Equação diferencial
Em matemática, uma equação diferencial é uma equação cuja incógnita é uma função que aparece na equação sob a forma das respectivas derivadas. Dada uma variável x, função de uma variável y, a equação diferencial envolve, x, y, derivadas de y e eventualmente também derivadas de x.[1] Por exemplo:
Equações diferenciais têm propriedades intrinsecamente interessantes como:
- solução pode existir ou não.
- caso exista, a solução é única ou não.
A ordem da equação diferencial é a ordem da derivada de maior grau que aparece na equação.[1] A solução de uma equação diferencial de ordem n, conterá n constantes.[1]
As equações diferenciais são usadas para construir modelos matemáticos de fenómenos físicos tais como na dinâmica de fluidos e em mecânica celeste. Deste modo, o estudo de equações diferenciais é um campo extenso na matemática pura e na matemática aplicada.
As equações diferenciais têm inúmeras aplicações práticas em medicina, engenharia, química, biologia e outras diversas áreas do conhecimento. As soluções destas equações são usadas, por exemplo, para projetar pontes, automóveis, aviões e circuitos elétricos.
Tipos
As equações diferenciais dividem-se em dois tipos:
- Uma equação diferencial ordinária (EDO) contém apenas funções de uma variável e derivadas daquela mesma variável.[2]
- Uma equação diferencial parcial (EDP) contém funções com mais do que uma variável e suas derivadas parciais.
Exemplos
Equações diferenciais são extremamente importantes para as ciências, pois nos informam como a variação de uma grandeza afeta outras grandezas relacionadas. A lei mais importante de Física Clássica, a segunda lei de Newton:
é na verdade uma equação diferencial de segunda ordem:
Equações diferenciais fazem parte de nosso dia a dia, mesmo que não nos demos conta disto.
No entanto, as equações diferenciais são mais difíceis de resolver do que as equações algébricas comuns. À exceção das equações separáveis, a resolução de cada tipo diferente de equação sem que se conheça a técnica é uma obra homérica. Por isso, cada avanço no campo das equações diferenciais em geral é creditado a um matemático diferente (exceto por Leonhard Euler).
Exemplo II
Mostrando que as funções
são soluções da equação diferencial e dos métodos numéricos após as únicas bidimensionais da resolução.
Resolução por simples substituição da função e as suas derivadas vê-se facilmente que cada uma das funções dada é solução[3]:
Exemplo III
Demonstre que a relação
é solução implícita de
Resolução:
Classificação
Equações de primeira ordem
As equações diferenciais ordinárias de primeira ordem são da forma mas geralmente por meio de simples manipulação algébrica conseguem-se re-escrever na forma de uma ou mais equações:
A chamada forma inversa da equação anterior é
Qualquer solução implícita de uma das duas equações é solução da outra, e se a inversa de uma solução explícita da primeira equação existir, será solução () da equação inversa. A equação pode ser também escrita na chamada forma diferencial.[3]
Existem em geral muitas soluções de uma equação diferencial de primeira ordem. Dado um valor inicial é possível calcular a derivada no ponto (igual a segundo a equação diferencial), e geralmente é possível encontrar uma curva (curva integral) que passe pelo ponto e com derivada igual a em cada ponto. O problema de valores iniciais:
consiste em encontrar a curva integral (ou curvas integrais) que passa pelo ponto [3]
Existência e unicidade da solução
As condições suficientes para a existência de uma solução única de uma equação diferencial de primeira ordem são definidas pelo teorema de Picard:
Teorema de Picard
Considere o problema de valor inicial
se a função e a derivada parcial de em função de são contínuas numa vizinhança do ponto existe uma solução única em certa vizinhança do ponto que verifica a condição inicial
O intervalo onde existe a solução única pode ser maior ou menor que o intervalo onde a função e a sua derivada parcial são contínuas (o teorema não permite determinar o tamanho do intervalo).[3]
As condições do teorema de Picard são condições suficientes, mas não necessárias para a existência de solução única. Quando ou a sua derivada parcial não sejam contínuas, o teorema não nos permite concluir nada: provavelmente existe solução única a pesar das duas condições não se verificarem.
Exemplo
Demonstre que a relação
onde é uma constante positiva, é solução implícita da equação
o que pode se concluir a partir do teorema de Picard?
Resolução:
a função e a sua deriavada parcial são contínuas em quaisquer pontos fora do eixo dos A solução implícita dada conduz às soluções únicas:
no intervalo O teorema de Picard nada permite concluir nos pontos mas segundo o resultado obtido acima vemos que em cada ponto existem duas soluções, e [3]
Lista de equações diferenciais
- Segunda lei de Newton
- Equações de Hamilton
- Decaimento radioativo
- Equação do pêndulo
- Equação de Lane-Emden
- Equação da onda
- Equações de Maxwell
- Equação do calor
- Equação de Laplace
- Equação de Poisson
- Equação de Schrödinger
- Equações de Navier-Stokes
- Equação de Lotka-Volterra
- Equações de Cauchy-Riemann
Referências
- ↑ a b c Mendelson, Elliot; Ayres Jr, Frank. Teoria e problemas de cálculo. [S.l.]: Bookman. ISBN 9788560031092
- ↑ Santos, José Dias dos; Zanomi Carvalho da Silva (2006). Métodos Numéricos. [S.l.]: Editora Universitária UFPE. ISBN 9788573153255
- ↑ a b c d e [Equações Diferenciais e Equações de Diferenças. Porto: Jaime E. Villate, 26 de Abril de 2011. 120 págs]. Creative Commons Atribuição-Partilha (versão 3.0), Acesso em 13 julho. 2013.
Ver também