidente dos EUA, Richard Nixon, anunciou que os EUA forneceriam a Israel um programa de ajuda militar de US$ 2,2 bilhões durante a [[Guerra do Yom Kippur]]. <ref name="gaddafiem2">{{Citar web|url=http://2001-2009.state.gov/r/pa/prs/ps/2008/sept/109054.htm|titulo=Significant Events in U.S.-Libyan Relations|data=2 Set 2008|acessodata=15 Set 2013|publicado=2001-2009.state.gov|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130522073832/http://2001-2009.state.gov/r/pa/prs/ps/2008/sept/109054.htm|arquivodata=22 Maio 2013|urlmorta=live}}</ref> A Arábia Saudita e [[Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo|outros países árabes produtores de petróleo]] da OPEP seguiriam o exemplo no dia seguinte. <ref name="gaddafiem2" />
{{VT|Livro Verde}}
[[Imagem:Alfateh 2010.jpg|thumb|300xp|(Alfateh, 1 de setembro de 1969) Festividade Alfateh em Bayda, Líbia, em 1 de setembro de 2010]]


Enquanto as outras nações árabes levantaram os seus embargos petrolíferos em 18 de Março de 1974, <ref name="gaddafiem3">{{Citar web|url=http://2001-2009.state.gov/r/pa/prs/ps/2008/sept/109054.htm|titulo=Significant Events in U.S.-Libyan Relations|data=2 Set 2008|acessodata=15 Set 2013|publicado=2001-2009.state.gov|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130522073832/http://2001-2009.state.gov/r/pa/prs/ps/2008/sept/109054.htm|arquivodata=22 Maio 2013|urlmorta=live}}</ref> o regime de Gaddafi recusou-se a fazê-lo. Como consequência de tais políticas, a produção de petróleo da Líbia diminuiu pela metade entre 1970 e 1974, enquanto as receitas das exportações de petróleo mais do que quadruplicaram. A produção continuou a cair, atingindo o mínimo de onze anos em 1975, numa altura em que o governo se preparava para investir grandes quantidades de receitas petrolíferas noutros sectores da economia. Depois disso, a produção estabilizou em cerca de dois milhões de barris por dia. A produção e, portanto, o rendimento diminuíram novamente no início da década de 1980 devido ao elevado preço do petróleo líbio e porque a recessão no mundo industrializado reduziu a procura de petróleo de todas as fontes. <ref name=":4" />
A "reconstrução da sociedade líbia" contidas em visões ideológicas de Gaddafi começou a ser posta em prática formalmente no início em 1973 com uma chamada revolução cultural ou popular. Esta "[[revolução]]" foi concebida para combater a ineficiência burocrática, falta de interesse público e a participação no sistema de governo subnacional, e problemas de coordenação da política nacional. Em uma tentativa de instilar o fervor revolucionário em seus compatriotas e de envolver um grande número deles em assuntos políticos, Gaddafi pediu a eles que desafiassem a autoridade tradicional e assumissem e conduzissem órgãos governamentais próprios. O instrumento para fazer isso seriam os "comitê populares." Dentro de alguns meses, os comitês estavam presentes em toda a Líbia. Eles eram funcionalmente e geograficamente baseados e eventualmente acabaram se tornando responsáveis pela administração local e regional.


O Plano Quinquenal de Transformação Econômica e Social da Líbia (1976-1980), anunciado em 1975, foi programado para injetar 20 mil milhões de dólares no desenvolvimento de uma ampla gama de actividades econômicas que continuariam a proporcionar rendimentos depois de as reservas petrolíferas da Líbia terem sido esgotadas. A agricultura estava programada para receber a maior parte da ajuda num esforço para tornar a Líbia autossuficiente em alimentos e para ajudar a manter a população rural na terra. A indústria, que existia pouco antes da revolução, também recebeu um montante significativo de financiamento no primeiro plano de desenvolvimento, bem como no segundo, lançado em 1981. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/217580 |título=Review of Libya: The Elusive Revolution |data=1976 |acessodata=2024-02-05 |periódico=The International Journal of African Historical Studies |número=2 |ultimo=Cannon |primeiro=Byron D. |paginas=308–310 |doi=10.2307/217580 |issn=0361-7882}}</ref>
Os comitês populares foram estabelecidos em organizações totalmente divergentes como universidades, empresas privadas, nas burocracias governamentais, e nos meios de transmissão. Os comitês de base geográfica foram formados nos governadoratos, municípios e zona de (mais baixo) níveis. Os assentos nos comitês populares ao nível das zonas foram preenchidos por eleição popular direta; membros assim eleitos poderiam então serem selecionados para o serviço em níveis superiores. Em meados de 1973, as estimativas do número de comitês populares variava acima de 2 000.


== Transição para a Jamahiriya (1973-1977) ==
No âmbito das suas tarefas administrativas e regulamentares e do método de seleção de seus membros, as comissões populares supostamente encarnavam o conceito de [[democracia direta]] que Gaddafi propôs no primeiro volume do "[[Livro Verde]]", que surgiu em 1976. O mesmo conceito está por trás das propostas para criar uma nova estrutura política composta de "congressos populares". A peça central do novo sistema foi o [[Congresso Geral do Povo (Líbia)|Congresso Geral do Povo]] (CGP), um órgão de representação nacional destinado a substituir o CCR.
[[Ficheiro:Alfateh_2010.jpg|miniaturadaimagem|244x244px|Festividade Alfateh em [[Beida (Líbia)|Beida]], Líbia, em 1º de setembro de 2010.]]
{{Artigo principal|prefixo=Mais informações|Livro Verde|Terceira Teoria Universal}}
A “reconstrução da sociedade líbia” contida nas visões ideológicas de Gaddafi começou a ser posta em prática formalmente em 1973, com uma revolução cultural. Esta revolução foi concebida para criar eficiência burocrática, interesse público e participação no sistema governamental subnacional e coordenação política nacional. Numa tentativa de incutir o fervor revolucionário nos seus compatriotas e de envolver um grande número deles em assuntos políticos, Gaddafi exortou-os a desafiar a autoridade tradicional e a assumirem e dirigirem eles próprios os órgãos governamentais. O instrumento para fazer isso foi o comitê popular. Em poucos meses, tais comités foram encontrados por toda a Líbia. Eles tinham base funcional e geográfica e eventualmente se tornaram responsáveis pela administração local e regional. <ref name=":5">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/160277 |título=The Jamahiriya Experiment in Libya: Qadhafi and Rousseau |data=1980 |acessodata=2024-02-05 |periódico=The Journal of Modern African Studies |número=2 |ultimo=Hajjar |primeiro=Sami G. |paginas=181–200 |issn=0022-278X}}</ref>


Os comités populares foram estabelecidos em organizações tão divergentes como universidades, empresas privadas, burocracias governamentais e meios de comunicação social. Comitês de base geográfica foram formados nos níveis governamental, municipal e zonal (mais baixo). Os assentos nos comitês populares em nível zonal foram preenchidos por eleição popular direta; os membros assim eleitos poderiam então ser selecionados para servir em níveis mais elevados. Em meados de 1973, as estimativas do número de comitês populares variavam acima de 2.000. No âmbito das suas tarefas administrativas e regulamentares e do método de selecção dos seus membros, os comités populares supostamente incorporavam o conceito de [[democracia direta]] que Gaddafi propôs no primeiro volume do ''[[Livro Verde]]'', publicado em 1976. O mesmo conceito está por trás das propostas para criar uma nova estrutura política composta por “congressos populares”. A peça central do novo sistema era o [[Congresso Geral do Povo (Líbia)|Congresso Geral do Povo]] (GPC), um órgão representativo nacional destinado a substituir o CCR. <ref name=":5" />
== Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia ==


=== Protestos de 7 de abril de 1976 ===
Em 2 de março de 1977, o CGP, a pedido de Gaddafi, aprovou a "Declaração do Estabelecimento da Autoridade Popular"<ref>General People's Congress [https://docs.google.com/fileview?id=0B7-KFQOKhAl1OGY1MTMxZGItZTE0Ni00NDYyLWI5ZjAtNTMwZThkMWRmNjQ0&hl=en declaration] (2 March 1977) at [http://emerglobal.com/lex EMERglobal Lex] for the [[Edinburgh Middle East Report]]. Retrieved 31 March 2010.</ref><ref>{{Citar web |ultimo=LL.M. |primeiro=Prof. Dr. Axel Tschentscher, |url=http://www.servat.unibe.ch/icl/ly01000_.html |titulo=ICL > Libya > Declaration on the Establishment of the Authority of the People |acessodata=2021-02-15 |website=www.servat.unibe.ch |lingua=en}}</ref> e proclamou a '''Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia''' ({{lang-ar|‏الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الاشتراكية}}<ref>Geographical Names, [http://geographic.org/geographic_names/name.php?uni=6485614&fid=3784&c=libya "اَلْجَمَاهِيرِيَّة اَلْعَرَبِيَّة اَللِّيبِيَّة اَلشَّعْبِيَّة اَلإِشْتِرَاكِيَّة: Libya"], ''Geographic.org''. Retrieved 27 February 2011.</ref> ''{{transl|ar|DIN|al-Ǧamāhīriyyat al-ʿArabiyyat al-Lībiyyat aš-Šaʿbiyyat al-Ištirākiyyat}}''). Na filosofia política oficial de Estado de Gaddafi, a "Jamahiriya" era o único sistema para o país, embora tenha sido apresentado como a materialização da [[Terceira Teoria Universal]], proposta por Gaddafi para ser aplicada a todo o [[Terceiro Mundo]].
{{Artigo principal|Protestos na Líbia em 1976}}
Durante esta transição, em 7 de Abril de 1976, estudantes das universidades de Trípoli e Benghazi protestaram contra as violações dos direitos humanos e o controlo militar sobre "todos os aspectos da vida na Líbia"; os estudantes apelaram à realização de eleições livres e justas e à transferência do poder para um governo civil. Ocorreram contramanifestações violentas, com muitos estudantes presos. Em 7 de abril de 1977, aniversário do evento, estudantes (incluindo Omar Dabob e Muhammed Ben Saoud) foram executados publicamente em Benghazi, com oficiais militares anti-Gaddafi executados no final da semana. Amigos dos executados foram forçados a participar ou observar as execuções. As execuções públicas anuais continuariam todos os anos, em 7 de abril, até o final da década de 1980. <ref>{{Citar web|url=https://www.refworld.org/docid/3f7d4dc238.html|titulo=Libya: The significance of 7 April; whether it is a day on which dissidents are hanged and if this practice has been in existence since 1970|data=7 Jan 2003|acessodata=16 Nov 2019|publicado=[[Immigration and Refugee Board of Canada]]|titulotrad=<!-- trans-title is the English translation -->|id=LBY40606.E|arquivourl=https://web.archive.org/web/20191116214600/https://www.refworld.org/docid/3f7d4dc238.html|arquivodata=16 Nov 2019|urlmorta=live <!-- live|dead|unfit|usurped -->}}</ref>


== Guerra Líbia-Egito ==
Gaddafi foi designado o "Líder" (''{{transl|ar|DIN|Qāʾid}}'') do Estado líbio e foi-lhe concedido o título honorífico de "Guia da Grande Revolução de Primeiro de Setembro da Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia" ou "Líder Fraternal e Guia da Revolução" em declarações do governo e da imprensa oficial.<ref>US Department of State's Background Notes, (Nov. 2005) [http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/5425.htm <u>"Libya - History"</u>], ''U.S. Dept. of State'', Accessed July 14, 2006</ref>
{{Artigo principal|Guerra Líbia-Egito}}
Em 21 de julho de 1977, ocorreram os primeiros tiroteios entre tropas na fronteira, seguidos de ataques terrestres e aéreos. As relações entre os governos líbio e egípcio deterioraram-se desde o fim da [[Guerra do Yom Kippur]], em outubro de 1973, devido à oposição da Líbia à política de paz do presidente [[Anwar Al Sadat]], bem como ao fracasso das negociações de unificação entre os dois governos. Há algumas provas de que o governo egípcio estava a considerar uma guerra contra a Líbia já em 1974. Em 28 de Fevereiro de 1974, durante a visita de [[Henry Kissinger]] ao Egito, o Presidente Sadat contou-lhe sobre tais intenções e solicitou que fosse exercida pressão sobre o governo israelita para não lançar um ataque ao Egito no caso das suas forças serem ocupadas na guerra com a Líbia. <ref>{{Citar web|url=http://www.sadat.umd.edu/archives/Egyptian_Israel%20Negotiations%5C4.pdf|titulo=Transcript of talk between Henry Kissinger and Golda Meir, March 1, 1974|acessodata=24 Jun 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120622215522/http://www.sadat.umd.edu/archives/Egyptian_Israel%20Negotiations/4.pdf|arquivodata=22 Jun 2012|urlmorta=dead}}</ref> Além disso, o governo egípcio rompeu os laços militares com Moscovo, enquanto o governo líbio manteve essa cooperação. O governo egípcio também prestou assistência aos ex-membros do [[Conselho do Comando Revolucionário da Líbia|CCR]], Major Abd al Munim al Huni e Omar Muhayshi, que tentaram, sem sucesso, derrubar Gaddafi em 1975, e permitiu-lhes residir no Egito. Durante 1976, as relações estavam em declínio, quando o governo egípcio alegou ter descoberto uma conspiração líbia para derrubar o governo no Cairo. Em 26 de Janeiro de 1976, o vice-presidente egípcio [[Hosni Mubarak]] indicou numa conversa com o embaixador dos EUA [[Hermann Eilts]] que o governo egípcio pretendia explorar os problemas internos na Líbia para promover ações contra a Líbia, mas não deu mais detalhes. <ref>{{Citar web|url=https://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=110792&dt=2082&dl=1345|titulo=Hermann Eilts to Department of State, January 25, 1976|acessodata=9 Jun 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110811015007/http://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=110792&dt=2082&dl=1345|arquivodata=11 Ago 2011|urlmorta=live}}</ref> Em 22 de Julho de 1976, o governo líbio fez uma ameaça pública de romper relações diplomáticas com o Cairo se as acções subversivas egípcias continuassem. <ref>{{Citar web|url=https://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=171008&dt=2082&dl=1345|titulo=Robert Carle (US Embassy in Tripoli) to Department of State, July 22, 1976|acessodata=9 June 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120327063350/http://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=171008&dt=2082&dl=1345|arquivodata=27 March 2012|urlmorta=live}}</ref> Em 8 de agosto de 1976, ocorreu uma explosão no banheiro de um escritório do governo na [[Praça Tahrir]], no [[Cairo]], ferindo 14 pessoas, e o governo egípcio e a mídia alegaram que isso foi feito por agentes líbios. <ref>{{Citar web|url=https://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=210121&dt=2082&dl=1345|titulo=Hermann Eilts (US Ambassador to Egypt) to Department of State, August 9, 1976|acessodata=9 Jun 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120327063353/http://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=210121&dt=2082&dl=1345|arquivodata=27 Mar 2012|urlmorta=live}}</ref> O governo egípcio também alegou ter prendido dois cidadãos egípcios treinados pela inteligência líbia para realizar sabotagem no Egito. <ref>{{Citar web|url=https://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=200567&dt=2082&dl=1345|titulo=Hermann Eilts to Department of State, August 11, 1976|acessodata=9 Jun 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120327063413/http://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=200567&dt=2082&dl=1345|arquivodata=27 Mar 2012|urlmorta=live}}</ref> Em 23 de Agosto, um avião de passageiros egípcio foi sequestrado por pessoas que supostamente trabalhavam com a inteligência líbia. Foram capturados pelas autoridades egípcias numa operação que terminou sem vítimas. Em retaliação às acusações do governo egípcio de cumplicidade da Líbia no sequestro, o governo líbio ordenou o encerramento do Consulado Egípcio em [[Bengasi]]. <ref>{{Citar web|url=https://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=214666&dt=2082&dl=1345|titulo=Herman Eilts to Secretary of State, August 25, 1976|acessodata=9 Jun 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20171012055104/https://aad.archives.gov/aad/createpdf?rid=214666&dt=2082&dl=1345|arquivodata=12 Out 2017|urlmorta=live}}</ref> Em 24 de julho, os combatentes concordaram com um [[cessar-fogo]] sob a mediação do [[Presidente da Argélia|Presidente da Argélia,]] [[Houari Boumédiène|Houari Boumediène]], e do [[Organização para a Libertação da Palestina|Presidente da Organização para a Libertação da Palestina,]] [[Yasser Arafat]].


== Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia (1977–2011) ==
O governo líbio afirmou que a Jamahiriya Líbia era uma [[democracia direta]], sem [[partidos políticos]], governado por sua população através de conselhos populares locais e [[comuna]]s (nomeadas [[Congresso popular de base (Líbia)|Congressos Populares de Base]]). A retórica oficial desprezou a ideia de um [[Estado-nação]], os remanescentes laços tribais primários, mesmo dentro das fileiras das forças armadas da Líbia.<ref>{{citar web|url=http://www.nytimes.com/2011/02/21/world/africa/21libya.html|título=Protesters Die as Crackdown in Libya Intensifies}}, ''[[The New York Times]]'', 20 February 2011; accessed 20 February 2011.</ref>
{{Info/Estado extinto|nome_completo=Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia|nome_oficial=Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia<br />{{small|{{nobold|(1977–1986)}}<br />الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الاشتراكية}}<br />{{nobold|''al-Jamāhīrīyah al-'Arabīyah al-Lībīyah ash-Sha'bīyah al-Ishtirākīyah''}}<hr>Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia<br />{{small|{{nobold|(1986–2011)}}<br />الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الإشتراكية العظمى}}<br />{{nobold|''al-Jamāhīrīyah al-'Arabīyah al-Lībīyah ash-Sha'bīyah al-Ishtirākīyah al-'Uẓmá''}}|p1=#República Árabe da Líbia (1969–1977)|bandeira_p1=Flag of Libya (1972–1977).svg|s1=Conselho Nacional de Transição|bandeira_s1=Flag of Libya.svg|ano_início=1977|ano_fim=2011|moeda=[[Dinar líbio]]|dados_ano1=2010|dados_população1=6355100|dados_área1=1759541|era={{hlist|[[Guerra Fria]]|[[Guerra ao Terror]]|[[Primavera Árabe]]}}|legislatura=[[Congresso Geral do Povo (Líbia)|Congresso Geral do Povo]]|hino_nacional={{lang|ar|الله أكبر}}<br />''[[Allahu Akbar]]''<br />{{small|("Deus é o Maior")}}|mapa=Libya (orthographic projection).svg|legenda_mapa=Mapa da Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia|religião=[[Islã]]|forma_de_governo=''[[Jamahiriya]]'' [[Socialismo islâmico|socialista islâmica]] [[Estado unitário|unitária]]|data_início=2 de março|evento_início=[[Declaração sobre o Estabelecimento da Autoridade do Povo|Estabelecimento da Jamahiriya]]|evento1=[[Guerra Civil Líbia (2011)|Primeira Guerra Civil]]|data_evento1=15 de fevereiro|ano_evento1=2011|evento2=[[Segunda batalha de Trípoli|Queda de Trípoli]]|ano_evento2=2011|data_evento2=28 de agosto|data_fim=20 de outubro|evento_fim=[[Morte de Muammar al-Gaddafi]]|capital=[[Trípoli]] {{small|(1977–2011)}}<br />[[Sirte]] {{small|(2011)}}<ref>{{cite news|url=https://www.bbc.com/news/world-africa-14753645|title=Libya crisis: Col Gaddafi vows to fight a 'long war'|work=[[BBC News]]|date=1 September 2011|access-date=20 October 2020}}</ref>|idioma=[[Língua árabe|Árabe]]|língua_não_oficial=[[Línguas berberes|Berbere]]<br>[[Língua teda|Teda]]<br>[[Língua italiana|Italiano]]|lema_nacional={{lang|ar|وحدة ، حرية ، اشتراكية}}<br />''[[Lista de lemas nacionais|Waḥdah, Ḥurrīyah, Ishtirākīyah]]''<br />{{small|("Unidade, Liberdade, Socialismo")}}|líder1=[[Muammar Gaddafi]]|título_líder=[[Líder Fraternal e Guia da Revolução]]|ano_líder1=1977–2011|governante1=[[Muammar Gaddafi]]|título_governante=[[Congresso Geral do Povo (Líbia)|Secretário-Geral do Congresso Geral do Povo]]|ano_governante1=1977–1979 <small>(primeiro)</small>|governante2=[[Mohamed Abu Al-Quasim al-Zwai]]|ano_governante2=2010–2011 <small>(último)</small>|vice1=[[Abdul Ati al-Obeidi]]|título_vice=[[Comissão Geral do Povo|Secretário-Geral da Comissão Geral do Povo]]|ano_vice1=1977–1979 <small>(primeiro)</small>|vice2=[[Baghdadi Mahmudi]]|ano_vice2=2006–2011 <small>(último)</small>|imagem_bandeira=Flag of Libya (1977–2011).svg|bandeira=Bandeira da Líbia|imagem_escudo=Coat of arms of Libya (1977–2011).svg|símbolo=Brasão de armas da Líbia}}
Em 2 de março de 1977, o Congresso Geral do Povo (GPC), a pedido de Gaddafi, adotou a "Declaração do Estabelecimento da Autoridade Popular" <ref>General People's Congress [https://docs.google.com/fileview?id=0B7-KFQOKhAl1OGY1MTMxZGItZTE0Ni00NDYyLWI5ZjAtNTMwZThkMWRmNjQ0&hl=en declaration] (2 March 1977) at [http://emerglobal.com/lex EMERglobal Lex] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120319134440/http://www.emerglobal.com/lex/law-1958-162|date=19 March 2012}} for the Edinburgh Middle East Report. Retrieved 31 March 2010.</ref> <ref>{{Citar web|url=http://www.servat.unibe.ch/icl/ly01000_.html|titulo=ICL - Libya - Declaration on the Establishment of the Authority of the People|acessodata=16 Maio 2016|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160303201125/http://www.servat.unibe.ch/icl/ly01000_.html|arquivodata=3 Mar 2016|urlmorta=live}}</ref> e proclamou a '''Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia''' ({{Lang-ar|الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الإشتراكية}} <ref>Geographical Names, [http://geographic.org/geographic_names/name.php?uni=6485614&fid=3784&c=libya "الْجَمَاهِيْرِيَّة الْعَرَبِيَّة الْلِيْبِيَّة الشَّعْبِيَّة الإشتِرَاكِيَّة: Libya"] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20110511050014/http://geographic.org/geographic_names/name.php?uni=6485614&fid=3784&c=libya|date=11 May 2011}}, ''Geographic.org''. Retrieved 27 February 2011.</ref> ''{{Transl|ar|al-Jamāhīrīyah al-'Arabīyah al-Lībīyah ash-Sha'bīyah al-Ishtirākīyah}}''). Na filosofia política oficial do estado de Gaddafi, o sistema "[[Jamairia|Jamahiriya]]" era exclusivo do país, embora fosse apresentado como a materialização da [[Terceira Teoria Universal|Terceira Teoria Internacional]], proposta por Gaddafi para ser aplicada a todo o [[Terceiro Mundo]]. O GPC também criou o Secretariado Geral do GPC, composto pelos restantes membros do extinto Conselho do Comando Revolucionário, com Gaddafi como secretário-geral, e também nomeou o Comité Geral do Povo, que substituiu o Conselho de Ministros, cujos membros passaram a ser chamados de secretários em vez de ministros.


O governo líbio alegou que a Jamahiriya era uma [[democracia direta]], [[Apartidarismo|sem quaisquer partidos políticos]], governada pela sua população através de conselhos populares locais e comunas (denominados [[Congresso popular de base (Líbia)|Congressos Populares Básicos]]). A retórica oficial desdenhou a ideia de um [[Estado-nação]], permanecendo os laços tribais primários, mesmo dentro das fileiras do [[Forças Armadas da Jamahiriya Árabe da Líbia|exército nacional]]. <ref>[https://www.nytimes.com/2011/02/21/world/africa/21libya.html Protesters Die as Crackdown in Libya Intensifies] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170406070311/http://www.nytimes.com/2011/02/21/world/africa/21libya.html|date=6 April 2017}}, ''[[The New York Times]]'', 20 February 2011; accessed 20 February 2011.</ref>
== Reformas (1977–1980) ==
=== Gaddafi como permanente "Líder da Revolução" ===
As mudanças na liderança da Líbia partir de 1976 culminaram em março de 1979, quando o CGP declarou que a "aquisição de poder pelas massas" e a "separação entre o estado da revolução" estavam completos. Gaddafi abandonou suas funções como secretário-geral do CGP, sendo conhecido posteriormente como "líder" ou "Líder da Revolução." Ele permaneceu como comandante supremo das forças armadas. Seu substituto foi [[Abdallah Ubaydi]], que na verdade tinha sido primeiro-ministro desde 1979.


=== Etimologia ===
O CGP também aprovou resoluções designando Gaddafi como seu secretário-geral e criando a Secretaria-Geral da CGP, compreendendo os membros restantes do extinta CCR. Ele também nomeou o Comité Popular Geral, que substituiu o Conselho de Ministros, com os seus membros agora denominando-se secretários ao invés de ministros.
'''Jamahiriya''' ({{Lang-ar|جماهيرية}} ''{{Transl|ar|jamāhīrīyah}}'') é um termo [[Língua árabe|árabe]] geralmente traduzido como "estado das massas"; [[Lisa Anderson]] <ref>{{Citar web|url=http://countrystudies.us/libya/30.htm|titulo=Libya – The Socialist People's Libyan Arab Jamahiriya|acessodata=15 Set 2013|publicado=Countrystudies.us|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120829020859/http://countrystudies.us/libya/30.htm|arquivodata=29 Ago 2012|urlmorta=live}}</ref> sugeriu “povo” ou “estado das massas” como uma aproximação razoável do significado do termo tal como pretendido por Gaddafi. O termo não ocorre neste sentido no ''[[Livro Verde]]'' de [[Muammar Gaddafi]] de 1975. O adjetivo nisba ''{{Transl|ar|jamāhīrīyah}}'' ("massa-, "das massas") ocorre apenas na terceira parte, publicada em 1981, na frase {{Lang|ar|إن الحركات التاريخية هي الحركات الجماهيرية}} (''{{Transl|ar|Inna al-ḥarakāt at-tārīkhīyah hiya al-ḥarakāt al-jamāhīrīyah}}''), traduzido na edição inglesa como "Movimentos históricos são movimentos de massa". <ref name=":6">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/160277 |título=The Jamahiriya Experiment in Libya: Qadhafi and Rousseau |data=1980 |acessodata=2024-02-05 |periódico=The Journal of Modern African Studies |número=2 |ultimo=Hajjar |primeiro=Sami G. |paginas=181–200 |issn=0022-278X}}</ref>
=== Reformas econômicas ===
A remodelação da economia foi paralela à tentativa de remodelar as instituições políticas e sociais. Até o final da década de 1970, a [[Economia mista|economia da Líbia era mista]], com um grande papel para a iniciativa privada, exceto nos campos de produção e distribuição de petróleo, bancário e de seguros. Mas de acordo com o volume dois do ''Livro Verde'' de Gaddafi, que apareceu em 1978, o comércio varejista privado, os alugueis e os salários eram formas de exploração que deveriam ser abolidos. Em vez disso, os comitês de autogestão dos trabalhadores e as parcerias de participação nos lucros deveriam funcionar em empresas públicas e privadas.


A palavra ''{{Transl|ar|jamāhīrīyah}}'' foi derivada de ''{{Transl|ar|jumhūrīyah}},'' que é a tradução árabe usual de "república". Foi cunhado mudando o componente ''{{Transl|ar|jumhūr}}'' —"público"— para sua forma plural, ''{{Transl|ar|jamāhīr}}'' —"as massas". Assim, é semelhante ao termo [[República popular|República Popular]]. Muitas vezes não é traduzido para o inglês, com o nome longo traduzido como ''Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia''. No entanto, em [[Língua hebraica|hebraico]], por exemplo, ''{{Transl|ar|jamāhīrīyah}}'' é traduzido como "קהילייה" (''{{Transl|he|qehiliyáh}}''), palavra também usada para traduzir o termo "Comunidade" quando se refere à designação de um país. <ref name=":6" />
Uma lei de propriedade foi aprovada que proibia a posse de mais de uma habitação privada e os trabalhadores líbios assumiram o controle de um grande número de empresas, transformando-as em empreendimentos estatais. As operações de comércio de varejo e atacado foram substituídas por "supermercados populares" estatais, onde os líbios, em teoria, poderiam comprar tudo o que precisavam a preços baixos. Em 1981, o Estado também restringiu o acesso a contas bancárias individuais para recorrer a fundos privados para projetos governamentais. As medidas criaram ressentimento e oposição entre os recém-despossuídos. Estes últimos se juntariam aos já alienados, alguns dos quais passaram a deixar o país. Em 1982, entre 50 000 a 100 000 líbios partiram para o estrangeiro; uma vez que muitos dos emigrantes estavam entre os líbios empreendedores e melhor educados, representavam uma perda significativa de experiência gerencial e técnica.


