Aborto: diferenças entre revisões

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== Procedimentos empregados para o aborto induzido ==
== Procedimentos empregados para o aborto induzido ==
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===Nos três primeiros meses da gestação===
===Aborto médico===
O aborto químico, também conhecido como aborto médico ou aborto não cirúrgico é aplicável apenas no primeiro [[trimestre]] da gravidez e equivale a dez por cento de todas as interrupções voluntárias da gravidez nos [[Estados Unidos]] e na [[Europa]]. Consiste na administração de [[fármaco]]s que provocam a interrupção da gravidez e a expulsão do [[embrião]]. Nos casos de falha do aborto químico é necessária aspiração do útero para completar a interrupção da gravidez cirurgicamente.
{{AP|[[Aborto médico]]}}

O aborto médico é aplicável apenas no primeiro [[trimestre]] da gravidez e equivale a dez por cento de todas as interrupções voluntárias da gravidez nos [[Estados Unidos]] e na [[Europa]]. Consiste na administração de [[fármaco]]s que provocam a interrupção da gravidez e a expulsão do [[embrião]].

Aborto médico, também conhecido como aborto químico ou não-cirúrgico, é o aborto induzido por medicamentos abortivos. Se tornou um método alternativo de aborto induzido com o surgimento no mercado dos [[análogo de prostaglandina|análogos de prostaglandina]] no início dos anos 1970s e do antiprogestágeno [[mifepristona]] (RU-486) nos anos 1980s.<ref name="Kulier 2011">{{cite journal|author=Kulier R, Kapp N, Gülmezoglu AM, Hofmeyr GJ, Cheng L, Campana A|title=Medical methods for first trimester abortion|journal=Cochrane Database Syst Rev|year=2011|issue=11|page=CD002855|doi=10.1002/14651858.CD002855.pub4|pmid=22071804|volume=11}}</ref><ref name="Creinin 2009">{{cite book|author=Creinin MD, Gemzell-Danielsson K|year=2009|chapter=Medical abortion in early pregnancy|editor=Paul M, Lichtenberg ES, Borgatta L, Grimes DA, Stubblefield PG, Creinin MD (eds.)|title=Management of unintended and abnormal pregnancy: comprehensive abortion care|location=Oxford|publisher=Wiley-Blackwell|pages=111–134|isbn=1405176962}}</ref><ref name="Kapp 2009">{{cite book|author=Kapp N, von Hertzen H|year=2009|chapter=Medical methods to induce abortion in the second trimester|editor=Paul M, Lichtenberg ES, Borgatta L, Grimes DA, Stubblefield PG, Creinin MD (eds.)|title=Management of unintended and abnormal pregnancy: comprehensive abortion care|location=Oxford|publisher=Wiley-Blackwell|pages=178–192|isbn=1405176962}}</ref>

Os regimes de aborto mais comuns para o primeiro trimestre utilizam mifepristona em combinação com um análogo de prostaglandina ([[misoprostol]]) até 9 semanas de idade gestacional, [[metotrexato]] em combinação com um análogo de prostaglandina até 7 semanas de gestação, ou um análogo de prostaglandina isolado.<ref name="Kulier 2011"/> Os regimes de Mifepristona–misoprostol funcionam mais rápido e são mais efetivos em idades gestacionais mais avançadas do que os regimes combinados de metotrexato-misoprostol, e os regimes combinados são mais efetivos que o uso do misoprostol isolado.<ref name="Creinin 2009"/>

Em abortos muito precoces, com até 7 semanas de gestação, o regime combinado de mifepristona-misoprostol é considerado mais efetivo do que o aborto cirúrgico (aspiração à vácuo).<ref name="WHO FAQs 2006">{{cite book|author=WHO Department of Reproductive Health and Research|date=23 November 2006|title=Frequently asked clinical questions about medical abortion|location=Geneva|publisher=World Health Organization|isbn=9241594845|url=http://whqlibdoc.who.int/publications/2006/9241594845_eng.pdf|accessdate=2011-11-22}}</ref> Os regimes de aborto médico precoce que utilizam 200 mg de mifepristona, seguido por 800 mcg de misoprostol vaginal ou oral 24-48 horas após apresentam efetividade de 98% até as 9 semanas de idade gestacional.<ref name="Fjerstad 2009b">{{cite journal|author=Fjerstad M, Sivin I, Lichtenberg ES, Trussell J, Cleland K, Cullins V|date=September 2009|title=Effectiveness of medical abortion with mifepristone and buccal misoprostol through 59 gestational days |journal=Contraception |volume=80 |issue=3 |pages=282–286 |doi=10.1016/j.contraception.2009.03.010 |pmid=19698822}}
* The regimen (200 mg of mifepristone, followed 24–48 hours later by 800 mcg of ''vaginal'' misoprostol) ''previously'' used by Planned Parenthood clinics in the United States from 2001 to March 2006 was 98.5% effective through 63 days gestation—with an ongoing pregnancy rate of about 0.5%, and an additional 1% of patients having uterine evacuation for various reasons, including problematic bleeding, persistent gestational sac, clinician judgment or patient request.
* The regimen (200 mg of mifepristone, followed 24–48 hours later by 800 mcg of ''[[wikt:buccal|buccal]]'' misoprostol) ''currently'' used by Planned Parenthood clinics in the United States since April 2006 is 98.3% effective through 59 days gestation.</ref> Nos casos de falha do aborto médico, é necessária a complementação do procedimento com o aborto cirúrgico.<ref>{{cite book|author=Holmquist S, Gilliam M|year=2008|chapter=Induced abortion|editor=Gibbs RS, Karlan BY, Haney AF, Nygaard I (eds.)|title=Danforth's obstetrics and gynecology|edition=10th|location=Philadelphia|publisher=Lippincott Williams & Wilkins|pages=586–603|isbn=9780781769372}}</ref>

