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Biomedicina: diferenças entre revisões

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Revisão das 15h38min de 1 de fevereiro de 2017

Biomédico-cientista fazendo análises com o vírus Influenza.

Biomedicina é uma ciência que atua no campo de interface entre Biologia e Medicina, voltada para a pesquisa das doenças humanas, seus fatores ambientais e ecoepidemiológicos, com o objetivo de compreender as causas, efeitos, mecanismos e desenvolver e/ou aprimorar diagnósticos e tratamentos. O(A) Biomédico(a) identifica, classifica e estuda os agentes causadores de enfermidades e desenvolve ou aprimora meios de combatê-los. Trabalha em Hospitais, Universidades, Faculdades, Centros de pesquisas, Laboratórios Públicos e Privados, órgãos públicos de saúde entre outras gerenciando, ensinando, realizando pesquisas e testes em parceria com Bioquímicos, Biólogos, Médicos, Farmacêuticos e demais profissionais da saúde. Muitas disciplinas do curso de graduação abrangem as áreas de ciências biológicas e da saúde.

No Brasil

Inicialmente, com o objetivo de criar um curso de graduação com profissionais específicos para atuar, através do ingresso em programas de mestrado e doutorado, no ensino e pesquisas nas ciências básicas da saúde (ciências biomédicas), consequentemente, no desenvolvimento da saúde humana, foram implantados na UNIFESP e UERJ em 1966[1] os primeiros cursos de Biomedicina (antes denominados Ciências Biológicas - Modalidade Médica). Contudo, apenas em 1979 veio a regulamentação pela Lei Federal nº 6.684, de 03 de setembro de 1979 e Decreto Nº 88.439, de 28 de junho de 1983[2] das atividades exercidas pelos biomédicos que optavam pela carreira não universitária, sendo a principal entre elas, os serviços complementares de diagnósticos, pelo seu próprio currículo sólido no método científico e na pesquisa relacionada às doenças humanas. Como, de acordo com a legislação que as regulamenta, as carreiras em Biomedicina e em Biologia divergiam em atribuições diversas, o Presidente da República João Figueiredo, através da Lei Federal 7.017 - de 30 de Agosto de 1982, desmembrou os Conselhos, criando assim os sistemas Conselho Federal e Regionais de Biomedicina e os Conselho Federal e Regionais de Biologia e com isso os profissionais distintos: o Biomédico e o Biólogo . Atualmente o curso de graduação[3] é denominado Biomedicina.

O profissional formado em biomedicina está apto a realizar estudos, pesquisas experimentais e ensino[4] universitário (onde, normalmente, exige-se pós-graduação: Especialização, Mestrado ou Doutorado) em disciplinas biomédicas, tais como Anatomia, Biofísica, Bioquímica, Biologia Molecular, Embriologia, Farmacologia, Fisiologia, Genética, Histologia, Imunologia, Microbiologia, Neurociências, Parasitologia, Patologia Geral, Psicobiologia, Saúde Pública e Toxicologia. No Brasil, os biomédicos dedicam-se principalmente (cerca de 80%[5]) às análises clínicas (exames laboratoriais - desde a administração, supervisão, gerenciamento laboratoriais e analisando amostras biológicas tais como sangue, fezes, urina, escarro, líquidos corporais, entre outros). No entanto, muitos desses profissionais atuam como cientistas em centros de pesquisas (Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Butantan, Instituto Nacional de Câncer (INCA), Instituto Nacional de Neurociência Translacional (INNT), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN-ELS), Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) etc.) e universidades, analisando e pesquisando moléculas, células e organismos na busca da cura, do diagnóstico, do tratamento e da prevenção de doenças (desenvolvendo vacinas e novos medicamentos), produzindo reagentes laboratoriais, bem como atuando na pesquisa de DNA[6] e contribuindo com a solução de crimes nas ciências forenses.

Nas análises ambientais, realizam análises físico-químicas, microbiológicas e parasitológicas de interesse para o saneamento do meio ambiente, incluídas as análises de água, ar e esgoto. Os biomédicos também realizam testes para averiguação da qualidade bioquímica e microbiológica de alimentos.[7] O trabalho nas indústrias[8] biotecnológicas envolve a manipulação de enzimas, microrganismos e células, na produção de biofármacos, tais como enzimas, hormônios (insulina por exemplo), antibióticos, vitaminas, citocinas, vacinas, soros, além de reagentes laboratoriais e microrganismos utilizados na biorremediação do ambiente.