Depois de resistir ao bombardeio americano de 1986 pelo governo Reagan, Gaddafi adicionou o especificador "Grande" ({{Lang|ar|العظمى}} ''{{Transl|ar|al-'Uẓmá}}'') ao nome oficial do país.
O governo também construiu uma adutora dos principais aquíferos trans-Saara para uma rede de reservatórios e para as cidades de Trípoli, Sirte e Bengazi em 2006-2007.<ref>[http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/4814988.stm "BBC Info on Trans-Sahara Water Pipelines"]. [[BBC News]].</ref> Foi parte do projeto [[Grande Rio Artificial]], iniciado em 1984, que bombeou extenso recurso hídrico do [[Sistema Aquífero do Arenito Núbio]] para populações urbanas e novos projetos de irrigação em todo o país.<ref>Luxner, Larry (October 2010). [http://findarticles.com/p/articles/mi_qa5391/is_201010/ai_n56229485/ "Libya's 'Eighth Wonder of the World'"]. [[BNET]] (via [[FindArticles]]).</ref>


=== Reformas (1977-1980) ===
A Líbia continuou a ser atormentada com uma escassez de mão-de-obra qualificada, que teve de ser importada juntamente com uma vasta gama de bens de consumo, ambos pagos com os rendimentos petrolíferos. Apesar dos baixos padrões de vida e da repressão política, a igualdade de gênero foi uma das poucas conquistas importantes sob o governo de Gaddafi. De acordo com Lisa Anderson, presidente da American University no Cairo e uma especialista sobre a Líbia, sob Gaddafi mais mulheres frequentavam a universidade e tinham "dramaticamente" mais oportunidades de emprego.<ref>{{citar web|url=http://www.iol.co.za/news/africa/gaddafi-emancipator-of-women-1080479|título=Gaddafi: Emancipator of women?|website=IOL}}</ref>

==== Gaddafi como permanente "Líder Fraternal e Guia da Revolução" ====
As mudanças na liderança líbia desde 1976 culminaram em Março de 1979, quando o Congresso Geral do Povo declarou que a "concessão de poder às massas" e a "separação do Estado da revolução" estavam completas. O governo foi dividido em duas partes, o “setor Jamahiriya” e o “setor revolucionário”. O "setor Jamahiriya" era composto pelo Congresso Geral do Povo, pelo Comitê Geral do Povo e pelos [[Congresso popular de base (Líbia)|Congressos Populares Básicos]] locais. Gaddafi renunciou ao cargo de secretário-geral do Congresso Geral do Povo, sendo sucedido por [[Abdul Ati al-Obeidi]], que era primeiro-ministro desde 1977. <ref name=":7">{{Citar livro|url=https://www.jstor.org/stable/jj.949049|título=Everyday Politics in the Libyan Arab Jamahiriya|ultimo=Capasso|primeiro=Matteo|data=2023|editora=Syracuse University Press}}</ref>

O "setor Jamahiriya" foi supervisionado pelo "setor revolucionário", liderado por Gaddafi como "Líder da Revolução" (''{{Transl|ar|Qā'id}}'' )<ref group="Nota">O título completo de Gadaffi era "Líder Fraterno e Guia para a Grande Revolução de Primeiro de Setembro da Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia".</ref> e pelos membros sobreviventes do Conselho do Comando Revolucionário. Os líderes do sector revolucionário não estavam sujeitos a eleições, pois deviam o cargo ao seu papel no golpe de 1969. Eles supervisionavam os “comitês revolucionários”, que eram nominalmente organizações de base que ajudavam a manter o povo engajado. Como resultado, embora Gaddafi não ocupasse nenhum cargo formal no governo depois de 1979, ele manteve o controle do governo e do país. Gaddafi também permaneceu como comandante supremo das forças armadas. <ref name=":7" />

==== Reformas administrativas ====
Toda a autoridade legislativa e executiva foi atribuída ao GPC. Este órgão, no entanto, delegou a maior parte da sua autoridade importante ao seu secretário-geral e Secretaria-Geral e à Comissão Geral do Povo. Gaddafi, como secretário-geral do GPC, continuou a ser o principal responsável pelas decisões, tal como o era quando era presidente do CCR. Por sua vez, todos os adultos tinham o direito e o dever de participar nas deliberações do Congresso Popular Básico (BPC) local, cujas decisões eram repassadas ao GPC para consideração e implementação como política nacional. Os BPC eram, em teoria, o repositório da autoridade política final e da tomada de decisões, incorporando o que Gaddafi chamou de "poder popular" direto. A declaração de 1977 e as resoluções que a acompanham representaram uma revisão fundamental da proclamação constitucional de 1969, especialmente no que diz respeito à estrutura e organização do governo, tanto a nível nacional como subnacional.

Continuando a renovar a estrutura política e administrativa da Líbia, Gaddafi introduziu ainda outro elemento no corpo político. A partir de 1977, foram organizados “comités revolucionários” aos quais foi atribuída a tarefa de “supervisão revolucionária absoluta do poder popular”; isto é, deveriam orientar os comités populares, "elevar o nível geral de consciência política e devoção aos ideais revolucionários". Na realidade, os comités revolucionários foram usados para sondar a população e reprimir qualquer oposição política ao governo autocrático de Gaddafi. Alegadamente, 10% a 20% dos líbios trabalharam na vigilância para estes comités, uma proporção de informantes equivalente à do [[Iraque Baathista|Iraque Ba'ath]] e da [[Coreia do Norte|Coreia Juche]]. <ref name="Gaddafiunrepentant2">{{Citar periódico |url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant |acessodata=1 Mar 2011 |periódico=[[Middle East Quarterly]] |ultimo=Eljahmi, Mohamed |ano=2006 |arquivourl=https://archive.today/20130113020007/http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |arquivodata=13 Jan 2013}}</ref>

Cheios de fanáticos politicamente astutos, os omnipresentes comités revolucionários em 1979 assumiram o controlo das eleições do BPC. Embora não fossem órgãos oficiais do governo, os comités revolucionários tornaram-se outro pilar da cena política interna. Tal como acontece com os comités populares e outras inovações administrativas desde a revolução, os comités revolucionários enquadram-se no padrão de impor um novo elemento ao sistema subnacional de governo existente, em vez de eliminar ou consolidar estruturas já existentes. No final da década de 1970, o resultado foi um sistema desnecessariamente complexo de jurisdições sobrepostas, no qual a cooperação e a coordenação entre diferentes elementos estavam comprometidas por autoridade e responsabilidade mal definidas. A ambiguidade pode ter ajudado a servir o objectivo de Gaddafi de continuar a ser o principal impulsionador da governação líbia, minimizando ao mesmo tempo a sua visibilidade numa altura em que a oposição interna à repressão política estava a aumentar. <ref name=":7" />

O CCR foi formalmente dissolvido e o governo foi novamente reorganizado em comités populares. Um novo Comitê Popular Geral (gabinete) foi selecionado, cada um de seus "secretários" tornando-se chefe de um comitê popular especializado; as exceções eram as “secretarias” de petróleo, relações exteriores e indústria pesada, onde não existiam comitês populares. Foi também feita uma proposta para estabelecer um "exército popular", substituindo o exército nacional por uma milícia nacional, formada no final da década de 1970. Embora a ideia tenha surgido novamente no início de 1982, não parecia estar próxima da implementação. <ref name=":7" />

Gaddafi também queria combater as estritas restrições sociais impostas às mulheres pelo regime anterior, estabelecendo a [[Formação Revolucionária de Mulheres]] para encorajar a reforma. Em 1970, foi introduzida uma lei afirmando a igualdade entre os sexos e insistindo na paridade salarial. Em 1971, Gaddafi patrocinou a criação de uma [[Federação Geral das Mulheres da Líbia]]. Em 1972, foi aprovada uma lei que criminaliza o casamento de qualquer mulher com menos de dezasseis anos e garante que o consentimento da mulher seja um pré-requisito necessário para o casamento. <ref>Bearman, Jonathan (1986). ''Qadhafi's Libya''. London: Zed Books.</ref>

==== Reformas econômicas ====
{{Mais informações|Economia da Líbia}}
[[Ficheiro:Libya_GDP_(PPP)_per_capita_comparison.svg|miniaturadaimagem|504x504px|A Líbia sob [[Muammar Gaddafi|Kadafi]] costumava ter um [[Lista de países por estimativas do produto interno bruto em paridade de poder de compra e per capita|PIB (PPC) per capita]] superior ao da [[União Europeia|UE]] e, em alguns períodos, superior ao dos [[Estados Unidos|EUA]].]]
A reconstrução da economia foi paralela à tentativa de remodelar as instituições políticas e sociais. Até ao final da década de 1970, a [[Economia mista|economia da Líbia era mista]], com um grande papel para a iniciativa privada, exceto nos domínios da produção e distribuição de petróleo, da banca e dos seguros. Mas, de acordo com o segundo volume do Livro Verde de Gaddafi, publicado em 1978, o comércio retalhista privado, as rendas e os salários eram formas de exploração que deveriam ser abolidas. Em vez disso, os comitês de [[Autogestão|autogestão dos trabalhadores]] e as parcerias de participação nos lucros deveriam funcionar nas empresas públicas e privadas. <ref name=":8">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/25482473 |título=The Changing Libyan Economy: Causes and Consequences |data=2008 |acessodata=2024-02-05 |periódico=Middle East Journal |número=1 |ultimo=John |primeiro=Ronald Bruce St |paginas=75–91 |issn=0026-3141}}</ref>

Foi aprovada uma lei de propriedade que proibia a propriedade de mais de uma habitação privada, e os trabalhadores líbios assumiram o controlo de um grande número de empresas, transformando-as em empresas estatais. As operações comerciais retalhistas e grossistas foram substituídas por "supermercados populares" estatais, onde os líbios, em teoria, podiam comprar tudo o que precisassem a preços baixos. Em 1981, o estado também restringiu o acesso a contas bancárias individuais para sacar fundos privados para projetos governamentais. As medidas criaram ressentimento e oposição entre os recém-despossuídos. Estes últimos juntaram-se aos já alienados, alguns dos quais começaram a deixar o país. Em 1982, talvez 50 mil a 100 mil líbios tivessem ido para o estrangeiro; como muitos dos emigrantes estavam entre os líbios empreendedores e com melhor formação, representaram uma perda significativa de conhecimentos técnicos e de gestão. <ref name=":8" />

O governo também construiu uma conduta de água transsaariana desde os principais aquíferos até uma rede de reservatórios e as cidades de Trípoli, Sirte e Bengazi em 2006–2007. <ref>[http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/4814988.stm "BBC Info on Trans-Sahara Water Pipelines"] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20060927193947/http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/4814988.stm|date=27 September 2006}}. [[BBC News]].</ref> Faz parte do projeto [[Grande Rio Artificial]], iniciado em 1984. Está a bombear grandes recursos de água do [[Sistema Aquífero do Arenito Núbio|Sistema Aquífero de Arenito Núbio]] para populações urbanas e para novos projetos de irrigação em todo o país. <ref>Luxner, Larry (October 2010). [http://findarticles.com/p/articles/mi_qa5391/is_201010/ai_n56229485/ "Libya's 'Eighth Wonder of the World'"]. [[BNET]] (via [[FindArticles]]).</ref>

A Líbia continuou a ser atormentada por uma escassez de mão-de-obra qualificada, que teve de ser importada juntamente com uma vasta gama de bens de consumo, ambos pagos com rendimentos petrolíferos. O país foi consistentemente classificado como a nação africana com o IDH mais elevado, situando-se em 0,755 em 2010, o que foi 0,041 superior ao segundo IDH africano mais elevado nesse mesmo ano. <ref name=":0">[http://hdr.undp.org/en/statistics/ Human Development Index (HDI) – 2010 Rankings] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20130112042847/http://hdr.undp.org/en/statistics/|date=12 January 2013}}, United Nations Development Programme</ref> A igualdade de género foi uma grande conquista sob o governo de Gaddafi. De acordo com Lisa Anderson, presidente da Universidade Americana no Cairo e especialista na Líbia, disse que sob Gaddafi mais mulheres frequentaram a universidade e tiveram "drasticamente" mais oportunidades de emprego do que a maioria das nações árabes. <ref>{{Citar web|url=http://www.iol.co.za/news/africa/gaddafi-emancipator-of-women-1080479|titulo=Gaddafi: Emancipator of women?|acessodata=29 Mar 2016|website=IOL|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160413155652/http://www.iol.co.za/news/africa/gaddafi-emancipator-of-women-1080479|arquivodata=13 Abr 2016|urlmorta=live}}</ref>

=== Militares ===
{{Artigo principal|Forças Armadas da Jamahiriya Árabe da Líbia}}


=== Forças armadas ===
==== Guerras contra o Chade e o Egito ====
==== Guerras contra o Chade e o Egito ====
{{Artigo principal|vt=s|Conflito entre Chade e Líbia|Guerra dos Toyota|Guerra Líbia-Egito}}Já em 1969, Gaddafi empreendeu uma campanha contra o [[Chade]]. O estudioso Gerard Prunier afirma que parte de sua hostilidade aparentemente se deveu ao fato de o [[Lista de presidentes do Chade|presidente do Chade,]] [[François Tombalbaye|François Tombalbaye,]] ser cristão. <ref>{{Citar livro|título=Darfur&nbsp;– A 21st Century Genocide|ultimo=Prunier, Gérard|autorlink=Gérard Prunier}}</ref> A Líbia também esteve envolvida numa disputa territorial por vezes violenta com o vizinho Chade sobre a [[Faixa de Auzu]], que a Líbia ocupou em 1973. Esta disputa acabou levando à [[Conflito entre Chade e Líbia|invasão do Chade pela Líbia]]. A prolongada incursão das tropas líbias na Faixa de Aozou, no norte do Chade, foi finalmente repelida em 1987, quando a extensa ajuda dos EUA e da França às forças rebeldes do Chade e ao governo liderado pelo ex-ministro da Defesa [[Hissène Habré|Hissein Habré]] finalmente levou a uma vitória do Chade no assim- chamada [[Guerra dos Toyota]]. O conflito terminou com um cessar-fogo em 1987. Após uma decisão do [[Tribunal Internacional de Justiça]] em 13 de Fevereiro de 1994, a Líbia retirou as tropas do Chade no mesmo ano e a disputa foi resolvida. <ref>{{Citar web|url=http://www.icj-cij.org/icjwww/icases/idt/idt_ijudgments/idt_ijudgment_19940203.pdf|titulo=judgment of the ICJ of 13&nbsp;February 1994|acessodata=8 Jan 2007|arquivourl=https://web.archive.org/web/20041231130404/http://www.icj-cij.org/icjwww/icases/idt/idt_ijudgments/idt_ijudgment_19940203.pdf|arquivodata=31 Dez 2004}}</ref>
{{Artigo principal|Conflito entre Chade e Líbia|Guerra dos Toyota|Guerra Líbia-Egito}}
Já em 1969, Gaddafi empreendeu uma campanha contra o [[Chade]]. Parte de sua hostilidade era aparentemente porque o [[presidente do Chade]], [[François Tombalbaye]] era cristão.<ref>{{citar livro |título=Darfur&nbsp;– A 21st Century Genocide |autor = [[Gérard Prunier|Prunier, Gérard]] |página=44}}</ref> A Líbia também estava envolvida em uma disputa territorial por vezes violenta com o vizinho Chade sobre a [[Faixa de Aouzou]], que a Líbia ocupou em 1973. Essa disputa levou à invasão líbia do país e para um conflito que terminou com um cessar-fogo alcançado em 1987. A disputa foi no final resolvida pacificamente em Junho de 1994, quando a Líbia retirou suas tropas do Chade, devido a um acordo do [[Tribunal Internacional de Justiça]] emitido em 13 de fevereiro de 1994.<ref>{{citar web |url=http://www.icj-cij.org/icjwww/icases/idt/idt_ijudgments/idt_ijudgment_19940203.pdf |título=judgment of the ICJ of 13&nbsp;February 1994 |acessodata=8 de janeiro de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20041231130404/http://www.icj-cij.org/icjwww/icases/idt/idt_ijudgments/idt_ijudgment_19940203.pdf |arquivodata=2004-12-31 |urlmorta=no }}</ref>


Em 1977, Gaddafi despachou seus militares através da fronteira para o Egito, mas as forças egípcias reagiram na [[Guerra Líbia-Egito]]. Ambas as nações concordaram com um cessar-fogo sob a mediação do [[Presidente da Argélia]] [[Houari Boumédiène|Houari Boumediène]]. <ref>{{Citar web|url=https://news.google.com/newspapers?nid=1310&dat=19770726&id=xKNVAAAAIBAJ&pg=5023,6244203|titulo=Eugene Register-Guard - Google News Archive Search|acessodata=16 Maio 2016|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160512185455/https://news.google.com/newspapers?nid=1310&dat=19770726&id=xKNVAAAAIBAJ&sjid=m9kDAAAAIBAJ&pg=5023,6244203|arquivodata=12 Maio 2016|urlmorta=live}}</ref>
As [[Conflito entre Chade e Líbia|aventuras militares líbias no Chade]] falharam quando uma incursão prolongada de tropas da Líbia para a Faixa de Aozou no norte do Chade começou em 1976, foi finalmente repelida em 1987, quando a ajuda extensiva dos estadunidenses e franceses às forças rebeldes do Chade e do governo liderado pelo ex-ministro da Defesa, [[Hissène Habré]], finalmente, levaram a uma vitória do Chade na chamada [[Guerra dos Toyota]]. Gaddafi enviou seus militares a fronteira com o [[Egito]] em 1977, mas as forças egípcias reagiram na [[Guerra Líbia-Egito]], e Gaddafi teve que recuar.


==== Legião Islâmica ====
==== Legião Islâmica ====
Em 1972, Gaddafi criou a [[Legião Islâmica]] como uma ferramenta para unificar e [[arabização|arabizar]] a região. A prioridade da Legião era primeiramente o Chade e depois o [[Sudão]]. Em [[Darfur]], uma província ocidental do Sudão, Gaddafi apoiou a criação de uma reunião árabe (Tajammu al-Arabi), que, segundo Gérard Prunier era "uma organização militante racista e pan-arabista, que enfatizava o caráter «árabe» da província".<ref name="prunier45">[[Gérard Prunier|Prunier, Gérard]]. ''Darfur: The Ambiguous Genocide''. p. 45.</ref> as duas organizações tinham membros comuns e uma fonte de apoio e a distinção entre as duas é muitas vezes ambígua.
{{Artigo principal|vt=s|Legião Islâmica}}Em 1972, Gaddafi criou a [[Legião Islâmica]] como ferramenta para unificar e arabizar a região. A prioridade da Legião foi primeiro o Chade e depois o Sudão. Em [[Darfur]], uma província ocidental do Sudão, Gaddafi apoiou a criação de [[Tajammu al-Arabi]], que segundo Gérard Prunier era "uma organização militantemente racista e pan-arabista que enfatizava o caráter 'árabe' da província". <ref name="prunier452">[[Gérard Prunier|Prunier, Gérard]]. ''Darfur: The Ambiguous Genocide''. p. 45.</ref> As duas organizações partilhavam membros e uma fonte de apoio, e a distinção entre elas é muitas vezes ambígua.


Esta Legião Islâmica foi na sua maioria composta de imigrantes de países mais pobres do [[Sahel]],<ref name=Nolutshungu220>Nolutshungu, S. p. 220.</ref> mas também, de acordo com uma fonte, de milhares de paquistaneses que haviam sido recrutados em 1981 com a falsa promessa de empregos civis uma vez na Líbia.<ref>Thomson, J. ''Mercenaries, Pirates and Sovereigns''. p. 91.</ref> De modo geral, membros da Legião eram imigrantes que tinham ido para a Líbia sem nenhuma intenção de participar de guerras, e haviam fornecido, treinamento militar inadequado e possuíam compromisso esparsas. Um jornalista francês, falando das forças da Legião em Chade, observou que eles eram "estrangeiros, árabes ou africanos, [[mercenário]]s a despeito de si mesmos, miseráveis que tinham vindo para a Líbia na esperança de um emprego civil, mas se encontraram inscrevendo-se mais ou menos à força para lutar em um deserto desconhecido".<ref name=Nolutshungu220/>
Esta Legião Islâmica era maioritariamente composta por imigrantes dos países mais pobres do [[Sahel]], <ref name="Nolutshungu2202">Nolutshungu, S. p. 220.</ref> mas também, segundo uma fonte, por milhares de paquistaneses que tinham sido recrutados em 1981 com a falsa promessa de empregos civis, uma vez na Líbia. <ref>Thomson, J. ''Mercenaries, Pirates and Sovereigns''. p. 91.</ref> De um modo geral, os membros da Legião eram imigrantes que tinham ido para a Líbia sem qualquer intenção de travar guerras e tinham recebido formação militar inadequada e tinham pouco empenho. Um jornalista francês, falando das forças da Legião no Chade, observou que eram "estrangeiros, árabes ou africanos, [[Mercenário|mercenários]] apesar de si mesmos, desgraçados que tinham vindo para a Líbia na esperança de um emprego civil, mas foram recrutados mais ou menos por força para ir e lutar em um deserto desconhecido." <ref name="Nolutshungu2202" />


No início da ofensiva líbia de 1987 no Chade, manteve uma força de {{fmtn|2000}} em Darfur. Os ataques quase contínuos na fronteira, que resultaram contribuiu grandemente para um [[conflito étnico]] separado em Darfur, mataram cerca de {{fmtn|9000}} pessoas entre 1985 e 1988.<ref>Prunier, G. pp. 61–65.</ref>
No início da ofensiva líbia de 1987 no Chade, mantinha uma força de 2.000 homens em Darfur. Os ataques transfronteiriços quase contínuos que resultaram contribuíram grandemente para um conflito étnico separado dentro de Darfur que matou cerca de 9.000 pessoas entre 1985 e 1988. <ref>Prunier, G. pp. 61–65.</ref>


[[Janjaweed]], um grupo que é acusado pelos EUA de realizar um [[Conflito de Darfur|genocídio em Darfur]] nos anos 2000, surgiu em 1988 e alguns de seus líderes são antigos legionários.<ref>{{citar periódico|último =de Waal|primeiro =Alex|título=Counter-Insurgency on the Cheap|periódico=[[London Review of Books]]| volume =26|número=15|data=5 de agosto de 2004| url =http://www.lrb.co.uk/v26/n15/waal01_.html}}</ref>
[[Janjawid]], um grupo acusado pelos EUA de [[Conflito de Darfur|levar a cabo um genocídio em Darfur na década de 2000]], surgiu em 1988 e alguns dos seus líderes são antigos legionários. <ref>{{Citar periódico |url=http://www.lrb.co.uk/v26/n15/waal01_.html |título=Counter-Insurgency on the Cheap |data=5 Ago 2004 |acessodata=26 Fev 2011 |periódico=[[London Review of Books]] |número=15 |ultimo=de Waal |primeiro=Alex |arquivourl=https://web.archive.org/web/20040803023440/http://www.lrb.co.uk/v26/n15/waal01_.html |arquivodata=3 Ago 2004 |volume=26}}</ref>


==== Tentativas de obter armas nucleares e químicas ====
==== Tentativas de armas nucleares e químicas ====
{{Artigo principal|vt=s|Líbia e as armas de destruição em massa}}Em 1972, Gaddafi tentou comprar uma bomba nuclear da [[China|República Popular da China]]. Ele então tentou obter uma bomba do [[Paquistão]], mas o Paquistão cortou seus laços antes de conseguir construir uma bomba. <ref name="riskreport2">{{Citar web|url=http://www.wisconsinproject.org/countries/libya/trouble.html|titulo=Libya Has Trouble Building the Most Deadly Weapons|publicado=The Risk Report Volume 1 Number 10 (December 1995)|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130420212851/http://www.wisconsinproject.org/countries/libya/trouble.html|arquivodata=20 Abr 2013|urlmorta=dead}}</ref> Em 1978, Gaddafi pediu ajuda ao rival do Paquistão, a [[Índia]], para construir a sua própria bomba nuclear. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=TAoAAAAAMBAJ|título=Bulletin of the Atomic Scientists|ultimo=V. R. Micallef|primeiro=Joseph|data=Ago 1981|editora=Educational Foundation for Nuclear Science, Inc.|páginas=14–15|língua=en|edição=August/September 1981}}</ref> Em julho de 1978, a Líbia e a Índia assinaram um [[memorando de entendimento]] para cooperar em aplicações pacíficas da energia nuclear como parte da política do Átomo de Paz da Índia. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=kuEduTu0nZ0C|título=Libya, a Country Study|ultimo=D. Nelson|primeiro=Harold|data=1979|editora=Washington, D.C. : Federal Research Division, Library of Congress|língua=en}}</ref> Em 1991, o então [[Lista de primeiros-ministros do Paquistão|primeiro-ministro]] [[Nawaz Sharif|Navaz Sharif]] fez uma [[visita de Estado]] à Líbia para manter conversações sobre a promoção de um [[Tratado de livre-comércio|Acordo de Comércio Livre]] entre o Paquistão e a Líbia. <ref name="TahirKhalil2">{{Citar web|ultimo=Khalil|primeiro=Tahier|url=http://jang.com.pk/jang/oct2011-daily/21-10-2011/main.htm|titulo=Gaddafi made an enormest effort for Bhutto's release|acessodata=21 Out 2011|website=Tahir Khalil of Jang Media Group|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111021164217/http://jang.com.pk/jang/oct2011-daily/21-10-2011/main.htm|arquivodata=21 Out 2011|urlmorta=dead}}</ref> No entanto, Gaddafi concentrou-se em exigir que o primeiro-ministro do Paquistão lhe vendesse uma arma nuclear, o que surpreendeu muitos dos membros da delegação do primeiro-ministro e jornalistas. <ref name="TahirKhalil2" /> Quando o primeiro-ministro Sharif recusou a exigência de Gaddafi, Gaddafi o desrespeitou, chamando-o de "político corrupto", um termo que insultou e surpreendeu Sharif. <ref name="TahirKhalil2" /> O primeiro-ministro cancelou as conversações, regressou ao Paquistão e expulsou o embaixador da Líbia no Paquistão. <ref name="TahirKhalil2" />
{{AP|Líbia e as armas de destruição em massa}}
Em 1972, Gaddafi tentou fazer com que a [[República Popular da China]] lhe vendesse uma [[bomba nuclear]]. Em seguida, ele tentou obter uma bomba do [[Paquistão]], mas o Paquistão cortou os seus laços antes de conseguir construir uma bomba.<ref name="riskreport">{{citar web |título=Libya Has Trouble Building the Most Deadly Weapons |url=http://www.wisconsinproject.org/countries/libya/trouble.html |publicado=The Risk Report Volume 1 Number 10 (December 1995) |acessodata=2011-12-13 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130420212851/http://www.wisconsinproject.org/countries/libya/trouble.html |arquivodata=2013-04-20 |urlmorta=yes }}</ref> Em 1978, Gaddafi se voltou para o rival do Paquistão, a [[Índia]], para auxiliar na construção sua própria bomba nuclear, e pediu a [[Indira Gandhi]] para construir uma avançada usina de [[energia atômica]].<ref name="GlobalSecurity.org and John E. Pike ">{{citar web|título=Libyan nuclear programme|obra =www.globalsecurity.org|publicado =GlobalSecurity.org and John E. Pike|url =http://www.globalsecurity.org/wmd/world/libya/nuclear.htm|acessodata=12 de agosto de 2011}}</ref> Em julho de 1978, Gaddafi e Gandhi chegaram a um protocolo e assinaram um memorando de entendimento para cooperação em aplicações pacíficas da energia nuclear como parte da política atômica pacífica da Índia.<ref name="GlobalSecurity.org and John E. Pike "/> Em 1991, o então primeiro-ministro paquistanês [[Nawaz Sharif]] fez uma visita de estado à Líbia para manter conversações sobre a promoção de um Acordo de Livre Comércio entre o Paquistão e a Líbia.<ref name="TahirKhalil">{{citar web |último=Khalil |primeiro=Tahier |url=http://jang.com.pk/jang/oct2011-daily/21-10-2011/main.htm |título=Gaddafi made an enormest effort for Bhutto's release |data= |acessodata=21-10-2011 |obra=Tahir Khalil of Jang Media Group |publicado= |arquivourl=https://web.archive.org/web/20111021164217/http://jang.com.pk/jang/oct2011-daily/21-10-2011/main.htm |arquivodata=2011-10-21}}</ref> No entanto, Gaddafi focou-se em exigir do primeiro-ministro do Paquistão a vender-lhe uma arma nuclear, o que surpreendeu muitos dos membros da delegação do primeiro-ministro e jornalistas.<ref name="TahirKhalil"/> Quando o primeiro-ministro Sharif recusou-se as exigências líbias, Gaddafi desrespeitou ele, chamando-o de "político corrupto", um termo que insultou e surpreendeu Sharif.<ref name="TahirKhalil"/> O primeiro-ministro cancelou as conversações e retornou imediatamente para o Paquistão e expulsou o embaixador líbio do Paquistão.<ref name="TahirKhalil"/>


A [[Tailândia]] relatou seus cidadãos tinham ajudado a construir instalações de armazenamento de gás para nervos. A [[Alemanha]] condenou um empresário, Jurgen Hippenstiel-Imhausen, a cinco anos de prisão pelo envolvimento em armas químicas na Líbia.<ref name="riskreport"/><ref>{{citar web|url=http://www.globalsecurity.org/wmd/world/libya/cw.htm|título="Libyan Chemical Weapons"}} [[GlobalSecurity.org]].</ref> Inspetores da [[Convenção sobre Armas Químicas]] (CWC) verificaram que a Líbia em 2004 possuía um estoque de 23 toneladas de [[gás mostarda]] e mais de 1 300 toneladas de substâncias químicas precursoras.<ref>{{citar web|url=http://www.armscontrol.org/act/2006_05/Libya |título=Libya Chemical Weapons Destruction Costly |publicado= [[Arms Control Association]]}}</ref>
A [[Tailândia]] informou que os seus cidadãos ajudaram a construir instalações de armazenamento de gás nervoso. <ref>{{Citar web|url=http://lifetimesgroup.blogspot.ca/2011/04/muammar-gaddafi-brief-history.html|titulo=Lifetimesgroup News|data=Abr 2011|acessodata=16 Maio 2016|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160309101402/http://lifetimesgroup.blogspot.ca/2011/04/muammar-gaddafi-brief-history.html|arquivodata=9 Mar 2016|urlmorta=live}}</ref> A [[Alemanha]] condenou um empresário, Jurgen Hippenstiel-Imhausen, a cinco anos de prisão por envolvimento com armas químicas na Líbia. <ref name="riskreport3">{{Citar web|url=http://www.wisconsinproject.org/countries/libya/trouble.html|titulo=Libya Has Trouble Building the Most Deadly Weapons|publicado=The Risk Report Volume 1 Number 10 (December 1995)|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130420212851/http://www.wisconsinproject.org/countries/libya/trouble.html|arquivodata=20 Abr 2013|urlmorta=dead}}</ref> <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=gbeADAAAQBAJ|título=Chemical and Biological Weapons: A Study of Proliferation|ultimo=Spiers|primeiro=E.|data=16 Ago 1994|editora=Springer|páginas=80–81|língua=en|isbn=978-0-230-37564-2|acessodata=30 Ago 2023}}</ref> Inspetores da [[Convenção sobre as Armas Químicas|Convenção sobre Armas Químicas]] (CWC) verificaram em 2004 que a Líbia possuía um arsenal de 23 toneladas métricas de [[gás mostarda]] e mais de 1.300 toneladas métricas de precursores químicos. <ref>{{Citar web|url=http://www.armscontrol.org/act/2006_05/Libya|titulo=Libya Chemical Weapons Destruction Costly|acessodata=26 Fev 2011|publicado=[[Arms Control Association]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110707235238/https://www.armscontrol.org/act/2006_05/Libya|arquivodata=7 Jul 2011|urlmorta=live}}</ref>