Os abortos médicos precoces são responsáveis pela maioria dos abortos com menos de 9 semanas de gestação na Grã-Bretanha,<ref>{{cite web|date=24 May 2011|title=Abortion statistics, England and Wales: 2010|location=London|publisher=Department of Health, United Kingdom|url=http://www.dh.gov.uk/prod_consum_dh/groups/dh_digitalassets/documents/digitalasset/dh_127202.pd |accessdate=2011-11-22}}</ref><ref>{{cite web|date=31 May 2011|title=Abortion statistics, year ending 31 December 2010|location=Edinburgh|publisher=ISD, NHS Scotland|url=http://www.isdscotland.scot.nhs.uk/Health-Topics/Sexual-Health/Publications/2011-05-31/2011-05-31-Abortions-Report.pdf?68450564147|accessdate=2011-11-22}}</ref> França,<ref>{{cite web|author=Vilain A, Mouquet M-C|date=22 June 2011|title=Voluntary terminations of pregnancies in 2008 and 2009|location=Paris|publisher=DREES, Ministry of Health, France|url=http://www.sante.gouv.fr/IMG/pdf/er765.pdf|accessdate=2011-11-22}}</ref> Suíça,<ref>{{cite web|author=.|date=5 July 2011|title=Abortions in Switzerland 2010|location=Neuchâtel|publisher=Office of Federal Statistics, Switzerland|url=http://www.bfs.admin.ch/bfs/portal/fr/index/themen/14/02/03/key/03.html|accessdate=2011-11-22}}</ref> e nos países nórdicos.<ref>{{cite web|author=Gissler M, Heino A|date=21 February 2011|title=Induced abortions in the Nordic countries 2009|location=Helsinki|publisher=National Institute for Health and Welfare, Finland|url=http://www.stakes.fi/tilastot/tilastotiedotteet/2011/Tr09_11.pdf|accessdate=2011-11-22}}</ref> Nos Estados Unidos, o percentual de abortos médicos precoces é menor.<ref>{{cite journal|author=Jones RK, Kooistra K|date=March 2011|title=Abortion incidence and access to services in the United States, 2008|journal=Perspect Sex Reprod Health|volume=43|issue=1|pages=41–50|url=http://www.guttmacher.org/pubs/journals/4304111.pdf|doi=10.1363/4304111|pmid=21388504|accessdate=2011-11-22}}</ref><ref name="NEJMDec2011">{{Cite journal |last1=Templeton |first1=A. |last2=Grimes |first2=D. A. |doi=10.1056/NEJMcp1103639 |title=A Request for Abortion |journal=New England Journal of Medicine |volume=365 |issue=23 |pages=2198–2204 |year=2011 |url=http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMcp1103639}}</ref>

Regimes de aborto médico usando mifepristona em combinação com um análogo de prostaglandina são os métodos mais comumente usados para abortos de segundo trimestre no Canada, maior parte da Europa, China e Índia,<ref name="Kapp 2009"/> ao contrário dos [[Estados Unidos]], onde 96% dos abortos de segundo trimestre são realizados cirurgicamente com dilatação e esvaziamento uterino.<ref>{{cite book|author=Hammond C, Chasen ST|year=2009|chapter=Dilation and evacuation|editor=Paul M, Lichtenberg ES, Borgatta L, Grimes DA, Stubblefield PG, Creinin MD (eds.)|title=Management of unintended and abnormal pregnancy: comprehensive abortion care|location=Oxford|publisher=Wiley-Blackwell|pages=178–192|isbn=1405176962}}</ref>