Nos laboratórios de Citologia oncótica[9] executam tecnicamente os exames, incluindo citologia hormonal e rastreamento do câncer, firmando os respectivos laudos e pareceres, dentro dos seus limites de atuação. Dentre os exames citológicos, o mais comum é o teste de Papanicolau, que é um exame ginecológico de citologia cervical realizado como prevenção[10] ao câncer do colo do útero. Na Reprodução Humana, realizam, entre outras atividades, a criopreservação, a manipulação e a seleção de gametas e embriões que serão implantados na futura mãe. Em Bancos de Sangue (Hemocentros) executam os testes prévios a transfusão e a doação (verificando a presença/ausência de alterações e compatibilidade sanguínea), além de manipularem e produzirem hemocomponentes e hemoderivados.

Fachada do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense.

Os biomédicos especialistas em Biofísica e Imaginologia trabalham em clínicas, hospitais ou centros de diagnóstico por imagem tendo a função de preparar o paciente, elaborar o plano de irradiação, gerenciar banco de imagens, programar e operar equipamentos de Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada, Medicina Nuclear, Radioterapia, entres outros, além de poder ser o responsável pelo controle de qualidade e radioproteção (de acordo com as normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN e Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA). Desta forma, confeccionando a(s) imagem(ns) para que o médico Radiologista possa, finalmente, fornecer o laudo. A indústria da tecnologia nuclear para o biomédico, inclui a preservação de alimentos através de sua irradiação. Na pesquisa em Radiobiologia e a Fotobiologia, testam estas radiações (oriundas de diferentes fontes de energia) ionizantes e não-ionizantes em aplicações clínicas (tais como a Oncologia, Neuroimagem[11], etc) além de aplicações biotecnológicas, biomédicas e ambientais. Físicos, engenheiros, tecnólogos em Radiologia e médicos são os principais profissionais que trabalham em conjunto com biomédicos nesta área. A Imaginologia é uma das áreas em que ocorre um incremento na procura pelos novos profissionais da biomedicina.

Apoio as cirurgias cardíacas também pode ser realizada por biomédicos[12] (assim como por enfermeiros, fisioterapeutas, etc.) especialistas em circulação extracorpórea (C.E.C.), quando o coração precisa parar de bater e o sangue do paciente é desviado para um aparelho que substitui este órgão durante a cirurgia. Assim, o Perfusionista (como é chamado o profissional da CEC), realiza o procedimento e monitora seus parâmetros, tais como a oxigenação, temperatura, pressão arterial, volemia e a coagulação sanguínea. O biomédico para atuar nesta área deve possuir título de especialista em Circulação Extracorpórea emitido pela Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea.

Para os que desejam observar as atividades físicas através do rigoroso olhar biomédico, existe a possibilidade de atuar como Fisiologista do Exercício. No Brasil, um dos trabalhos pioneiros realizou-se na década de 1970[13] na dissertação de mestrado de um, atualmente, renomado biomédico[14]. Aplicando conhecimentos de disciplinas biomédicas tais como anatomia, biologia celular e molecular, fisiologia, bioquímica, hematologia clínica, histologia, biofísica, entre outras, é possível avaliar o desempenho dos atletas[15] e animais para experimentação utilizando dosagens bioquímicas (lactato, por exemplo), exames hematológicos (contagem de neutrófilos, hemoglobina), testes ergoespirométricos, testes de força, etc. De fato, é comum a participação de biomédicos em equipes multidisciplinares[16]. Como não poderia ser diferente, o biomédico Fisiologista do Exercício aplica seu conhecimento em estudos para melhoria da qualidade de vida de populações em condições patológicas como diabetes, obesidade, hipertensão, cardiopatias, pneumopatias, doenças neuromusculares, etc.

Para exercer suas atividades o biomédico deverá, além de estar inscrito em seu respectivo Conselho Regional de Biomedicina, atuar dentro de sua habilitação ou especialidade, a qual deverá ser reconhecida pelo Conselho Federal de Biomedicina. Desta forma, a habilitação será obtida através de:

  • estágio (mínimo de 500 horas) durante a graduação ou;
  • pós - graduação (Lato ou Stricto Sensu) ou;
  • Título de Especialista[17] ou;
  • Residência em área profissional da Saúde[18][19]; e
  • atendendo a Normativa nº 01/2012, para algumas especialidades[20].