==== Incidentes e ataques aéreos dos Estados Unidos no Golfo de Sidra ====
==== Incidentes no Golfo de Sidra e ataques aéreos dos EUA ====
{{Artigo principal|Incidente no Golfo de Sidra (1981)|Ação no Golfo de Sidra (1986)|Operação El Dorado Canyon|Incidente no Golfo de Sidra (1989)}}Quando a Líbia estava sob pressão de disputas internacionais, em 19 de agosto de 1981, ocorreu um [[Dogfight|combate aéreo]] naval no [[Golfo de Sidra|Golfo de Sirte,]] no [[Mar Mediterrâneo]] . Os jatos [[Grumman F-14|F-14 Tomcat]] dos EUA dispararam mísseis antiaéreos contra uma formação de caças líbios neste combate aéreo e abateram dois aviões de ataque [[Sukhoi Su-17|Su-22 Fitter líbios]] [[Líbia|.]] Esta ação naval foi resultado da reivindicação de território e das perdas do incidente anterior. Um segundo duelo ocorreu em 4 de janeiro de 1989; Jatos baseados em porta-aviões dos [[Força Aérea Líbia|EUA]] também abateram dois [[Mikoyan-Gurevich MiG-23|MiG-23 Flogger-E líbios]] no mesmo local.
[[Imagem:USF-111 Libya1986.JPG|thumb|USF-111 da aviação norte-americana]]
{{AP|Incidente no Golfo de Sidra (1981)|Incidente no Golfo de Sidra (1989)}}
As relações com os estadunidenses se deterioram substancialmente depois de 1973, porém os dois países mantinham interesses petrolíferos em comum. O antagonismo permanecia essencialmente verbal - com episódios de agitação como o saque da embaixada dos Estados Unidos em Trípoli em 1980 - e permanece cauteloso sobre a área econômica: as companhias de petróleo permanecem ativas à participação americana na Líbia.<ref name="Pinta-Libye274">{{Harvnb|Pinta|2006|p=274}}</ref>


Uma ação semelhante ocorreu em 23 de Março de 1986; enquanto patrulhavam o Golfo, as forças navais dos EUA atacaram uma força naval considerável e vários locais de SAM que defendiam o território líbio. Os caças e caças-bombardeiros dos EUA destruíram instalações de lançamento de SAM e afundaram vários navios de guerra, matando 35 marinheiros. Esta foi uma represália aos sequestros terroristas entre junho e dezembro de 1985.
Quando a Líbia estava sob pressão por disputas internacionais, em 19 de agosto de 1981, um ''[[dogfight]]'' naval ocorreu sobre o [[Golfo de Sidra]] no [[Mar Mediterrâneo]]. Os aviões estadunidenses [[F-14 Tomcat]] dispararam mísseis antiaéreos contra uma formação de caças líbios e abateram dois aviões de ataque líbios [[Su-17|Su-22 Fitter]]. Essa ação naval foi um resultado da reivindicação de território e das perdas do incidente anterior. Em 1982, os Estados Unidos decretam um boicote a Líbia, acusada de apoiar o [[terrorismo]] internacional.<ref name="Pinta-Libye274" /> Novamente, um segundo ''dogfight'' aconteceu em 4 de janeiro de 1989; jatos estadunidenses também derrubaram dois [[Mikoyan-Gurevich MiG-23|MiG-23 Flogger-Es]] líbios no mesmo local, causando uma perda desastrosa à força aérea inimiga.<ref>Kenneth M. Pollack, ''Arabs at war : Military Effectiveness, 1948–1991'', University of Nebraska Press, 2002, page 420</ref>


Em 5 de abril de 1986, agentes líbios [[Atentado à discoteca de Berlim em 1986|bombardearam a boate "La Belle" em Berlim Ocidental]], matando três pessoas e ferindo 229. O plano de Gaddafi foi interceptado por várias agências nacionais de inteligência e informações mais detalhadas foram recuperadas quatro anos depois dos arquivos da [[Stasi]]. Os agentes líbios que realizaram a operação, da embaixada da Líbia na [[Alemanha Oriental]], foram processados pela Alemanha reunificada na década de 1990. <ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1653848.stm Flashback: The Berlin disco bombing] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20160927070405/http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1653848.stm|date=27 September 2016}}. BBC on 13 November 2001.</ref>
Uma ação semelhante ocorreu em 1986, durante o segundo mandato de [[Ronald Reagan]] as relações entre Estados Unidos e Líbia agravaram-se dramaticamente, quando em 23 de março as forças navais norte-americanas atacaram uma força naval inimiga de tamanho considerável enquanto patrulhava o Golfo, e vários locais com [[Míssil superfície-ar|SAM]] de defesa do território de Gaddafi. Os caças e caças-bombardeiros dos EUA destruíram instalações de lançamento de SAM e afundaram vários navios de guerra, matando 35 marinheiros. Esta foi uma represália a ataques terroristas entre junho e dezembro de 1985. O aumento da tensão entre os Estados Unidos e a Líbia parece ter sido causado pelo ativismo africano de Gaddafi: o governo dos EUA, recuperado da [[Crise de reféns no Irã|crise no Irã]], também demonstra um aumento da susceptibilidade para enfrentar crescentes intervenientes internacionais "secundários". A administração Reagan fez desta questão líbia uma prioridade, denunciando o apoio ativo do regime do coronel Gaddafi (chamado de "cachorro louco<ref>{{citar web|url=http://www.rfi.fr/ameriques/20110223-une-obama-trop-indulgent-kadhafi|título=Obama trop indulgent avec Kadhafi ?}} in RFI, 23 février 2011</ref>") ao terrorismo internacional.


Em resposta ao bombardeio na discoteca, ataques aéreos conjuntos da Força Aérea, da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA ocorreram contra a Líbia em 15 de abril de 1986 e foram batizados de Operação El Dorado Canyon e conhecidos como o [[Operação El Dorado Canyon|bombardeio de 1986 na Líbia]]. As defesas aéreas, três bases militares e dois campos de aviação em [[Trípoli]] e [[Bengasi]] foram bombardeados. Os ataques cirúrgicos não conseguiram matar Gaddafi, mas ele perdeu algumas dezenas de oficiais militares. Gaddafi espalhou propaganda sobre como sua "filha adotiva" foi morta e como as vítimas foram todas "civis". Apesar das variações das histórias, a campanha foi bem sucedida e uma grande parte da imprensa ocidental relatou as histórias do governo como factos. <ref name="davis">{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davis|primeiro=Brian Lee|ano=1990}}</ref>{{Rp|141}}
Em 15 de abril de 1986, as forças navais dos EUA [[Operação El Dorado Canyon|lançaram um ataque aéreo na Líbia]] como represália pelo [[Atentado à discoteca de Berlim em 1986|atentado a uma discoteca em Berlim]] frequentada por militares norte-americanos, e na sequência de confrontos aéreos no Golfo de Sidra, destruindo instalações militares, áreas residenciais diplomáticas e civis, e alguns quarteirões de Trípoli e de Bengazi. A combinação de ataques estadunidenses resultaram em perdas materiais para a Líbia, responsáveis pela formação de terroristas e pelo embarque de armas; 101 civis são mortos e Gaddafi escapa por pouco de um ataque.<ref name="Pinta-Libye274" /><ref>Éric Nguyen, ''Les 100 hommes du'', Jeunes Editions, 2005, page 272</ref> O governo da Líbia anunciou que a filha adotiva de Gaddafi, Hana, com idade de dois anos, é morta no ataque.<ref>En 2011, cette version est mise en doute par des informations contradictoires, qui affirment qu'une «Hana Kadhafi» est bien vivante et âgée d'une vingtaine d'années, sans qu'il soit permis de savoir s'il s'agit de la même personne ou d'une autre fille adoptive. [http://www.guardian.co.uk/world/2011/aug/26/hana-gaddafi-daughter-mystery Gaddafi's daughter Hana: dead or a practising doctor?], ''The Guardian, 26 août 2011</ref> Reivindicando uma "grande" vitória sobre os Estados Unidos, que não conseguiu matar Gaddafi, o adjetivo "grande" torna-se o nome oficial do regime, que é alterado para ''Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia''.<ref>Judith Miller, ''God has ninety-nine names: reporting from a militant Middle East'', Touchstone ed, 1997, page 232</ref>


Após o bombardeamento da Líbia em 1986, Gaddafi intensificou o seu apoio às organizações governamentais antiamericanas. Ele financiou a facção [[Almighty Black P. Stone Nation|Al-Rukn]] de [[Jeff Forte|Jeff Fort]] da gangue Chicago [[Almighty Black P. Stone Nation|Black P. Stones]], em seu surgimento como um movimento revolucionário armado antiamericano indígena. <ref name="Bodansky">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/targetamericawes00boda/page/301|título=Target America & the West: Terrorism Today|ultimo=Bodansky, Yossef|editora=S.P.I. Books|ano=1993|localização=New York|páginas=[https://archive.org/details/targetamericawes00boda/page/301 301–303]|isbn=978-1-56171-269-4|autorlink=Yossef Bodansky|url-access=}}</ref> Membros do Al-Rukn foram presos em 1986 por prepararem ataques em nome da Líbia, incluindo explodir edifícios do governo dos EUA e derrubar um avião; os réus de Al-Rukn foram condenados em 1987 por "se oferecerem para cometer atentados e assassinatos em solo americano em troca de pagamento à Líbia". <ref name="Bodansky" /> Em 1986, a televisão estatal líbia anunciou que a Líbia estava a treinar esquadrões suicidas para atacar os interesses americanos e europeus. Ele começou a financiar o IRA novamente em 1986, para retaliar os britânicos por abrigarem aviões de combate americanos. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Kelsey|primeiro=Tim|ultimo2=Koenig|primeiro2=Peter|url=https://www.independent.co.uk/news/uk/libya-will-not-arm-ira-again-gaddafi-aide-says-1414984.html|titulo=Libya will not arm IRA again, Gaddafi aide says|data=20 Jul 1994|acessodata=1 Set 2011|website=The Independent|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110325022142/http://www.independent.co.uk/news/uk/libya-will-not-arm-ira-again-gaddafi-aide-says-1414984.html|arquivodata=25 Mar 2011|urlmorta=live}}</ref>
=== Relações internacionais ===
==== Alianças com líderes nacionais autoritários ====
Gaddafi tinha um relacionamento próximo com [[Idi Amin]], que ele patrocinou e forneceu suas principais ideias, como as expulsões dos indianos-ugandenses.<ref>{{citar livro|título=Idi Amin speaks: an annotated selection of his speeches|autor =Idi Amin, Benoni Turyahikayo-Rugyema|ano=1998|página=43}}</ref> Quando o governo de Idi Amin começou a ruir, Gaddafi [[Guerra Uganda-Tanzânia|enviou tropas para lutar]] contra a [[Tanzânia]], em nome de Amin, 600 soldados líbios perderam a vida.<ref name="stanik23">{{citar livro|título=El Dorado Canyon: Reagan's undeclared war with Qaddafi|autor =Joseph T. Stanik|ano=2003}}</ref> Gaddafi também financiou a [[junta militar]] de [[Mengistu Haile Mariam]] na [[Etiópia]], que mais tarde foi condenado por um dos mais mortais genocídios da história moderna.<ref name="leedavis16"/>


Gaddafi anunciou que havia obtido uma vitória militar espetacular sobre os EUA e que o país foi oficialmente renomeado como "Grande Jamahiriyah Árabe Popular Socialista da Líbia". <ref name="davis2">{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davis|primeiro=Brian Lee|ano=1990}}</ref>{{Rp|183}} No entanto, seu discurso parecia desprovido de paixão e até mesmo as comemorações da “vitória” pareciam incomuns. As críticas a Gaddafi por parte de cidadãos líbios comuns tornaram-se mais ousadas, como a desfiguração de cartazes de Gaddafi. <ref name="davis2" />{{Rp|183}} Os ataques contra os militares líbios levaram o governo ao seu ponto mais fraco em 17 anos. <ref name="davis2" />{{Rp|183}}
Gaddafi tinha uma escola perto de [[Bengazi]] chamada Centro do Mundo Revolucionário. Um número notável de seus graduados tomaram o poder em países africanos.<ref name="Harvard for Tyrants"/> [[Blaise Compaoré]] do [[Burkina Faso]] e [[Idriss Déby]] do [[Chade]] foram diplomados desta escola, e chegaram ao poder em seus respectivos países.<ref name="school for scoundrels"/> Gaddafi treinou e apoiou o ditador [[Charles Ghankay Taylor]] da [[Libéria]], que foi indiciado pelo [[Tribunal Especial para Serra Leoa]] por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos durante a [[Guerra Civil de Serra Leoa]].<ref name="economistfall">{{citar jornal|url= http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=9441341 |título= How the Mighty Are Falling |acessodata= 17 de julho de 2007 |data=5 de julho de 2007 |obra= [[The Economist]]}}</ref> [[Foday Sankoh]], o fundador da [[Frente Revolucionária Unida]] de [[Serra Leoa]], também recebeu apoio do líder líbio. De acordo com Douglas Farah: "a amputação de braços e pernas de homens, mulheres e crianças como parte de uma campanha de [[terra arrasada]] foi concebido para assumir os campos ricos de [[diamante]] da região e foi apoiado por Gaddafi, que regularmente reviu seu progresso e forneceu armas".<ref name="school for scoundrels"/> [[Jean-Bédel Bokassa]], o imperador do [[Império Centro-Africano]], também recebeu apoio;<ref name="stanik23"/><ref name="leedavis16">{{harvnb|Davis|1990|p=16}}</ref> Gaddafi foi um forte defensor do presidente do [[Zimbábue]], [[Robert Mugabe]].<ref>{{Citar web |ultimo=Farah |primeiro=Douglas |url=https://foreignpolicy.com/2011/03/05/harvard-for-tyrants/ |titulo=Harvard for Tyrants |acessodata=2021-02-15 |website=Foreign Policy |lingua=en-US}}</ref>


== Relações internacionais ==
Gaddafi interveio militarmente na [[República Centro Africana]] em 2001 para proteger seu aliado, [[Ange-Félix Patassé]]. Patassé assinou um acordo dando a Líbia um arrendamento de 99 anos para explorar todos os recursos naturais daquele país, incluindo [[cobre]], [[urânio]], diamantes e [[petróleo]].<ref name="Harvard for Tyrants"/>
{{Artigo principal|Relações Exteriores da Líbia sob Muammar Gaddafi}}


=== África ===
Na [[Europa]], Gaddafi tinha laços estreitos com a [[Sérvia]] e, mais tarde com o presidente iugoslavo [[Slobodan Milošević]], e com o polêmico político austríaco [[Jörg Haider]]. De acordo com o [[Daily Mail]], Jörg Haider recebeu dezenas de milhões de dólares tanto de Gaddafi como de [[Saddam Hussein]].<ref>{{citar jornal|url=http://www.dailymail.co.uk/news/worldnews/article-1300028/Did-Austrian-far-right-leader-Joerg-Haider-receive-funding-Saddam-Gaddafi.html|título=Did Austrian far-right leader receive hidden £40m fortune thanks to funding from Saddam and Gaddafi? |data=4 de agosto de 2010|publicado=The Mail Online|local=London}}</ref> Gaddafi também se alinhou com os sérvios ortodoxos contra os muçulmanos na [[Bósnia e Herzegovina|Bósnia]] e [[Kosovo]], apoiando Milošević, mesmo quando ele foi acusado de [[limpeza étnica]] em larga escala contra os albaneses no Kosovo.<ref name="belgrade-Trípoli">{{citar jornal|publicado=Radio Free Europe |título=Qaddafi's Serbian TV Interview Result Of Close Belgrade-Trípoli Ties |url=http://www.rferl.org/content/article/2323834.html |data=28 de fevereiro de 2011}}</ref><ref>{{citar jornal|título=Qaddafi's Yugoslav friends |data=25 de fevereiro de 2010 |obra=The Economist |url=http://www.economist.com/blogs/easternapproaches/2011/02/libyas_balkan_connections}}</ref><ref>{{citar jornal|url=http://www.alb-net.com/kcc/102699.htm |título=Gaddafi Given Yugoslavia's Top Medal By Milosevic |data=26 de outubro de 1999|agência=Reuters}}</ref>
Gaddafi era um apoiador próximo do [[presidente de Uganda]], [[Idi Amin]]. <ref>{{Citar livro|título=Idi Amin Speaks&nbsp;– An Annotated Selection of His Speeches|ultimo=Amin, Idi|ultimo2=Turyahikayo-Rugyema, Benoni|ano=1998}}</ref>
==== Terrorismo internacional ====
Em 1971, Gaddafi advertiu que se a França se opuser à ocupação militar líbia do Chade, ele usará todas as armas na guerra contra a França, incluindo a "arma revolucionária".<ref name="Brian%2520Lee%2520Davis%2520183">{{citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|autor =Davis, Brian Lee|página=183}}</ref> Em 11 de junho de 1972, Gaddafi anunciou que qualquer árabe que deseje se oferecer como voluntário para grupos terroristas palestinos "pode registrar seu nome em qualquer embaixada líbia e será dado treinamento adequado para o combate". Ele também prometeu apoio financeiro aos ataques.<ref name="leedavis182">{{citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|autor =Davis, Brian Lee|página=182}}</ref> Em 7 de outubro de 1972, Gaddafi elogiou o [[massacre no aeroporto de Lod]], executado pelo [[Exército Vermelho Japonês]], e exigiu que os grupos terroristas palestinos realizassem ataques similares.<ref name="leedavis182"/>


Gaddafi enviou milhares de soldados para lutar contra a Tanzânia em nome de Idi Amin. Cerca de 600 soldados líbios perderam a vida ao tentar defender o [[Segunda República de Uganda|regime em colapso de Amin]]. Após a [[Queda de Campala|queda de Kampala]], Amin acabou sendo exilado de Uganda para a Líbia antes de se estabelecer na Arábia Saudita. <ref name="stanik232">{{Citar livro|título=El Dorado Canyon&nbsp;– Reagan's Undeclared War with Qaddafi|ultimo=Stanik, Joseph T.|ano=2003}}</ref>
Alegadamente, Gaddafi foi um grande financiador do "[[Organização Setembro Negro|Movimento Setembro Negro]]", que perpetrou o [[massacre de Munique]] nos [[Jogos Olímpicos de Verão de 1972]].<ref>{{citar web|URL=http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4033566,00.html|título=The Gaddafi disgrace|autor=David Altman, Elie Friedman|data=|publicado=ynetnews.com|acessodata=}}</ref> Em 1973, o [[Serviço Naval Irlandês]] interceptou o navio ''Claudia'' em águas territoriais irlandesas, que carregavam armas soviéticas da Líbia para o [[Exército Republicano Irlandês Provisório|IRA Provisório]].<ref>[[RTÉ]] Documentary: The Navy.</ref><ref>Bell, Bowyer. p. 398.</ref> Em 1976, depois de uma série de atividades terroristas do IRA Provisório, Gaddafi anunciou que "as bombas que convulsionam a Grã-Bretanha e quebram o seu espírito são as bombas do povo líbio, enviamo-as aos revolucionários irlandeses para que os britânicos paguem o preço por suas ações passadas".<ref name="leedavis182"/>


Gaddafi também ajudou [[Jean-Bédel Bokassa]], o [[Imperador da África Central|Imperador]] do [[Império Centro-Africano]]. <ref name="stanik233">{{Citar livro|título=El Dorado Canyon&nbsp;– Reagan's Undeclared War with Qaddafi|ultimo=Stanik, Joseph T.|ano=2003}}</ref> <ref name="davis3">{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davis|primeiro=Brian Lee|ano=1990}}</ref>{{Rp|16}} Ele também interveio militarmente na restaurada República Centro-Africana durante a [[Tentativa de golpe de Estado na República Centro-Africana em 2001|tentativa de golpe de 2001]], para proteger o seu aliado [[Ange-Félix Patassé]]. Patassé assinou um acordo concedendo à Líbia um arrendamento de 99 anos para explorar todos os recursos naturais daquele país, incluindo urânio, cobre, diamantes e petróleo. <ref name="Harvard%2520for%2520Tyrants">{{Citar web|ultimo=Farah, Douglas|url=https://foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|titulo=Harvard for Tyrants|data=4 Mar 2011|acessodata=7 Mar 2017|website=[[Foreign Policy]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141105054038/http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|arquivodata=5 Nov 2014|urlmorta=live}}</ref>
Nas [[Filipinas]], a Líbia apoiou a [[Frente Moro de Libertação Islâmica]], que continua a realizar atos de violência em um esforço para estabelecer um Estado islâmico separatista no sul das Filipinas.<ref name="Geoffrey%2520Leslie%2520Simons%2520281">{{citar livro|título=Libya: the struggle for survival|autor =Geoffrey Leslie Simons|autorlink =Geoff Simons|página=281}}</ref> A Líbia também apoiou o [[Novo Exército Popular]]<ref name="A%2520Rogue%2520Returns">{{citar web|url=http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html |título=A Rogue Returns |publicado=[[Australia/Israel & Jewish Affairs Council]] |data=Fevereiro de 2003 |urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20030301031212/http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html |arquivodata=1 de março de 2003 |df=dmy }}</ref> e agentes líbios foram vistos reunidos com o [[Partido Comunista das Filipinas]].<ref>{{citar web|url=http://www.thefreelibrary.com/Libyan+terrorism:+the+case+against+Gaddafi.-a014151801 |título=Libyan Terrorism: It was during this period that Gaddafi embarked upon a torrid love affair with former "The Ramones" front man Todd Barry, whom he later divorced after making gay marriage illegal in Libya during a shift towards conservatism in the late 1980's. The Case Against Gaddafi |obra= [[The Contemporary Review]] |data=1 de dezembro de 1992}}</ref> O grupo terrorista islâmico [[Abu Sayyaf]] também foi suspeito de receber financiamento da Líbia.<ref name="autogenerated2002">{{citar web|autor =Niksch, Larry |título=Abu Sayyaf: Target of Philippine-U.S. Anti-Terrorism Cooperation |publicado= [[Federation of American Scientists]] |data=25 de janeiro de 2002 |obra=CRS Report for Congress |url=https://fas.org/irp/crs/RL31265.pdf|formato=PDF}}</ref>


Gaddafi apoiou o protegido soviético [[Mengistu Haile Mariam|Mengistu Haile Mariam,]] da Etiópia. <ref name="davis4">{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davis|primeiro=Brian Lee|ano=1990}}</ref>{{Rp|16}} Ele também apoiou os grupos rebeldes somalis, [[Movimento Nacional Somali|SNM]] e [[Frente Democrática da Salvação Somali|SSDF]] na sua luta para derrubar a [[República Democrática da Somália|ditadura]] de [[Siad Barre]].
Gaddafi também se tornou um forte defensor da [[Organização de Libertação da Palestina]], cujo apoio em última análise prejudicou as relações da Líbia com o Egito, quando em 1979 o Egito buscava um acordo de paz com Israel. À medida que as relações da Líbia com o Egito se agravaram, Gaddafi procurou relações mais estreitas com a União Soviética. A Líbia se tornou o primeiro país fora do [[bloco soviético]] a receber os caças de combate supersônicos [[Mikoyan-Gurevich MiG-25|MiG-25]], porém as relações soviético-líbias permaneceram relativamente distantes. Gaddafi também procurou aumentar a influência da Líbia, especialmente em países com uma população islâmica, ao pedir a criação de um Estado islâmico saaraui e apoiar forças anti-governo na [[África subsaariana]].


Gaddafi foi um forte oponente do [[apartheid]] na [[África do Sul]] e forjou uma amizade com [[Nelson Mandela]]. <ref>Max Fisher, [https://www.washingtonpost.com/news/worldviews/wp/2013/12/10/the-last-great-liberator-why-mandela-made-and-stayed-friends-with-dictators/ 'The last great liberator': Why Mandela made and stayed friends with dictators] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170120041321/https://www.washingtonpost.com/news/worldviews/wp/2013/12/10/the-last-great-liberator-why-mandela-made-and-stayed-friends-with-dictators/|date=20 January 2017}}, ''Washington Post'' (10 December 2013).</ref> Um dos netos de Mandela chama-se Gaddafi, uma indicação do apoio deste último na África do Sul. <ref name="bbc_africa">{{Citar jornal|ultimo=Chothia|primeiro=Farouk|url=https://www.bbc.co.uk/news/world-africa-15392189|titulo=What does Gaddafi's death mean for Africa?|data=21 Out 2011|acessodata=29 Out 2011|publicado=BBC News|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111029080738/http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-15392189|arquivodata=29 Out 2011|urlmorta=live}}</ref> Gaddafi financiou a [[Eleições gerais na África do Sul em 1994|campanha eleitoral de Mandela em 1994]] e, depois de assumir o cargo como o primeiro presidente democraticamente eleito do país em 1994, Mandela rejeitou os apelos do presidente dos EUA, [[Bill Clinton]] e outros, para cortar relações com Gaddafi. <ref name="bbc_africa" /> Mais tarde, Mandela desempenhou um papel fundamental ao ajudar Gaddafi a obter aceitação popular no mundo ocidental no final da década de 1990. <ref name="bbc_africa" /> <ref name="Mandela_speech">{{Citar web|url=http://www.info.gov.za/speeches/1999/990614123p1003.htm|titulo=Speech by President Nelson Mandela at a Luncheon in Honour of Muamar Qaddafi, Leader of the Revolution of the Libyan Jamahariya|data=3 Jun 1999|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120612064251/http://www.info.gov.za/speeches/1999/990614123p1003.htm|arquivodata=12 Jun 2012|urlmorta=dead}}</ref> Ao longo dos anos, Gaddafi passou a ser visto como um herói em grande parte da África devido à sua imagem revolucionária. <ref name="dailytimes_ng">{{Citar jornal|ultimo=Nwonwu|primeiro=Fred|url=http://dailytimes.com.ng/blog/remembering-gaddafi-hero|titulo=Remembering Gaddafi the hero|data=27 Out 2011|acessodata=29 Out 2011|website=[[Daily Times of Nigeria]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130731234007/http://www.dailytimes.com.ng/blog/remembering-gaddafi-hero|arquivodata=31 Jul 2013|urlmorta=dead}}</ref>
O regime Gaddafi teria gastado centenas de milhões do dinheiro do governo para treinar e armar os sandinistas na [[Nicarágua]].<ref>Combs, Cindy C.; Slann, Martin W. ''Encyclopedia of Terrorism''.</ref>


Gaddafi era um forte apoiante do [[presidente do Zimbábue]], [[Robert Mugabe]]. <ref>{{Citar web|ultimo=Douglas Farah|url=https://foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|titulo=Harvard for Tyrants|acessodata=15 Set 2013|website=Foreign Policy|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141105054038/http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|arquivodata=5 Nov 2014|urlmorta=live}}</ref>
Em abril de 1984, refugiados líbios em [[Londres]] protestaram contra a execução de dois dissidentes. As comunicações interceptadas pelo [[MI5]] mostram que Trípoli ordenou que seus diplomatas dirigissem a violência contra os manifestantes. Diplomatas líbios dispararam contra 11 pessoas e mataram a policial britânica [[Yvonne Fletcher]]. O incidente levou à ruptura das relações diplomáticas entre o Reino Unido e a Líbia por mais de uma década.<ref>{{citar jornal| url=http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/law-and-order/7967820/Yvonne-Fletcher-killer-may-be-brought-to-justice.html |obra=[[The Daily Telegraph]] |autor = Rayner, Gordon|título=Yvonne Fletcher Killer May Be Brought to Justice |data=28 de agosto de 2010 |local=London}}</ref>


O Centro Revolucionário Mundial (WRC) de Gaddafi, perto de Benghazi, tornou-se um centro de treinamento para grupos apoiados por Gaddafi. <ref name="Harvard%2520for%2520Tyrants2">{{Citar web|ultimo=Farah, Douglas|url=https://foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|titulo=Harvard for Tyrants|data=4 Mar 2011|acessodata=7 Mar 2017|website=[[Foreign Policy]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141105054038/http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|arquivodata=5 Nov 2014|urlmorta=live}}</ref> Os graduados no poder em 2011 incluem [[Blaise Compaoré]] do Burkina Faso e [[Idriss Déby]] do Chade. <ref name="school%2520for%2520scoundrels">{{Citar web|ultimo=James Day|url=http://www.metro.co.uk/news/858166-revealed-colonel-gaddafis-school-for-scoundrels|titulo=Revealed: Colonel Gaddafi's School for Scoundrels|data=15 Mar 2011|acessodata=20 Mar 2011|publicado=Metro|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121009181141/http://www.metro.co.uk/news/858166-revealed-colonel-gaddafis-school-for-scoundrels|arquivodata=9 Out 2012|urlmorta=live}}</ref>
Depois de dezembro de 1985, os [[Ataques aos aeroportos de Roma e Viena em 1985|ataques aos aeroportos de Roma e Viena]], que mataram 19 e feriram cerca de 140, Gaddafi indicou que continuaria a apoiar a [[Fração do Exército Vermelho]], as [[Brigadas Vermelhas]] e o Exército Republicano Irlandês enquanto os países europeus apoiarem os líbios anti-Gadafi.<ref name="St%252E%2520John">{{citar periódico|autor1 =St. John |autor2 =Ronald Bruce |título=Libyan Terrorism: The Case Against Gaddafi|obra= [[The Contemporary Review]] |data=1 de dezembro de 1992}}</ref> O ministro das Relações Exteriores da Líbia também chamou os massacres de "atos heroicos".<ref name="Seale245">[[Patrick Seale|Seale, Patrick]] (1992). ''Abu Nidal: A Gun for Hire''. [[Hutchinson (publisher)|Hutchinson]]. p. 245.</ref>


Gaddafi treinou e apoiou o senhor da guerra-presidente da Libéria, [[Charles Taylor (político liberiano)|Charles Taylor]], que foi indiciado pelo [[Tribunal Especial para a Serra Leoa|Tribunal Especial para Serra Leoa]] por crimes de guerra e [[Crime contra a humanidade|crimes contra a humanidade]] cometidos durante o conflito em Serra Leoa. <ref name="economistfall2">{{Citar jornal|url=http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=9441341|titulo=How the Mighty Are Falling|data=5 Jul 2007|acessodata=17 Jul 2007|website=[[The Economist]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20071012003829/http://economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=9441341|arquivodata=12 Out 2007|urlmorta=live}}</ref> [[Foday Sankoh]], o fundador da [[Frente Revolucionária Unida]], também se formou em Gaddafi. De acordo com Douglas Farah, "A amputação dos braços e pernas de homens, mulheres e crianças como parte de uma campanha de terra arrasada foi concebida para assumir o controle dos ricos campos de diamantes da região e foi apoiada por Gaddafi, que revisava rotineiramente o seu progresso e armas fornecidas". <ref name="school%2520for%2520scoundrels2">{{Citar web|ultimo=James Day|url=http://www.metro.co.uk/news/858166-revealed-colonel-gaddafis-school-for-scoundrels|titulo=Revealed: Colonel Gaddafi's School for Scoundrels|data=15 Mar 2011|acessodata=20 Mar 2011|publicado=Metro|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121009181141/http://www.metro.co.uk/news/858166-revealed-colonel-gaddafis-school-for-scoundrels|arquivodata=9 Out 2012|urlmorta=live}}</ref>
Em 1986, a televisão estatal líbia anunciou que a Líbia estava treinando esquadrões suicidas para atacar interesses estadunidenses e europeus.<ref>{{citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|autor = Davie, Brian Lee |página=186}}</ref>