=== Aborto cirúrgico ===


No procedimento de aspiração uterina o médico introduz uma [[cureta]] no útero da gestante para remover o feto. No caso de gestação até seis semanas, a aspiração é feita manualmente utilizando-se uma cânula flexível sem ser necessária dilatação cervical, método utilizado para resolver situações como [[gravidez ectópica]] e [[gravidez molar|molar]] quando apoiado em exames de [[ultrassom|ultrassons]]. No caso de gestações mais avançadas (até doze semanas) é utilizado um aparelho de vácuo eléctrico e os conteúdos do útero (incluindo o feto) são sugados pelo equipamento. Ambos os procedimentos são considerados não-cirúrgicos e realizados em cerca de dez minutos, com baixo risco para a mulher (0,5% de casos de infecção) e muito eficazes.
No procedimento de aspiração uterina o médico introduz uma [[cureta]] no útero da gestante para remover o feto. No caso de gestação até seis semanas, a aspiração é feita manualmente utilizando-se uma cânula flexível sem ser necessária dilatação cervical, método utilizado para resolver situações como [[gravidez ectópica]] e [[gravidez molar|molar]] quando apoiado em exames de [[ultrassom|ultrassons]]. No caso de gestações mais avançadas (até doze semanas) é utilizado um aparelho de vácuo eléctrico e os conteúdos do útero (incluindo o feto) são sugados pelo equipamento. Ambos os procedimentos são considerados não-cirúrgicos e realizados em cerca de dez minutos, com baixo risco para a mulher (0,5% de casos de infecção) e muito eficazes.
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No caso de não ser possível a aspiração, recorre-se à curetagem. Neste caso o médico, após alargar a entrada do útero da paciente, introduz no órgão a chamada cureta, que é um instrumento cirúrgico cortante, em forma de colher. Servindo-se da cureta, o médico retira todo o conteúdo do útero, incluindo, além do feto, o [[endométrio]].
No caso de não ser possível a aspiração, recorre-se à curetagem. Neste caso o médico, após alargar a entrada do útero da paciente, introduz no órgão a chamada cureta, que é um instrumento cirúrgico cortante, em forma de colher. Servindo-se da cureta, o médico retira todo o conteúdo do útero, incluindo, além do feto, o [[endométrio]].


=== Após os três primeiros meses da gestação ===
[[Ficheiro:Dilation_and_curettage.svg|thumb|right|225px|Figura mostrando como é empregada a técnica da curetagem]]
[[Ficheiro:Dilation_and_curettage.svg|thumb|right|225px|Figura mostrando como é empregada a técnica da curetagem]]
O procedimento de curetagem é aplicável ainda no começo do segundo trimestre, mas se não for possível terá de recorrer-se a métodos como a ''dilatação e evacuação''. Neste procedimento o médico promove primeiro a dilatação cervical (um dia antes). Na intervenção que é feita sob anestesia é inserido um aparelho cirúrgico na vagina para cortar o feto em pedaços, e retirá-los um a um de dentro do útero. No final é feita a aspiração. O feto é remontado no exterior para garantir que não há nenhum pedaço no interior do útero que poderia levar a infecção séria. Em raríssimas situações (0.17% das IVGs realizadas nos Estados Unidos em 2000) o feto é removido intacto.
O procedimento de curetagem é aplicável ainda no começo do segundo trimestre, mas se não for possível terá de recorrer-se a métodos como a ''dilatação e evacuação''. Neste procedimento o médico promove primeiro a dilatação cervical (um dia antes). Na intervenção que é feita sob anestesia é inserido um aparelho cirúrgico na vagina para cortar o feto em pedaços, e retirá-los um a um de dentro do útero. No final é feita a aspiração. O feto é remontado no exterior para garantir que não há nenhum pedaço no interior do útero que poderia levar a infecção séria. Em raríssimas situações (0.17% das IVGs realizadas nos Estados Unidos em 2000) o feto é removido intacto.


Outra alternativa é forçar prematuramente o trabalho de [[parto]].
Outra alternativa é forçar prematuramente o trabalho de [[parto]].
Os procedimentos no primeiro trimestre podem geralmente ser realizados usando [[anestesia local]], enquanto os realizados no segundo trimestre podem necessitar de [[sedação]] ou [[anestesia geral]].<ref name="NEJMDec2011" />

O aborto por esvaziamento craniano intrauterino (ECI), também conhecido como aborto com "nascimento parcial", é uma técnica utilizada para provocar o aborto quando a gravidez está em estágio avançado, entre 20 e 26 semanas (cinco meses a seis meses e meio).<ref>{{citar web |url=http://www.aids.gov.br/node/39728 |título=O que é o aborto por nascimento parcial |publicado=Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais |data= |acessodata=}}</ref> Guiado por ultrassom, o médico segura a perna do feto com um [[fórceps]], puxa-o para o canal vaginal, e então retira o feto do útero, com exceção da cabeça. Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um [[catéter]] para sugar o cérebro do feto e então o retira por inteiro do corpo da mãe. Em alguns países, essa prática é proibida em todos os casos, sendo considerada [[homicídio]] e punida severamente.<ref>{{citar web |url=http://www.nrlc.org/ABORTION/pba/diagram.html |título=Partial Birth Abortion |autor= |obra= |data= |acessodata= |língua3=en}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.nrlc.org/abortion/pba/PBA_Images/PBA_Images_Heathers_Place.htm |título=Como funciona o aborto por nascimento parcial |autor= |obra= |data= |acessodata= |língua3=en}}</ref> Esta técnica tem sido alvo de intensas polêmicas nos [[Estados Unidos]]. Em 2003, sua prática foi proibida em todo o país, gerando revoltas de movimentos pró-aborto.<ref>{{Citar web |url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/11/031106_abortoeua.shtml |título=Críticos entram na Justiça contra proibição de aborto nos EUA |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>

===Outros métodos===
No passado diversas ervas já foram consideradas portadoras de propriedades abortivas, e foram usadas na medicina popular.<ref name="riddle2">{{Cite book|first=John M. |last=Riddle |title=Eve's herbs: a history of contraception and abortion in the West |publisher=Harvard University Press |location=[[Cambridge, Massachusetts]] |year=1997 |pages= |isbn=978-0-674-27024-4 |oclc=36126503}}{{Page needed|date=August 2010}}</ref> No entanto, o uso de ervas com a intenção abortiva pode causar diversos efeitos adversos graves e até mesmo letais, tanto para a mãe quanto para o feto, e não é recomendado pelos [[médico]]s.<ref>{{Cite journal|author=Ciganda C, Laborde A |title=Herbal infusions used for induced abortion |journal=J. Toxicol. Clin. Toxicol. |volume=41 |issue=3 |pages=235–239 |year=2003 |pmid=12807304 |doi=10.1081/CLT-120021104 |url=}}</ref>

O aborto às vezes é tentado através de trauma no abdômen. O grau da força, se intensa, pode causar diversas lesões internas graves sem necessariamente induzir com sucesso a perda fetal.<ref>{{cite doi|10.1016/S0891-5245(98)90245-0}}</ref> In Southeast Asia, there is an ancient tradition of attempting abortion through forceful abdominal massage.<ref name="potts">{{Cite journal |last1=Potts |first1=M.| authorlink1=Malcolm Potts| last2=Graff |first2=M. |last3=Taing |first3=J. |doi=10.1783/147118907782101904 |title=Thousand-year-old depictions of massage abortion |journal=Journal of Family Planning and Reproductive Health Care |volume=33 |issue=4| pages=233–234 |year=2007 |pmid=17925100}}</ref>


Métodos utilizados em abortos auto-induzidos não-seguros incluem o uso incorreto de misoprostol, a inserção de materiais não-cirúrgicos como agulhas e prendedores de roupas no útero. A utilização destes métodos não-seguros raramente é observada em países desenvolvidos onde o aborto cirúrgico é legal e disponível.<ref>{{Cite journal |last1=Thapa |first1=S. R. |last2=Rimal |first2=D. |last3=Preston |first3=J. |title=Self induction of abortion with instrumentation |journal=Australian Family Physician |volume=35 |issue=9 |pages=697–698 |year=2006 |pmid=16969439| url=http://www.racgp.org.au/afp/200609/11015}}</ref>
===Aborto por ECI===
Esse tipo de aborto, por esvaziamento craniano intrauterino (ECI), também conhecido como aborto com "nascimento parcial", é uma técnica utilizada para provocar o aborto quando a gravidez está em estágio avançado, entre 20 e 26 semanas (cinco meses a seis meses e meio).<ref>{{citar web |url=http://www.aids.gov.br/node/39728 |título=O que é o aborto por nascimento parcial |publicado=Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais |data= |acessodata=}}</ref> Guiado por ultrassom, o médico segura a perna do feto com um [[fórceps]], puxa-o para o canal vaginal, e então retira o feto do útero, com exceção da cabeça. Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um [[catéter]] para sugar o cérebro do feto e então o retira por inteiro do corpo da mãe. Em alguns países, essa prática é proibida em todos os casos, sendo considerada [[homicídio]] e punida severamente.<ref>{{citar web |url=http://www.nrlc.org/ABORTION/pba/diagram.html |título=Partial Birth Abortion |autor= |obra= |data= |acessodata= |língua3=en}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.nrlc.org/abortion/pba/PBA_Images/PBA_Images_Heathers_Place.htm |título=Como funciona o aborto por nascimento parcial |autor= |obra= |data= |acessodata= |língua3=en}}</ref> Esta técnica tem sido alvo de intensas polêmicas nos [[Estados Unidos]]. Em 2003, sua prática foi proibida em todo o país, gerando revoltas de movimentos pró-aborto.<ref>{{Citar web |url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/11/031106_abortoeua.shtml |título=Críticos entram na Justiça contra proibição de aborto nos EUA |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>


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Revisão das 20h28min de 15 de abril de 2012

 Nota: Para outros significados, veja Aborto (desambiguação).
Aborto induzido
Especialidade obstetrícia
Classificação e recursos externos
CID-10 O04
CID-9 779.6
CID-11 e 1267452405 2036729570 e 1267452405
DiseasesDB 4153
MedlinePlus 002912
eMedicine article/252560
MeSH D000028
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Um aborto ou interrupção da gravidez(ver terminologia) é a remoção ou expulsão prematura de um embrião ou feto do útero, resultando na sua morte ou sendo por esta causada.[1] Isto pode ocorrer de forma espontânea ou induzida, provocando-se o fim da gestação, e consequente fim da atividade biológica do embrião ou feto, mediante uso de medicamentos ou realização de cirurgias. O aborto vem sendo provocado por vários métodos diferentes e seus aspectos morais, éticos, legais e religiosos são objeto de intenso debate em diversas partes do mundo.

Após seis meses de gestação, quando o feto já é considerado viável, o processo tem a designação médica de parto prematuro.[2] A terminologia aborto, entretanto, pode continuar a ser utilizada em geral, quando refere-se à indução da morte do feto.

Terminologia

A palavra aborto tem sua origem num barco etimológica no latim abortacus, derivado de aboriri ("perecer"), composto de ab ("distanciamento", "a partir de") e oriri ("nascer").

Tipos

O aborto geralmente é divido em dois tipos, aborto espontâneo e aborto induzido. Outras classificações também são usadas, de acordo com o tempo de gestação, por exemplo.

Aborto espontâneo

Aborto espontâneo, involuntário ou casual, é a expulsão não intencional de um embrião ou feto antes de 20-22 semanas de idade gestacional. Uma gravidez que termina antes de 37 semanas de idade gestacional que resulta em um recém-nascido vido é conhecida como parto prematuro ou pré-termo. Quando um feto morre no interior do útero após a viabilidade, ou durante o parto, geralmente é chamado de natimorto.

A causa mais comum de aborto espontâneo durante o primeiro trimestre são as anomalias cromossômicas do feto/embrião, que contabilizam pelo menos 50% das perdas gestacionais precoces. Outras causas incluem doenças vasculares (como o lúpus eritematoso sistêmico), diabetes, problemas hormonais, infecções, anomalias uterinas e trauma acidental ou intencional. A idade materna avançada e a história prévia de abortos espontâneos são os dois fatores mais associados com um risco maior de aborto espontâneo.

Aborto induzido

O aborto induzido, também denominado aborto provocado ou interrupção voluntária da gravidez, é o aborto causado por uma ação humana deliberada. Ocorre pela ingestão de medicamentos ou por métodos mecânicos. A ética deste tipo de abortamento é fortemente contestada em muitos países do mundo mas é reconhecida como uma prática legal em outros locais do mundo, sendo inclusive em alguns totalmente coberta pelo sistema público de saúde. Os dois polos desta discussão passam por definir quando o feto ou embrião se torna humano ou vivo (se na concepção, no nascimento ou em um ponto intermediário) e na primazia do direito da mulher grávida sobre o direito do feto ou embrião.

O aborto induzido possui as seguintes subcategorias:

Outras classificações

Quanto ao tempo de duração da gestação:

  • Aborto subclínico: abortamento que acontece antes de quatro semanas de gestação
  • Aborto precoce: entre quatro e doze semanas
  • Aborto tardio: após doze semanas

Efeitos do aborto induzido

Existe controvérsia na comunidade médica e científica sobre os efeitos do aborto. As interrupções de gravidez feitas por médicos competentes são normalmente consideradas seguras para as mulheres, dependendo do tipo de cirurgia realizado.[4][5] Entretanto, um argumento contrário ao aborto seria de que, para o feto, o aborto obviamente nunca seria "seguro", uma vez que provoca sua morte sem direito de defesa.[6][7]

Os métodos não médicos (uso de certas drogas, ervas, ou a inserção de objectos não cirúrgicos no útero) são potencialmente perigosos para a mulher, conduzindo-a a um elevado risco de infecção permanente ou mesmo à morte, quando comparado com os abortos feitos por pessoal médico qualificado. Segundo a ONU, pelo menos 70 mil mulheres perdem a vida anualmente em consequência de aborto realizado em condições precárias,[8] não há, no entanto, estatísticas confiáveis sobre o número total de abortos induzidos realizados no mundo nos países e/ou situações em que é criminalizado.

Existem, com variado grau de probabilidade, possíveis efeitos negativos associados à prática abortiva, nomeadamente a hipótese de ligação ao câncer de mama, a dor fetal, o síndroma pós-abortivo. Possíveis efeitos positivos incluem redução de riscos para a mãe e para o desenvolvimento da criança não desejada.

Câncer da mama

Há uma hipótese de relação causal entre o aborto induzido e o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

A teoria é que no início da gravidez, o nível de estrogénio aumenta, levando ao crescimento das células mamárias necessário à futura fase de lactação. A hipótese de relação positiva entre câncer de mama e aborto sustenta que se a gravidez é interrompida antes da completa diferenciação celular, então existirão relativamente mais células indiferenciadas vulneráveis à contracção da doença.