Detalhes e descrição das atividades da profissão pode ser encontrado na Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego.

Disciplinas curriculares

O conteúdo curricular é composto de disciplinas como: - Química Orgânica - Química Analítica - Análise Físico-Química Aplicada a Saúde - Bioestatística - Biossegurança - Bioética - Genética - Microbiologia - Biofísica - Radiobiologia - Citologia - Histologia - Bioquímica Estrutural - Biotecnologia - Análises Ambientais - Patologia Geral - Parasitologia Básica - Parasitologia Clínica - Administração em Saúde - Ecologia - Epidemiologia - Imunologia - Farmacologia - Hematologia clínica - Coleta de Material Biológico - Anatomia - Fisiologia - Química Geral - Fisiologia Aplicada e Psicobiologia e etc.

Atuação do biomédico

Biomédica em atuação em um laboratório.
Ver artigo principal: Biomédico

Algumas das áreas de atuação[21] de um biomédico são:

  • Análise clínica - realizar análises, assumir a responsabilidade técnica e firmar os respectivos laudos; tem competência legal para assumir e executar o processamento de sangue, suas sorologias e exames pré-transfusionais e é capacitado legalmente para assumir chefias técnicas, assessorias e direção dessas atividades;
  • Histotecnologia - poderá realizar macroscopia, microtomia, colorações e montagem de lâminas, execução de técnicas histoquímicas, imuno-histoquímicas, de biópsia de congelação e de necropsia sob supervisão do profissional Médico devidamente habilitado, técnicas moleculares e processamento técnico das amostras histopatológicas.
  • Banco de sangue - realizar todas as tarefas, com exclusão, apenas, de transfusão; tem competência legal para assumir e executar o processamento de sangue, suas sorologias e exames pré-transfusionais e é capacitado legalmente para assumir chefias técnicas, assessorias e direção dessas atividades;
  • Análises ambientais - realizar análises físico-químicas e microbiológicas para o saneamento do meio ambiente;
  • Indústrias - Indústrias químicas e biológicas: soros, vacinas, reagentes etc.;
  • Análises bromatológicas - realizar análises para aferição de qualidade dos alimentos;
  • Imagenologia - atua na área de raio-X, ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética, Medicina Nuclear, excluída a interpretação de laudos;
  • Acupuntura - aplicar os princípios, os métodos e as técnicas de Acupuntura;
  • Biologia Molecular - coleta de materiais, análise, interpretação, emissão e assinatura de laudos e de pareceres técnicos;
  • Genética - Participar de pesquisas em todas as áreas da genética, como coordenador ou membro da equipe; Realizar exames de Citogenética Humana e Genética Humana Molecular (DNA), realizando as culturas, preparações e análises; Assumir a responsabilidade técnica, elaborando e firmando os respectivos laudos e transmitindo os resultados dos exames laboratoriais a outros profissionais, como consultor, ou diretamente aos pacientes, como aconselhador genético.;
  • Coleta de materiais - realizar toda e qualquer coleta de amostras biológicas para realização dos mais diversos exames, como também supervisionar os respectivos setores de coleta de materiais biológicos de qualquer estabelecimento que a isso se destine. Excetuam-se as biópsias, coleta de líquido cefalorraquidiano (liquor) e punção para obtenção de líquidos cavitários em qualquer situação;
  • Pesquisa básica e aplicada - realizar pesquisa na área de saúde e biologia, sendo o responsável científico, no intuito de contribuir para a elucidação de fenômenos de natureza biológica e desenvolver tecnologias ligadas à área.
  • Docência - ministrar aulas para alunos de nível superior nas diversas instituições de ensino do país, gerando assim, mais profissionais capacitados na área.
Outras atuações

Prémio Nobel da Medicina 2008 no Parlamento Europeu

Luc Montagnier esteve no Parlamento Europeu, no dia 1 de Abril de 2009, no âmbito da Conferência dedicada ao "Futuro da investigação biomédica no séc. XXI". Em entrevista exclusiva ao sítio oficial do Parlamento Europeu, o médico francês referiu que "o principal objetivo [da investigação científica do VIH] deve ser a criação de uma vacina terapêutica, não nos devemos centrar na vacina preventiva".[22]