O forte apoio militar e financeiro de Gaddafi rendeu-lhe aliados em todo o continente. Ele próprio foi coroado com o título de "Rei dos Reis de África" em 2008, na presença de mais de 200 governantes e reis tradicionais africanos, embora as suas opiniões sobre a unificação política e militar africana tenham recebido uma resposta morna dos seus governos. <ref name="bbc7588033">{{Citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/7588033.stm|titulo=Gaddafi: Africa's king of kings|data=29 Ago 2008|acessodata=14 Fev 2010|publicado=BBC News|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100610091400/http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/7588033.stm|arquivodata=10 Jun 2010|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar jornal|url=http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4114734,00.html|titulo=Libya: Gaddafi planned to crown himself king|acessodata=26 Jun 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120712212020/http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4114734,00.html|arquivodata=12 Jul 2012|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar web|url=http://allafrica.com/stories/200810130188.html|titulo=AllAfrica.com: Africa: Gadaffi Crowned 'King of Kings' as He Seeks to Create 'Continental Govt'|acessodata=26 Jun 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120629034702/http://allafrica.com/stories/200810130188.html|arquivodata=29 Jun 2012|urlmorta=live}}</ref> O seu fórum de 2009 para reis africanos foi cancelado pelos anfitriões do Uganda, que acreditavam que os governantes tradicionais que discutiam política levariam à instabilidade. <ref>{{Citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/7825843.stm|titulo=Uganda bars Gaddafi kings' forum|data=13 Jan 2009|acessodata=14 Fev 2010|publicado=BBC News|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090930092317/http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/7825843.stm|arquivodata=30 Set 2009|urlmorta=live}}</ref> Em 1 de fevereiro de 2009, foi realizada uma "cerimônia de [[coroação]]" em [[Adis Abeba]], Etiópia, para coincidir com a 53ª Cimeira da União Africana, na qual foi eleito chefe da União Africana para aquele ano. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Malone|primeiro=Barry|url=http://uk.reuters.com/article/idUKL2210323|titulo=Gaddafi pushes for union after election to head AU|data=2 Fev 2009|acessodata=2 Set 2011|website=Reuters UK|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120117200536/http://uk.reuters.com/article/2009/02/02/idUKL2210323|arquivodata=17 Jan 2012|urlmorta=live|agência=Reuters}}</ref> Gaddafi disse aos líderes africanos reunidos: "Continuarei a insistir que os nossos países soberanos trabalhem para alcançar os [[Estados Unidos da África|Estados Unidos de África]]". <ref>{{Citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/africa/7864604.stm|titulo=Gaddafi vows to push Africa unity|data=2 Fev 2009|acessodata=3 Fev 2009|publicado=BBC News|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090203042241/http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/africa/7864604.stm|arquivodata=3 Fev 2009|urlmorta=live}}</ref>
Em 5 de abril de 1986, agentes líbios foram acusados de [[Atentado à discoteca de Berlim em 1986|atacar a boate "La Belle"]] em [[Berlim Ocidental]], matando três pessoas e ferindo 229 pessoas que passavam a noite ali. O plano de Gaddafi foi interceptado pela inteligência ocidental. Informações mais detalhadas foram recuperadas anos mais tarde, quando os arquivos da [[Stasi]] foram investigados pela [[Alemanha]] reunificada. Os agentes líbios que tinham realizado a operação da embaixada líbia na [[Alemanha Oriental]] foram processados pela Alemanha reunificada nos anos 1990.<ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1653848.stm "Flashback: The Berlin Disco Bombing"]. [[BBC News]]. 13 de Novembro de 2001.</ref>


=== Gaddafi e os movimentos militantes internacionais de resistência ===
Em maio de 1987, a [[Austrália]] interrompeu as relações com a Líbia por causa de seu papel em alimentar a violência na Oceania.<ref name="A%2520Rogue%2520Returns"/><ref name="autogenerated758">''The Middle East and North Africa 2003'' (2002). Eur. p. 758.</ref>
{{Artigo principal|vt=s|Medidas ativas}}
[[Ficheiro:Oil_Rich_Libya.ogv|miniaturadaimagem|248x248px|Noticiário de 1972 incluindo entrevista com Gaddafi sobre seu apoio a grupos radicais]]
Em 1971, Gaddafi advertiu que se a França se opusesse à ocupação militar líbia do Chade, usaria todas as armas na guerra contra a França, incluindo a "arma revolucionária". <ref name="davis5">{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davis|primeiro=Brian Lee|ano=1990}}</ref>{{Rp|183}} Em 11 de junho de 1972, Gaddafi anunciou que qualquer árabe que desejasse ser voluntário em grupos militantes palestinos "poderia registrar seu nome em qualquer embaixada da Líbia e receberia treinamento adequado para o combate". Ele também prometeu apoio financeiro para ataques. <ref name="davis5" />{{Rp|182}} Em 7 de outubro de 1972, Gaddafi elogiou o massacre do Aeroporto de Lod, executado pelo comunista [[Exército Vermelho Japonês]], e exigiu que grupos terroristas palestinos realizassem ataques semelhantes. <ref name="davis5" />{{Rp|182}}


Alegadamente, Gaddafi foi um grande financiador do "[[Organização Setembro Negro|Movimento Setembro Negro]]" que perpetrou o [[massacre de Munique]] nos [[Jogos Olímpicos de Verão de 1972]]. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Altman|primeiro=David|ultimo2=Friedman|primeiro2=Elie|url=http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4033566,00.html|titulo=The Gaddafi disgrace|data=24 Fev 2011|acessodata=7 Jun 2020|website=Ynetnews|publicado=Ynetnews.com}}</ref> Em 1973, o [[Serviço Naval Irlandês]] interceptou o navio ''Claudia'' em águas territoriais irlandesas, que transportava armas soviéticas da Líbia para o IRA Provisório. <ref>[[RTÉ]] Documentary: The Navy.</ref> <ref>{{Citar livro|título=The IRA, 1968-2000: An Analysis of a Secret Army|ultimo=Bowyer Bell|primeiro=J.|editora=Routledge|ano=2000|isbn=978-0714681191}}</ref> Em 1976, após uma série de atividades terroristas do [[Exército Republicano Irlandês Provisório|IRA Provisório]] durante os [[Conflitos na Irlanda do Norte|The Troubles]], Gaddafi anunciou que "as bombas que estão convulsionando a Grã-Bretanha e quebrando o seu espírito são as bombas do povo líbio. Nós as enviamos aos revolucionários irlandeses para que os britânicos pagar o preço por seus atos passados".
Sob Gaddafi, a Líbia teria um longo histórico de apoio ao Exército Republicano Irlandês. No final de 1987, as autoridades francesas suspenderam um navio mercante, o ''MV Eksund'', que entregava uma remessa de armas de 150 toneladas ao IRA.<ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/northern_ireland/8241393.stm Libya's 30-year link to the IRA] ''BBC News''. 7 de Setembro de 2009.</ref>


Nas Filipinas, a Líbia apoiou a [[Frente Moro de Libertação Islâmica|Frente de Libertação Islâmica Moro]], que continua a realizar atos de violência num esforço para estabelecer um estado islâmico separatista no sul das Filipinas. <ref name="Geoffrey%2520Leslie%2520Simons%25202813">{{Citar livro|título=Libya: the struggle for survival|ultimo=Geoffrey Leslie Simons|autorlink=Geoff Simons}}</ref> A Líbia também apoiou o [[Novo Exército Popular]] <ref name="A%2520Rogue%2520Returns3">{{Citar web|url=http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|titulo=A Rogue Returns|data=Fev 2003|publicado=[[Australia/Israel & Jewish Affairs Council]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20030301031212/http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|arquivodata=1 Mar 2003|urlmorta=dead}}</ref> e agentes líbios foram vistos reunidos com o [[Partido Comunista das Filipinas]]. <ref>{{Citar web|url=http://www.thefreelibrary.com/Libyan+terrorism:+the+case+against+Gaddafi.-a014151801|titulo=Libyan Terrorism: The Case Against Gaddafi|data=1 Dez 1992|acessodata=26 Fev 2011|website=[[The Contemporary Review]]|arquivourl=https://wayback.archive-it.org/all/20170525194643/https://www.thefreelibrary.com/Libyan+terrorism:+the+case+against+Gaddafi.-a014151801|arquivodata=25 Maio 2017|urlmorta=live}}</ref> O grupo terrorista islâmico [[Abu Sayyaf]] também é suspeito de receber financiamento da Líbia. <ref name="autogenerated20023">{{Citar web|ultimo=Niksch, Larry|url=https://fas.org/irp/crs/RL31265.pdf|titulo=Abu Sayyaf: Target of Philippine-U.S. Anti-Terrorism Cooperation|data=25 Jan 2002|acessodata=16 Jun 2015|website=CRS Report for Congress|publicado=[[Federation of American Scientists]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150905124637/http://fas.org/irp/crs/RL31265.pdf|arquivodata=5 Set 2015|urlmorta=live}}</ref>
Na [[Indonésia]], o [[Movimento Aceh Livre]] era um grupo militante apoiado pela Líbia.<ref name="Aceh chronlogy">{{citar web|título=Indonesia/Aceh (1949-present)|url=http://uca.edu/politicalscience/dadm-project/asiapacific-region/indonesiaaceh-1949-present/|website=Political Science|publicado=University of Eastern Arkansas}}</ref>


Gaddafi também se tornou um forte defensor da [[Organização para a Libertação da Palestina]], cujo apoio acabou prejudicando as relações da Líbia com o Egito, quando em 1979 o Egito buscou um acordo de paz com Israel. À medida que as relações da Líbia com o Egito pioravam, Gaddafi procurou relações mais estreitas com a União Soviética. A Líbia tornou-se o primeiro país fora do bloco soviético a receber os caças supersônicos [[Mikoyan-Gurevich MiG-25|MiG-25]], mas as relações soviético-líbias permaneceram relativamente distantes. Gaddafi também procurou aumentar a influência da Líbia, especialmente em estados com população [[Islão|islâmica]], apelando à criação de um estado islâmico saariano e apoiando forças antigovernamentais na [[África subsariana|África Subsaariana]].
Gaddafi desenvolveu um relacionamento contínuo com o grupo guerrilheiro revolucionário colombiano marxista-leninista, as [[Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]] (FARC), se familiarizando com seus líderes em reuniões de grupos revolucionários que foram regularmente hospedadas na Líbia.<ref name="Harvard for Tyrants">{{citar web|url=http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants |título=Harvard for Tyrants |data=4 de março de 2011 |publicado=The Foreign Policy |autor=Douglas Farah}}</ref><ref name="school for scoundrels">{{citar web|url=http://www.metro.co.uk/news/858166-revealed-colonel-gaddafis-school-for-scoundrels |autor=James Day|título=Revealed: Colonel Gaddafi's school for scoundrels |publicado=Metro |data=15 de março de 2011}}</ref>


Nas décadas de 1970 e 1980, este apoio foi por vezes concedido de forma tão gratuita que mesmo os grupos mais antipáticos puderam obter o apoio da Líbia; muitas vezes os grupos representavam ideologias muito distantes das de Gaddafi. A abordagem de Gaddafi tendeu muitas vezes a confundir a opinião internacional.
==== Sanções internacionais depois do atentado de Lockerbie (1992-2003) ====
A Líbia foi acusada em 1988 pelo [[Atentado de Lockerbie|atentado ao voo Pan Am 103 em Lockerbie]], [[Escócia]]; foram impostas sanções pela ONU em 1992. As resoluções do [[Conselho de Segurança das Nações Unidas]] aprovadas em 1992 e 1993, a Líbia se viu obrigada a cumprir requisitos relacionados com o ataque ao Pan Am 103 antes das sanções poderem ser levantadas, levando ao isolamento político e econômico da Líbia durante a maior parte da [[década de 1990]]. As sanções das Nações Unidas cortaram ligações aéreas com o mundo exterior, reduziram a representação diplomática e proibiu a venda de equipamento militar. As sanções relacionadas com o petróleo foram avaliadas por alguns como igualmente importantes para suas exceções: assim as sanções congelaram bens estrangeiros da Líbia (mas excluíram as receitas de petróleo e gás natural e [[commodities]] agrícolas) e proibiram a venda para a Líbia de equipamentos de refinaria ou [[oleoduto]] (mas excluíram equipamentos de produção de petróleo).


Em Outubro de 1981, o presidente do Egipto, [[Anwar Al Sadat|Anwar Sadat,]] foi assassinado. Gaddafi aplaudiu o assassinato e observou que foi uma "punição". <ref>{{Citar livro|título=El Dorado Canyon: Reagan's Undeclared War with Qaddafi|ultimo=Stanik, Joseph T.}}</ref>
Sob as sanções, a capacidade de refino da Líbia deteriorou-se. O papel provocativo da Líbia no cenário internacional diminuiu após as sanções da ONU serem impostas. Em 1999, a Líbia cumpriu um dos requisitos do Conselho de Segurança da ONU entregando dois líbios suspeitos de conexão com o atentado a julgamento perante um tribunal escocês na [[Holanda]]. Um desses suspeitos, Abdel Basset al-Megrahi, foi considerado culpado, o outro foi absolvido. As sanções da ONU contra a Líbia foram posteriormente suspensas. A suspensão completa das sanções, parte do cumprimento da Líbia com as resoluções restantes, incluindo a aceitação da responsabilidade pelas ações de seus oficiais e pagamento de indenizações adequadas, foi aprovada 12 de setembro de 2003, explicitamente vinculada à liberação de até US$ 2,7 bilhões em fundos para as famílias das 270 vítimas do ataque de 1988.


Em Dezembro de 1981, o [[Departamento de Estado dos Estados Unidos|Departamento de Estado dos EUA]] invalidou os passaportes dos EUA para viajar para a Líbia e, em Março de 1982, os EUA declararam a proibição da importação de [[petróleo]] líbio. <ref>{{Citar jornal|ultimo=President Ronald Reagan|url=http://www.reagan.utexas.edu/archives/speeches/1982/31082a.htm|titulo=Proclamation 4907 – Imports of Petroleum|data=10 Mar 1982|acessodata=26 Fev 2011|publicado=United States Office of the Federal Register|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110320072843/http://www.reagan.utexas.edu/archives/speeches/1982/31082a.htm|arquivodata=20 Mar 2011|urlmorta=live}}</ref>
====Normalização das relações internacionais (2003-2010) ====

Em dezembro de 2003, a Líbia anunciou que havia concordado em revelar e finalizar seus programas para desenvolver [[armas de destruição em massa]] e de renunciar ao terrorismo, e Gaddafi deu passos importantes na normalização das relações com as nações ocidentais. Ele recebeu vários líderes da [[Europa Ocidental]], bem como muitas delegações de nível de trabalho e comerciais, e fez sua primeira viagem à Europa Ocidental em 15 anos quando viajou para [[Bruxelas]] em Abril de 2004. A Líbia respondeu de boa-fé a processos judiciais contra si produzidos nos tribunais estadunidenses para os atos terroristas que antecederam a sua renúncia à violência. Os pedidos de indenização ao atentado de Lockerbie, ao atentado a discoteca LaBelle e o [[Voo UTA 772|atentado ao UTA 772]] estão em andamento. Os Estados Unidos rescindiam a designação da Líbia como um [[Países patrocinadores do terrorismo internacional segundo os Estados Unidos|Estado patrocinador do terrorismo]] em junho de 2006. No final de 2007, a Líbia foi eleita pela Assembleia Geral para um assento não-permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas para o período de 2008 a 2009.
Gaddafi supostamente gastou centenas de milhões do dinheiro do governo no treinamento e no armamento de [[Sandinismo|sandinistas]] na Nicarágua. <ref>Combs, Cindy C.; Slann, Martin W. ''Encyclopedia of Terrorism''.</ref> [[Daniel Ortega]], o presidente da Nicarágua, era seu aliado.

Em Abril de 1984, refugiados líbios em Londres protestaram contra a execução de dois dissidentes. As comunicações interceptadas pelo MI5 mostram que Trípoli ordenou aos seus diplomatas que dirigissem a violência contra os manifestantes. Diplomatas líbios atiraram contra 11 pessoas e mataram a policial britânica [[Assassinato de Yvonne Fletcher|Yvonne Fletcher]]. O incidente levou ao rompimento das [[Diplomacia|relações diplomáticas]] entre o Reino Unido e a Líbia durante mais de uma década. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Rayner, Gordon|url=https://www.telegraph.co.uk/news/uknews/law-and-order/7967820/Yvonne-Fletcher-killer-may-be-brought-to-justice.html|titulo=Yvonne Fletcher Killer May Be Brought to Justice|data=28 Ago 2010|acessodata=4 Abr 2018|website=[[The Daily Telegraph]]|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100831015645/http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/law-and-order/7967820/Yvonne-Fletcher-killer-may-be-brought-to-justice.html|arquivodata=31 Ago 2010|urlmorta=live}}</ref>

Após [[Ataques nos aeroportos de Roma e Viena|os ataques aos aeroportos de Roma e Viena]] em dezembro de 1985, que mataram 19 pessoas e feriram cerca de 140, Gaddafi indicou que continuaria a apoiar a [[Fração do Exército Vermelho|Facção do Exército Vermelho]], as [[Brigadas Vermelhas]] e o Exército Republicano Irlandês enquanto os países europeus apoiassem os líbios anti-Gaddafi. <ref name="St%252E%2520John2">{{Citar periódico |título=Libyan Terrorism: The Case Against Gaddafi |data=1 Dez 1992 |periódico=[[The Contemporary Review]] |ultimo=St. John |ultimo2=Ronald Bruce}}</ref> O Ministro das Relações Exteriores da Líbia também chamou os massacres de “atos heróicos”. <ref name="Seale2452">[[Patrick Seale|Seale, Patrick]] (1992). ''Abu Nidal: A Gun for Hire''. [[Hutchinson (publisher)|Hutchinson]]. p. 245.</ref>

Em 1986, a televisão estatal líbia anunciou que a Líbia estava a treinar esquadrões suicidas para atacar os interesses americanos e europeus. <ref>{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davie, Brian Lee}}</ref>

Em 5 de abril de 1986, agentes líbios foram acusados de [[Atentado à discoteca de Berlim em 1986|bombardear a boate "La Belle" em Berlim Ocidental]], matando três pessoas e ferindo 229 pessoas que passavam a noite lá. O plano de Gaddafi foi interceptado pela inteligência ocidental. Informações mais detalhadas foram recuperadas anos depois, quando os arquivos da [[Stasi]] foram investigados pela Alemanha reunificada. Os agentes líbios que realizaram a operação a partir da embaixada da Líbia na Alemanha Oriental foram processados pela Alemanha reunificada na década de 1990. <ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1653848.stm "Flashback: The Berlin Disco Bombing"] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20160927070405/http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1653848.stm|date=27 September 2016}}. [[BBC News]]. 13 November 2001.</ref>

Em Maio de 1987, a Austrália rompeu relações com a Líbia devido ao seu papel no fomento da violência na Oceânia. <ref name="A%2520Rogue%2520Returns2">{{Citar web|url=http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|titulo=A Rogue Returns|data=Fev 2003|publicado=[[Australia/Israel & Jewish Affairs Council]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20030301031212/http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|arquivodata=1 Mar 2003|urlmorta=dead}}</ref> <ref name="autogenerated7582">''The Middle East and North Africa 2003'' (2002). Eur. p. 758.</ref> <ref name="The%2520Australian%252024%2520February%25202011">{{Citar web|url=http://www.theaustralian.com.au/news/opinion/dictators-useful-idiots-happy-to-take-his-money/story-e6frg6zo-1226010964238|titulo=Dictator's Useful Idiots Happy To Take His Money|data=24 Fev 2011|website=[[The Australian]]}}</ref>

Sob Gaddafi, a Líbia teve uma longa história de apoio ao [[Exército Republicano Irlandês]] durante o [[Conflitos na Irlanda do Norte|The Troubles]]. No final de 1987, as autoridades francesas detiveram um navio mercante, o ''MV Eksund'', que entregava um carregamento de armas líbias de 150 toneladas ao IRA. <ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/northern_ireland/8241393.stm Libya's 30-year link to the IRA] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20131104204518/http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/northern_ireland/8241393.stm|date=4 November 2013}} ''BBC News''. 7 September 2009. Accessed 14 July 2014</ref> Ao longo do conflito, Gaddafi deu ao IRA Provisório mais de 12,5 milhões de dólares em dinheiro (o equivalente a cerca de 40 milhões de dólares em 2021) e seis enormes carregamentos de armas. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Paddy Clancy|url=https://www.irishcentral.com/news/gaddafi-ira-support-irish-state-papers|titulo=Libyan leader Gaddafi's IRA support revealed in secret Irish State Papers|data=31 dez 2021|publicado=Irish Central}}</ref> <ref>{{Citar jornal|ultimo=David McCullagh, Conor McMorrow and Justin McCarthy|url=https://www.rte.ie/news/2021/1228/1267955-state-papers-libya-ira/|titulo=Extent of Libyan backing for IRA 'shocked' British|data=28 Dez 2021|publicado=[[RTÉ]]}}</ref> <ref>{{Citar jornal|url=https://www.middleeasteye.net/news/libya-gaddafi-financial-support-ira-stunned-british-intelligence|titulo=Libya: Extent of Gaddafi's financial support for IRA stunned British intelligence|data=28 Dez 2021|publicado=[[Middle East Eye]]}}</ref> Na Grã-Bretanha, a subsidiária política mais conhecida de Gaddafi é o [[Partido Revolucionário dos Trabalhadores (Reino Unido)|Partido Revolucionário dos Trabalhadores]]. <ref name="The%2520Australian%252024%2520February%252020112">{{Citar web|url=http://www.theaustralian.com.au/news/opinion/dictators-useful-idiots-happy-to-take-his-money/story-e6frg6zo-1226010964238|titulo=Dictator's Useful Idiots Happy To Take His Money|data=24 Fev 2011|website=[[The Australian]]}}</ref> <ref>{{Citar web|url=http://www.weeklystandard.com/blogs/qaddafi-vanessa-redgrave-and-their-adventures_553814.html|titulo=Qaddafi, Vanessa Redgrave, and Their Adventures|data=8 Mar 2011|acessodata=20 Mar 2011|website=[[The Weekly Standard]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110312095125/http://www.weeklystandard.com/blogs/qaddafi-vanessa-redgrave-and-their-adventures_553814.html|arquivodata=12 Mar 2011|urlmorta=live}}</ref> <ref name="davis6">{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davis|primeiro=Brian Lee|ano=1990}}</ref>{{Rp|182}}

Gaddafi alimentou vários grupos islâmicos e comunistas nas Filipinas, incluindo o [[Novo Exército Popular]] do [[Partido Comunista das Filipinas]] e a [[Frente Moro de Libertação Islâmica]]. <ref name="Gaddafiunrepentant4">{{Citar periódico |url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant |acessodata=1 Mar 2011 |periódico=[[Middle East Quarterly]] |ultimo=Eljahmi, Mohamed |ano=2006 |arquivourl=https://archive.today/20130113020007/http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |arquivodata=13 Jan 2013}}</ref> <ref name="Geoffrey%2520Leslie%2520Simons%25202812">{{Citar livro|título=Libya: the struggle for survival|ultimo=Geoffrey Leslie Simons|autorlink=Geoff Simons}}</ref> <ref name="A%2520Rogue%2520Returns4">{{Citar web|url=http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|titulo=A Rogue Returns|data=Fev 2003|publicado=[[Australia/Israel & Jewish Affairs Council]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20030301031212/http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|arquivodata=1 Mar 2003|urlmorta=dead}}</ref> <ref name="autogenerated20022">{{Citar web|ultimo=Niksch, Larry|url=https://fas.org/irp/crs/RL31265.pdf|titulo=Abu Sayyaf: Target of Philippine-U.S. Anti-Terrorism Cooperation|data=25 Jan 2002|acessodata=16 Jun 2015|website=CRS Report for Congress|publicado=[[Federation of American Scientists]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150905124637/http://fas.org/irp/crs/RL31265.pdf|arquivodata=5 Set 2015|urlmorta=live}}</ref> <ref name="St%252E%2520John3">{{Citar periódico |título=Libyan Terrorism: The Case Against Gaddafi |data=1 Dez 1992 |periódico=[[The Contemporary Review]] |ultimo=St. John |ultimo2=Ronald Bruce}}</ref>

Na Indonésia, o [[Movimento Achém Livre]] era um grupo militante apoiado pela Líbia. <ref name="Aceh chronlogy2">{{Citar web|url=http://uca.edu/politicalscience/dadm-project/asiapacific-region/indonesiaaceh-1949-present/|titulo=Indonesia/Aceh (1949–present)|acessodata=7 Jul 2015|website=Political Science|publicado=University of Eastern Arkansas|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150708085601/http://uca.edu/politicalscience/dadm-project/asiapacific-region/indonesiaaceh-1949-present/|arquivodata=8 Jul 2015|urlmorta=live}}</ref> O partido no poder de [[Vanuatu]] contou com o apoio da Líbia. <ref name="A%2520Rogue%2520Returns5">{{Citar web|url=http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|titulo=A Rogue Returns|data=Fev 2003|publicado=[[Australia/Israel & Jewish Affairs Council]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20030301031212/http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|arquivodata=1 Mar 2003|urlmorta=dead}}</ref>

Na Nova Zelândia, a Líbia tentou radicalizar os [[Maoris|Māoris]]. <ref name="A%2520Rogue%2520Returns6">{{Citar web|url=http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|titulo=A Rogue Returns|data=Fev 2003|publicado=[[Australia/Israel & Jewish Affairs Council]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20030301031212/http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|arquivodata=1 Mar 2003|urlmorta=dead}}</ref>

Na Austrália, houve vários casos de tentativa de radicalização de [[aborígenes australianos]], com indivíduos recebendo treinamento paramilitar na Líbia. A Líbia colocou vários sindicatos de esquerda na folha de pagamento da Líbia, como o Sindicato dos Preservadores de Alimentos (FPU) e a Associação Federada de Confeiteiros da Austrália (FCA). O político do Partido Trabalhista Bill Hartley, secretário da sociedade de amizade Líbia-Austrália, foi um apoiador de longa data de Gaddafi e [[Saddam Hussein]]. <ref name="A%2520Rogue%2520Returns7">{{Citar web|url=http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|titulo=A Rogue Returns|data=Fev 2003|publicado=[[Australia/Israel & Jewish Affairs Council]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20030301031212/http://www.aijac.org.au/review/2003/282/Libya-return.html|arquivodata=1 Mar 2003|urlmorta=dead}}</ref> <ref name="autogenerated7583">''The Middle East and North Africa 2003'' (2002). Eur. p. 758.</ref> <ref name="The%2520Australian%252024%2520February%252020113">{{Citar web|url=http://www.theaustralian.com.au/news/opinion/dictators-useful-idiots-happy-to-take-his-money/story-e6frg6zo-1226010964238|titulo=Dictator's Useful Idiots Happy To Take His Money|data=24 Fev 2011|website=[[The Australian]]}}</ref>

Na década de 1980, o governo líbio comprou anúncios em jornais de língua árabe na Austrália pedindo aos árabes australianos que se juntassem às unidades militares da sua luta mundial contra o imperialismo. Em parte, por causa disso, a Austrália proibiu o recrutamento de mercenários estrangeiros na Austrália. <ref name="The%2520Australian%252024%2520February%252020114">{{Citar web|url=http://www.theaustralian.com.au/news/opinion/dictators-useful-idiots-happy-to-take-his-money/story-e6frg6zo-1226010964238|titulo=Dictator's Useful Idiots Happy To Take His Money|data=24 Fev 2011|website=[[The Australian]]}}</ref>

Gaddafi desenvolveu um relacionamento com as [[Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]], conhecendo seus líderes em reuniões de grupos revolucionários regularmente realizadas na Líbia. <ref name="Harvard%2520for%2520Tyrants3">{{Citar web|ultimo=Farah, Douglas|url=https://foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|titulo=Harvard for Tyrants|data=4 Mar 2011|acessodata=7 Mar 2017|website=[[Foreign Policy]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141105054038/http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/03/04/harvard_for_tyrants|arquivodata=5 Nov 2014|urlmorta=live}}</ref> <ref name="school%2520for%2520scoundrels3">{{Citar web|ultimo=James Day|url=http://www.metro.co.uk/news/858166-revealed-colonel-gaddafis-school-for-scoundrels|titulo=Revealed: Colonel Gaddafi's School for Scoundrels|data=15 Mar 2011|acessodata=20 Mar 2011|publicado=Metro|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121009181141/http://www.metro.co.uk/news/858166-revealed-colonel-gaddafis-school-for-scoundrels|arquivodata=9 Out 2012|urlmorta=live}}</ref>

Algumas publicações foram financiadas por Gaddafi. O ''Workers News'' da Socialist Labour League foi uma dessas publicações: "entre as denúncias rotineiras da mineração de urânio e os apelos a uma maior militância sindical, haveria algumas páginas exaltando o tolo e incoerente livro verde de Gaddafi e a revolução líbia". <ref name="The%2520Australian%252024%2520February%252020115">{{Citar web|url=http://www.theaustralian.com.au/news/opinion/dictators-useful-idiots-happy-to-take-his-money/story-e6frg6zo-1226010964238|titulo=Dictator's Useful Idiots Happy To Take His Money|data=24 Fev 2011|website=[[The Australian]]}}</ref>

Gaddafi foi um defensor vitalício da [[Nacionalismo curdo|independência curda]]. Em 2011, Jawad Mella, presidente do Congresso Nacional do Curdistão, referiu-se a Gaddafi como o "único líder mundial que verdadeiramente apoia os curdos". <ref>{{Citar web|url=https://ekurd.net/mismas/articles/misc2011/6/syriakurd333.htm|titulo=Jawad Mella says Muammar Gaddafi is the only world leader who truly supports the Kurds}}</ref>

==== Sanções internacionais após o atentado de Lockerbie (1992–2003) ====
{{Mais informações|Resolução 731 do Conselho de Segurança das Nações Unidas|Resolução 748 do Conselho de Segurança das Nações Unidas}}A Líbia foi acusada do atentado bombista ao [[Atentado de Lockerbie|voo 103 da Pan Am]] sobre [[Lockerbie]], na [[Escócia]], em 1988; As sanções da ONU foram impostas em 1992. As resoluções do [[Conselho de Segurança das Nações Unidas|Conselho de Segurança da ONU]] (RCSNU) aprovadas em 1992 e 1993 obrigaram a Líbia a cumprir os requisitos relacionados com o bombardeamento Pan Am 103 antes que as sanções pudessem ser levantadas, levando ao isolamento político e económico da Líbia durante a maior parte da década de 1990. As sanções da ONU cortaram as ligações aéreas com o mundo exterior, reduziram a representação diplomática e proibiram a venda de equipamento militar. As sanções relacionadas com o petróleo foram avaliadas por alguns como igualmente significativas pelas suas excepções: assim, as sanções congelaram os ativos estrangeiros da Líbia (mas excluíram as receitas do petróleo e do gás natural e dos produtos agrícolas) e proibiram a venda à Líbia de equipamento de refinaria ou de oleodutos (mas excluíram ''a produção'' de petróleo equipamento).

Sob as sanções, a capacidade de refinação da Líbia diminuiu. O papel da Líbia na cena internacional tornou-se menos provocativo depois da imposição de sanções da ONU. Em 1999, a Líbia cumpriu um dos requisitos da Resolução do Conselho de Segurança da ONU ao entregar dois líbios suspeitos de ligação ao atentado bombista para julgamento perante um tribunal escocês nos Países Baixos. Um destes suspeitos, Abdel Basset al-Megrahi, foi considerado culpado; o outro foi absolvido. As sanções da ONU contra a Líbia foram posteriormente suspensas. O levantamento total das sanções, dependente do cumprimento por parte da Líbia das restantes resoluções do CSNU, incluindo a aceitação da responsabilidade pelas acções dos seus funcionários e o pagamento de compensações adequadas, foi aprovado em 12 de Setembro de 2003, explicitamente ligado à libertação de até 2,7 mil milhões de dólares em dinheiro da Líbia. fundos para as famílias das 270 vítimas do ataque de 1988.

Em 2002, Gaddafi pagou um resgate supostamente no valor de dezenas de milhões de dólares a [[Abu Sayyaf]], uma militância islâmica filipina, para libertar uma série de turistas sequestrados. Ele apresentou isso como um ato de boa vontade para com os países ocidentais; no entanto, o dinheiro ajudou o grupo a expandir a sua operação. <ref name="Gaddafiunrepentant3">{{Citar periódico |url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant |acessodata=1 Mar 2011 |periódico=[[Middle East Quarterly]] |ultimo=Eljahmi, Mohamed |ano=2006 |arquivourl=https://archive.today/20130113020007/http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |arquivodata=13 Jan 2013}}</ref>

==== Normalização das relações internacionais (2003-2010) ====
Em Dezembro de 2003, a Líbia anunciou que tinha concordado em revelar e pôr fim aos seus programas de desenvolvimento de armas de destruição maciça e em renunciar ao terrorismo, e Gaddafi fez progressos significativos na normalização das relações com as nações ocidentais. Recebeu vários líderes da Europa Ocidental, bem como muitas delegações comerciais e de trabalho, e fez a sua primeira viagem à Europa Ocidental em 15 anos, quando viajou para [[Bruxelas]] em Abril de 2004. A Líbia respondeu de boa fé aos processos judiciais movidos contra ela nos tribunais dos EUA por actos terroristas anteriores à sua renúncia à violência. Os pedidos de indenização nos casos de atentado a bomba em Lockerbie, atentado à bomba na discoteca LaBelle e atentado a bomba em UTA 772 estão em andamento. Os EUA rescindiram a designação da Líbia como [[Países patrocinadores do terrorismo internacional segundo os Estados Unidos|Estado patrocinador do terrorismo]] em Junho de 2006. No final de 2007, a Líbia foi eleita pela Assembleia Geral para um assento não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas para o mandato 2008-2009. Na intercessão entre a normalização e a [[Guerra Civil Líbia (2011)|Guerra Civil Líbia]] em 2011, a [[Operação Liberdade Duradoura - Trans Saara]] foi travada na parte da Líbia do [[Deserto do Saara]]. Isto envolveu a utilização de meios militares americanos, como os [[Lockheed C-130 Hercules|C-130,]] em combinação com a infraestrutura militar da Líbia, nomeadamente a [[Base Aérea Ocba ibne Nafa|Base Aérea de Al-Watiya]]. <ref>Neville, Leigh, '' Special Forces in the War on Terror (General Military)'', Osprey Publishing, 2015 {{ISBN|978-1472807908}}, p. 280</ref>

=== Leis de purificação ===
{{Artigo principal|vt=s|Direitos LGBT na Líbia|Mulheres na Líbia}}
Em 1994, o [[Congresso Geral do Povo (Líbia)|Congresso Geral do Povo]] aprovou a introdução de "leis de purificação" a serem postas em vigor, punindo o roubo com a amputação de membros, e a fornicação e o adultério com flagelações. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=9PcEULjohrUC&q=%22purification+laws%22+people%27s+congress&pg=PA241|título=Human Rights in Developing Countries: Yearbook 1997|ultimo=Stokke|primeiro=Hugo|ultimo2=Suhrke|primeiro2=Astri|ultimo3=Tostensen|primeiro3=Arne|editora=Kluwer International|ano=1997|localização=The Hague|isbn=978-90-411-0537-0}}</ref> Segundo a constituição líbia, as relações homossexuais são puníveis com até cinco anos de prisão. <ref>{{Citar web|url=http://www.gaynz.com/articles/publish/31/article_10027.php|titulo=Being gay under Gaddafi|acessodata=1 Set 2011|publicado=Gaynz.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111102145842/http://www.gaynz.com/articles/publish/31/article_10027.php|arquivodata=2 Nov 2011|urlmorta=dead}}</ref>


== Oposição, golpes e revoltas ==
== Oposição, golpes e revoltas ==
Ao longo de seu longo regime, Gaddafi teve que defender sua posição contra a oposição e as tentativas de golpe que surgiram tanto dos militares quanto da população em geral. Ele reagiu a essas ameaças, por um lado, mantendo um cuidadoso equilíbrio de poder entre as forças no país, e por uma repressão brutal, por outro. Gaddafi equilibrou com sucesso as várias tribos da Líbia uma contra a outra através da distribuição de seus favores. Para evitar um golpe militar, deliberadamente enfraqueceu as Forças Armadas Libias pela rotação regular de oficiais, confiando em suas tropas leais de elite, como em seu [[Corpo da Guarda Revolucionária]], nas forças especiais da [[Brigada Khamis]] e na sua [[Guarda Amazônica]] pessoal, embora a ênfase na lealdade política tendesse, a longo prazo, a enfraquecer o profissionalismo de suas forças pessoais. Essa tendência tornou o país vulnerável à dissensão em um momento de crise, como aconteceu no início de 2011.
{{Mais informações|Frente Nacional para a Salvação da Líbia|Conferência Nacional para a Oposição da Líbia|Forças anti-Gaddafi}}Ao longo do seu longo governo, Gaddafi teve de defender a sua posição contra a oposição e as tentativas de golpe, provenientes tanto dos militares como da população em geral. Ele reagiu a estas ameaças, por um lado, mantendo um cuidadoso equilíbrio de poder entre as forças do país, e através de uma repressão brutal, por outro. Gaddafi equilibrou com sucesso as várias [[Demografia da Líbia|tribos da Líbia,]] umas contra as outras, distribuindo os seus favores. Para evitar um golpe militar, ele enfraqueceu deliberadamente as Forças Armadas da Líbia através de um rodízio regular de oficiais, contando em vez disso com tropas de elite leais, como o seu [[Corpo da Guarda Revolucionária]], as forças especiais da [[Brigada Khamis]] e a sua [[Guarda Amazônica]] pessoal, embora a ênfase na lealdade política tendesse a, a longo prazo, para enfraquecer o profissionalismo das suas forças pessoais. Esta tendência tornou o país vulnerável à dissensão num momento de crise, como aconteceu no início de 2011.

=== Repressão política e “Terror Verde” ===
{{Mais informações|Direitos humanos na Líbia}}O termo "Terror Verde" é usado para descrever campanhas de violência e intimidação contra os opositores de Gaddafi, particularmente em referência à onda de opressão durante a [[Revolução Cultural Líbia|revolução cultural da Líbia]], ou à onda de enforcamentos altamente publicitados de opositores do regime que começou com a execução de Al -Sadek Hamed Al-Shuwehdy. A dissidência era ilegal segundo a Lei 75 de 1973. <ref name="Gaddafiunrepentant5">{{Citar periódico |url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant |acessodata=1 Mar 2011 |periódico=[[Middle East Quarterly]] |ultimo=Eljahmi, Mohamed |ano=2006 |arquivourl=https://archive.today/20130113020007/http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |arquivodata=13 Jan 2013}}</ref> Alegadamente, 10 a 20 por cento dos líbios trabalharam na vigilância dos Comités Revolucionários de Gaddafi, uma proporção de informantes equivalente à do Iraque de [[Saddam Hussein]] ou da Coreia do Norte de [[Kim Jong-il]]. A vigilância ocorreu no governo, nas fábricas e no setor educacional. <ref name="Gaddafiunrepentant5" />

Após uma tentativa frustrada de substituir o ensino de inglês em línguas estrangeiras pelo russo, <ref>{{Citar web|ultimo=Metz|primeiro=Helen Chapin|autorlink=Helen Chapin Metz|url=http://countrystudies.us/libya/43.htm|titulo=Libya: A Country Study- Education|acessodata=25 Jun 2011|publicado=US Library of Congress|ano=1987|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110604115849/http://countrystudies.us/libya/43.htm|arquivodata=4 Jun 2011|urlmorta=live}}</ref> nos últimos anos, o inglês tem sido ensinado nas escolas líbias desde o nível primário e os alunos têm acesso a meios de comunicação em língua inglesa. <ref>{{Citar web|ultimo=Arditti|primeiro=Avi|url=http://www.voanews.com/learningenglish/home/a-23-2007-03-28-voa6-83134272.html|titulo=English Teaching in the Arab World: Insights From Iraq and Libya|data=28 Mar 2007|publicado=[[Voice of America]]}}</ref> No entanto, um manifestante em 2011 descreveu a situação como: "Nenhum de nós fala inglês ou francês. Ele manteve-nos ignorantes e vendados". <ref>{{Citar web|url=https://theanarchistlibrary.org/library/anonymous-anarchism-in-the-libyan-revolution?v=1615026657|titulo=Anarchism in the Libyan Revolution|data=6 Mar 2021|acessodata=30 Ago 2022|publicado=The Anarchist Library}}</ref> <ref>{{Citar jornal|url=https://www.economist.com/newsbook/2011/02/24/a-new-flag-flies-in-the-east|titulo=A New Flag Flies in the East|data=24 Fev 2011|acessodata=30 Ago 2022|website=[[The Economist]]}}</ref>

De acordo com o Índice de Liberdade de Imprensa de 2009, a Líbia foi o país mais censurado no Médio Oriente e no Norte de África. <ref>{{Citar web|url=http://www.freedomhouse.org/uploads/fop/2009/FreedomofthePress2009_tables.pdf|titulo=Freedom of the Press 2009|acessodata=7 May 2009|publicado=[[Freedom House]]|ano=2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110804224233/http://www.freedomhouse.org/uploads/fop/2009/FreedomofthePress2009_tables.pdf|arquivodata=4 August 2011|urlmorta=dead}}</ref> As prisões eram administradas com pouca ou nenhuma documentação da população carcerária e muitas vezes negligenciavam até mesmo dados básicos como o crime e a sentença do preso. <ref name="Gaddafiunrepentant6">{{Citar periódico |url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant |acessodata=1 Mar 2011 |periódico=[[Middle East Quarterly]] |ultimo=Eljahmi, Mohamed |ano=2006 |arquivourl=https://archive.today/20130113020007/http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |arquivodata=13 Jan 2013}}</ref>

=== Oposição às reformas da Jamahiriya ===
Durante o final da década de 1970, alguns líbios exilados formaram grupos ativos de oposição. No início de 1979, Gaddafi alertou os líderes da oposição para voltarem para casa imediatamente ou enfrentariam a "liquidação". Quando capturados, eles podem ser condenados e enforcados em público. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Robertson|primeiro=Cameron|ultimo2=Khalili|primeiro2=Mustafa|url=https://www.theguardian.com/world/video/2011/jul/18/libya-muammar-gaddafi|titulo=Libya Archive Reveals Pictorial History of Gaddafi's Brutal Reign|data=18 Jul 2011|acessodata=19 Jul 2011|website=The Guardian|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130930134840/http://www.theguardian.com/world/video/2011/jul/18/libya-muammar-gaddafi|arquivodata=30 Set 2013|urlmorta=live|ultimo3=Mahmood|primeiro3=Mona}}</ref><blockquote>É responsabilidade do povo líbio liquidar essas escumalhas que distorcem a imagem da Líbia no estrangeiro.

{{Spaced ndash space}}Gaddafi falando sobre exilados em 1982. <ref>Davis, Brian Lee (1990). ''Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya.''</ref>{{rp|183}}</blockquote>Gaddafi empregou a sua rede de diplomatas e recrutas para assassinar dezenas dos seus críticos em todo o mundo. A [[Amnesty International]] listou pelo menos vinte e cinco assassinatos entre 1980 e 1987. <ref name="Gaddafiunrepentant7">{{Citar periódico |url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant |acessodata=1 Mar 2011 |periódico=[[Middle East Quarterly]] |ultimo=Eljahmi, Mohamed |ano=2006 |arquivourl=https://archive.today/20130113020007/http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |arquivodata=13 Jan 2013}}</ref> <ref name="autogenerated7584">''The Middle East and North Africa 2003'' (2002). Eur. p. 758.</ref>

Os agentes de Gaddafi estavam activos no Reino Unido, onde muitos líbios procuraram asilo. Depois que diplomatas líbios atiraram contra 15 manifestantes anti-Gaddafi no primeiro andar da embaixada da Líbia e [[Assassinato de Yvonne Fletcher|mataram uma policial britânica]], o Reino Unido rompeu relações com o governo de Gaddafi como resultado do incidente.

Mesmo os EUA não conseguiram proteger os dissidentes da Líbia. Em 1980, um agente líbio tentou assassinar o dissidente Faisal Zagallai, estudante de doutorado na [[Universidade do Colorado em Boulder]]. As balas deixaram Zagallai parcialmente cego. <ref>{{Citar web|url=https://www.nytimes.com/1981/12/02/us/jurors-to-begin-delibrations-in-shooting-of-libyan-in-1980.html|titulo=JURORS TO BEGIN DELIBRATIONS IN SHOOTING OF LIBYAN IN 1980|data=2 Dez 1981|acessodata=30 Ago 2022|website=The New York Times}}</ref> Um desertor foi sequestrado e executado em 1990, pouco antes de receber a cidadania americana. <ref name="Gaddafiunrepentant8">{{Citar periódico |url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant |acessodata=1 Mar 2011 |periódico=[[Middle East Quarterly]] |ultimo=Eljahmi, Mohamed |ano=2006 |arquivourl=https://archive.today/20130113020007/http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant |arquivodata=13 Jan 2013}}</ref>

Gaddafi afirmou em Junho de 1984 que as matanças poderiam ser cometidas mesmo quando os dissidentes estavam em peregrinação na cidade sagrada de [[Meca]]. Em agosto de 1984, um complô líbio foi frustrado em Meca. <ref name="davis8">{{Citar livro|título=Qaddafi, Terrorism, and the Origins of the U.S. Attack on Libya|ultimo=Davis|primeiro=Brian Lee|ano=1990}}</ref>{{Rp|183}}

Em 2004, a Líbia ainda oferecia recompensas aos chefes dos críticos, incluindo 1 milhão de dólares para [[Ashur Shamis]], um jornalista líbio-britânico. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Bright|primeiro=Martin|url=https://www.theguardian.com/uk/2004/mar/28/politics.libya|titulo=Gadaffi Still Hunts 'Stray Dogs' in UK|data=28 Mar 2004|acessodata=17 Dez 2016|website=[[The Guardian]]|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170402115127/https://www.theguardian.com/uk/2004/mar/28/politics.libya|arquivodata=2 Abr 2017|urlmorta=live}}</ref>

Há indicações de que entre os anos de 2002 e 2007, o [[Mukhabarat el-Jamahiriya|serviço de inteligência da era Gaddafi da Líbia]] teve uma parceria com organizações de espionagem ocidentais, incluindo o [[MI6]] e a [[Central Intelligence Agency|CIA]], que forneceram voluntariamente informações sobre dissidentes líbios nos Estados Unidos e no Canadá em troca de usarem a Líbia como uma base para [[Rendição extraordinária|entregas extraordinárias]]. Isto foi feito apesar do historial de assassinato de dissidentes no estrangeiro na Líbia e com pleno conhecimento dos maus-tratos brutais que a Líbia dispensa aos detidos. <ref>{{Citar jornal|ultimo=Wedeman|primeiro=Ben|url=http://www.cnn.com/2011/WORLD/africa/09/03/libya.west.spies/|titulo=Documents shed light on CIA, Gadhafi spy ties|data=3 Set 2011|acessodata=3 Set 2011|website=CNN|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121110134521/http://www.cnn.com/2011/WORLD/africa/09/03/libya.west.spies/|arquivodata=10 Nov 2012|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar jornal|url=http://news.smh.com.au/breaking-news-world/files-show-mi6-cia-ties-to-libya-reports-20110904-1jrzy.html|titulo=Files show MI6, CIA ties to Libya: reports|data=4 Set 2011|acessodata=4 Set 2011|website=The Sydney Morning Herald|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111103093101/http://news.smh.com.au/breaking-news-world/files-show-mi6-cia-ties-to-libya-reports-20110904-1jrzy.html|arquivodata=3 Nov 2011|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar jornal|ultimo=Spencer|primeiro=Richard|url=https://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/africaandindianocean/libya/8739893/Libya-secret-dossier-reveals-Gaddafis-UK-spy-links.html|titulo=Libya: secret dossier reveals Gaddafi's UK spy links|data=3 Set 2011|acessodata=3 Set 2011|website=The Telegraph|local=London|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110904071207/http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/africaandindianocean/libya/8739893/Libya-secret-dossier-reveals-Gaddafis-UK-spy-links.html|arquivodata=4 Set 2011|urlmorta=live}}</ref>


=== Repressão política e "Terror Verde" ===
=== Agitação política durante a década de 1990 ===
Na década de 1990, o governo de Gaddafi foi ameaçado pelo [[Islamismo (ideologia)|islamismo]] militante. Em Outubro de 1993, houve uma tentativa frustrada de assassinato de Gaddafi por elementos do exército líbio. Em resposta, Gaddafi recorreu a medidas repressivas, recorrendo ao seu [[Corpo da Guarda Revolucionária|Corpo de Guardas Revolucionários]] pessoal para esmagar os tumultos e o activismo islâmico durante a década de 1990. No entanto, a [[Cirenaica]] entre 1995 e 1998 foi politicamente instável, devido às lealdades tribais das tropas locais. <ref>{{Citar livro|título=The Libyan Paradox|ultimo=Martínez|primeiro=Luis|editora=[[Columbia University Press]]|ano=2007|isbn=978-0-231-70021-4}}
O termo "Terror Verde" é usado para descrever campanhas de violência e intimidação contra opositores de Gaddafi, particularmente em referência à onda de opressão durante a [[Revolução Cultural Líbia]], ou à onda de enforcamentos altamente divulgados de opositores do regime que começou com a execução de Al-Sadek Hamed Al-Shuwehdy. A dissidência era ilegal ao abrigo da Lei 75 de 1973.<ref name="Gaddafiunrepentant"/> Relatou-se que 10 a 20 por cento dos líbios trabalhavam na vigilância dos Comitês Revolucionários de Gaddafi, uma proporção de informantes a par do [[Iraque]] de [[Saddam Hussein]] ou da [[Coreia do Norte]] de [[Kim Jong Il]]. A vigilância ocorria no governo, nas fábricas e no setor de educação.<ref name="Gaddafiunrepentant"/>


{{Citar livro|título=A Tragedy of Arms&nbsp;– Military and Security Developments in the Maghreb|ultimo=Cordesman|primeiro=Anthony H.|editora=[[Greenwood Publishing Group]]|ano=2002|isbn=978-0-275-96936-3}}</ref>
De acordo com o ''[[Freedom of the Press|Freedom of the Press Index]]'' de 2009, a Líbia era o país mais censurado do Oriente Médio e Norte da África.<ref>{{citar web|título=Freedom of the Press 2009 | url=http://www.freedomhouse.org/uploads/fop/2009/FreedomofthePress2009_tables.pdf |formato= PDF |publicado=[[Freedom House]] |ano=2009}}</ref> As prisões eram executadas com pouca ou nenhuma documentação da população carcerária ou de dados básicos como crime e sentença do prisioneiro.<ref name="Gaddafiunrepentant">{{citar web|url=http://www.meforum.org/878/libya-and-the-us-Gaddafi-unrepentant|título=Libya and the U.S.: Gaddafi Unrepentant|obra= [[Middle East Quarterly]] |autor = Eljahmi, Mohamed|ano=2006}}</ref>


== Guerra civil de 2011 e colapso do governo de Gaddafi ==
=== Distúrbios políticos durante os anos 1990 ===
{{Artigo principal|Guerra Civil Líbia (2011)|Intervenção militar na Líbia em 2011|Ofensiva costeira rebelde da Líbia em 2011|Segunda batalha de Trípoli}}
Na década de 1990, o governo de Gaddafi foi ameaçado pelo islamismo militante. Em outubro de 1993, houve uma tentativa de assassinato mal sucedida a Gaddafi por elementos do exército líbio. Em resposta, Gaddafi usou medidas repressivas, usando seu Corpo da Guarda Revolucionária para esmagar os tumultos e o ativismo islâmico durante a década de 1990. No entanto, a [[Cirenaica]] entre 1995 e 1998 era politicamente instável, devido às lealdades tribais das tropas locais.<ref>{{citar livro|último =Martínez|primeiro =Luis|ano=2007|título=The Libyan Paradox|publicado=[[Columbia University Press]]|página=71|ISBN= 978-0-231-70021-4}}<br>{{citar livro|último =Cordesman|primeiro =Anthony H.|ano=2002|título=A Tragedy of Arms&nbsp;– Military and Security Developments in the Maghreb|publicado=[[Greenwood Publishing Group]]|página=2|ISBN= 978-0-275-96936-3}}</ref>
[[Ficheiro:LibyanRepublicRelations.svg|direita|miniaturadaimagem|Um mapa global do mundo mostrando os países que reconheceram ou tiveram relações informais com Líbia durante a guerra civil de 2011.{{Legend|#FFFF00|Líbia}}{{Legend|#000080|Países que reconheceram o [[Conselho Nacional de Transição]] (CNT) como o único representante legítimo da Líbia}}{{Legend|#5599FF|Países que mantinham relações informais permanentes com o CNT, ou que votaram a favor do reconhecimento na ONU, mas não concederam reconhecimento oficial}}{{Legend|#FF5555|Países que se opuseram ao reconhecimento do CNT na ONU, mas não fizeram uma declaração formal}}{{Legend|#C10000|Países que disseram que não reconheceriam o CNT}}]]
Uma renovada ameaça séria à Jamahiriya Árabe Líbia surgiu em Fevereiro de 2011, com a [[Guerra Civil Líbia (2011)|guerra civil na Líbia]]. A inspiração para a agitação é atribuída às revoltas na [[Revolução de Jasmim|Tunísia]] e [[Revolução Egípcia de 2011|no Egipto]], ligando-a à [[Primavera Árabe]] mais ampla. <ref name="NYT2">{{Citar jornal|ultimo=Shadid, Anthony|autorlink=Anthony Shadid|url=https://www.nytimes.com/2011/02/19/world/africa/19libya.html|titulo=Libya Protests Build, Showing Revolts' Limits|data=18 Fev 2011|acessodata=22 Fev 2011|website=[[The New York Times]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120503154431/http://www.nytimes.com/2011/02/19/world/africa/19libya.html|arquivodata=3 Maio 2012|urlmorta=live}}</ref> No leste, o [[Conselho Nacional de Transição]] foi estabelecido em Bengazi. O romancista Idris Al-Mesmari foi preso horas depois de dar uma entrevista à Al Jazeera sobre a reação da polícia aos protestos em Bengazi, no dia 15 de fevereiro.


Algumas autoridades líbias apoiaram os manifestantes e solicitaram ajuda da comunidade internacional para pôr fim aos massacres de civis. O governo em [[Trípoli]] tinha perdido o controlo de metade da Líbia no final de Fevereiro, <ref name="aljazeeradefiant2">{{Citar jornal|url=http://english.aljazeera.net/news/africa/2011/02/20112235434767487.html|titulo=Gaddafi Defiant as State Teeters|data=23 Fev 2011|acessodata=23 Fev 2011|publicado=[[Al Jazeera English]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110319101656/http://english.aljazeera.net/news/africa/2011/02/20112235434767487.html|arquivodata=19 mar 2011|urlmorta=live}}</ref> <ref>{{Citar jornal|url=https://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-12307698|titulo=Middle East and North Africa Unrest|data=24 Fev 2011|acessodata=24 Fev 2011|publicado=BBC News|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110129054756/http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-12307698|arquivodata=29 Jan 2011|urlmorta=live}}</ref> mas em meados de Setembro Gaddafi permanecia no controlo de várias partes de [[Fezã]]. Em 21 de Setembro, as forças do CNT capturaram Sabha, a maior cidade de Fezzan, reduzindo o controlo de Gaddafi a áreas limitadas e isoladas.
== Guerra civil em 2011 e o colapso do governo de Gaddafi ==
{{Artigo principal|Guerra Civil Líbia (2011)|Intervenção militar na Líbia em 2011}}
[[Imagem:Coalition action against Libya-es.svg|thumb|260px|Mapa mostrando eventos da ação da coalizão internacional na Líbia]]
No início de 2011 iniciam-se uma [[Primavera Árabe|série de protestos no mundo árabe]]<ref name="NYT">{{citar jornal|url=http://www.nytimes.com/2011/02/19/world/africa/19libya.html|título= Libya Protests Build, Showing Revolts' Limits|data=18 de fevereiro de 2011|acessodata= 22 de fevereiro de 2011 |autor = [[Anthony Shadid|Shadid, Anthony]]|obra=[[The New York Times]]}}</ref> e parte da população líbia manifesta contra o regime de Gaddafi, enquanto outro segmento continua a apoia-lo. Os opositores controlam com comitês populares as cidades de [[Tobruque]], [[Derna]], [[Baida (Líbia)|Baida]], [[Marje]], [[Bengasi]] e [[Agedábia]], no leste, [[Misurata]], [[Bani Ualide (cidade)|Bani Ualide]], [[Homs (Líbia)|Homs]], [[Tarana]], [[Gariã]], [[Zuara]], [[Jufra]], [[Zauia (Líbia)|Zauia]] e [[Nalute]], no oeste, em torno da capital.<ref>{{Citar web |url=https://www.elmundo.es/elmundo/2011/02/23/internacional/1298462286.html |titulo=El pueblo libio prepara una protesta este viernes en Trípoli imitando el 'modelo egipcio' {{!}} Revueltas en el mundo árabe {{!}} elmundo.es |acessodata=2021-02-15 |website=www.elmundo.es}}</ref> Gaddafi, com {{fmtn|120000}} leais ao regime, (alguns dizem que são [[mercenário]]s chadianos, que o próprio governo do Chade nega categoricamente)<ref>{{Citar web |ultimo=Press |primeiro=Europa |url=https://www.europapress.es/internacional/noticia-libia-chad-niega-categoricamente-haya-mercenarios-pais-libia-20110225225131.html |titulo=Libia.- Chad niega "categóricamente" que haya mercenarios de su país en Libia |data=2011-02-25 |acessodata=2021-02-15 |website=www.europapress.es}}</ref> controla as cidades de [[Trípoli]] e de [[Sirte]], no oeste, e [[Saba (cidade)]] ao sul. A imprensa internacional informa que o presidente Gaddafi reprimia muito duramente as manifestações por mercenários e ataques aéreos, retransmitidos pela rede árabe [[Al Jazeera]]. Em Bengazi, pelo menos 130 soldados foram mortos por se recusarem a disparar contra o povo desarmado.<ref>{{Citar web |url=https://www.elmundo.es/elmundo/2011/02/25/internacional/1298672026.html |titulo=El embajador de Libia en EEUU iza bandera anterior al régimen de Gadafi {{!}} Mundo {{!}} elmundo.es |acessodata=2021-02-15 |website=www.elmundo.es}}</ref> Alguns pilotos líbios, desertam para evitar cumprir as ordens para disparar sobre as populações civis,<ref>{{Citar web |url=https://www.elmundo.es/elmundo/2011/02/23/internacional/1298472597.html |titulo=Dos pilotos se tiran en paracaídas de un avión para evitar bombardear a civiles {{!}} Mundo {{!}} elmundo.es |acessodata=2021-02-15 |website=www.elmundo.es}}</ref> além de ministros, embaixadores e líderes religiosos que abandonam Gaddafi.<ref>[http://www.larazon.es/noticia/7173-dos-cazas-y-dos-helicopteros-libios-aterrizan-en-malta Militares y diplomáticos desertan del régimen]</ref> A ONU, que estimou mais de 2 000 mortes de civis nas mãos do regime, emitiu a Resolução 1970 do Conselho de Segurança das Nações Unidas e solicitou de inquérito internacional sobre a repressão violenta que poderia incluir [[crimes contra a humanidade]]. A Coalizão Internacional contra Criminosos de Guerra também contabilizou 3 980 feridos e pelo menos 1 500 desaparecidos.<ref>[http://www.elmundo.es/elmundo/2011/graficos/feb/s4/revuelta_popular_libia.html Revuelta popular en Libia]</ref> A situação das cidades de [[Zlitan]] e [[Azizia]], no oeste e proximidades de Trípoli, eram incertas e houve combates em Misurata e Zauia onde as tropas Gadafi podem terem sido rechaçadas pela oposição.<ref>{{Citar web |url=https://www.elmundo.es/elmundo/2011/02/25/internacional/1298670435.html |titulo=El 'delfín' de Gadafi reconoce problemas en varias ciudades y ofrece negociar {{!}} Revueltas en el mundo árabe {{!}} elmundo.es |acessodata=2021-02-15 |website=www.elmundo.es}}</ref>


Muitas nações condenaram o governo de Gaddafi pelo uso da força contra civis. Várias outras nações aliadas de Gaddafi classificaram o levante e a intervenção como uma "conspiração" das potências [[Mundo ocidental|ocidentais]] para saquear os recursos da Líbia. <ref name="Gadhafi's Name2">{{Citar jornal|ultimo=Casey, Nicholas|ultimo2=de Córdoba, José|url=https://www.wsj.com/articles/SB10001424052748704150604576166452254733490?mod=googlenews_wsj|titulo=Where Gadhafi's Name Is Still Gold|data=26 Fev 2011|acessodata=3 Ago 2017|website=[[The Wall Street Journal]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180814111743/https://www.wsj.com/articles/SB10001424052748704150604576166452254733490?mod=googlenews_wsj|arquivodata=14 Ago 2018|urlmorta=live}}</ref> O [[Conselho de Segurança das Nações Unidas]] aprovou uma [[Resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas|resolução]] para impor uma [[zona de exclusão aérea]] sobre o espaço aéreo da Líbia em 17 de março de 2011. <ref>{{Citar web|url=https://www.un.org/News/Press/docs/2011/sc10200.doc.htm|titulo=Security Council Approves 'No-Fly Zone' over Libya, Authorizing 'All Necessary Measures' to Protect Civilians in Libya, By a Vote of Ten For, None Against, with Five Abstentions|acessodata=19 Mar 2011|publicado=[[United Nations]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110319093321/http://www.un.org/News/Press/docs/2011/sc10200.doc.htm|arquivodata=19 Mar 2011|urlmorta=live}}</ref>
Em 22 de fevereiro, ''[[The Economist]]'' descreveu os eventos como uma "revolta que está a tentar recuperar a Líbia do dirigente autocrata mais longevo do mundo".<ref>{{citar jornal|url=http://www.economist.com/blogs/newsbook/2011/02/libyas_uprising|título=Time to Leave&nbsp;– A Correspondent Reports from the Border Between Libya and Egypt|obra=[[The Economist]]|data=22 de fevereiro de 2011|acessodata=23 de fevereiro de 2011}}</ref> Gaddafi se referiu à oposição de várias formas como "ratos", "baratas" e "garotos drogados" e acusou-os de serem parte da [[Al-Qaeda]].<ref>{{citar web |url=http://www.timesofmalta.com/articles/view/20110222/local/gaddafi-in-fighting-speech-i-will-not-give-up |título=Gaddafi: 'I Will Not Give Up', 'We Will Chase the Cockroaches' |data=22 de fevereiro de 2011 |obra= [[The Times (Malta)|The Times]]}}</ref><ref>{{citar jornal|título=Qaddafi's Grip on Power Weakens on Loss of Territory |último1 =Harvey, Benjamin; Mazen, Maram; [[Massoud Derhally|Derhally, Massoud A.]] |url=http://www.bloomberg.com/news/2011-02-24/qaddafi-blames-revolt-on-al-qaeda-as-foes-tighten-hold-in-east.html |publicado=[[Bloomberg L.P.|Bloomberg]] |data=25 de fevereiro de 2011 |acessodata=25 de fevereiro de 2011 |citação=Qaddafi, speaking by telephone on state television yesterday, blamed the uprising against his 41-year rule on 'drugged kids' and al-Qaeda.}}</ref> O filho de Gaddafi, [[Khamis Gaddafi|Khamis]], controlava a bem armada [[Brigada Khamis]] foi acusado de possuir grande número de mercenários.<ref>{{citar web |url=http://www.theatlantic.com/international/archive/2011/08/former-qaddafi-mercenaries-describe-fighting-in-libyan-war/244356/ |título=Former Qaddafi Mercenaries Describe Fighting in Libyan War |autor =Peter Gwin |data=31 de agosto de 2011 |obra=The Atlantic |acessodata=25 de junho de 2012}}</ref> Algumas autoridades líbias haviam se aliado com os manifestantes e pediram ajuda da [[comunidade internacional]] para pôr fim aos massacres de civis. O governo de Trípoli tinha perdido o controle da metade da Líbia até o final de fevereiro,<ref name="aljazeeradefiant">{{citar jornal|título=Gaddafi Defiant as State Teeters |publicado= [[Al Jazeera English]] |data=23 de fevereiro de 2011 |url=http://english.aljazeera.net/news/africa/2011/02/20112235434767487.html |acessodata=23 de fevereiro de 2011}}</ref><ref>{{citar jornal|url=http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-12307698|título=Middle East and North Africa Unrest |publicado= [[BBC News]] |data=24 de fevereiro de 2011|acessodata=24 de fevereiro de 2011}}</ref> mas a partir de meados de setembro, Gaddafi permaneceu no controle de várias partes da [[Fazânia]]. Em 21 de setembro, as forças do CNT capturaram [[Saba (cidade)|Saba]], a maior cidade da Fazânia, reduzindo o controle de Gaddafi para áreas limitadas e isoladas.


A resolução da ONU autorizou ataques aéreos contra tropas terrestres e navios de guerra líbios que pareciam ameaçar civis. <ref>{{Citar web|url=http://www.newstatesman.com/blogs/the-staggers/2011/03/libya-military-resolution-fly|titulo=U.N. no-fly zone over Libya: what does it mean?|data=18 Mar 2011|acessodata=21 Mar 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110321091524/http://www.newstatesman.com/blogs/the-staggers/2011/03/libya-military-resolution-fly|arquivodata=21 Mar 2011|urlmorta=live}}</ref> Em 19 de março, começou a aplicação da zona de exclusão aérea, com aeronaves francesas realizando missões através da Líbia e um [[Bloqueio (militar)|bloqueio]] naval pela [[Marinha Real Britânica]]. <ref name="cnn_deployment2">{{Citar jornal|url=http://edition.cnn.com/2011/WORLD/africa/03/19/libya.civil.war|titulo=French Fighter Jets Deployed over Libya|data=19 Mar 2011|acessodata=19 Mar 2011|publicado=[[CNN]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110322034154/http://edition.cnn.com/2011/WORLD/africa/03/19/libya.civil.war/|arquivodata=22 Mar 2011|urlmorta=live}}</ref> Eventualmente, os porta-aviões {{USS|Enterprise|CVN-65|6}} e o ''[[Charles de Gaulle (R91)|Charles de Gaulle]]'' chegaram ao largo da costa e forneceram aos agentes uma capacidade de resposta rápida. As forças dos EUA designaram a sua parte na acção coerciva como [[Operação Amanhecer da Odisseia|Operação Odyssey Dawn]], destinada a "negar ao regime líbio o uso da força contra o seu próprio povo" <ref name="OdysseyDawn2">{{Citar jornal|url=http://www.cnn.com/2011/WORLD/africa/03/19/libya.civil.war/index.html?hpt=T1&iref=BN1|titulo=Gunfire, explosions heard in Tripoli|data=20 Mar 2011|acessodata=20 Mar 2011|publicado=CNN|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121103203408/http://www.cnn.com/2011/WORLD/africa/03/19/libya.civil.war/index.html?hpt=T1&iref=BN1|arquivodata=3 Nov 2012|urlmorta=live}}</ref>, de acordo com o [[vice-almirante]] dos EUA [[William E. Gortney]] . Mais de 110 [[BGM-109 Tomahawk|mísseis de cruzeiro “Tomahawk”]] foram disparados num ataque inicial por navios de guerra dos EUA e um submarino britânico contra as defesas aéreas da Líbia. <ref name="AlJazTanks2">{{Citar web|url=http://blogs.aljazeera.net/live/africa/libya-live-blog-march-19|titulo=Libya Live Blog&nbsp;– March 19|data=19 Mar 2011|acessodata=19 Mar 2011|publicado=[[Al Jazeera Arabic|Al Jazeera]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110320235930/http://blogs.aljazeera.net/live/africa/libya-live-blog-march-19|arquivodata=20 Mar 2011|urlmorta=dead}}</ref>
Muitas nações condenaram o governo de Gaddafi pelo seu uso da força contra civis. Várias outras nações aliadas a Gaddafi chamaram a revolta e a intervenção de "trama" das potências ocidentais para saquear recursos líbios.<ref name="Gadhafi's Name">{{citar jornal|título= Where Gadhafi's Name Is Still Gold |autor1=Casey, Nicholas|autor2=de Córdoba, José |url= http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704150604576166452254733490.html?mod=googlenews_wsj|obra= [[The Wall Street Journal]]|data=26 de fevereiro de 2011}}</ref> O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução para impor uma [[zona de exclusão aérea]] sobre o espaço aéreo líbio em 17 de março de 2011.<ref>{{citar web|url=http://www.un.org/News/Press/docs/2011/sc10200.doc.htm |título=Security Council Approves 'No-Fly Zone' over Libya, Authorizing 'All Necessary Measures' to Protect Civilians in [[Libya]], By a Vote of Ten For, None Against, with Five Abstentions |publicado= [[United Nations]] |acessodata=19 de março de 2011}}</ref>


Os últimos redutos do governo em [[Sirte]] caíram finalmente nas mãos dos combatentes anti-Gaddafi em 20 de Outubro de 2011 e, após a controversa [[Morte de Muammar al-Gaddafi|morte de Muammar Gaddafi]], a Líbia foi oficialmente declarada "libertada" em 23 de Outubro de 2011, pondo fim a 42 anos de liderança de Gaddafi na Líbia. <ref>{{Citar web|url=http://uk.reuters.com/article/libya-declaration-liberation-idUKL5E7LN0P620111023|titulo=UPDATE 4-Libya declares nation liberated after Gaddafi death|data=23 Out 2011|acessodata=14 Fev 2012|publicado=Reuters|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120728041733/http://uk.reuters.com/article/2011/10/23/libya-declaration-liberation-idUKL5E7LN0P620111023|arquivodata=28 Jul 2012|urlmorta=live}}</ref>
A resolução da ONU autorizou ataques aéreos contra tropas terrestres líbias e navios de guerra que surgiam para ameaçar os civis.<ref>{{citar web|url=http://www.newstatesman.com/blogs/the-staggers/2011/03/libya-military-resolution-fly?utm_content=NewState&utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter&utm_campaign=NewState|título=U.N. no-fly zone over Libya: what does it mean?}}</ref> Em 19 de março, a aplicação da zona de exclusão aérea começou, com missões de aviões franceses através da Líbia e um bloqueio naval pela [[Marinha Real Britânica]].<ref name=cnn_deployment>{{citar jornal|url=http://edition.cnn.com/2011/WORLD/africa/03/19/libya.civil.war|título=French Fighter Jets Deployed over Libya|obra= [[CNN]] |data=19 de março de 2011 |acessodata= 19 de março de 2011}}</ref> As forças dos EUA nomearam seu papel na imposição da ação de ''[[Operação Amanhecer da Odisseia]]'', no sentido de "negar ao regime líbio de usar a força contra seu próprio povo".<ref name=OdysseyDawn>{{citar jornal|título=Gunfire, explosions heard in Trípoli|url=http://www.cnn.com/2011/WORLD/africa/03/19/libya.civil.war/index.html?hpt=T1&iref=BN1|publicado= [[CNN]]|acessodata=20 de março de 2011|data=20 de março de 2011}}</ref> como afirmou o vice-almirante estadunidense [[William E. Gortney]]. Mais de 110 [[BGM-109 Tomahawk|mísseis de cruzeiro "Tomahawk"]] foram disparados em um ataque inicial de navios de guerra dos EUA e de um submarino britânico contra as defesas aéreas líbias.<ref name="AlJazTanks">{{citar web |url=http://blogs.aljazeera.net/live/africa/libya-live-blog-march-19 |título=Libya Live Blog&nbsp;– March 19 |acessodata=19 de março de 2011 |data=19 de março de 2011 |publicado=[[Al Jazeera]] |arquivourl=https://www.webcitation.org/5xJ4lwmv0?url=http://blogs.aljazeera.net/live/africa/libya-live-blog-march-19 |arquivodata=2011-03-19 |urlmorta=no }}</ref>


O cientista político [[Riadh Sidaoui]] sugeriu em outubro de 2011 que Gaddafi "criou um grande vazio para o seu exercício do poder: não há instituição, nem exército, nem tradição eleitoral no país" e, como resultado, o período de transição seria difícil na Líbia. <ref>{{Citar jornal|url=http://www.20minutes.fr/monde/libye/809558-libye-mouammar-kadhafi-choisi-voie-suicidaire-des-fevrier|titulo=Libye: "Mouammar Kadhafi avait choisi la voie suicidaire dès février"|data=20 Out 2011|acessodata=11 Nov 2011|website=[[20 minutes (France)|20 minutes]]|lingua=fr|titulotrad=Libya: "Muammar Gaddafi had chosen the path of suicide in February"|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111122060239/http://www.20minutes.fr/monde/libye/809558-libye-mouammar-kadhafi-choisi-voie-suicidaire-des-fevrier|arquivodata=22 Nov 2011|urlmorta=live}}</ref>
Os últimos redutos do governo em [[Sirte]], finalmente, caíram para os combatentes anti-Gaddafi em 20 de outubro de 2011, e, após a controversa [[morte de Muammar al-Gaddafi]], a Líbia foi declarada oficialmente como "libertada" em 23 de outubro de 2011, terminando 42 anos da liderança de Gaddafi na Líbia.<ref>{{citar web |ultimo= |primeiro= |url=http://uk.reuters.com/article/2011/10/23/libya-declaration-liberation-idUKL5E7LN0P620111023 |título=UPDATE 4-Libya declares nation liberated after Gaddafi death |data=23-10-2011 |acessodata= |obra=Reuters |publicado=}}</ref>


== Bandeiras, símbolos e insígnias ==
O cientista político [[Riadh Sidaoui]] sugeriu em outubro de 2011 que Gaddafi "criou um grande vazio por seu exercício do poder: não há nenhuma instituição, nenhum exército, nenhuma tradição eleitoral no país", e como resultado, o período de transição será difícil na Líbia.<ref>{{citar jornal|url=http://www.20minutes.fr/monde/libye/809558-libye-mouammar-kadhafi-choisi-voie-suicidaire-des-fevrier|título=Libye: "Mouammar Kadhafi avait choisi la voie suicidaire dès février" |obra=[[20 minutes (France)|20 minutes]]|data=20 de outubro de 2011|acessodata=11 de novembro de 2011|trans_title=Libya: "Muammar Gaddafi had chosen the path of suicide in February"|língua=francês}}</ref>
{{Image gallery|Flag of Libya (1969–1972).svg|Texto alternativo para a imagem 1|Bandeira Estatal (proporção: 1:2)|Coat of arms of Libya (1969–1972).svg|Texto alternativo para a imagem 2|Brasão|título=1969–1972|linhas=4|largura=160|altura=140}}{{Image gallery|Flag of Libya (1972–1977).svg|Texto alternativo para a imagem 1|Bandeira Estatal (proporção: 2:3)|Coat of arms of Libya (1972–1977).svg|Texto alternativo para a imagem 2|Brasão|Naval Ensign of the Federation of Arab Republics.svg|Texto alternativo para a imagem 3|Insígnia Naval|título=1972–1977|linhas=4|largura=160|altura=140}}{{Image gallery|Flag of Libya (1977–2011).svg|Texto alternativo para a imagem 1|Bandeira Estatal (proporção: 1:2)|Coat of arms of Libya (1977–2011).svg|Texto alternativo para a imagem 2|Brasão|Naval Ensign of Libya (1977–2011).svg|Texto alternativo para a imagem 3|Insígnia Naval|Roundel of Libya (1977–2011).svg|Texto alternativo para a imagem 4|[[Roundel]] de aeronaves militares|Flag of Libya (1977–2011).svg|Texto alternativo para a imagem 5|Flash de barbatana de avião militar|título=1977–2011|linhas=4|largura=160|altura=140}}


== Ver também ==
{{Referências|col=2}}


* [[Dia de Vingança]]
=== Bibliografia ===
* [[Política da Líbia sob Muammar Gaddafi]]
* [[Relações Exteriores da Líbia sob Muammar Gaddafi]]
* [[Livro Verde|O Livro Verde (Gaddafi)]]
* [[Resistência Verde|Lealismo de Gaddafi]]
{{Referências|título=Notas|grupo=Nota}}{{Referências}}


== Ligações externas ==
* {{citar livro|id=BUR03|autor=[[François Burgat]], [[André Laronde]]|titulo=La Libye|editora=[[Presses universitaires de France]]|edicao=Que sais-je ?|ano=2003|isbn=9782130533528}}
* {{citar livro|lingua=en|primeiro1=Ronald Bruce|ultimo1=St John|titulo=Libya : from colony to revolution|editora=Oneworld|ano=2011|isbn=978-1851689194}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro1=Moncef|ultimo1=Djaziri|titulo=État et société en Libye : islam, politique et modernité|editora=[[L'Harmattan]]|ano=1996|isbn=978-2738441119}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro1=Pierre|ultimo1=Pinta|titulo=La Libye|editora=[[Karthala]]|ano=2006|isbn=978-2845867161}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro1=Patrick|ultimo1=Haimzadeh|titulo=Au cœur de la Libye de Kadhafi|editora=[[JC Lattès]]|ano=2011|isbn=978-2709637855}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro1=René|ultimo1=Otayek|titulo=La politique africaine de la Libye|editora=[[Karthala]]|ano=1986|isbn=978-2865371662}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro1=Olivier|ultimo1=Pliez|titulo=La nouvelle Libye: sociétés, espaces et géopolitique au lendemain de l'embargo|editora=[[Karthala]]|ano=2004|isbn=978-2845865761}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro1=Moncef|ultimo1=Ouannes|titulo=Militaires, élites et modernisation dans la Libye contemporaine|editora=[[L'Harmattan]]|ano=2009|isbn=978-2296091139}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro=Alexandre|ultimo=Najjar|titulo=Anatomie d'un tyran : Mouammar Kadhafi|editora=[[Actes Sud]]|ano=2011|isbn=978-2742798858}}
*{{citar livro|lingua=en|primeiro1=Waniss|ultimo1=Otman|primeiro2=Erling|ultimo2=Karlberg|titulo=The Libyan Economy: Economic Diversification and International Repositioning|editora=Springer-Verlag Berlin and Heidelberg GmbH & Co. K|ano=2007|isbn=978-3540464600}}
* {{citar livro|lingua=|primeiro=Antoine|ultimo=Basbous|titulo=Le Tsunami arabe|editora=Fayard|ano=2011|isbn=978-2213666204}}


* [http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/4380360.stm Libya cuts ties to mark Italy era]
* [https://repository.library.georgetown.edu/handle/10822/552527 Qaddafi, Libya, and the United States] from the [https://repository.library.georgetown.edu/handle/10822/552494/browse?type=title Dean Peter Krogh Foreign Affairs Digital Archives]
* [[iarchive:TheRoadToPeoplesAuthorityACollectionOfHistoricalSpeechesAnd|''The Road to people's authority: a collection of historical speeches and documents'']] – Includes the initial RCC communique and the "Declaration of Peoples Authority".
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A bandeira verde da Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia. A cor verde, que representava o Islã e a Terceira Teoria Internacional de Gaddafi, foi delineada no Livro Verde.
Muammar Gaddafi, retratado logo após sua tomada do poder, em visita à Iugoslávia em 1970.

Muammar Gaddafi tornou-se o líder de facto da Líbia em 1 de Setembro de 1969, depois de liderar um grupo de jovens oficiais do Exército Líbio contra Rei Idris I num golpe de Estado sem derramamento de sangue. Depois que o rei fugiu do país, o Conselho do Comando Revolucionário (CCR), liderado por Gaddafi, aboliu a monarquia e a antiga constituição e estabeleceu a República Árabe da Líbia, com o lema "liberdade, socialismo e unidade". [1] O nome da Líbia foi mudado várias vezes durante o mandato de Gaddafi como líder. De 1969 a 1977, o nome foi República Árabe da Líbia. Em 1977, o nome foi mudado para Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia. [2] Jamahiriya foi um termo cunhado por Gaddafi, [2] geralmente traduzido como “Estado das massas”. O país foi renomeado novamente em 1986 como Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia, após o bombardeio dos Estados Unidos naquele ano.

Depois de chegar ao poder, o governo da CCR iniciou um processo de direcionamento de fundos para o fornecimento de educação, cuidados de saúde e habitação para todos. A educação pública no país tornou-se gratuita e o ensino primário obrigatório para ambos os sexos. Os cuidados médicos tornaram-se disponíveis ao público gratuitamente, mas fornecer alojamento para todos foi uma tarefa que o governo da CCR não conseguiu concluir. [3] Sob Gaddafi, o rendimento per capita no país aumentou para mais de 11.000 dólares, o quinto mais elevado de África. O aumento da prosperidade foi acompanhado por uma política externa controversa e pelo aumento da repressão política interna. [4] [5]

Durante as décadas de 1980 e 1990, Gaddafi, em aliança com o Bloco Oriental e a Cuba de Fidel Castro, apoiou abertamente movimentos rebeldes como o Congresso Nacional Africano de Nelson Mandela, a Organização para a Libertação da Palestina de Yasser Arafat, o Exército Republicano Irlandês Provisório e a Frente Polisário. O governo de Gaddafi era conhecido ou suspeito de participar ou ajudar em ataques dessas e de outras forças por procuração. Além disso, Gaddafi empreendeu várias invasões de estados vizinhos em África, nomeadamente o Chade nas décadas de 1970 e 1980. Todas as suas ações levaram a uma deterioração das relações externas da Líbia com vários países, principalmente estados ocidentais, [6] e culminaram no bombardeio da Líbia pelos Estados Unidos em 1986. Gaddafi defendeu as ações do seu governo citando a necessidade de apoiar movimentos anti-imperialistas e anticoloniais em todo o mundo. Notavelmente, Gaddafi apoiou movimentos antissionistas, pan-árabes, pan-africanistas, árabes e negros pelosdireitos civis. O comportamento de Gaddafi, muitas vezes errático, levou alguns estrangeiros a concluir que ele não era mentalmente são, uma afirmação contestada pelas autoridades líbias e outros observadores próximos de Gaddafi. Apesar de receber extensa ajuda e assistência técnica da União Soviética e dos seus aliados, Gaddafi manteve laços estreitos com governos pró-americanos na Europa Ocidental, em grande parte cortejando empresas petrolíferas ocidentais com promessas de acesso ao lucrativo sector energético líbio. Após os ataques de 11 de setembro, as relações tensas entre a Líbia e os países da OTAN foram em grande parte normalizadas e as sanções contra o país foram relaxadas, em troca do desarmamento nuclear.

No início de 2011, eclodiu uma guerra civil no contexto da Primavera Árabe mais ampla. As forças rebeldes anti-Gaddafi formaram um comitê denominado Conselho Nacional de Transição em Fevereiro de 2011, para atuar como autoridade interina nas áreas controladas pelos rebeldes. Após assassinatos perpetrados pelas forças governamentais [7], além dos perpetrados pelas forças rebeldes, [8] uma coligação multinacional liderada pelas forças da OTAN interveio em Março em apoio aos rebeldes. [9] [10] [11] O Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Gaddafi e sua comitiva em junho de 2011. O governo de Gaddafi foi derrubado após a queda de Trípoli nas mãos das forças rebeldes em agosto, embora bolsões de resistência mantidos por forças de apoio ao governo de Gaddafi tenham resistido por mais dois meses, especialmente na cidade natal de Gaddafi, Sirte, que ele declarou a nova capital da Líbia em Setembro. [12] A queda dos últimos locais restantes em Sirte sob controlo pró-Gaddafi em 20 de outubro de 2011, seguida pelo subsequente assassinato de Gaddafi, marcou o fim da Jamahiriya Árabe da Líbia.

Golpe de Estado de 1969

Ver artigo principal: Revolução de 1 de Setembro

A descoberta de reservas petrolíferas significativas em 1959 e o subsequente rendimento das vendas de petróleo permitiram ao Reino da Líbia passar de uma das nações mais pobres do mundo para um estado rico. Embora o petróleo tenha melhorado drasticamente as finanças do governo líbio, começou a aumentar o ressentimento devido à crescente concentração da riqueza da nação nas mãos do rei Idris. Este descontentamento aumentou com a ascensão do nasserismo e do nacionalismo/socialismo árabe em todo o Norte de África e no Médio Oriente.

Em 1 de setembro de 1969, um grupo de cerca de 70 jovens oficiais do exército conhecido como Movimento dos Oficiais Livres e homens alistados, em sua maioria designados para o Corpo de Sinalização, assumiu o controle do governo e, de uma só vez, aboliu a monarquia líbia. O golpe foi lançado em Bengasi e em duas horas a tomada do poder foi concluída. As unidades do exército rapidamente se reuniram em apoio ao golpe e, em poucos dias, estabeleceram firmemente o controle militar em Trípoli e em todo o país. A recepção popular do golpe, especialmente por parte dos jovens nas áreas urbanas, foi entusiástica. Os receios de resistência na Cirenaica e em Fezã revelaram-se infundados. Nenhuma morte ou incidente violento relacionado ao golpe foi relatado. [13]

O Movimento dos Oficiais Livres, que reivindicou o crédito pela execução do golpe, foi liderado por uma direção de doze membros que se autodenominava Conselho do Comando Revolucionário (CCR). Este órgão constituiu o governo líbio após o golpe. Na sua proclamação inicial de 1 de Setembro, [14] a CCR declarou o país como um Estado livre e soberano denominado República Árabe da Líbia, que prosseguiria "no caminho da liberdade, unidade e justiça social, garantindo o direito à igualdade aos seus cidadãos, e abrindo diante deles as portas do trabalho honroso." O domínio dos turcos e italianos e o governo "reacionário" recém derrubado foram caracterizados como pertencentes à "era das trevas", a partir da qual o povo líbio foi chamado a avançar como "irmãos livres" para uma nova era de prosperidade, igualdade e honra. [15]

O CCR informou aos representantes diplomáticos na Líbia que as mudanças revolucionárias não tinham sido dirigidas de fora do país, que os tratados e acordos existentes permaneceriam em vigor e que as vidas e propriedades estrangeiras seriam protegidas. O reconhecimento diplomático do novo governo veio rapidamente de países de todo o mundo. O reconhecimento dos Estados Unidos foi oficialmente prorrogado em 6 de setembro. [16]

Pós-golpe

Gaddafi (à esquerda) com o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser em 1969

Tendo em conta a falta de resistência interna, parecia que o principal perigo para o novo governo residia na possibilidade de uma reação inspirada pelo ausente rei Idris ou pelo seu herdeiro designado, o príncipe herdeiro Haçane, que tinha sido levado sob custódia na altura do golpe, juntamente com outros altos funcionários civis e militares do governo real. No entanto, poucos dias após o golpe, Hasan renunciou publicamente a todos os direitos ao trono, declarou o seu apoio ao novo governo e apelou ao povo para o aceitar sem violência. [17]

Idris, numa troca de mensagens com o CCR através do presidente do Egito, Nasser, dissociou-se das supostas tentativas de garantir a intervenção britânica e negou qualquer intenção de regressar à Líbia. Em troca, o CCR lhe garantiu a segurança de sua família ainda no país. A seu pedido e com a aprovação de Nasser, Idris fixou residência mais uma vez no Egito, onde passou o seu primeiro exílio e onde permaneceu até à sua morte em 1983. [17]

Em 7 de setembro de 1969, a CCR anunciou que havia nomeado um gabinete para conduzir o governo da nova república. Um técnico educado nos Estados Unidos, Mahmud Suleiman Maghribi, que estava preso desde 1967 por suas atividades políticas, foi designado primeiro-ministro. Ele presidiu o Conselho de Ministros de oito membros, dos quais seis, como Maghribi, eram civis e dois – Adam Said Hawwaz e Musa Ahmad – eram oficiais militares. Nenhum dos oficiais era membro do CCR. [18]

O Conselho de Ministros foi instruído a "implementar a política geral do Estado tal como elaborada pela CCR", não deixando dúvidas sobre onde residia a autoridade final. No dia seguinte, o CCR decidiu promover o capitão Gaddafi a coronel e nomeá-lo comandante-em-chefe das Forças Armadas da Líbia. Embora os porta-vozes do CCR tenham recusado até Janeiro de 1970 revelar quaisquer outros nomes de membros do CCR, tornou-se evidente a partir dessa data que o chefe do CCR e o novo chefe de Estado de facto era Gaddafi. [18]

Os analistas foram rápidos a apontar as semelhanças impressionantes entre o golpe militar na Líbia de 1969 e o do Egito sob Nasser em 1952, e tornou-se claro que a experiência egípcia e a figura carismática de Nasser formaram o modelo para o Movimento dos Oficiais Livres. À medida que a CCR, nos últimos meses de 1969, se movia vigorosamente para instituir reformas internas, proclamou a neutralidade no confronto entre as superpotências e a oposição a todas as formas de colonialismo e imperialismo. Também deixou clara a dedicação da Líbia à unidade árabe e ao apoio à causa palestiniana contra Israel. [18]

O CCR reafirmou a identidade do país como parte da "nação árabe" e a sua religião estatal como o Islã. Aboliu as instituições parlamentares, sendo todas as funções legislativas assumidas pela CCR, e deu continuidade à proibição dos partidos políticos, em vigor desde 1952. O novo governo rejeitou categoricamente o comunismo – em grande parte porque era ateu – e adoptou oficialmente uma interpretação árabe do socialismo que integrava os princípios islâmicos com reformas sociais, económicas e políticas. A Líbia mudou, praticamente da noite para o dia, do campo dos estados tradicionalistas árabes conservadores para o dos estados nacionalistas radicais. [18]

República Árabe da Líbia (1969–1977)

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الجمهورية العربية الليبية (Árabe)
Al-Jumhūrīyah Al-ʿArabiyyah Al-Lībiyyah

República Árabe da Líbia

1969 – 1977
Flag Brasão
Bandeira
(1972–1977)
Brasão
(1972–1977)
Hino nacional
والله زمان يا سلاحي
Walla Zaman Ya Selahy
("Já Faz Muito Tempo, Oh Minha Arma!")
الله أكبر
Allahu Akbar
("Deus é o Maior")


Localização de República Árabe da Líbia
Localização de República Árabe da Líbia
Localização da República Árabe da Líbia
Capital Trípoli
Língua oficial Árabe
Outros idiomas Berbere
Italiano
Governo República unitária socialista árabe nasserista de partido único[a] sob uma ditadura militar
Presidente do Conselho do Comando Revolucionário
 • 1969–1977 Muammar Gaddafi
Primeiro-ministro
 • 1969–1970 (primeiro) Mahmud Suleiman Maghribi
 • 1972–1977 (último) Abdessalam Jalloud
Período histórico Guerra Fria Árabe
 • 1 de setembro de 1969 Golpe de Estado
 • 2 de março de 1977 Estabelecimento da Jamahiriya
População
 • 1977 est. 2,681,900 
Moeda Dinar líbio
A União Socialista Árabe foi estabelecida como o único partido legal em 1971, como sucessora do Movimento dos Oficiais Livres.

Tentativas de contra-golpe

Após a formação da República Árabe Líbia, Gaddafi e os seus associados insistiram que o seu governo não se basearia na liderança individual, mas sim na tomada de decisões colegiais.