Esta hipótese, não é bem aceita pelo consenso científico de estudos de associações e entidades ligadas ao câncer,[9][10][11] mas tem alguns defensores como o dr. Joel Brind.[12]

Dor do feto

Ver artigo principal: Dor fetal

A existência ou ausência de sensações fetais durante o processo de abortamento é hoje matéria de interesse médico, ético e político. Diversas provas entram em conflito, existindo algumas opiniões defendendo que o feto é capaz de sentir dor a partir da sétima semana[13] enquanto outros sustentam que os requisitos neuro-anatómicos para tal só existirão a partir do segundo ou mesmo do terceiro trimestre da gestação.[14]

Os receptores da dor surgem na pele na sétima semana de gestação. O hipotálamo, parte do cérebro receptora dos sinais do sistema nervoso e que liga ao córtex cerebral, forma-se à quinta semana. Todavia, outras estruturas anatómicas envolvidas no processo de sensação da dor ainda não estão presentes nesta fase do desenvolvimento. As ligações entre o tálamo e o córtex cerebral formam-se por volta da 23ª semana.[15] Existe também a possibilidade de que o feto não disponha da capacidade de sentir dor, ligada ao desenvolvimento mental que só ocorre após o nascimento.[16]

Novos estudos do Hospital Chelsea, realizados pela Dra. Vivette Glover em Londres sugerem que a dor fetal pode estar presente a partir da décima semana de vida do feto. O que justificaria, segundo os proponentes do aborto, o uso de anestésicos para diminuir o provável sofrimento do feto.[17]

Síndrome pós-abortivo

Ver artigo principal: Síndrome pós-aborto

A síndroma pós-abortivo seria uma série de reações psicológicas apresentadas ao longo da vida por mulheres após terem cometido um aborto. Há vários relatos de problemas mentais relacionados direta ou indiretamente ao aborto; uma descrição clássica pode ser encontrada na obra "Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana", de Sigmund Freud.[18] No livro "Além do princípio de prazer", Freud salienta: "Fica-se também estupefato com os resultados inesperados que se podem seguir a um aborto artificial, à morte de um filho não nascido, decidido sem remorso e sem hesitação."[19]

Há médicos portugueses, porém, que questionam a existência do síndroma; não existe nenhum estudo português publicamente divulgado sobre o assunto. Entretanto nos Estados Unidos, Reino Unido e mesmo no Brasil, essa possibilidade já é bastante discutida, com resultados contrastantes.[20][21]

O síndroma pós-abortivo (PAS), conhecido também como síndroma pós-traumático pós-abortivo ou por síndroma do trauma abortivo, é um termo que designa um conjunto de características psicopatológicas que alguns médicos dizem ocorrer nas mulheres após um aborto provocado.[22] Alguns estudos, no entanto, concluem que alguns destes sintomas são consequência da proibição legal e/ou moral do aborto e não do ato em si. [carece de fontes?]

Entretanto, tal síndrome teria sido catalogada em inúmeras pesquisas, entre elas a do dr. Vincent Rue que no estudo da Desordem Ansiosa Pós-Traumática (DAPT), presente em ex-combatentes do Vietnã, que teria sua correspondente na síndrome pós-aborto (SPA). Algumas estatísticas de organizações pró-vida argumentam que há um aumento de 9% para 59% nos índices de distúrbios psicológicos em mulheres que se submetem ao aborto.[23]

Outro estudo, do Royal College of Psychiatrists, a associação dos psiquiatras britânicos e irlandeses, considerou que o aborto induzido pode trazer distúrbios clínicos severos para a mulher, e que essa informação deve ser passada para a mesma, antes da opção pelo aborto. Esse estudo foi repassado à população pelo Jornal Britânico Sunday Times.[24]

Mulheres grávidas vítimas de violência

Embora existam notícias[25] indicando que muitas mulheres grávidas morrem em consequência de atos violentos, aparentemente[26] não há dados conclusivos que cruzem esta informação com o risco de morte geral das mulheres não-grávidas em situações semelhantes.

Consequências a longo prazo para a criança não desejada

Muitos membros de grupos pró-escolha[27] consideram haver um risco maior de crianças não desejadas (crianças que nasceram apenas porque a interrupção voluntária da gravidez não era uma opção, quer por questões legais, quer por pressão social) terem um nível de felicidade inferior às outras crianças incluindo problemas que se mantêm mesmo quando adultas, entre estes problemas incluem-se:

  • doença e morte prematura[28]
  • pobreza
  • problemas de desenvolvimento[28]
  • abandono escolar[29]
  • delinquência juvenil[30]
  • abuso de menores
  • instabilidade familiar e divórcio[31]
  • necessidade de apoio psiquiátrico[31]
  • falta de auto estima[32]

Uma opinião contrária, entretanto, apresentada por grupos pró-vida, seria que, mesmo que sejam encontradas correlações estatísticas entre gravidez indesejáveis e situações consideradas psicologicamente ruins para as crianças nascidas, esta situação não pode ser comparada com a de crianças abortadas, visto que estas não estão vivas. Uma "situação de vida" não seria passível de comparação com uma "situação de morte", visto a inverificabilidade desta enquanto situação possivelmente existente (a chamada "vida após a morte") pelos métodos científicos disponíveis. Como não se pode estipular se uma situação ruim de vida, por pior que fosse, seria pior que a morte, o aborto, no caso, não poderia ser apresentado como solução, visto que não dá a capacidade de escolha ao envolvido, enquanto ainda é um feto.[33][34][35]

Consequências para a sociedade

Consequências positivas

Em um estudo polêmico de Steven Levitt da Universidade de Chicago e John Donohue da Universidade Yale associa a legalização do aborto com a baixa da taxa de criminalidade na cidade de Nova Iorque e através dos Estados Unidos. Tal estudo apresenta, com base em dados de diversas cidades norte-americanas e com significância estatística, o possível efeito da redução dos índices de criminalidade onde o aborto é legal. Ainda segundo os autores, estudos no Canadá e na Austrália apontariam na mesma direção.

