Atlas (mitologia): diferenças entre revisões
Adicionei algumas informações sobre sua condenação. |
Algumas informações sobre a condenação |
||
Linha 44: | Linha 44: | ||
== Etimologia == |
== Etimologia == |
||
⚫ | [[Imagem:MAN Atlante fronte 1040572.JPG|thumb|esquerda|''Atlas''<br><small>[[Museu Arqueológico Nacional de Nápoles]]</small>]]A [[etimologia]] do nome ''Atlas'' é incerta. [[Virgílio]] traduzia a etimologia de nomes gregos, combinando-os com adjetivos que os explicava.: para Atlas, o adjetivo é ''durus'' ("duro"),<ref>''[[Eneida]]'' iv.247: "''Atlantis duri''" e outros; ver Robert W. Cruttwell, "Virgil, Aeneid, iv. 247: 'Atlantis Duri'" ''The Classical Review'' '''59'''.1 (May 1945), p. 11.</ref> o que sugeriu a to George Doig<ref>George Doig, "Vergil's Art and the Greek Language" ''The Classical Journal'' '''64'''.1 (October 1968, pp. 1-6) p. 2.</ref> que Virgílio tinha ciência |
||
[[Imagem:MAN Atlante fronte 1040572.JPG|thumb|esquerda|''Atlas''<br><small>[[Museu Arqueológico Nacional de Nápoles]]</small>]] |
|||
⚫ | A [[etimologia]] do nome ''Atlas'' é incerta. [[Virgílio]] traduzia a etimologia de nomes gregos, combinando-os com adjetivos que os explicava.: para Atlas, o adjetivo é ''durus'' ("duro"),<ref>''[[Eneida]]'' iv.247: "''Atlantis duri''" e outros; ver Robert W. Cruttwell, "Virgil, Aeneid, iv. 247: 'Atlantis Duri'" ''The Classical Review'' '''59'''.1 (May 1945), p. 11.</ref> o que sugeriu a to George Doig<ref>George Doig, "Vergil's Art and the Greek Language" ''The Classical Journal'' '''64'''.1 (October 1968, pp. 1-6) p. 2.</ref> que Virgílio tinha ciência |
||
que o termo grego ''τλῆναι'' significa "endurecer"; Doig oferece a possibilidade adicional que Virgílio conhecesse a citação de [[Estrabão]] de que o nome nativo norte-africano da [[cordilheira do Atlas]] era ''Duris''. Uma vez que os montes Atlas estão na região habitada pelos [[berberes]], foi sugerido que o nome tenha sido tomado de uma das [[línguas berberes]], especificamente ''ádrār'' "mountanha".<ref>Estrabão, 17.3;</ref> |
que o termo grego ''τλῆναι'' significa "endurecer"; Doig oferece a possibilidade adicional que Virgílio conhecesse a citação de [[Estrabão]] de que o nome nativo norte-africano da [[cordilheira do Atlas]] era ''Duris''. Uma vez que os montes Atlas estão na região habitada pelos [[berberes]], foi sugerido que o nome tenha sido tomado de uma das [[línguas berberes]], especificamente ''ádrār'' "mountanha".<ref>Estrabão, 17.3;</ref> |
||
Tradicionalmente, linguistas históricos consideram a etimologia da palavra grega ''Ἄτλας'' ([[caso genitivo|genitivo]]: ''Ἄτλαντος'') como a junção de ''α-'' e a raiz proto-indo-europeia ''*telh₂-'' ("suportar") (também ''τλῆναι''), e que formatado como um nt-stem <ref name="Beekes">{{Cite document|title=Etymological Dictionary of Greek |volume=1 |author-link=Robert Beekes |first=Robert |last=Beekes |first2=Lucien |last2=van Beek |page=163 |year=2010 |publisher=Brill}}</ref>. Porém [[Robert Beekes]] argumenta que não pode esperar-se que esse antigo [[titã]] carregue um nome [[Línguas indo-europeias|indo-europeu]], e que a palavra é de origem pré-grega, e que tais palavras frequentemente terminam em ''-ant''.<ref name="Beekes"/> |
Tradicionalmente, linguistas históricos consideram a etimologia da palavra grega ''Ἄτλας'' ([[caso genitivo|genitivo]]: ''Ἄτλαντος'') como a junção de ''α-'' e a raiz proto-indo-europeia ''*telh₂-'' ("suportar") (também ''τλῆναι''), e que formatado como um nt-stem <ref name="Beekes">{{Cite document|title=Etymological Dictionary of Greek |volume=1 |author-link=Robert Beekes |first=Robert |last=Beekes |first2=Lucien |last2=van Beek |page=163 |year=2010 |publisher=Brill}}</ref>. Porém [[Robert Beekes]] argumenta que não pode esperar-se que esse antigo [[titã]] carregue um nome [[Línguas indo-europeias|indo-europeu]], e que a palavra é de origem pré-grega, e que tais palavras frequentemente terminam em ''-ant''.<ref name="Beekes"/> |
||
== O Castigo == |
|||
Juntando-se a outros titãs, forças do caos e da desordem, pretendiam alcançar o |
Juntando-se a outros titãs, forças do caos e da desordem, pretendiam alcançar o poder supremo e atacaram o Olimpo, combatendo ferozmente Zeus e seus aliados, que eram as energias do espírito, da ordem e do Cosmos. Zeus trinfou e castigou seus inimigos - que eram escravos da matéria e dos sentidos, inimigos da espiritualização, lançando-os ao [[Tártaro (mitologia)|Tártaro]]. |
||
Porém para Atlas deu-lhe o castigo de sustentar para sempre nos ombros, o céu. Seu nome passou a significar "portador" ou "sofredor". Assim punido, passou a morar no país das Hespérides, as três ninfas do Poente: Eagle, Eritia, Hesperatetusa. |
Porém para Atlas deu-lhe o castigo de sustentar para sempre nos ombros, o céu. Seu nome passou a significar "portador" ou "sofredor". Assim punido, passou a morar no país das [[Hespérides]], as três ninfas do Poente: Eagle, Eritia, Hesperatetusa. |
||
Nas terras das Hespérides, Ninfas do Poente, estavam plantadas as maçãs de ouro, que tinham sido o presente de casamento, oferecido pela Terra, nas bodas de Zeus e Hera. |
Nas terras das Hespérides, Ninfas do Poente, estavam plantadas as maçãs de ouro, que tinham sido o presente de casamento, oferecido pela Terra, nas bodas de Zeus e Hera. A deusa as plantara no jardim dos deuses e, para proteger a árvore e os frutos, deixara sob aguarda de um dragão de cem cabeças e das três ninfas do Poente. |
||
Hércules em seus 12 trabalhos fora incumbido de trazer as maçãs de ouro, porém soube que somente Atlas conseguiria colhê-las. Hércules se propôs a segurar o céu enquanto Atlas colhia as maçãs e ele esperava entregar pessoalmente a Eristeu. Porém, Hércules o enganou, pedindo-lhe para voltar a segurar o céu enquanto ele guardava as maçãs, e fugiu. Por esse motivo, foram |
Hércules em seus 12 trabalhos fora incumbido de trazer as maçãs de ouro, porém soube que somente Atlas conseguiria colhê-las. Hércules se propôs a segurar o céu enquanto Atlas colhia as maçãs e ele esperava entregar pessoalmente a Eristeu. Porém, Hércules o enganou, pedindo-lhe para voltar a segurar o céu enquanto ele guardava as maçãs, e fugiu. Por esse motivo, foram construídos os pilares de Hércules e Atlas foi libertado do seu fardo. |
||
Atlas passou a ser o guardião dos Pilares de Hércules, sobre os quais os céus |
Atlas passou a ser o guardião dos Pilares de Hércules, sobre os quais os céus foram colocados, e que também eram a passagem para o lar oceânico de Atlântida - o Estreito de Gibraltar, e por isso toda a cordilheira do norte da África, recebeu o nome de Cordilheira de Atlas. Tornou-se o primeiro rei de [[Atlântida (cidade antiga)|Atlântida]], e por ser o Senhor das águas distantes, além do [[Mar Mediterrâneo]], seu nome nomeou o oceano Atlântico. |
||
Casou-se com Pleione, tendo sete filhas, as Pleiades: Alcyone, Maia, Electra, Merope, Taigete, Celeno e Sterope. Por conhecer o caminho das terras distantes, na cartografia, passou a representar a coleção de mapas da Terra. E por ter sustentado o céu, deu-se o nome de Atlas à |
Casou-se com Pleione, tendo sete filhas, as [[Plêiades (mitologia)|Pleiades]]: Alcyone, [[Maia (mitologia)|Maia]], [[Electra (filha de Atlas)|Electra]], Merope, Taigete, [[Celeno (filha de Atlas)|Celeno]] e Sterope. Por conhecer o caminho das terras distantes, na [[cartografia]], passou a representar a coleção de mapas da Terra. E por ter sustentado o céu, deu-se o nome de Atlas à primeira vértebra da coluna cervical - uma referência onde suportava o gigantesco peso a que fora condenado a suportar. |
||
O mito de Atlas representa o peso das dificuldades cotidianas que pesam sobre nossos ombros e, embora possamos considerar que sejam pesados demais, o que está sobre Atlas, a |
O mito de Atlas representa o peso das dificuldades cotidianas que pesam sobre nossos ombros e, embora possamos considerar que sejam pesados demais, o que está sobre Atlas, a primeira vértebra da coluna cervical, é apenas a nossa cabeça, que guarda a nossa mente. |
||
O mito está relacionado ao excesso de incumbências, obrigações, tarefas que aceitamos e não obedecemos a um limite, e nem resguardamos um espaço para atividades relaxantes. Cremos que podemos carregar o mundo nas costas, o que pode causar danos físicos e psicológicos. O complexo de Atlas é uma das doenças relacionadas ao stress da vida moderna. |
O mito está relacionado ao excesso de incumbências, obrigações, tarefas que aceitamos e não obedecemos a um limite, e nem resguardamos um espaço para atividades relaxantes. Cremos que podemos carregar o mundo nas costas, o que pode causar danos físicos e psicológicos. O complexo de Atlas é uma das doenças relacionadas ao stress da vida moderna. |
Revisão das 19h23min de 21 de agosto de 2016
Atlas | |
---|---|
Atlas na fachada do Palácio de Linderhof | |
Cônjuge(s) | Pleione |
Pais | Jápeto e Ásia |
Irmão(s) | Prometeu, Epimeteu e Menoécio |
Filho(s) | Plêiades e hespérides |
Atlas (em grego: Άτλας), também chamado Atlante, na mitologia grega, é um dos titãs condenado por Zeus a sustentar o mundo para sempre.[1]
Era casado com Pleione, com a qual teve sete filhas conhecidas como Plêiades, bem como sete filhas que eram ninfas, as hespérides.[2]
Embora associado com vários lugares, ele tornou-se comumente identificado com a cordilheira do Atlas, no nordeste da África (atual Marrocos, Argélia e Tunísia).[3]
Atlas era filho do titã Jápeto e da oceânide Ásia[4].[5][nota 1]
Origens
Atlas é filho de Jápeto, filho de Urano e Gaia[8] e irmão de Prometeu, Epimeteu e Menoécio.[9]
Segundo Pseudo-Apolodoro, a sua mãe era Ásia,[9] filha de Oceano e Tétis.[10]
Etimologia
A etimologia do nome Atlas é incerta. Virgílio traduzia a etimologia de nomes gregos, combinando-os com adjetivos que os explicava.: para Atlas, o adjetivo é durus ("duro"),[11] o que sugeriu a to George Doig[12] que Virgílio tinha ciência
que o termo grego τλῆναι significa "endurecer"; Doig oferece a possibilidade adicional que Virgílio conhecesse a citação de Estrabão de que o nome nativo norte-africano da cordilheira do Atlas era Duris. Uma vez que os montes Atlas estão na região habitada pelos berberes, foi sugerido que o nome tenha sido tomado de uma das línguas berberes, especificamente ádrār "mountanha".[13]
Tradicionalmente, linguistas históricos consideram a etimologia da palavra grega Ἄτλας (genitivo: Ἄτλαντος) como a junção de α- e a raiz proto-indo-europeia *telh₂- ("suportar") (também τλῆναι), e que formatado como um nt-stem [14]. Porém Robert Beekes argumenta que não pode esperar-se que esse antigo titã carregue um nome indo-europeu, e que a palavra é de origem pré-grega, e que tais palavras frequentemente terminam em -ant.[14]
O Castigo
Juntando-se a outros titãs, forças do caos e da desordem, pretendiam alcançar o poder supremo e atacaram o Olimpo, combatendo ferozmente Zeus e seus aliados, que eram as energias do espírito, da ordem e do Cosmos. Zeus trinfou e castigou seus inimigos - que eram escravos da matéria e dos sentidos, inimigos da espiritualização, lançando-os ao Tártaro.
Porém para Atlas deu-lhe o castigo de sustentar para sempre nos ombros, o céu. Seu nome passou a significar "portador" ou "sofredor". Assim punido, passou a morar no país das Hespérides, as três ninfas do Poente: Eagle, Eritia, Hesperatetusa.
Nas terras das Hespérides, Ninfas do Poente, estavam plantadas as maçãs de ouro, que tinham sido o presente de casamento, oferecido pela Terra, nas bodas de Zeus e Hera. A deusa as plantara no jardim dos deuses e, para proteger a árvore e os frutos, deixara sob aguarda de um dragão de cem cabeças e das três ninfas do Poente.
Hércules em seus 12 trabalhos fora incumbido de trazer as maçãs de ouro, porém soube que somente Atlas conseguiria colhê-las. Hércules se propôs a segurar o céu enquanto Atlas colhia as maçãs e ele esperava entregar pessoalmente a Eristeu. Porém, Hércules o enganou, pedindo-lhe para voltar a segurar o céu enquanto ele guardava as maçãs, e fugiu. Por esse motivo, foram construídos os pilares de Hércules e Atlas foi libertado do seu fardo.
Atlas passou a ser o guardião dos Pilares de Hércules, sobre os quais os céus foram colocados, e que também eram a passagem para o lar oceânico de Atlântida - o Estreito de Gibraltar, e por isso toda a cordilheira do norte da África, recebeu o nome de Cordilheira de Atlas. Tornou-se o primeiro rei de Atlântida, e por ser o Senhor das águas distantes, além do Mar Mediterrâneo, seu nome nomeou o oceano Atlântico.
Casou-se com Pleione, tendo sete filhas, as Pleiades: Alcyone, Maia, Electra, Merope, Taigete, Celeno e Sterope. Por conhecer o caminho das terras distantes, na cartografia, passou a representar a coleção de mapas da Terra. E por ter sustentado o céu, deu-se o nome de Atlas à primeira vértebra da coluna cervical - uma referência onde suportava o gigantesco peso a que fora condenado a suportar.
O mito de Atlas representa o peso das dificuldades cotidianas que pesam sobre nossos ombros e, embora possamos considerar que sejam pesados demais, o que está sobre Atlas, a primeira vértebra da coluna cervical, é apenas a nossa cabeça, que guarda a nossa mente.
O mito está relacionado ao excesso de incumbências, obrigações, tarefas que aceitamos e não obedecemos a um limite, e nem resguardamos um espaço para atividades relaxantes. Cremos que podemos carregar o mundo nas costas, o que pode causar danos físicos e psicológicos. O complexo de Atlas é uma das doenças relacionadas ao stress da vida moderna.
Ver também
Notas
- ↑ Como irmã de Tétis, Hesíodo lhe chama como Clímene [6] mas a Biblioteca em vez disso lhe dá o nome Ásia,[7] assim como Lycophron (1411). É possível que o nome Ásia tenha se tornado preferido em relação ao Clímene de Hesíodo para evitar confusão como o que deve ser uma outra oceânide chamada Climene, que era mãe de Faetonte por Hélios em alguns relatos.
Referências
- ↑ «Os Principais Deuses Gregos - Deuses Gregos - Mundo Educação». Mundo Educação
- ↑ William Smith, A Dictionary of Greek and Roman biography and mythology "Atlas"
- ↑ Smith. «Atlas». Consultado em February 26, 2013 Verifique data em:
|acessodata=
(ajuda) - ↑ Pseudo-Apollodorus, Bibliotheke i.2.3.
- ↑ Hesíodo (Teogonia 359
- ↑ Hesíodo (Teogonia 507
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca 1.8
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 1.1.3 [em linha]
- ↑ a b Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 1.2.3
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 1.2.23
- ↑ Eneida iv.247: "Atlantis duri" e outros; ver Robert W. Cruttwell, "Virgil, Aeneid, iv. 247: 'Atlantis Duri'" The Classical Review 59.1 (May 1945), p. 11.
- ↑ George Doig, "Vergil's Art and the Greek Language" The Classical Journal 64.1 (October 1968, pp. 1-6) p. 2.
- ↑ Estrabão, 17.3;
- ↑ a b Beekes, Robert; van Beek, Lucien (2010). «Etymological Dictionary of Greek». Brill. 1: 163