A primeira grande mudança de gabinete ocorreu logo após o primeiro desafio ao governo. Em dezembro de 1969, Adam Said Hawwaz, o ministro da defesa, e Musa Ahmad, o ministro do interior, foram presos e acusados de planejar um golpe. No novo gabinete formado após a crise, Gaddafi, mantendo o cargo de presidente do CCR, tornou-se também primeiro-ministro e ministro da Defesa. [19]

O major Abdessalam Jalloud, geralmente considerado atrás apenas de Gaddafi no CCR, tornou-se vice-primeiro-ministro e ministro do Interior. [20] Este gabinete totalizava treze membros, dos quais cinco eram oficiais do CCR. [20] O governo foi desafiado pela segunda vez em julho de 1970, quando Abdullah Abid Sanusi e Ahmed al-Senussi, primos distantes do ex-rei Idris, e membros do clã Sayf an Nasr de Fezzan foram acusados de conspirar para tomar o poder para si próprios. [20] Depois que a conspiração foi frustrada, ocorreu uma mudança substancial no gabinete, com os oficiais do CCR formando pela primeira vez a maioria entre os novos ministros. [20]

Afirmação do controle de Gaddafi

Desde o início, os porta-vozes do CCR indicaram uma intenção séria de responsabilizar o “regime extinto”. Em 1971 e 1972, mais de 200 antigos funcionários do governo (incluindo sete primeiros-ministros e numerosos ministros), bem como o antigo rei Idris e membros da família real, foram levados ao Tribunal Popular da Líbia para serem julgados sob a acusação de traição e corrupção. [21]

Muitos, que viviam no exílio (incluindo Idris), foram julgados à revelia. Embora uma grande percentagem dos acusados tenha sido absolvida, foram impostas a outros penas de até quinze anos de prisão e pesadas multas. Cinco sentenças de morte, todas menos uma delas à revelia, foram pronunciadas; entre eles, um contra Idris. A ex-rainha Fátima e o ex-príncipe herdeiro Haçane foram condenados a cinco e três anos de prisão, respectivamente. [21]

Entretanto, Gaddafi e o CCR dissolveram a Ordem Senussi e rebaixaram oficialmente o seu papel histórico na conquista da independência da Líbia. Ele também declarou que as questões regionais e tribais eram "obstruções" no caminho do avanço social e da unidade árabe, demitindo os líderes tradicionais e traçando fronteiras administrativas entre os grupos tribais. [21]

O Movimento dos Oficiais Livres foi renomeado como "União Socialista Árabe" (ASU) em 1971 (modelado após a União Socialista Árabe do Egito), ao mesmo tempo que se tornou o único partido legal na Líbia de Gaddafi. Agiu como um “veículo de expressão nacional”, pretendendo “elevar a consciência política dos líbios” e “ajudar o CCR na formulação de políticas públicas através do debate em fóruns abertos”. [22] Os sindicatos foram incorporados à ASU e as greves foram proibidas. A imprensa, já sujeita à censura, foi oficialmente recrutada em 1972 como agente da revolução. Os italianos (e o que restou da comunidade judaica) foram expulsos do país e os seus bens confiscados em Outubro de 1970. [21]

Em 1972, a Líbia juntou-se à Federação das Repúblicas Árabes com o Egito e a Síria; a união anteriormente pretendida de estados pan-árabes, que nunca se concretizou, ficou efetivamente adormecida depois de 1973. [21]

Com o passar dos meses, Gaddafi, apanhado nas suas visões apocalípticas do pan-arabismo revolucionário e do Islão (ambos envolvidos numa luta mortal com o que ele chamou de "forças demoníacas e envolventes da reacção, do imperialismo e do sionismo"), dedicou cada vez mais atenção à política internacional. em vez de assuntos internos. Como resultado, as tarefas administrativas de rotina recaíram sobre o major Jallud, que se tornou primeiro-ministro no lugar de Gaddafi, em 1972. Dois anos depois, Jallud assumiu as funções administrativas e protocolares restantes de Gaddafi para permitir que Gaddafi dedicasse seu tempo à teorização revolucionária. Gaddafi permaneceu comandante-chefe das forças armadas e chefe de Estado efetivo. A imprensa estrangeira especulou sobre um eclipse da sua autoridade e personalidade dentro do CCR, mas Gaddafi rapidamente dissipou tais teorias através das suas medidas para reestruturar a sociedade líbia. [21]

Alinhamento com o bloco soviético

Após o golpe de Setembro, as forças dos EUA procederam deliberadamente à retirada planeada da Base Aérea de Wheelus ao abrigo do acordo feito com o governo anterior. O ministro das Relações Exteriores, Salah Busir, desempenhou um papel importante na negociação da retirada militar britânica e americana da nova república. O último contingente americano entregou as instalações aos líbios em 11 de junho de 1970, data posteriormente celebrada na Líbia como feriado nacional. Em 27 de março de 1970, a base aérea britânica de El Adem e a base naval de Tobruk foram abandonadas. [23]

À medida que as relações com os EUA se deterioravam constantemente, Gaddafi estabeleceu laços estreitos com a União Soviética e outros países do Bloco Oriental, mantendo ao mesmo tempo a posição da Líbia como um país não alinhado e opondo-se à propagação do comunismo no mundo árabe. O exército da Líbia – consideravelmente aumentado em relação à força pré-revolucionária de 6.000 homens que tinha sido treinada e equipada pelos britânicos – estava armado com blindados e mísseis de construção soviética.

Política do petróleo

A base econômica para a revolução da Líbia tem sido as receitas do petróleo. Contudo, as reservas petrolíferas da Líbia eram pequenas em comparação com as de outros grandes estados árabes produtores de petróleo. Como consequência, a Líbia estava mais disposta a racionar a produção a fim de conservar a sua riqueza natural e menos receptiva à moderação das suas exigências de aumento de preços do que os outros países. O petróleo era visto tanto como um meio de financiar o desenvolvimento económico e social de um país lamentavelmente subdesenvolvido como como uma arma política a brandir na luta árabe contra Israel. [24]

O aumento da produção que se seguiu à revolução de 1969 foi acompanhado pelas exigências da Líbia por preços mais elevados do petróleo, uma maior participação nas receitas e mais controlo sobre o desenvolvimento da indústria petrolífera do país. As empresas petrolíferas estrangeiras concordaram com um aumento de preços de mais de três vezes a taxa actual (de 0,90 dólares para 3,45 dólares por barril) no início de 1971. Em Dezembro, o governo líbio nacionalizou subitamente as participações da British Petroleum na Líbia e retirou fundos no valor de aproximadamente 550 milhões de dólares investidos em bancos britânicos como resultado de uma disputa de política externa. A British Petroleum rejeitou como inadequada uma oferta de compensação da Líbia, e o tesouro britânico proibiu a Líbia de participar na Área da Libra Esterlina. [24]

Em 1973, o governo líbio anunciou a nacionalização do controle acionário de todas as outras empresas petrolíferas que operam no país. Este passo deu à Líbia o controlo de cerca de 60 por cento da sua produção interna de petróleo no início de 1974, um número que posteriormente subiu para 70 por cento. A nacionalização total estava fora de questão, dada a necessidade de conhecimentos e fundos estrangeiros na exploração, produção e distribuição de petróleo. [24]

Crise do petróleo de 1973

Insistindo no uso contínuo do petróleo como alavanca contra Israel e seus apoiadores no Ocidente, a Líbia instou fortemente a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a tomar medidas em 1973, e a militância líbia foi parcialmente responsável pelas medidas da OPEP para aumentar os preços do petróleo, impor embargos e obter o controle da produção. Em 19 de outubro de 1973, a Líbia foi a primeira nação árabe a emitir um embargo petrolífero contra os Estados Unidos, depois que o presidente dos EUA, Richard Nixon, anunciou que os EUA forneceriam a Israel um programa de ajuda militar de US$ 2,2 bilhões durante a Guerra do Yom Kippur. [25] A Arábia Saudita e outros países árabes produtores de petróleo da OPEP seguiriam o exemplo no dia seguinte. [25]

Enquanto as outras nações árabes levantaram os seus embargos petrolíferos em 18 de Março de 1974, [26] o regime de Gaddafi recusou-se a fazê-lo. Como consequência de tais políticas, a produção de petróleo da Líbia diminuiu pela metade entre 1970 e 1974, enquanto as receitas das exportações de petróleo mais do que quadruplicaram. A produção continuou a cair, atingindo o mínimo de onze anos em 1975, numa altura em que o governo se preparava para investir grandes quantidades de receitas petrolíferas noutros sectores da economia. Depois disso, a produção estabilizou em cerca de dois milhões de barris por dia. A produção e, portanto, o rendimento diminuíram novamente no início da década de 1980 devido ao elevado preço do petróleo líbio e porque a recessão no mundo industrializado reduziu a procura de petróleo de todas as fontes. [24]

O Plano Quinquenal de Transformação Econômica e Social da Líbia (1976-1980), anunciado em 1975, foi programado para injetar 20 mil milhões de dólares no desenvolvimento de uma ampla gama de actividades econômicas que continuariam a proporcionar rendimentos depois de as reservas petrolíferas da Líbia terem sido esgotadas. A agricultura estava programada para receber a maior parte da ajuda num esforço para tornar a Líbia autossuficiente em alimentos e para ajudar a manter a população rural na terra. A indústria, que existia pouco antes da revolução, também recebeu um montante significativo de financiamento no primeiro plano de desenvolvimento, bem como no segundo, lançado em 1981. [27]

Transição para a Jamahiriya (1973-1977)

Festividade Alfateh em Beida, Líbia, em 1º de setembro de 2010.
Mais informações : Livro Verde e Terceira Teoria Universal

A “reconstrução da sociedade líbia” contida nas visões ideológicas de Gaddafi começou a ser posta em prática formalmente em 1973, com uma revolução cultural. Esta revolução foi concebida para criar eficiência burocrática, interesse público e participação no sistema governamental subnacional e coordenação política nacional. Numa tentativa de incutir o fervor revolucionário nos seus compatriotas e de envolver um grande número deles em assuntos políticos, Gaddafi exortou-os a desafiar a autoridade tradicional e a assumirem e dirigirem eles próprios os órgãos governamentais. O instrumento para fazer isso foi o comitê popular. Em poucos meses, tais comités foram encontrados por toda a Líbia. Eles tinham base funcional e geográfica e eventualmente se tornaram responsáveis pela administração local e regional. [28]

Os comités populares foram estabelecidos em organizações tão divergentes como universidades, empresas privadas, burocracias governamentais e meios de comunicação social. Comitês de base geográfica foram formados nos níveis governamental, municipal e zonal (mais baixo). Os assentos nos comitês populares em nível zonal foram preenchidos por eleição popular direta; os membros assim eleitos poderiam então ser selecionados para servir em níveis mais elevados. Em meados de 1973, as estimativas do número de comitês populares variavam acima de 2.000. No âmbito das suas tarefas administrativas e regulamentares e do método de selecção dos seus membros, os comités populares supostamente incorporavam o conceito de democracia direta que Gaddafi propôs no primeiro volume do Livro Verde, publicado em 1976. O mesmo conceito está por trás das propostas para criar uma nova estrutura política composta por “congressos populares”. A peça central do novo sistema era o Congresso Geral do Povo (GPC), um órgão representativo nacional destinado a substituir o CCR. [28]

Protestos de 7 de abril de 1976

Ver artigo principal: Protestos na Líbia em 1976

Durante esta transição, em 7 de Abril de 1976, estudantes das universidades de Trípoli e Benghazi protestaram contra as violações dos direitos humanos e o controlo militar sobre "todos os aspectos da vida na Líbia"; os estudantes apelaram à realização de eleições livres e justas e à transferência do poder para um governo civil. Ocorreram contramanifestações violentas, com muitos estudantes presos. Em 7 de abril de 1977, aniversário do evento, estudantes (incluindo Omar Dabob e Muhammed Ben Saoud) foram executados publicamente em Benghazi, com oficiais militares anti-Gaddafi executados no final da semana. Amigos dos executados foram forçados a participar ou observar as execuções. As execuções públicas anuais continuariam todos os anos, em 7 de abril, até o final da década de 1980. [29]

Guerra Líbia-Egito

Ver artigo principal: Guerra Líbia-Egito

Em 21 de julho de 1977, ocorreram os primeiros tiroteios entre tropas na fronteira, seguidos de ataques terrestres e aéreos. As relações entre os governos líbio e egípcio deterioraram-se desde o fim da Guerra do Yom Kippur, em outubro de 1973, devido à oposição da Líbia à política de paz do presidente Anwar Al Sadat, bem como ao fracasso das negociações de unificação entre os dois governos. Há algumas provas de que o governo egípcio estava a considerar uma guerra contra a Líbia já em 1974. Em 28 de Fevereiro de 1974, durante a visita de Henry Kissinger ao Egito, o Presidente Sadat contou-lhe sobre tais intenções e solicitou que fosse exercida pressão sobre o governo israelita para não lançar um ataque ao Egito no caso das suas forças serem ocupadas na guerra com a Líbia. [30] Além disso, o governo egípcio rompeu os laços militares com Moscovo, enquanto o governo líbio manteve essa cooperação. O governo egípcio também prestou assistência aos ex-membros do CCR, Major Abd al Munim al Huni e Omar Muhayshi, que tentaram, sem sucesso, derrubar Gaddafi em 1975, e permitiu-lhes residir no Egito. Durante 1976, as relações estavam em declínio, quando o governo egípcio alegou ter descoberto uma conspiração líbia para derrubar o governo no Cairo. Em 26 de Janeiro de 1976, o vice-presidente egípcio Hosni Mubarak indicou numa conversa com o embaixador dos EUA Hermann Eilts que o governo egípcio pretendia explorar os problemas internos na Líbia para promover ações contra a Líbia, mas não deu mais detalhes. [31] Em 22 de Julho de 1976, o governo líbio fez uma ameaça pública de romper relações diplomáticas com o Cairo se as acções subversivas egípcias continuassem. [32] Em 8 de agosto de 1976, ocorreu uma explosão no banheiro de um escritório do governo na Praça Tahrir, no Cairo, ferindo 14 pessoas, e o governo egípcio e a mídia alegaram que isso foi feito por agentes líbios. [33] O governo egípcio também alegou ter prendido dois cidadãos egípcios treinados pela inteligência líbia para realizar sabotagem no Egito. [34] Em 23 de Agosto, um avião de passageiros egípcio foi sequestrado por pessoas que supostamente trabalhavam com a inteligência líbia. Foram capturados pelas autoridades egípcias numa operação que terminou sem vítimas. Em retaliação às acusações do governo egípcio de cumplicidade da Líbia no sequestro, o governo líbio ordenou o encerramento do Consulado Egípcio em Bengasi. [35] Em 24 de julho, os combatentes concordaram com um cessar-fogo sob a mediação do Presidente da Argélia, Houari Boumediène, e do Presidente da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat.

Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia (1977–2011)

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Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia
(1977–1986)
الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الاشتراكية

al-Jamāhīrīyah al-'Arabīyah al-Lībīyah ash-Sha'bīyah al-Ishtirākīyah
Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia
(1986–2011)
الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الإشتراكية العظمى

al-Jamāhīrīyah al-'Arabīyah al-Lībīyah ash-Sha'bīyah al-Ishtirākīyah al-'Uẓmá

Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia

1977 – 2011
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Lema nacional
وحدة ، حرية ، اشتراكية
Waḥdah, Ḥurrīyah, Ishtirākīyah
("Unidade, Liberdade, Socialismo")
Hino nacional
الله أكبر
Allahu Akbar
("Deus é o Maior")


Localização de Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia
Localização de Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia
Mapa da Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia
Capital Trípoli (1977–2011)
Sirte (2011)[36]
Língua oficial Árabe
Outros idiomas Berbere
Teda
Italiano
Religião Islã
Governo Jamahiriya socialista islâmica unitária
Líder Fraternal e Guia da Revolução
 • 1977–2011 Muammar Gaddafi
Secretário-Geral do Congresso Geral do Povo
 • 1977–1979 (primeiro) Muammar Gaddafi
 • 2010–2011 (último) Mohamed Abu Al-Quasim al-Zwai
Secretário-Geral da Comissão Geral do Povo
 • 1977–1979 (primeiro) Abdul Ati al-Obeidi
 • 2006–2011 (último) Baghdadi Mahmudi
Legislatura Congresso Geral do Povo
Período histórico
 • 2 de março de 1977 Estabelecimento da Jamahiriya
 • 15 de fevereiro de 2011 Primeira Guerra Civil
 • 28 de agosto de 2011 Queda de Trípoli
 • 20 de outubro de 2011 Morte de Muammar al-Gaddafi
Área
 • 2010 1 759 541 km2
População
 • 2010 est. 6 355 100 
     Dens. pop. 3,6 hab./km²
Moeda Dinar líbio

Em 2 de março de 1977, o Congresso Geral do Povo (GPC), a pedido de Gaddafi, adotou a "Declaração do Estabelecimento da Autoridade Popular" [37] [38] e proclamou a Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia (em árabe: الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الإشتراكية [39] al-Jamāhīrīyah al-'Arabīyah al-Lībīyah ash-Sha'bīyah al-Ishtirākīyah). Na filosofia política oficial do estado de Gaddafi, o sistema "Jamahiriya" era exclusivo do país, embora fosse apresentado como a materialização da Terceira Teoria Internacional, proposta por Gaddafi para ser aplicada a todo o Terceiro Mundo. O GPC também criou o Secretariado Geral do GPC, composto pelos restantes membros do extinto Conselho do Comando Revolucionário, com Gaddafi como secretário-geral, e também nomeou o Comité Geral do Povo, que substituiu o Conselho de Ministros, cujos membros passaram a ser chamados de secretários em vez de ministros.

O governo líbio alegou que a Jamahiriya era uma democracia direta, sem quaisquer partidos políticos, governada pela sua população através de conselhos populares locais e comunas (denominados Congressos Populares Básicos). A retórica oficial desdenhou a ideia de um Estado-nação, permanecendo os laços tribais primários, mesmo dentro das fileiras do exército nacional. [40]

Etimologia

Jamahiriya (em árabe: جماهيرية jamāhīrīyah) é um termo árabe geralmente traduzido como "estado das massas"; Lisa Anderson [41] sugeriu “povo” ou “estado das massas” como uma aproximação razoável do significado do termo tal como pretendido por Gaddafi. O termo não ocorre neste sentido no Livro Verde de Muammar Gaddafi de 1975. O adjetivo nisba jamāhīrīyah ("massa-, "das massas") ocorre apenas na terceira parte, publicada em 1981, na frase إن الحركات التاريخية هي الحركات الجماهيرية (Inna al-ḥarakāt at-tārīkhīyah hiya al-ḥarakāt al-jamāhīrīyah), traduzido na edição inglesa como "Movimentos históricos são movimentos de massa". [42]

A palavra jamāhīrīyah foi derivada de jumhūrīyah, que é a tradução árabe usual de "república". Foi cunhado mudando o componente jumhūr —"público"— para sua forma plural, jamāhīr —"as massas". Assim, é semelhante ao termo República Popular. Muitas vezes não é traduzido para o inglês, com o nome longo traduzido como Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia. No entanto, em hebraico, por exemplo, jamāhīrīyah é traduzido como "קהילייה" (qehiliyáh), palavra também usada para traduzir o termo "Comunidade" quando se refere à designação de um país. [42]

Depois de resistir ao bombardeio americano de 1986 pelo governo Reagan, Gaddafi adicionou o especificador "Grande" (العظمى al-'Uẓmá) ao nome oficial do país.

Reformas (1977-1980)

Gaddafi como permanente "Líder Fraternal e Guia da Revolução"

As mudanças na liderança líbia desde 1976 culminaram em Março de 1979, quando o Congresso Geral do Povo declarou que a "concessão de poder às massas" e a "separação do Estado da revolução" estavam completas. O governo foi dividido em duas partes, o “setor Jamahiriya” e o “setor revolucionário”. O "setor Jamahiriya" era composto pelo Congresso Geral do Povo, pelo Comitê Geral do Povo e pelos Congressos Populares Básicos locais. Gaddafi renunciou ao cargo de secretário-geral do Congresso Geral do Povo, sendo sucedido por Abdul Ati al-Obeidi, que era primeiro-ministro desde 1977. [43]

O "setor Jamahiriya" foi supervisionado pelo "setor revolucionário", liderado por Gaddafi como "Líder da Revolução" (Qā'id )[Nota 1] e pelos membros sobreviventes do Conselho do Comando Revolucionário. Os líderes do sector revolucionário não estavam sujeitos a eleições, pois deviam o cargo ao seu papel no golpe de 1969. Eles supervisionavam os “comitês revolucionários”, que eram nominalmente organizações de base que ajudavam a manter o povo engajado. Como resultado, embora Gaddafi não ocupasse nenhum cargo formal no governo depois de 1979, ele manteve o controle do governo e do país. Gaddafi também permaneceu como comandante supremo das forças armadas. [43]

Reformas administrativas

Toda a autoridade legislativa e executiva foi atribuída ao GPC. Este órgão, no entanto, delegou a maior parte da sua autoridade importante ao seu secretário-geral e Secretaria-Geral e à Comissão Geral do Povo. Gaddafi, como secretário-geral do GPC, continuou a ser o principal responsável pelas decisões, tal como o era quando era presidente do CCR. Por sua vez, todos os adultos tinham o direito e o dever de participar nas deliberações do Congresso Popular Básico (BPC) local, cujas decisões eram repassadas ao GPC para consideração e implementação como política nacional. Os BPC eram, em teoria, o repositório da autoridade política final e da tomada de decisões, incorporando o que Gaddafi chamou de "poder popular" direto. A declaração de 1977 e as resoluções que a acompanham representaram uma revisão fundamental da proclamação constitucional de 1969, especialmente no que diz respeito à estrutura e organização do governo, tanto a nível nacional como subnacional.

Continuando a renovar a estrutura política e administrativa da Líbia, Gaddafi introduziu ainda outro elemento no corpo político. A partir de 1977, foram organizados “comités revolucionários” aos quais foi atribuída a tarefa de “supervisão revolucionária absoluta do poder popular”; isto é, deveriam orientar os comités populares, "elevar o nível geral de consciência política e devoção aos ideais revolucionários". Na realidade, os comités revolucionários foram usados para sondar a população e reprimir qualquer oposição política ao governo autocrático de Gaddafi. Alegadamente, 10% a 20% dos líbios trabalharam na vigilância para estes comités, uma proporção de informantes equivalente à do Iraque Ba'ath e da Coreia Juche. [44]

Cheios de fanáticos politicamente astutos, os omnipresentes comités revolucionários em 1979 assumiram o controlo das eleições do BPC. Embora não fossem órgãos oficiais do governo, os comités revolucionários tornaram-se outro pilar da cena política interna. Tal como acontece com os comités populares e outras inovações administrativas desde a revolução, os comités revolucionários enquadram-se no padrão de impor um novo elemento ao sistema subnacional de governo existente, em vez de eliminar ou consolidar estruturas já existentes. No final da década de 1970, o resultado foi um sistema desnecessariamente complexo de jurisdições sobrepostas, no qual a cooperação e a coordenação entre diferentes elementos estavam comprometidas por autoridade e responsabilidade mal definidas. A ambiguidade pode ter ajudado a servir o objectivo de Gaddafi de continuar a ser o principal impulsionador da governação líbia, minimizando ao mesmo tempo a sua visibilidade numa altura em que a oposição interna à repressão política estava a aumentar. [43]

O CCR foi formalmente dissolvido e o governo foi novamente reorganizado em comités populares. Um novo Comitê Popular Geral (gabinete) foi selecionado, cada um de seus "secretários" tornando-se chefe de um comitê popular especializado; as exceções eram as “secretarias” de petróleo, relações exteriores e indústria pesada, onde não existiam comitês populares. Foi também feita uma proposta para estabelecer um "exército popular", substituindo o exército nacional por uma milícia nacional, formada no final da década de 1970. Embora a ideia tenha surgido novamente no início de 1982, não parecia estar próxima da implementação. [43]

Gaddafi também queria combater as estritas restrições sociais impostas às mulheres pelo regime anterior, estabelecendo a Formação Revolucionária de Mulheres para encorajar a reforma. Em 1970, foi introduzida uma lei afirmando a igualdade entre os sexos e insistindo na paridade salarial. Em 1971, Gaddafi patrocinou a criação de uma Federação Geral das Mulheres da Líbia. Em 1972, foi aprovada uma lei que criminaliza o casamento de qualquer mulher com menos de dezasseis anos e garante que o consentimento da mulher seja um pré-requisito necessário para o casamento. [45]

Reformas econômicas

A Líbia sob Kadafi costumava ter um PIB (PPC) per capita superior ao da UE e, em alguns períodos, superior ao dos EUA.

A reconstrução da economia foi paralela à tentativa de remodelar as instituições políticas e sociais. Até ao final da década de 1970, a economia da Líbia era mista, com um grande papel para a iniciativa privada, exceto nos domínios da produção e distribuição de petróleo, da banca e dos seguros. Mas, de acordo com o segundo volume do Livro Verde de Gaddafi, publicado em 1978, o comércio retalhista privado, as rendas e os salários eram formas de exploração que deveriam ser abolidas. Em vez disso, os comitês de autogestão dos trabalhadores e as parcerias de participação nos lucros deveriam funcionar nas empresas públicas e privadas. [46]

Foi aprovada uma lei de propriedade que proibia a propriedade de mais de uma habitação privada, e os trabalhadores líbios assumiram o controlo de um grande número de empresas, transformando-as em empresas estatais. As operações comerciais retalhistas e grossistas foram substituídas por "supermercados populares" estatais, onde os líbios, em teoria, podiam comprar tudo o que precisassem a preços baixos. Em 1981, o estado também restringiu o acesso a contas bancárias individuais para sacar fundos privados para projetos governamentais. As medidas criaram ressentimento e oposição entre os recém-despossuídos. Estes últimos juntaram-se aos já alienados, alguns dos quais começaram a deixar o país. Em 1982, talvez 50 mil a 100 mil líbios tivessem ido para o estrangeiro; como muitos dos emigrantes estavam entre os líbios empreendedores e com melhor formação, representaram uma perda significativa de conhecimentos técnicos e de gestão. [46]

O governo também construiu uma conduta de água transsaariana desde os principais aquíferos até uma rede de reservatórios e as cidades de Trípoli, Sirte e Bengazi em 2006–2007. [47] Faz parte do projeto Grande Rio Artificial, iniciado em 1984. Está a bombear grandes recursos de água do Sistema Aquífero de Arenito Núbio para populações urbanas e para novos projetos de irrigação em todo o país. [48]

A Líbia continuou a ser atormentada por uma escassez de mão-de-obra qualificada, que teve de ser importada juntamente com uma vasta gama de bens de consumo, ambos pagos com rendimentos petrolíferos. O país foi consistentemente classificado como a nação africana com o IDH mais elevado, situando-se em 0,755 em 2010, o que foi 0,041 superior ao segundo IDH africano mais elevado nesse mesmo ano. [49] A igualdade de género foi uma grande conquista sob o governo de Gaddafi. De acordo com Lisa Anderson, presidente da Universidade Americana no Cairo e especialista na Líbia, disse que sob Gaddafi mais mulheres frequentaram a universidade e tiveram "drasticamente" mais oportunidades de emprego do que a maioria das nações árabes. [50]

Militares

Guerras contra o Chade e o Egito

Já em 1969, Gaddafi empreendeu uma campanha contra o Chade. O estudioso Gerard Prunier afirma que parte de sua hostilidade aparentemente se deveu ao fato de o presidente do Chade, François Tombalbaye, ser cristão. [51] A Líbia também esteve envolvida numa disputa territorial por vezes violenta com o vizinho Chade sobre a Faixa de Auzu, que a Líbia ocupou em 1973. Esta disputa acabou levando à invasão do Chade pela Líbia. A prolongada incursão das tropas líbias na Faixa de Aozou, no norte do Chade, foi finalmente repelida em 1987, quando a extensa ajuda dos EUA e da França às forças rebeldes do Chade e ao governo liderado pelo ex-ministro da Defesa Hissein Habré finalmente levou a uma vitória do Chade no assim- chamada Guerra dos Toyota. O conflito terminou com um cessar-fogo em 1987. Após uma decisão do Tribunal Internacional de Justiça em 13 de Fevereiro de 1994, a Líbia retirou as tropas do Chade no mesmo ano e a disputa foi resolvida. [52]

Em 1977, Gaddafi despachou seus militares através da fronteira para o Egito, mas as forças egípcias reagiram na Guerra Líbia-Egito. Ambas as nações concordaram com um cessar-fogo sob a mediação do Presidente da Argélia Houari Boumediène. [53]

Legião Islâmica

Ver também : Legião Islâmica

Em 1972, Gaddafi criou a Legião Islâmica como ferramenta para unificar e arabizar a região. A prioridade da Legião foi primeiro o Chade e depois o Sudão. Em Darfur, uma província ocidental do Sudão, Gaddafi apoiou a criação de Tajammu al-Arabi, que segundo Gérard Prunier era "uma organização militantemente racista e pan-arabista que enfatizava o caráter 'árabe' da província". [54] As duas organizações partilhavam membros e uma fonte de apoio, e a distinção entre elas é muitas vezes ambígua.

Esta Legião Islâmica era maioritariamente composta por imigrantes dos países mais pobres do Sahel, [55] mas também, segundo uma fonte, por milhares de paquistaneses que tinham sido recrutados em 1981 com a falsa promessa de empregos civis, uma vez na Líbia. [56] De um modo geral, os membros da Legião eram imigrantes que tinham ido para a Líbia sem qualquer intenção de travar guerras e tinham recebido formação militar inadequada e tinham pouco empenho. Um jornalista francês, falando das forças da Legião no Chade, observou que eram "estrangeiros, árabes ou africanos, mercenários apesar de si mesmos, desgraçados que tinham vindo para a Líbia na esperança de um emprego civil, mas foram recrutados mais ou menos por força para ir e lutar em um deserto desconhecido." [55]

No início da ofensiva líbia de 1987 no Chade, mantinha uma força de 2.000 homens em Darfur. Os ataques transfronteiriços quase contínuos que resultaram contribuíram grandemente para um conflito étnico separado dentro de Darfur que matou cerca de 9.000 pessoas entre 1985 e 1988. [57]

Janjawid, um grupo acusado pelos EUA de levar a cabo um genocídio em Darfur na década de 2000, surgiu em 1988 e alguns dos seus líderes são antigos legionários. [58]

Tentativas de armas nucleares e químicas

Em 1972, Gaddafi tentou comprar uma bomba nuclear da República Popular da China. Ele então tentou obter uma bomba do Paquistão, mas o Paquistão cortou seus laços antes de conseguir construir uma bomba. [59] Em 1978, Gaddafi pediu ajuda ao rival do Paquistão, a Índia, para construir a sua própria bomba nuclear. [60] Em julho de 1978, a Líbia e a Índia assinaram um memorando de entendimento para cooperar em aplicações pacíficas da energia nuclear como parte da política do Átomo de Paz da Índia. [61] Em 1991, o então primeiro-ministro Navaz Sharif fez uma visita de Estado à Líbia para manter conversações sobre a promoção de um Acordo de Comércio Livre entre o Paquistão e a Líbia. [62] No entanto, Gaddafi concentrou-se em exigir que o primeiro-ministro do Paquistão lhe vendesse uma arma nuclear, o que surpreendeu muitos dos membros da delegação do primeiro-ministro e jornalistas. [62] Quando o primeiro-ministro Sharif recusou a exigência de Gaddafi, Gaddafi o desrespeitou, chamando-o de "político corrupto", um termo que insultou e surpreendeu Sharif. [62] O primeiro-ministro cancelou as conversações, regressou ao Paquistão e expulsou o embaixador da Líbia no Paquistão. [62]

A Tailândia informou que os seus cidadãos ajudaram a construir instalações de armazenamento de gás nervoso. [63] A Alemanha condenou um empresário, Jurgen Hippenstiel-Imhausen, a cinco anos de prisão por envolvimento com armas químicas na Líbia. [64] [65] Inspetores da Convenção sobre Armas Químicas (CWC) verificaram em 2004 que a Líbia possuía um arsenal de 23 toneladas métricas de gás mostarda e mais de 1.300 toneladas métricas de precursores químicos. [66]

Incidentes no Golfo de Sidra e ataques aéreos dos EUA

Quando a Líbia estava sob pressão de disputas internacionais, em 19 de agosto de 1981, ocorreu um combate aéreo naval no Golfo de Sirte, no Mar Mediterrâneo . Os jatos F-14 Tomcat dos EUA dispararam mísseis antiaéreos contra uma formação de caças líbios neste combate aéreo e abateram dois aviões de ataque Su-22 Fitter líbios . Esta ação naval foi resultado da reivindicação de território e das perdas do incidente anterior. Um segundo duelo ocorreu em 4 de janeiro de 1989; Jatos baseados em porta-aviões dos EUA também abateram dois MiG-23 Flogger-E líbios no mesmo local.

Uma ação semelhante ocorreu em 23 de Março de 1986; enquanto patrulhavam o Golfo, as forças navais dos EUA atacaram uma força naval considerável e vários locais de SAM que defendiam o território líbio. Os caças e caças-bombardeiros dos EUA destruíram instalações de lançamento de SAM e afundaram vários navios de guerra, matando 35 marinheiros. Esta foi uma represália aos sequestros terroristas entre junho e dezembro de 1985.

Em 5 de abril de 1986, agentes líbios bombardearam a boate "La Belle" em Berlim Ocidental, matando três pessoas e ferindo 229. O plano de Gaddafi foi interceptado por várias agências nacionais de inteligência e informações mais detalhadas foram recuperadas quatro anos depois dos arquivos da Stasi. Os agentes líbios que realizaram a operação, da embaixada da Líbia na Alemanha Oriental, foram processados pela Alemanha reunificada na década de 1990. [67]

Em resposta ao bombardeio na discoteca, ataques aéreos conjuntos da Força Aérea, da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA ocorreram contra a Líbia em 15 de abril de 1986 e foram batizados de Operação El Dorado Canyon e conhecidos como o bombardeio de 1986 na Líbia. As defesas aéreas, três bases militares e dois campos de aviação em Trípoli e Bengasi foram bombardeados. Os ataques cirúrgicos não conseguiram matar Gaddafi, mas ele perdeu algumas dezenas de oficiais militares. Gaddafi espalhou propaganda sobre como sua "filha adotiva" foi morta e como as vítimas foram todas "civis". Apesar das variações das histórias, a campanha foi bem sucedida e uma grande parte da imprensa ocidental relatou as histórias do governo como factos. [68]:141

Após o bombardeamento da Líbia em 1986, Gaddafi intensificou o seu apoio às organizações governamentais antiamericanas. Ele financiou a facção Al-Rukn de Jeff Fort da gangue Chicago Black P. Stones, em seu surgimento como um movimento revolucionário armado antiamericano indígena. [69] Membros do Al-Rukn foram presos em 1986 por prepararem ataques em nome da Líbia, incluindo explodir edifícios do governo dos EUA e derrubar um avião; os réus de Al-Rukn foram condenados em 1987 por "se oferecerem para cometer atentados e assassinatos em solo americano em troca de pagamento à Líbia". [69] Em 1986, a televisão estatal líbia anunciou que a Líbia estava a treinar esquadrões suicidas para atacar os interesses americanos e europeus. Ele começou a financiar o IRA novamente em 1986, para retaliar os britânicos por abrigarem aviões de combate americanos. [70]

Gaddafi anunciou que havia obtido uma vitória militar espetacular sobre os EUA e que o país foi oficialmente renomeado como "Grande Jamahiriyah Árabe Popular Socialista da Líbia". [71]:183 No entanto, seu discurso parecia desprovido de paixão e até mesmo as comemorações da “vitória” pareciam incomuns. As críticas a Gaddafi por parte de cidadãos líbios comuns tornaram-se mais ousadas, como a desfiguração de cartazes de Gaddafi. [71]:183 Os ataques contra os militares líbios levaram o governo ao seu ponto mais fraco em 17 anos. [71]:183

Relações internacionais

África

Gaddafi era um apoiador próximo do presidente de Uganda, Idi Amin. [72]

Gaddafi enviou milhares de soldados para lutar contra a Tanzânia em nome de Idi Amin. Cerca de 600 soldados líbios perderam a vida ao tentar defender o regime em colapso de Amin. Após a queda de Kampala, Amin acabou sendo exilado de Uganda para a Líbia antes de se estabelecer na Arábia Saudita. [73]

Gaddafi também ajudou Jean-Bédel Bokassa, o Imperador do Império Centro-Africano. [74] [75]:16 Ele também interveio militarmente na restaurada República Centro-Africana durante a tentativa de golpe de 2001, para proteger o seu aliado Ange-Félix Patassé. Patassé assinou um acordo concedendo à Líbia um arrendamento de 99 anos para explorar todos os recursos naturais daquele país, incluindo urânio, cobre, diamantes e petróleo. [76]

Gaddafi apoiou o protegido soviético Mengistu Haile Mariam, da Etiópia. [77]:16 Ele também apoiou os grupos rebeldes somalis, SNM e SSDF na sua luta para derrubar a ditadura de Siad Barre.

Gaddafi foi um forte oponente do apartheid na África do Sul e forjou uma amizade com Nelson Mandela. [78] Um dos netos de Mandela chama-se Gaddafi, uma indicação do apoio deste último na África do Sul. [79] Gaddafi financiou a campanha eleitoral de Mandela em 1994 e, depois de assumir o cargo como o primeiro presidente democraticamente eleito do país em 1994, Mandela rejeitou os apelos do presidente dos EUA, Bill Clinton e outros, para cortar relações com Gaddafi. [79] Mais tarde, Mandela desempenhou um papel fundamental ao ajudar Gaddafi a obter aceitação popular no mundo ocidental no final da década de 1990. [79] [80] Ao longo dos anos, Gaddafi passou a ser visto como um herói em grande parte da África devido à sua imagem revolucionária. [81]

Gaddafi era um forte apoiante do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe. [82]

O Centro Revolucionário Mundial (WRC) de Gaddafi, perto de Benghazi, tornou-se um centro de treinamento para grupos apoiados por Gaddafi. [83] Os graduados no poder em 2011 incluem Blaise Compaoré do Burkina Faso e Idriss Déby do Chade. [84]

Gaddafi treinou e apoiou o senhor da guerra-presidente da Libéria, Charles Taylor, que foi indiciado pelo Tribunal Especial para Serra Leoa por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos durante o conflito em Serra Leoa. [85] Foday Sankoh, o fundador da Frente Revolucionária Unida, também se formou em Gaddafi. De acordo com Douglas Farah, "A amputação dos braços e pernas de homens, mulheres e crianças como parte de uma campanha de terra arrasada foi concebida para assumir o controle dos ricos campos de diamantes da região e foi apoiada por Gaddafi, que revisava rotineiramente o seu progresso e armas fornecidas". [86]

O forte apoio militar e financeiro de Gaddafi rendeu-lhe aliados em todo o continente. Ele próprio foi coroado com o título de "Rei dos Reis de África" em 2008, na presença de mais de 200 governantes e reis tradicionais africanos, embora as suas opiniões sobre a unificação política e militar africana tenham recebido uma resposta morna dos seus governos. [87] [88] [89] O seu fórum de 2009 para reis africanos foi cancelado pelos anfitriões do Uganda, que acreditavam que os governantes tradicionais que discutiam política levariam à instabilidade. [90] Em 1 de fevereiro de 2009, foi realizada uma "cerimônia de coroação" em Adis Abeba, Etiópia, para coincidir com a 53ª Cimeira da União Africana, na qual foi eleito chefe da União Africana para aquele ano. [91] Gaddafi disse aos líderes africanos reunidos: "Continuarei a insistir que os nossos países soberanos trabalhem para alcançar os Estados Unidos de África". [92]

Gaddafi e os movimentos militantes internacionais de resistência

Ver também : Medidas ativas
Noticiário de 1972 incluindo entrevista com Gaddafi sobre seu apoio a grupos radicais

Em 1971, Gaddafi advertiu que se a França se opusesse à ocupação militar líbia do Chade, usaria todas as armas na guerra contra a França, incluindo a "arma revolucionária". [93]:183 Em 11 de junho de 1972, Gaddafi anunciou que qualquer árabe que desejasse ser voluntário em grupos militantes palestinos "poderia registrar seu nome em qualquer embaixada da Líbia e receberia treinamento adequado para o combate". Ele também prometeu apoio financeiro para ataques. [93]:182 Em 7 de outubro de 1972, Gaddafi elogiou o massacre do Aeroporto de Lod, executado pelo comunista Exército Vermelho Japonês, e exigiu que grupos terroristas palestinos realizassem ataques semelhantes. [93]:182

Alegadamente, Gaddafi foi um grande financiador do "Movimento Setembro Negro" que perpetrou o massacre de Munique nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972. [94] Em 1973, o Serviço Naval Irlandês interceptou o navio Claudia em águas territoriais irlandesas, que transportava armas soviéticas da Líbia para o IRA Provisório. [95] [96] Em 1976, após uma série de atividades terroristas do IRA Provisório durante os The Troubles, Gaddafi anunciou que "as bombas que estão convulsionando a Grã-Bretanha e quebrando o seu espírito são as bombas do povo líbio. Nós as enviamos aos revolucionários irlandeses para que os britânicos pagar o preço por seus atos passados".

Nas Filipinas, a Líbia apoiou a Frente de Libertação Islâmica Moro, que continua a realizar atos de violência num esforço para estabelecer um estado islâmico separatista no sul das Filipinas. [97] A Líbia também apoiou o Novo Exército Popular [98] e agentes líbios foram vistos reunidos com o Partido Comunista das Filipinas. [99] O grupo terrorista islâmico Abu Sayyaf também é suspeito de receber financiamento da Líbia. [100]

Gaddafi também se tornou um forte defensor da Organização para a Libertação da Palestina, cujo apoio acabou prejudicando as relações da Líbia com o Egito, quando em 1979 o Egito buscou um acordo de paz com Israel. À medida que as relações da Líbia com o Egito pioravam, Gaddafi procurou relações mais estreitas com a União Soviética. A Líbia tornou-se o primeiro país fora do bloco soviético a receber os caças supersônicos MiG-25, mas as relações soviético-líbias permaneceram relativamente distantes. Gaddafi também procurou aumentar a influência da Líbia, especialmente em estados com população islâmica, apelando à criação de um estado islâmico saariano e apoiando forças antigovernamentais na África Subsaariana.

Nas décadas de 1970 e 1980, este apoio foi por vezes concedido de forma tão gratuita que mesmo os grupos mais antipáticos puderam obter o apoio da Líbia; muitas vezes os grupos representavam ideologias muito distantes das de Gaddafi. A abordagem de Gaddafi tendeu muitas vezes a confundir a opinião internacional.

Em Outubro de 1981, o presidente do Egipto, Anwar Sadat, foi assassinado. Gaddafi aplaudiu o assassinato e observou que foi uma "punição". [101]

Em Dezembro de 1981, o Departamento de Estado dos EUA invalidou os passaportes dos EUA para viajar para a Líbia e, em Março de 1982, os EUA declararam a proibição da importação de petróleo líbio. [102]

Gaddafi supostamente gastou centenas de milhões do dinheiro do governo no treinamento e no armamento de sandinistas na Nicarágua. [103] Daniel Ortega, o presidente da Nicarágua, era seu aliado.

Em Abril de 1984, refugiados líbios em Londres protestaram contra a execução de dois dissidentes. As comunicações interceptadas pelo MI5 mostram que Trípoli ordenou aos seus diplomatas que dirigissem a violência contra os manifestantes. Diplomatas líbios atiraram contra 11 pessoas e mataram a policial britânica Yvonne Fletcher. O incidente levou ao rompimento das relações diplomáticas entre o Reino Unido e a Líbia durante mais de uma década. [104]

Após os ataques aos aeroportos de Roma e Viena em dezembro de 1985, que mataram 19 pessoas e feriram cerca de 140, Gaddafi indicou que continuaria a apoiar a Facção do Exército Vermelho, as Brigadas Vermelhas e o Exército Republicano Irlandês enquanto os países europeus apoiassem os líbios anti-Gaddafi. [105] O Ministro das Relações Exteriores da Líbia também chamou os massacres de “atos heróicos”. [106]

Em 1986, a televisão estatal líbia anunciou que a Líbia estava a treinar esquadrões suicidas para atacar os interesses americanos e europeus. [107]

Em 5 de abril de 1986, agentes líbios foram acusados de bombardear a boate "La Belle" em Berlim Ocidental, matando três pessoas e ferindo 229 pessoas que passavam a noite lá. O plano de Gaddafi foi interceptado pela inteligência ocidental. Informações mais detalhadas foram recuperadas anos depois, quando os arquivos da Stasi foram investigados pela Alemanha reunificada. Os agentes líbios que realizaram a operação a partir da embaixada da Líbia na Alemanha Oriental foram processados pela Alemanha reunificada na década de 1990. [108]

Em Maio de 1987, a Austrália rompeu relações com a Líbia devido ao seu papel no fomento da violência na Oceânia. [109] [110] [111]

Sob Gaddafi, a Líbia teve uma longa história de apoio ao Exército Republicano Irlandês durante o The Troubles. No final de 1987, as autoridades francesas detiveram um navio mercante, o MV Eksund, que entregava um carregamento de armas líbias de 150 toneladas ao IRA. [112] Ao longo do conflito, Gaddafi deu ao IRA Provisório mais de 12,5 milhões de dólares em dinheiro (o equivalente a cerca de 40 milhões de dólares em 2021) e seis enormes carregamentos de armas. [113] [114] [115] Na Grã-Bretanha, a subsidiária política mais conhecida de Gaddafi é o Partido Revolucionário dos Trabalhadores. [116] [117] [118]:182

Gaddafi alimentou vários grupos islâmicos e comunistas nas Filipinas, incluindo o Novo Exército Popular do Partido Comunista das Filipinas e a Frente Moro de Libertação Islâmica. [119] [120] [121] [122] [123]

Na Indonésia, o Movimento Achém Livre era um grupo militante apoiado pela Líbia. [124] O partido no poder de Vanuatu contou com o apoio da Líbia. [125]

Na Nova Zelândia, a Líbia tentou radicalizar os Māoris. [126]

Na Austrália, houve vários casos de tentativa de radicalização de aborígenes australianos, com indivíduos recebendo treinamento paramilitar na Líbia. A Líbia colocou vários sindicatos de esquerda na folha de pagamento da Líbia, como o Sindicato dos Preservadores de Alimentos (FPU) e a Associação Federada de Confeiteiros da Austrália (FCA). O político do Partido Trabalhista Bill Hartley, secretário da sociedade de amizade Líbia-Austrália, foi um apoiador de longa data de Gaddafi e Saddam Hussein. [127] [128] [129]

Na década de 1980, o governo líbio comprou anúncios em jornais de língua árabe na Austrália pedindo aos árabes australianos que se juntassem às unidades militares da sua luta mundial contra o imperialismo. Em parte, por causa disso, a Austrália proibiu o recrutamento de mercenários estrangeiros na Austrália. [130]

Gaddafi desenvolveu um relacionamento com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, conhecendo seus líderes em reuniões de grupos revolucionários regularmente realizadas na Líbia. [131] [132]

Algumas publicações foram financiadas por Gaddafi. O Workers News da Socialist Labour League foi uma dessas publicações: "entre as denúncias rotineiras da mineração de urânio e os apelos a uma maior militância sindical, haveria algumas páginas exaltando o tolo e incoerente livro verde de Gaddafi e a revolução líbia". [133]

Gaddafi foi um defensor vitalício da independência curda. Em 2011, Jawad Mella, presidente do Congresso Nacional do Curdistão, referiu-se a Gaddafi como o "único líder mundial que verdadeiramente apoia os curdos". [134]

Sanções internacionais após o atentado de Lockerbie (1992–2003)

A Líbia foi acusada do atentado bombista ao voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988; As sanções da ONU foram impostas em 1992. As resoluções do Conselho de Segurança da ONU (RCSNU) aprovadas em 1992 e 1993 obrigaram a Líbia a cumprir os requisitos relacionados com o bombardeamento Pan Am 103 antes que as sanções pudessem ser levantadas, levando ao isolamento político e económico da Líbia durante a maior parte da década de 1990. As sanções da ONU cortaram as ligações aéreas com o mundo exterior, reduziram a representação diplomática e proibiram a venda de equipamento militar. As sanções relacionadas com o petróleo foram avaliadas por alguns como igualmente significativas pelas suas excepções: assim, as sanções congelaram os ativos estrangeiros da Líbia (mas excluíram as receitas do petróleo e do gás natural e dos produtos agrícolas) e proibiram a venda à Líbia de equipamento de refinaria ou de oleodutos (mas excluíram a produção de petróleo equipamento).

Sob as sanções, a capacidade de refinação da Líbia diminuiu. O papel da Líbia na cena internacional tornou-se menos provocativo depois da imposição de sanções da ONU. Em 1999, a Líbia cumpriu um dos requisitos da Resolução do Conselho de Segurança da ONU ao entregar dois líbios suspeitos de ligação ao atentado bombista para julgamento perante um tribunal escocês nos Países Baixos. Um destes suspeitos, Abdel Basset al-Megrahi, foi considerado culpado; o outro foi absolvido. As sanções da ONU contra a Líbia foram posteriormente suspensas. O levantamento total das sanções, dependente do cumprimento por parte da Líbia das restantes resoluções do CSNU, incluindo a aceitação da responsabilidade pelas acções dos seus funcionários e o pagamento de compensações adequadas, foi aprovado em 12 de Setembro de 2003, explicitamente ligado à libertação de até 2,7 mil milhões de dólares em dinheiro da Líbia. fundos para as famílias das 270 vítimas do ataque de 1988.

Em 2002, Gaddafi pagou um resgate supostamente no valor de dezenas de milhões de dólares a Abu Sayyaf, uma militância islâmica filipina, para libertar uma série de turistas sequestrados. Ele apresentou isso como um ato de boa vontade para com os países ocidentais; no entanto, o dinheiro ajudou o grupo a expandir a sua operação. [135]

Normalização das relações internacionais (2003-2010)

Em Dezembro de 2003, a Líbia anunciou que tinha concordado em revelar e pôr fim aos seus programas de desenvolvimento de armas de destruição maciça e em renunciar ao terrorismo, e Gaddafi fez progressos significativos na normalização das relações com as nações ocidentais. Recebeu vários líderes da Europa Ocidental, bem como muitas delegações comerciais e de trabalho, e fez a sua primeira viagem à Europa Ocidental em 15 anos, quando viajou para Bruxelas em Abril de 2004. A Líbia respondeu de boa fé aos processos judiciais movidos contra ela nos tribunais dos EUA por actos terroristas anteriores à sua renúncia à violência. Os pedidos de indenização nos casos de atentado a bomba em Lockerbie, atentado à bomba na discoteca LaBelle e atentado a bomba em UTA 772 estão em andamento. Os EUA rescindiram a designação da Líbia como Estado patrocinador do terrorismo em Junho de 2006. No final de 2007, a Líbia foi eleita pela Assembleia Geral para um assento não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas para o mandato 2008-2009. Na intercessão entre a normalização e a Guerra Civil Líbia em 2011, a Operação Liberdade Duradoura - Trans Saara foi travada na parte da Líbia do Deserto do Saara. Isto envolveu a utilização de meios militares americanos, como os C-130, em combinação com a infraestrutura militar da Líbia, nomeadamente a Base Aérea de Al-Watiya. [136]

Leis de purificação

Em 1994, o Congresso Geral do Povo aprovou a introdução de "leis de purificação" a serem postas em vigor, punindo o roubo com a amputação de membros, e a fornicação e o adultério com flagelações. [137] Segundo a constituição líbia, as relações homossexuais são puníveis com até cinco anos de prisão. [138]

Oposição, golpes e revoltas

Ao longo do seu longo governo, Gaddafi teve de defender a sua posição contra a oposição e as tentativas de golpe, provenientes tanto dos militares como da população em geral. Ele reagiu a estas ameaças, por um lado, mantendo um cuidadoso equilíbrio de poder entre as forças do país, e através de uma repressão brutal, por outro. Gaddafi equilibrou com sucesso as várias tribos da Líbia, umas contra as outras, distribuindo os seus favores. Para evitar um golpe militar, ele enfraqueceu deliberadamente as Forças Armadas da Líbia através de um rodízio regular de oficiais, contando em vez disso com tropas de elite leais, como o seu Corpo da Guarda Revolucionária, as forças especiais da Brigada Khamis e a sua Guarda Amazônica pessoal, embora a ênfase na lealdade política tendesse a, a longo prazo, para enfraquecer o profissionalismo das suas forças pessoais. Esta tendência tornou o país vulnerável à dissensão num momento de crise, como aconteceu no início de 2011.

Repressão política e “Terror Verde”

O termo "Terror Verde" é usado para descrever campanhas de violência e intimidação contra os opositores de Gaddafi, particularmente em referência à onda de opressão durante a revolução cultural da Líbia, ou à onda de enforcamentos altamente publicitados de opositores do regime que começou com a execução de Al -Sadek Hamed Al-Shuwehdy. A dissidência era ilegal segundo a Lei 75 de 1973. [139] Alegadamente, 10 a 20 por cento dos líbios trabalharam na vigilância dos Comités Revolucionários de Gaddafi, uma proporção de informantes equivalente à do Iraque de Saddam Hussein ou da Coreia do Norte de Kim Jong-il. A vigilância ocorreu no governo, nas fábricas e no setor educacional. [139]

Após uma tentativa frustrada de substituir o ensino de inglês em línguas estrangeiras pelo russo, [140] nos últimos anos, o inglês tem sido ensinado nas escolas líbias desde o nível primário e os alunos têm acesso a meios de comunicação em língua inglesa. [141] No entanto, um manifestante em 2011 descreveu a situação como: "Nenhum de nós fala inglês ou francês. Ele manteve-nos ignorantes e vendados". [142] [143]

De acordo com o Índice de Liberdade de Imprensa de 2009, a Líbia foi o país mais censurado no Médio Oriente e no Norte de África. [144] As prisões eram administradas com pouca ou nenhuma documentação da população carcerária e muitas vezes negligenciavam até mesmo dados básicos como o crime e a sentença do preso. [145]

Oposição às reformas da Jamahiriya

Durante o final da década de 1970, alguns líbios exilados formaram grupos ativos de oposição. No início de 1979, Gaddafi alertou os líderes da oposição para voltarem para casa imediatamente ou enfrentariam a "liquidação". Quando capturados, eles podem ser condenados e enforcados em público. [146]

É responsabilidade do povo líbio liquidar essas escumalhas que distorcem a imagem da Líbia no estrangeiro.  – Gaddafi falando sobre exilados em 1982. [147]:183

Gaddafi empregou a sua rede de diplomatas e recrutas para assassinar dezenas dos seus críticos em todo o mundo. A Amnesty International listou pelo menos vinte e cinco assassinatos entre 1980 e 1987. [148] [149]

Os agentes de Gaddafi estavam activos no Reino Unido, onde muitos líbios procuraram asilo. Depois que diplomatas líbios atiraram contra 15 manifestantes anti-Gaddafi no primeiro andar da embaixada da Líbia e mataram uma policial britânica, o Reino Unido rompeu relações com o governo de Gaddafi como resultado do incidente.

Mesmo os EUA não conseguiram proteger os dissidentes da Líbia. Em 1980, um agente líbio tentou assassinar o dissidente Faisal Zagallai, estudante de doutorado na Universidade do Colorado em Boulder. As balas deixaram Zagallai parcialmente cego. [150] Um desertor foi sequestrado e executado em 1990, pouco antes de receber a cidadania americana. [151]

Gaddafi afirmou em Junho de 1984 que as matanças poderiam ser cometidas mesmo quando os dissidentes estavam em peregrinação na cidade sagrada de Meca. Em agosto de 1984, um complô líbio foi frustrado em Meca. [152]:183

Em 2004, a Líbia ainda oferecia recompensas aos chefes dos críticos, incluindo 1 milhão de dólares para Ashur Shamis, um jornalista líbio-britânico. [153]

Há indicações de que entre os anos de 2002 e 2007, o serviço de inteligência da era Gaddafi da Líbia teve uma parceria com organizações de espionagem ocidentais, incluindo o MI6 e a CIA, que forneceram voluntariamente informações sobre dissidentes líbios nos Estados Unidos e no Canadá em troca de usarem a Líbia como uma base para entregas extraordinárias. Isto foi feito apesar do historial de assassinato de dissidentes no estrangeiro na Líbia e com pleno conhecimento dos maus-tratos brutais que a Líbia dispensa aos detidos. [154] [155] [156]

Agitação política durante a década de 1990

Na década de 1990, o governo de Gaddafi foi ameaçado pelo islamismo militante. Em Outubro de 1993, houve uma tentativa frustrada de assassinato de Gaddafi por elementos do exército líbio. Em resposta, Gaddafi recorreu a medidas repressivas, recorrendo ao seu Corpo de Guardas Revolucionários pessoal para esmagar os tumultos e o activismo islâmico durante a década de 1990. No entanto, a Cirenaica entre 1995 e 1998 foi politicamente instável, devido às lealdades tribais das tropas locais. [157]

Guerra civil de 2011 e colapso do governo de Gaddafi

Um mapa global do mundo mostrando os países que reconheceram ou tiveram relações informais com Líbia durante a guerra civil de 2011.
  Líbia
  Países que reconheceram o Conselho Nacional de Transição (CNT) como o único representante legítimo da Líbia
  Países que mantinham relações informais permanentes com o CNT, ou que votaram a favor do reconhecimento na ONU, mas não concederam reconhecimento oficial
  Países que se opuseram ao reconhecimento do CNT na ONU, mas não fizeram uma declaração formal
  Países que disseram que não reconheceriam o CNT

Uma renovada ameaça séria à Jamahiriya Árabe Líbia surgiu em Fevereiro de 2011, com a guerra civil na Líbia. A inspiração para a agitação é atribuída às revoltas na Tunísia e no Egipto, ligando-a à Primavera Árabe mais ampla. [158] No leste, o Conselho Nacional de Transição foi estabelecido em Bengazi. O romancista Idris Al-Mesmari foi preso horas depois de dar uma entrevista à Al Jazeera sobre a reação da polícia aos protestos em Bengazi, no dia 15 de fevereiro.

Algumas autoridades líbias apoiaram os manifestantes e solicitaram ajuda da comunidade internacional para pôr fim aos massacres de civis. O governo em Trípoli tinha perdido o controlo de metade da Líbia no final de Fevereiro, [159] [160] mas em meados de Setembro Gaddafi permanecia no controlo de várias partes de Fezã. Em 21 de Setembro, as forças do CNT capturaram Sabha, a maior cidade de Fezzan, reduzindo o controlo de Gaddafi a áreas limitadas e isoladas.

Muitas nações condenaram o governo de Gaddafi pelo uso da força contra civis. Várias outras nações aliadas de Gaddafi classificaram o levante e a intervenção como uma "conspiração" das potências ocidentais para saquear os recursos da Líbia. [161] O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução para impor uma zona de exclusão aérea sobre o espaço aéreo da Líbia em 17 de março de 2011. [162]

A resolução da ONU autorizou ataques aéreos contra tropas terrestres e navios de guerra líbios que pareciam ameaçar civis. [163] Em 19 de março, começou a aplicação da zona de exclusão aérea, com aeronaves francesas realizando missões através da Líbia e um bloqueio naval pela Marinha Real Britânica. [164] Eventualmente, os porta-aviões USS Enterprise e o Charles de Gaulle chegaram ao largo da costa e forneceram aos agentes uma capacidade de resposta rápida. As forças dos EUA designaram a sua parte na acção coerciva como Operação Odyssey Dawn, destinada a "negar ao regime líbio o uso da força contra o seu próprio povo" [165], de acordo com o vice-almirante dos EUA William E. Gortney . Mais de 110 mísseis de cruzeiro “Tomahawk” foram disparados num ataque inicial por navios de guerra dos EUA e um submarino britânico contra as defesas aéreas da Líbia. [166]

Os últimos redutos do governo em Sirte caíram finalmente nas mãos dos combatentes anti-Gaddafi em 20 de Outubro de 2011 e, após a controversa morte de Muammar Gaddafi, a Líbia foi oficialmente declarada "libertada" em 23 de Outubro de 2011, pondo fim a 42 anos de liderança de Gaddafi na Líbia. [167]

O cientista político Riadh Sidaoui sugeriu em outubro de 2011 que Gaddafi "criou um grande vazio para o seu exercício do poder: não há instituição, nem exército, nem tradição eleitoral no país" e, como resultado, o período de transição seria difícil na Líbia. [168]

Bandeiras, símbolos e insígnias

1969–1972
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Bandeira Estatal (proporção: 1:2)
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Brasão
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1972–1977
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Bandeira Estatal (proporção: 2:3)
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Brasão
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Insígnia Naval
Insígnia Naval 
1977–2011
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Bandeira Estatal (proporção: 1:2)
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Brasão
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Insígnia Naval
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Roundel de aeronaves militares
Roundel de aeronaves militares 
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Flash de barbatana de avião militar
Flash de barbatana de avião militar 

Ver também

Notas

  1. O título completo de Gadaffi era "Líder Fraterno e Guia para a Grande Revolução de Primeiro de Setembro da Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia".

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