Clitia

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Busto de Clitia, por Hiram Powers modelado entre 1865-1867, esculpida em 1873.

Na mitologia grega, Clície é uma ninfa filha de Oceano e Tétis.[1] Ela se apaixonou por Hélio,[2] que não lhe correspondeu. Sofrendo, Clítia começou a definhar. Ficava durante todo o dia sentada no chão frio com sua tranças desatadas sob os ombros. Assim passaram-se os dias sem que ela comesse ou bebesse, alimentava-se apenas das próprias lágrimas. Durante o dia contemplava o Sol desde o nascente ao poente, era a única coisa que via e seu rosto estava sempre voltado para ele, já à noite, curvava-se para chorar.

A lenda[editar | editar código-fonte]

Uma formosa ninfa das águas, filha de Oceano e de Tétis, Clície se enamorou do deus-Sol quando o viu caminhando pela extensão dos céus. Ela vivia só para olhar sua resplandecente luz. Ao tocar sua pele o calor de seus raios, a ninfa pensava que o enviava uma carícia, e isso a faziam sentir-se feliz.

O deus Hélio também se enamorou de Clície, mas abandonou-a logo que conheceu outra mulher: Leucótoe. Para vingar-se, Clície comentou tais relações ao pai de Leucótoe, e este trancou sua filha em uma torre escura para que não pudesse ver mais o deus. Hélio, então, cheio de ira, menosprezou Clície e deixou-a só, mas ela não deixou de amá-lo e conquistá-lo de novo. Ao sentar-se a ninfa junto a um arroio, seus cabelos longos lhe caíam sobre suas costas e sobre seu rosto, como muitas gotas de água, puras e brilhantes. Esperou que o deus viesse acariciá-la novamente, mas depois do entardecer, quando a Noite se aproximava, o seu amado deus não apareceu. Ao invés, escondeu-se por detrás das nuvens, procurando ignorá-la.

Depois de nove dias de espera, sob o céu nebuloso, passou a chorar intensamente; coberta de lágrimas, com as quais se alimentava, surgiu o gélido orvalho, que desde então haveria de refrescar as flores. E os deuses, apiedados, se perguntaram:

— Que faremos agora com a inconsolável ninfa Clície?
— Faremos dela uma flor que siga os passos de Hélio, com esperança.
E os deuses a converteram paulatinamente numa flor que até hoje, vive, girando em torno de si mesma, a buscar os raios do Sol: o heliotrópio (girassol).

Clície a se alimentar de seu próprio ópio e de seus prantos tornou se uma linda flor que sempre a seguir o rumo do sol vive a espera de Hélio que a de vir toca-lá um dia novamente. Finalmente, seus pés criaram raízes no chão, o rosto transfigurou-se em uma flor (Heliotropium) que move-se sobre seu caule de modo a estar sempre acompanhando seu amado Sol em seu curso diário, eternamente conservando o sentimento da ninfa não correspondida.

Arte[editar | editar código-fonte]

Uma escultura romana de mármore de Clitia foi apresentada na coleção de Charles Townley.[3] Outro famoso busto de Clitia foi produzido por George Frederic Watts.[4] Em vez da Clitia serena de Townley, Watts a esculpiu olhando para o sol.

Referências

  1. Seu nome aparece na longa lista de Oceânides em Hesíodo, Teogonia 346ff.
  2. Dois outros personagens menores nomeados Clitia são anotados: veja Theoi Project: Clytie.
  3. «Trustees of the British Museum - Marble bust of 'Clytie'». Consultado em 30 de julho de 2013. Arquivado do original em 13 de setembro de 2012 
  4. The Victorian Web - Clytie George Frederick Watts, R.A., 1817-1904
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