Eleições estaduais no Paraná em 1986
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Eleições estaduais no Paraná em 1986 | ||||||
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15 de novembro de 1986 (Turno único) | ||||||
Candidato | Alvaro Dias | Alencar Furtado | ||||
Partido | PMDB | PMB | ||||
Natural de | Quatá, SP | Araripe, CE | ||||
Vice | Ary Queiroz | Jaime Lerner | ||||
Votos | 2.347.795 | 797.292 | ||||
Porcentagem | 70,69% | 24,01% | ||||
Resultado por município:
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Titular Eleito | ||||||
As eleições estaduais no Paraná em 1986 ocorreram em 15 de novembro como parte das eleições gerais no Distrito Federal, em 23 estados e nos territórios federais do Amapá e Roraima.[1] Foram eleitos o governador Alvaro Dias, o vice-governador Ary Queiroz, os senadores Afonso Camargo e José Richa, além de 30 deputados federais e 54 deputados estaduais.[nota 1]
Historiador formado em 1967 pela Universidade Estadual de Londrina, o paulista Alvaro Dias nasceu em Quatá e acompanhou a família rumo à cidade paranaense de Maringá. Antes de graduar-se, foi presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, além de trabalhar como professor, locutor, redator de radioteatro e autor de radionovelas na Rádio Paiquerê e na Rádio Atalaia.[2] Sua estreia na política aconteceu em 1968 ao eleger-se vereador em Londrina pelo MDB.[3] Eleito deputado estadual em 1970, trabalhou como jornalista na TV Tibagi e candidatou-se a prefeito de Londrina numa sublegenda do MDB num pleito vencido por seu correligionário, José Richa.[2] Nos anos seguintes foi eleito deputado federal em 1974 e 1978, ingressando no PMDB em 1980 com a restauração do pluripartidarismo.[4][5] Em 1982 foi eleito senador via sublegenda e votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985,[6][7] sendo eleito governador do Paraná em 1986 com 70,69% dos votos apurados, recorde ainda vigente. Como renunciou ao mandato parlamentar apenas em 11 de março de 1987, Alvaro Dias participou das sessões iniciais da Assembleia Nacional Constituinte que escreveu a Constituição de 1988.[8][nota 2][nota 3]
Natural de Curitiba, o engenheiro civil Ary Queiroz formou-se na Universidade Federal do Paraná dedicando-se à iniciativa privada depois da graduação.[9] Após residir nas cidades paulistas de Cajati e em São Paulo, aceitou o convite do então governador José Richa e assumiu a presidência da Companhia Paranaense de Energia, cargo ao qual renunciou a tempo de eleger-se vice-governador do Paraná pelo PMDB em 1986 na chapa de Alvaro Dias.
Eleição parlamentar no Paraná em 1986 (Senado) | ||||
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15 de novembro de 1986 Turno único | ||||
Líder | José Richa | Afonso Camargo | ||
Partido | PMDB | PMDB | ||
Natural de | São Fidélis, RJ | Curitiba, PR | ||
Votos | 1.940.047 | 1.362.835 | ||
Porcentagem | 33,79% | 23,74% | ||
Candidato mais votado por município:
José Richa | ||||
Titular(es) Eleito(s) | ||||
Resultado da eleição para governador
[editar | editar código-fonte]Conforme o arquivo do Tribunal Superior Eleitoral, foram apurados 3.321.094 votos nominais.
Candidatos a governador do estado |
Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Alvaro Dias PMDB |
Ary Queiroz PMDB |
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Alencar Furtado PMB |
Jaime Lerner PDT |
(PMB, PDT, PFL, PJ) |
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Emanuel José Appel PT |
Maria Lúcia da Silveira PT |
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Alberto Garcez PSC |
Sérgio Pereira Jr. PSC |
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Banerjo Branco PH |
Paulo Renato Coutinho PH |
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Carlos Alberto Pereira PDC |
Pedro Júlio Gipsecki PDC |
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Teolino Paixão PMC |
Maria do Carmo Brandalise PMC |
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Fontes:[1][3] |
Biografia dos senadores eleitos
[editar | editar código-fonte]José Richa
[editar | editar código-fonte]Nascido no município fluminense de São Fidélis, o odontologista José Richa foi presidente da União Paranaense dos Estudantes e do Diretório Nacional da Juventude Democrática Cristã antes de graduar-se na Universidade Federal do Paraná em 1959.[10][11] Jornalista, trabalhou no Diário do Paraná e estreou na vida pública via PDC sob a liderança de Ney Braga. Eleito deputado federal em 1962, migrou para o MDB quando o Regime Militar de 1964 outorgou o bipartidarismo, renovou o mandato em 1966.[12] Derrotado na eleição para o Senado Federal em 1970, venceu a disputa para prefeito de Londrina em 1972 e foi eleito senador graças ao mecanismo da sublegenda em 1978 e após dois anos filiou-se ao PMDB, legenda na qual venceu a eleição para governador do Paraná em 1982 e obteve um segundo mandato de senador em 1986 e como tal ajudou a escrever a Constituição de 1988.[13][8]
Afonso Camargo
[editar | editar código-fonte]Nascido em Curitiba, Afonso Camargo é contabilista e engenheiro civil graduado na Universidade Federal do Paraná em 1951 e 1952, respectivamente.[14] Neto de Afonso Camargo e genro de Fernando Flores, trabalhou no ramo imobiliário até o governador Ney Braga nomeá-lo diretor do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Paraná, presidente da Companhia de Desenvolvimento do Paraná (CODEPAR) e secretário de Justiça a partir de 1961. Filiado ao PDC, foi eleito vice-governador pela Assembleia Legislativa do Paraná em fevereiro de 1964, mas renunciou no ano seguinte e em 1966 entrou no MDB, contudo perdeu a eleição para senador para Ney Braga, com quem rompera. De volta à iniciativa privada, reconciliou-se com seus aliados de outrora e foi presidente do Banco do Estado do Paraná e secretário de Fazenda entre os governos Emílio Gomes e Jayme Canet e presidente do diretório estadual da ARENA,[15] posição na qual estava ao eleger-se senador biônico em 1978, com o apoio de Ney Braga.[16]. Após transferir-se para o PDS em 1980, aderiu ao PMDB, votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985 e foi ministro dos Transportes no Governo Sarney.[17] Reeleito senador em 1986, foi signatário da Constituição de 1988.[8]
Suplente efetivado
[editar | editar código-fonte]Leite Chaves
[editar | editar código-fonte]Paraibano de Itaporanga, o advogado Leite Chaves estudou na Universidade Federal da Paraíba antes de transferir-se para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde graduou-se em 1956 e obteve o título de Doutor em 1958.[18] Funcionário do Banco do Brasil, foi presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba antes de fixar-se na cidade paranaense de Londrina em 1959 em razão das transferências relativas à sua condição de funcionário público. Presidente do Sindicato dos Bancários do Norte do Paraná, chegou a ser preso durante alguns dias no começo do Regime Militar de 1964.[19] Empresário, estreou na vida pública ao eleger-se senador pelo MDB em 1974. Durante seu mandato ocorreu a restauração do pluripartidarismo e em razão disso ingressou no PTB em apoio a Leonel Brizola, mas logo estaria no PMDB. Eleito primeiro suplente de senador na chapa de Alvaro Dias em 1982, foi nomeado procurador-geral da Justiça Militar pelo presidente José Sarney em 10 de abril de 1986.[20] Neste mesmo ano Alvaro Dias elegeu-se governador do Paraná e assim Leite Chaves tomou posse como senador em 18 de março de 1987, figurando como subscritor da Constituição de 1988.[8][nota 4]
Resultado da eleição para senador
[editar | editar código-fonte]Dados referentes apenas aos candidatos vencedores fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral, que aponta 5.740.717 votos nominais.
Candidatos a senador da República | Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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José Richa PMDB |
Sílvio Name PMDB Hilton Colombelli PMDB |
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Afonso Camargo PMDB |
José Carlos Gomes Carvalho PMDB [nota 5] [21][22][23] |
(sublegenda 2) |
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Enéas Faria PMDB |
Milton Buabssi PMDB [nota 5] [21][22][23] |
(sublegenda 1) |
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Amadeu Geara PDT |
Paulo Braghini PDT Afonso Antoniuk PDT |
(PMB, PDT, PFL, PJ) |
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Fabiano Braga Cortes PFL |
Manoel Garcia Cid PFL Lázaro Dumont PFL |
(PMB, PDT, PFL, PJ) |
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Zélia Passos PT |
Dercy Pasqualoto PT Manoel Proença PT |
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Teresinha Depubel PL |
Hélio Pereira Cury PL Ítalo Tanaka PL |
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Rosemeri Angeli PT |
José Sotana PT Zenilda Batista Bruginski PT |
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Afonso Macedo PSC |
José Luiz de Souza Netto PSC Celso de Macedo Portugal PSC |
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Estefano Ulandowski PDC |
Maria Angélica Lima Mota Vieira PDC Expedito Geraldo da Silva PDC |
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João Carlos de Lucas PMC |
Oswaldo Rodrigues do Nascimento PMC - PMC |
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Wander Esper PH |
Jacyr Pascoal Tedesco PH - PH |
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Augusto Klopffleisch PSC |
Diogo Corrêa Falce de Macedo PSC Raul Torres Salema PSC |
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Adeloir Rossi PCdoB |
Nilton Luiz Tornero PCdoB [nota 6] - |
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Walmor Marcelino PSB |
Aydée Marchiori Weffort PSB Celso Aimbiré dos Santos PSB |
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Gumercindo Souza PDC |
Sylvio Neves da Rocha PDC Luiz Carlos Severiano Contipelli PDC |
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Mozart de Quadros PMC |
Iriberto Alves da Silveira PMC - PMC |
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Fontes:[1][24][nota 7] |
Deputados federais eleitos
[editar | editar código-fonte]São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.
Deputados estaduais eleitos
[editar | editar código-fonte]Na disputa pelas 54 vagas da Assembleia Legislativa do Paraná.
Notas
- ↑ Amapá e Roraima elegeram apenas quatro deputados federais cada.
- ↑ O recorde estabelecido por Alvaro Dias ainda vige, embora o recorde nominal de votos pertença a Ratinho Júniorː 4.243.292 votos em 2022.
- ↑ Hélio Gueiros e Marcelo Miranda viveram uma situação parecida, afinal renunciaram apenas em 13 de março de 1987 e alguns dias depois o Senado Federal empossou João Menezes e Mendes Canale como os novos senadores do Pará e Mato Grosso do Sul, respectivamente.
- ↑ Registramos a posse de Leite Chaves como senador conforme o Diário do Congresso Nacional (Seção II – p. 191) publicado em 19 de março de 1987.
- ↑ a b Se a convenção partidária escolher dois candidatos a senador, cada sublegenda indicará um suplente por candidato. Depois da eleição, o primeiro suplente será o candidato não eleito e o segundo suplente será aquele originalmente inscrito com o vencedor.
- ↑ O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná registrou apenas um suplente em sua chapa.
- ↑ Dirimindo uma conflagração interna do PMDB, o TRE/PR decidiu que o partido teria três candidatos a senadorː José Richa concorreria numa chapa em separado, enquanto Afonso Camargo e Enéas Faria disputariam a eleição em sublegenda.
- ↑ a b Borges da Silveira foi ministro da Saúde no Governo Sarney e Alceni Guerra ocupou a mesma pasta no Governo Collor. Em razão disso foram substituídos por Oswaldo Trevisan e Gilberto Carvalho, respectivamente.
Referências
- ↑ a b c d e BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1986». Consultado em 20 de maio de 2024
- ↑ a b BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Alvaro Dias no CPDOC». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ a b c BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. «Resultados das Eleições Gerais: TRE-PR». Consultado em 20 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Alvaro Dias». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.767 de 20/12/1979». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Alvaro Dias». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ Redação (16 de janeiro de 1985). «Sai de São Paulo o voto para a vitória da Aliança. Política, p. 06». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ a b c d BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1988». Consultado em 26 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Casa Civil do Paraná. «Biografia de Ary Queiroz». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de José Richa no CPDOC». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ Redação (17 de dezembro de 2003). «Morre o ex-senador José Richa». senado.leg.br. Agência Senado. Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado José Richa». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador José Richa». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Casa Civil do Paraná. «Biografia de Afonso Camargo». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Afonso Camargo». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Camargo». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ Redação (24 de março de 2011). «Morre ex-senador Affonso Camargo». senado.leg.br. Agência Senado. Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Leite Chaves». Consultado em 26 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Leite Chaves no CPDOC». Consultado em 26 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Centro de Memória do Ministério Público Militar. «Biografia de Leite Chaves». Consultado em 26 de fevereiro de 2023
- ↑ a b BRASIL. Senado Federal. «Decreto-Lei n.º 1.541 de 14/04/1977». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.543 de 14/04/1977». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.534 de 23/05/1978». Consultado em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ Redação (5 de setembro de 1986). «Richa é cabeça de chapa; Afonso vai na sublegenda de Enéas. Capa». bndigital.bn.gov.br. Correio de Notícias. Consultado em 20 de fevereiro de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 2 de setembro de 2024
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 7 de agosto de 2015