O recurso a abortos ilegais, segundo os defensores da legalização, aumentaria a mortalidade maternal. Tanto a mortalidade quanto outros problemas de saúde seriam evitados, segundo seus defensores, quando há acesso a métodos seguros de aborto. Segundo o Instituto Guttmacher, o aborto induzido ou interrupção voluntária da gravidez tem um risco de morte para a mulher entre 0,2 a 1,2 em cada 100 mil procedimentos com cobertura legal realizados em países desenvolvidos. Este valor é mais de dez vezes inferior ao risco de morte da mulher no caso de continuar a gravidez. Pelo contrário em países em desenvolvimento em que o aborto é criminalizado as taxas são centenas de vezes mais altas atingindo 330 mortes por cada 100 mil procedimentos.[36] Para o Ministro da Saúde brasileiro, José Gomes Temporão, defensor da legalização do aborto, a descriminalização do aborto deveria ser tratada como problema de saúde pública.[37]

Consequências negativas

Como consequências negativas da legalização do aborto na sociedade, apontam-se, entre outras: a banalização de sua prática, a disseminação da eugenia, a submissão a interesses mercadológicos de grupos médicos e empresas farmacológicas, a diminuição da população, o controle demográfico internacional, a desvalorização generalizada da vida, o aumento de casos de síndromes pós-aborto, e, indiretamente, o aumento do número de casos de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).[38][39][40]

Procedimentos empregados para o aborto induzido

Aborto médico

Ver artigo principal: Aborto médico

O aborto médico é aplicável apenas no primeiro trimestre da gravidez e equivale a dez por cento de todas as interrupções voluntárias da gravidez nos Estados Unidos e na Europa. Consiste na administração de fármacos que provocam a interrupção da gravidez e a expulsão do embrião.

Aborto médico, também conhecido como aborto químico ou não-cirúrgico, é o aborto induzido por medicamentos abortivos. Se tornou um método alternativo de aborto induzido com o surgimento no mercado dos análogos de prostaglandina no início dos anos 1970s e do antiprogestágeno mifepristona (RU-486) nos anos 1980s.[41][42][43]

Os regimes de aborto mais comuns para o primeiro trimestre utilizam mifepristona em combinação com um análogo de prostaglandina (misoprostol) até 9 semanas de idade gestacional, metotrexato em combinação com um análogo de prostaglandina até 7 semanas de gestação, ou um análogo de prostaglandina isolado.[41] Os regimes de Mifepristona–misoprostol funcionam mais rápido e são mais efetivos em idades gestacionais mais avançadas do que os regimes combinados de metotrexato-misoprostol, e os regimes combinados são mais efetivos que o uso do misoprostol isolado.[42]

Em abortos muito precoces, com até 7 semanas de gestação, o regime combinado de mifepristona-misoprostol é considerado mais efetivo do que o aborto cirúrgico (aspiração à vácuo).[44] Os regimes de aborto médico precoce que utilizam 200 mg de mifepristona, seguido por 800 mcg de misoprostol vaginal ou oral 24-48 horas após apresentam efetividade de 98% até as 9 semanas de idade gestacional.[45] Nos casos de falha do aborto médico, é necessária a complementação do procedimento com o aborto cirúrgico.[46]

Os abortos médicos precoces são responsáveis pela maioria dos abortos com menos de 9 semanas de gestação na Grã-Bretanha,[47][48] França,[49] Suíça,[50] e nos países nórdicos.[51] Nos Estados Unidos, o percentual de abortos médicos precoces é menor.[52][53]

Regimes de aborto médico usando mifepristona em combinação com um análogo de prostaglandina são os métodos mais comumente usados para abortos de segundo trimestre no Canada, maior parte da Europa, China e Índia,[43] ao contrário dos Estados Unidos, onde 96% dos abortos de segundo trimestre são realizados cirurgicamente com dilatação e esvaziamento uterino.[54]

Aborto cirúrgico

No procedimento de aspiração uterina o médico introduz uma cureta no útero da gestante para remover o feto. No caso de gestação até seis semanas, a aspiração é feita manualmente utilizando-se uma cânula flexível sem ser necessária dilatação cervical, método utilizado para resolver situações como gravidez ectópica e molar quando apoiado em exames de ultrassons. No caso de gestações mais avançadas (até doze semanas) é utilizado um aparelho de vácuo eléctrico e os conteúdos do útero (incluindo o feto) são sugados pelo equipamento. Ambos os procedimentos são considerados não-cirúrgicos e realizados em cerca de dez minutos, com baixo risco para a mulher (0,5% de casos de infecção) e muito eficazes.

