Série 1200 da CP
A Série 1200, também conhecida como Brissonneau, Flausina, ou Máquina de Costura, foi um tipo de locomotiva a tracção diesel-eléctrica, utilizada pela operadora ferroviária Comboios de Portugal e vendida à empresa de construção Ferrovias.
História
Em meados do Século XX, a companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses procurou aumentar o seu parque de locomotivas a tracção diesel-eléctrica, de forma a substituir a frota de material motor no Sul de Portugal, até essa data constituída essencialmente por locomotivas a vapor; devido à sua experiência com material motor diesel-eléctrico de origem norte-americana, decidiu adquirir várias locomotivas de média potência, apropriada para serviços regionais e de manobras. A sua escolha recaiu sobre o modelo 040 DE da construtora francesa Brissonneau & Lotz[1], com motorização da Société Alsacienne de Constructions Mécaniques[2], já utilizadas em larga escala pelas operadoras francesa Société Nationale des Chemins de Fer Français, com a denominação de BB 63000, e espanhola Red Nacional de los Ferrocarriles Españoles, formando a Série 307.[1]
As primeiras 15 locomotivas foram montadas totalmente nas instalações da companhia Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, sob licença do construtor francês Brissonneau & Lotz, em 1961, com os números de origem 0210 a 0224, alterados pela operadora portuguesa para 1201 a 1215. Alguns anos depois, esta companhia encomendou mais 10 unidades, entregues em 1961, cuja denominação de fábrica, de 334 a 343, foi, igualmente, substituída pelos números 1216 a 1225, totalizando 25 unidades.[1] No entanto, em 2001, só restavam 12 ao serviço, tendo as restantes sofrido avarias ou acidentes graves.[2]
Foram pintadas de origem com um esquema oficial de cores azul com uma linha branca no topo, e uma zona vermelha entre os pára-choques, tendo sido as primeiras locomotivas da companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses que receberam esta decoração; adoptaram, posteriormente, o novo esquema desta operadora, com as cores laranja, branco e castanho.[1] A locomotiva número 1204 recebeu, novamente, o seu esquema original, para a sua futura preservação no Museu Nacional Ferroviário.[3]
Apesar das suas reduzidas potência e velocidade máxima as tornar mais propícias para serviços de manobras do que de linha, foram, desde o início da sua actividade, utilizadas em ambos os tipos de operações, tendo assegurado serviços Regionais entre Entroncamento e Abrantes, e Elvas e Badajoz, na Linha do Leste, entre o Barreiro e Casa Branca, na Alentejo, entre o Barreiro e a Funcheira, na Linha do Sul, e em toda a Linha do Algarve; também rebocaram composições suburbanas na Margem Sul do Tejo, entre o Barreiro, Setúbal, e Praias do Sado[2], e asseguraram, temporariamente, os serviços regionais e de outros tipos durante as obras de electrificação do troço entre as Estações de Vila Nova de Gaia e Porto-Campanhã. Foram, igualmente, utilizadas em manobras nas Estações de Santa Apolónia, Rossio e Campolide. [1]
Ficha técnica
Informações diversas
- Ano de entrada ao serviço: 1961 / 1964[2]
- Tipo de transmissão: Eléctrica
- Tipo de tracção: Diesel-eléctrica[4]
- Natureza do serviço: Linha e Manobras[4]
- Bitola de via: 1668 mm[2]
- Licença de construção: Brissonneau & Lotz[2]
- Nº de unidades construídas: 25[4]
Partes mecânicas
- Fabricante: Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas[4]
Sistemas de travagem
- Fabricante: Freins-Jourdain-Monneret
Características gerais
- Tipo da locomotiva (construtor): 040 DE
- Potência nominal (rodas): 600 Cv / 442 kW[4]
- Disposição dos rodados: Bo' Bo'[3]
- Diâmetro da rodas (novas): 1100 mm
- Número de cabinas de condução: 1 (Comando esquerda-direita)
- Transmissão (fabricante): Brissonneau & Lotz
- Freio pneumático: Ar-Vácuo para comp.