Ver também

Referências

  1. Conselho Regional de Biomedicina - 1ª Região (abril de 2006). «A Trajetória do Curso de Biomedicina no Brasil: Origem e Situação Atual». Revista do Biomédico, nº 70. Consultado em 14 de janeiro de 2010 
  2. Presidência da República Federativa do Brasil (28 de junho de 1983). «Regulamentação do exercício da profissão de Biomédico de acordo com a Lei nº 6.684, de 03 de setembro de 1979». Consultado em 11 de janeiro de 2010 
  3. Ministério da Educação (13 de março de 2002). «Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Biomedicina» (PDF). Consultado em 16 de janeiro de 2010 
  4. ABDALA, I. G.(org) (2005). «Capítulo 8 - O Professor de Bioquímica no Ensino Superior em Saúde. 355 páginas». Ensino em saúde: visitando conceitos e práticas. Consultado em 11 de janeiro de 2010 
  5. CFBM e CRBM´s (2009). «Biomedicina – um painel sobre o profissional e a profissão» (PDF). Consultado em 16 de janeiro de 2010 
  6. LUZ, Amanda (28 de março de 2011). «Prossiões em Alta: Biomédicos atuam em empresas e pesquisas genéticas». Exame.com. Consultado em 19 de março de 2012 
  7. FIGUEIREDO, R. M. (2005). «Biomédico especialista em Saúde Pública e Engenharia da Qualidade». Higiene dos Alimentos (Seçao: Conheça o autor). Consultado em 11 de janeiro de 2010 
  8. Universia (23 de março de 2006). «Biomédicos: dos laboratórios às indústrias». Consultado em 12 de janeiro de 2010 
  9. Thuler; et al. (abril de 2007). «Perfil dos laboratórios de citopatologia do Sistema Único de Saúde». Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. Consultado em 19 de março de 2012 
  10. ZAPARTE, Aline; COSER, Janaína (outubro de 2011). «O Papel do Biomédico no Rasteamento do Câncer de Colo Uterino» (PDF). XVI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão da UDR. Consultado em 19 de março de 2012 
  11. HIAE (2009). «Equipe de pesquisadores em Neuroimagem». Consultado em 19 de março de 2012 
  12. SIBIESP (18 de fevereiro de 2009). «Primeiro Biomédico a presidir a SBCEC». Consultado em 26 de janeiro de 2010 
  13. LIRA, C. A. B.; SILVA, A. C. (5 de março de 2005). «Fisiologia do Exercício: disciplina curricular ou profissão?» (PDF). CEFE (seção: Artigos). Consultado em 26 de janeiro de 2010 
  14. BARROS NETO, T. L. (18 de abril de 2009). «Currículo Lattes (Biomédico Fisiologista do Exercício)». Plataforma Lattes. Consultado em 26 de janeiro de 2010 
  15. GONÇALVES, R. B.; MARIANO, A. B. (30 de junho de 2011). «Biomédico, Nutrição e Esporte. Combina?». Ciência, Inovação e Tecnologia. Consultado em 7 de junho de 2012 
  16. Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício - CEFE/UNIFESP (2009). «Corpo Docente e Professores Convidados». Consultado em 26 de janeiro de 2010 
  17. Associação Brasileira de Biomedicina. «Título de Especialista». Consultado em 31 de março de 2012 
  18. Ministério da Educação (12 de janeiro de 2007). «Residência Multiprofissional em Saúde». Portaria Interministerial nº45, de 12 de janeiro de 2007. Consultado em 31 de janeiro de 2010 
  19. Ministério da Educação (24 de fevereiro de 2012). «Residências em Saúde». Residência Multiprofissional. Consultado em 31 de março de 2012 
  20. Conselho Federal de Biomedicina (10 de abril de 2012). «Normativa nº 01/2012 (pág. 9)» (PDF). Legislação. Consultado em 26 de julho de 2012 
  21. Conselho Regional de Biomedicina - 1ª Região. «Atuação do Biomédico». Consultado em 11 de janeiro de 2010 
  22. «Luc Montagnier: Entrevista exclusiva LA UNE» 

Ligações externas

Nacionais:

Internacionais: