Eleições estaduais no Rio de Janeiro em 1986
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Eleições estaduais no Rio de Janeiro em 1986 | ||||
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15 de novembro de 1986 (Turno único) | ||||
Candidato | Moreira Franco | Darcy Ribeiro | ||
Partido | PMDB | PDT | ||
Vice | Francisco Amaral | Cibilis Viana | ||
Votos | 3.049.776 | 2.217.177 | ||
Porcentagem | 49,35% | 35,88% | ||
Candidato mais votado por município (65):
Moreira Franco (62)
Darcy Ribeiro (3)
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Titular Eleito | ||||
As eleições estaduais no Rio de Janeiro em 1986 ocorreram em 15 de novembro como parte das eleições gerais no Distrito Federal, em 23 estados e nos territórios federais do Amapá e Roraima. Foram eleitos o governador Moreira Franco, o vice-governador Francisco Amaral e os senadores Nelson Carneiro e Afonso Arinos, além de 46 deputados federais e 70 estaduais.[1][2][nota 1][nota 2]
Para esta eleição o quadro político fluminense apresentou uma polarização entre partidários e adversários do governador Leonel Brizola, a maioria dos quais reunidos em torno de Moreira Franco na disputa pelo Palácio Guanabara. Economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e residente no Rio de Janeiro desde 1955, Moreira Franco nasceu em Teresina e foi pesquisador da Fundação Getúlio Vargas graduando-se em Sociologia em 1969 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, mesmo ano em que casou com Celina Vargas do Amaral Peixoto num matrimônio de vinte anos. Graças a tal vínculo, tornou-se genro de Amaral Peixoto e fez carreira política pelo MDB sendo eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1974 e prefeito de Niterói em 1976. Após a fusão entre os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro no Governo Ernesto Geisel[3] houve uma cisão no MDB entre Amaral Peixoto e Chagas Freitas numa situação onde o primeiro migrou para o PDS e o segundo levou seu grupo político ao PP e ao PMDB após a incorporação entre as legendas,[4] fato que não impediu as derrotas de Moreira Franco e Miro Teixeira, afilhado político de Chagas Freitas, na eleição para governador em 1982 ante Leonel Brizola. Vencido nas urnas, Moreira Franco assumiu a presidência da editora Nova Aguilar e permaneceu como presidente estadual do PDS até ingressar no PMDB com a vitória da Nova República.[5]
Com o intuito de defender seu legado o governador Leonel Brizola apoiou Darcy Ribeiro, sociólogo nascido em Montes Claros e formado em 1946 na Escola de Sociologia e Política de São Paulo com especialização em Etnologia e integrante do Serviço de Proteção ao Índio nos tempos de Cândido Rondon. Primeiro reitor da Universidade de Brasília e Ministro da Educação durante o gabinete parlamentarista de Hermes Lima, foi chefe da Casa Civil no Governo João Goulart e por isso foi cassado pelo Regime Militar de 1964 alternando momentos de exílio com voltas ao país onde fixou-se novamente em 1976 retornando ao ensino e à política. Fundador do PDT foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro em 1982 na chapa de Leonel Brizola.
Resultado da eleição para governador
[editar | editar código-fonte]Candidatos a governador do estado |
Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Moreira Franco PMDB |
Francisco Amaral PMDB |
(PMDB, PFL, PTB, PL, PSC, PDC, PMN, PCB, PCdoB, PTR, PH, PMC) |
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Darcy Ribeiro PDT |
Cibilis Viana PDT |
(PDT, PMB, PJ, PCN) |
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Fernando Gabeira PT |
Aguinaldo Bezerra dos Santos PT |
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Aarão Steinbruch PASART |
Washington Machado PASART |
(PASART, PS, PRP) |
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Agnaldo Timóteo PDS |
Eduardo Galil PDS |
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Sinval Palmeira PSB |
Carlos Campuzzano PSB |
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Wagner Cavalcanti PND |
Ronaldo Mourão PND |
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Fontes:[1] |
Resultado da eleição para senador
[editar | editar código-fonte]Vinte e um candidatos disputaram duas cadeiras para senador. Foram apurados 10.513.756 votos nominais.
Candidatos a senador da República |
Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Nelson Carneiro PMDB |
[nota 3] - [nota 4] - |
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Marcello Alencar PDT |
Bayard Boiteux PDT Humberto Saade PDT |
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José Frejat PDT |
Ananias Batista do Nascimento PDT Kleber Borba PDT |
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Hélio Ferraz PL |
Marco Antônio de Moura Vales PL Egon Koch PL |
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Afonso Arinos[nota 5] PFL |
[nota 3] - [nota 6] - |
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Hydekel de Freitas PFL |
[nota 3] - [nota 6] - |
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José Colagrossi PMDB |
[nota 3] - [nota 4] - |
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Evandro Lins e Silva PSB |
Antônio Houaiss PSB Sérgio Rosa PSB |
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Rockfeller de Lima PFL |
[nota 3] - [nota 6] - |
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Demistoclides Batista PT |
Edmilson Jorge de Oliveira PT Roosevelt Rui dos Santos PT |
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Hélio Fernandes PMDB |
[nota 3] - [nota 4] - |
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Antônio Pedreira PPB |
Otto Almeida de Oliveira PPB Felipe de Sá Vasconcelos PPB |
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Francisco Cesário Alvim Neto PT |
José Eustachio Bruno PT Otávio Periard Amaral PT |
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Hércules Correia PCB |
João Carlos Araújo Santos PCB [nota 7] - |
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Abdon Azaro PSC |
Fernando da Silva Pires PSC Maria de Nazaré Abraão de Oliveira PSC |
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Antônio Pedro Celestino PND |
Arlindo Carlos de Almeida PND Jerônimo Alexandrino Ferreira PND |
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Iremir de Souza Dias Pereira PRT |
Noêmia dos Santos Cruz PRT Francisca da Silva Andrade PRT |
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Wanderley Costa PH |
Jorge de Carvalho PH Lea Alves da Silva Costa PH |
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José Souza de Jesus Alvorada PN |
Ruth Moss de Souza PN Ascendino da Rocha PN |
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Mauro Sérgio Dias PH |
Lina Queiroz de Huneeus PH Elisabete Manoel PH |
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Fernando Abelheira PDS |
Edna de Souza e Silva PDS Francisco Hermes Salles PDS |
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Fontes:[1] |
Biografia dos senadores eleitos
[editar | editar código-fonte]Nelson Carneiro
[editar | editar código-fonte]Na eleição das duas vagas para senador o mais votado foi o jornalista e advogado Nelson Carneiro. Patrono da causa divorcista ele nasceu em Salvador, formou-se na Universidade Federal da Bahia e foi eleito deputado federal pelo PSD em 1950. Derrotado ao tentar a reeleição veio para a cidade do Rio de Janeiro onde esteve preso no governo Getúlio Vargas por apoiar a Revolução Constitucionalista de 1932 e onde cobriu a elaboração da Constituição de 1946. Tendo como plataforma a aprovação do divórcio foi eleito deputado federal pelo Distrito Federal em 1958 sendo o autor da emenda que instaurou o parlamentarismo no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros de modo a contornar o veto dos militares à posse de João Goulart em 1961.[6] Reeleito pela Guanabara em 1962 e 1966 foi o primeiro presidente do diretório estadual do MDB pelo qual foi eleito senador em 1970 e 1978 já pelo estado do Rio de Janeiro. Após passar pelo PTB optou pelo PMDB e conquistou seu terceiro mandato.[7][8]
Afonso Arinos
[editar | editar código-fonte]Nascido em Belo Horizonte e formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o advogado, jurista, professor, historiador, ensaísta e crítico literário Afonso Arinos apoiou Getúlio Vargas até que a decretação do Estado Novo causou o rompimento exposto via Manifesto dos Mineiros. Filiado à UDN foi efetivado deputado federal em 1947 com a eleição de Milton Campos para o governo de Minas Gerais. Reeleito em 1950 e 1954, destacou-se como opositor do segundo governo Getúlio Vargas. Autor da Lei Afonso Arinos contra a discriminação racial[9] e membro da Academia Brasileira de Letras, foi eleito senador pelo Distrito Federal em 1958 assumindo o Ministério das Relações Exteriores no governo Jânio Quadros. Partidário e depois crítico do Regime Militar de 1964, chegou a integrar a ARENA, mas preferiu não disputar a reeleição pela Guanabara em 1966.[10][11]
Deputados federais eleitos
[editar | editar código-fonte]São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[12][13]
Deputados estaduais eleitos
[editar | editar código-fonte]No Rio de Janeiro foram eleitos setenta (70) deputados estaduais.