No caso de não ser possível a aspiração, recorre-se à curetagem. Neste caso o médico, após alargar a entrada do útero da paciente, introduz no órgão a chamada cureta, que é um instrumento cirúrgico cortante, em forma de colher. Servindo-se da cureta, o médico retira todo o conteúdo do útero, incluindo, além do feto, o endométrio.

Figura mostrando como é empregada a técnica da curetagem

O procedimento de curetagem é aplicável ainda no começo do segundo trimestre, mas se não for possível terá de recorrer-se a métodos como a dilatação e evacuação. Neste procedimento o médico promove primeiro a dilatação cervical (um dia antes). Na intervenção que é feita sob anestesia é inserido um aparelho cirúrgico na vagina para cortar o feto em pedaços, e retirá-los um a um de dentro do útero. No final é feita a aspiração. O feto é remontado no exterior para garantir que não há nenhum pedaço no interior do útero que poderia levar a infecção séria. Em raríssimas situações (0.17% das IVGs realizadas nos Estados Unidos em 2000) o feto é removido intacto.

Outra alternativa é forçar prematuramente o trabalho de parto. Os procedimentos no primeiro trimestre podem geralmente ser realizados usando anestesia local, enquanto os realizados no segundo trimestre podem necessitar de sedação ou anestesia geral.[53]

O aborto por esvaziamento craniano intrauterino (ECI), também conhecido como aborto com "nascimento parcial", é uma técnica utilizada para provocar o aborto quando a gravidez está em estágio avançado, entre 20 e 26 semanas (cinco meses a seis meses e meio).[55] Guiado por ultrassom, o médico segura a perna do feto com um fórceps, puxa-o para o canal vaginal, e então retira o feto do útero, com exceção da cabeça. Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um catéter para sugar o cérebro do feto e então o retira por inteiro do corpo da mãe. Em alguns países, essa prática é proibida em todos os casos, sendo considerada homicídio e punida severamente.[56][57] Esta técnica tem sido alvo de intensas polêmicas nos Estados Unidos. Em 2003, sua prática foi proibida em todo o país, gerando revoltas de movimentos pró-aborto.[58]

Outros métodos

No passado diversas ervas já foram consideradas portadoras de propriedades abortivas, e foram usadas na medicina popular.[59] No entanto, o uso de ervas com a intenção abortiva pode causar diversos efeitos adversos graves e até mesmo letais, tanto para a mãe quanto para o feto, e não é recomendado pelos médicos.[60]

O aborto às vezes é tentado através de trauma no abdômen. O grau da força, se intensa, pode causar diversas lesões internas graves sem necessariamente induzir com sucesso a perda fetal.[61] In Southeast Asia, there is an ancient tradition of attempting abortion through forceful abdominal massage.[62]

Métodos utilizados em abortos auto-induzidos não-seguros incluem o uso incorreto de misoprostol, a inserção de materiais não-cirúrgicos como agulhas e prendedores de roupas no útero. A utilização destes métodos não-seguros raramente é observada em países desenvolvidos onde o aborto cirúrgico é legal e disponível.[63]

Legislação

Ver artigo principal: Legislação sobre o aborto

Dependendo do ordenamento jurídico vigente, o aborto do nascituro considera-se uma conduta penalizada ou despenalizada, atendendo a circunstâncias específicas.

As situações possíveis vão desde o aborto considerado como um crime contra a vida humana, ao apoio estatal para realização do acto pedido da grávida.

Meios de comunicação

Ver artigo principal: Aborto nos meios de comunicação

Os assuntos relacionados com o aborto de gravidez ainda são um grande tabu em boa parte do mundo, sobretudo em países de maioria religiosa. Os meios de comunicação divulgam posicionamentos e opiniões variadas sobre a prática. O assunto já foi tema de muitas músicas, filmes e documentários.

Recentemente Rebecca Gomperts provocou polêmica no Facebook, com a publicação de um manual de aborto caseiro seguro.[64] O Facebook retirou, entretanto, a imagem que continha informações sobre como praticar o aborto com segurança - recorrendo a um medicamento com efeito abortivo - em países onde o aborto é ilegal.[65]

Organização Mundial de Saúde

Em janeiro de 2012 uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde revelou que a prática do aborto é maior nos países em que ele é proibido e quase metade de todos os abortos feitos no mundo é realizada com altos riscos para a mulher. Entre 2003 e 2008, cerca de 47 mil mulheres morreram e outros 8,5 milhões tiveram consequências graves na sua saúde, decorrentes da prática do aborto. Quase todas as interrupções de gravidez intencionais realizadas de maneira insegura, aconteceram em nações em desenvolvimento, na América Latina e África. "O aborto é um procedimento muito simples. Todas essas mortes e complicações poderiam ter sido facilmente evitadas", disse Gilda Sedgh, pesquisadora-sênior do Instituto norte-americano Guttmacher, autora do estudo.[66]

Ver também

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Referências

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Bibliografia

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Ligações externas

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