Representação eleita
PMDB: 18PDT: 17PFL: 10PTB: 5PL: 4PT: 4PSB: 2PTR: 2PASART: 2PDC: 2PCdoB: 1PDS: 1PTN: 1PMN: 1
Notas
- ↑ O Distrito Federal elegeu três senadores e oito deputados federais, enquanto Amapá e Roraima elegeram quatro deputados federais cada, sendo que em Fernando de Noronha não houve escolha de representantes.
- ↑ Não confundir o vice-governador do Rio de Janeiro com seu homônimo, o político paulista Francisco Amaral.
- ↑ a b c d e f Se a convenção partidária lançar três candidatos a senador por sublegenda e um deles for eleito, os demais serão realocados como suplentes, por ordem de votação.
- ↑ a b c As sublegendas do PMDB somaram 3.054.343 votos (29,04%), elegendo um senador.
- ↑ Afonso Arinos faleceu no Rio de Janeiro em 27 de agosto de 1990 e em razão disso Hydekel de Freitas renunciou à prefeitura de Duque de Caxias e foi efetivado senador em 13 de setembro do mesmo ano.
- ↑ a b c As sublegendas do PFL somaram 1.931.599 votos (18,38%), elegendo um senador.
- ↑ O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro registrou apenas um suplente em sua chapa.
- ↑ a b Eleito vice-prefeito do Rio de Janeiro, Roberto d'Ávila acumulou o cargo junto com seu mandato parlamentar conforme o Art. 5º § 3º do ADCT da Constituição de 1988. Afastou-se de Brasília, porém, a fim de exercer os cargos de secretário de Cultura e secretário de Assuntos Especiais do município do Rio de Janeiro na administração Marcelo Alencar, que também nomeou Edésio Frias secretário de Governo. Tais escolhas permitiram que Sérgio Carvalho e Márcia Cibilis Viana fossem convocados para o exercício do mandato.
- ↑ Renunciou em 14 de dezembro de 1990 para assumir uma cadeira no extinto Conselho de Contas dos Municípios do Rio de Janeiro, sendo efetivado Jorge Gama.
- ↑ a b Juarez Antunes foi eleito prefeito de Volta Redonda em 1988 e, no mesmo ano, Noel de Carvalho elegeu-se prefeito de Resende. Assumiram os suplentes Jaime Campos e Doutel de Andrade; com a morte deste último foi efetivado Sérgio Carvalho.
- ↑ Renunciou em 5 de abril de 1990 e em seu lugar foi efetivado Ernani Boldrim.
- ↑ Faleceu em Brasília em 3 de setembro de 1987 e em seu lugar foi efetivado Nelson Sabrá.
- ↑ Homônimo do radialista Waldir Vieira.
Referências
- ↑ a b c d e f BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1986». Consultado em 17 de maio de 2024
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional n.º 25 de 15/05/1985». Consultado em 9 de dezembro de 2013
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei Complementar n.º 20 de 01/07/1974». Consultado em 9 de dezembro de 2013
- ↑ Redação (21 de dezembro de 1981). «PP e PMDB decidem unir-se. Capa». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 9 de dezembro de 2013
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Moreira Franco». Consultado em 13 de fevereiro de 2017
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Emenda Constitucional n.º 04 de 02/09/1961». Consultado em 9 de dezembro de 2013
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados do Brasil. «Biografia do deputado Nelson Carneiro». Consultado em 13 de fevereiro de 2017
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Nelson Carneiro». Consultado em 13 de fevereiro de 2017
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 1.390 de 03/07/1951». Consultado em 28 de janeiro de 2022
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Afonso Arinos». Consultado em 13 de fevereiro de 2017
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Afonso Arinos». Consultado em 13 de fevereiro de 2017
- ↑ «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 5 de agosto de 2015. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 5 de agosto de 2015