- Areeiros (número): 4
- Sistema de homem morto: Brissonneau & Lotz
- Fabricante dos lubrificadores de verdugos: Lubrovia
- Fabricante e tipo de registrador de velocidade: Hasler 1201-1215 RBM / 1216-1225
Características de funcionamento
- Velocidade máxima: 80 km/h[4]
- Esforço de tracção:
- No arranque: 16 000 kg (U=0,25)
- No regime contínuo: 12 200 kg
- Velocidade correspondente ao regime contínuo: 13 km/h
- Esforço de tracção à velocidade máxima: 1800 kg
- Freio dinâmico:
- Esforço máximo das rodas: Não tem
- Velocidade correspondente: Não tem
Pesos
- Pesos (vazio) (T):
- Motor diesel: 4,30
- Gerador principal: 3,70
- Motor de tracção: 2,30
- Bogies completos: 2 x 14
- Total: 38,30
- Pesos (aprovisionamentos) (T):
- Combustível: 2,500
- Óleo do diesel: 0,133
- Água de refrigeração: 0,365
- Areia: 0,450
- Pessoal e ferramentas: 0,200
- Total: 3,648
- Pesos (total) (T):
- Peso em tara: 61,10
- Peso em ordem de marcha: 64,70
- Peso aderente: 64,70
Motor diesel de tracção
- Fabricante: Société Alsacienne de Constructions Mécaniques
- Quantidade: 1
- Tipo: M.G.O.V 12 ASHR
- Número de tempos: 4
- Disposição e número de cilindros: 12 v
- Diâmetro e curso: 175x180/192 mm
- Cilindrada total: 54 I
- Sobrealimentação: Sim
- Potência nominal (U. I. C.): 825 cv[3]
- Velocidade nominal: 1500 rpm
- Potência de utilização: 825 cv
Transmissão de movimento
- Fabricante: Société Alsacienne de Constructions Mécaniques
- Tipo: 1 - Gerador CC B.L. 668 - 31; 4 - Motores de Tracção 453 - 29
- Características essenciais: Suspensão pelo nariz; ventilação forçada; relação das engrenagens: 69:16
Equipamento de aquecimento eléctrico
- Construtor: Não tem
- Características essenciais: Não tem
Lista de material (2001)[2]
- 1201: Em serviço
- 1202: Abatida
- 1203: Parqueada
- 1204: Abatida (prevista a integração no Museu Nacional Ferroviário
- 1205: Parqueada
- 1206: Parqueada
- 1207: Parqueada
- 1208: Em serviço
- 1209: Abatida
- 1210: Em serviço
- 1211: Parqueada
- 1212: Em serviço
- 1213: Em serviço
- 1214: Em serviço
- 1215: Abatida após ter sofrido um acidente junto a Estômbar, na Linha do Algarve
- 1216: Parqueada
- 1217: Em serviço
- 1218: Em Serviço
- 1219: Abatida
- 1220: Em serviço
- 1221: Em serviço
- 1222: Parqueada
- 1223: Parqueada
- 1224: Em serviço
- 1225: Em serviço
Referências
- ↑ a b c d e BRASÃO, Carlos (1995). «Las "Flausinas" en HO o la transformación del modelo ROCO». Madrid: A. G. B., s. l. Maquetren (em espanhol). 4 (36): 26, 28. ISSN 1132-2063
- ↑ a b c d e f g CONCEIÇÃO, Marcos A. (2001). «Caminhos de Ferro Portugueses: Cambios en la Tracción». Madrid: Revistas Profesionales. Maquetren (em espanhol). 10 (100): 74, 76
- ↑ a b c ERUSTE, Manuel Galán (1998). «Exposición ferroviaria: 50 Años de la Traccion Diesel en Portugal». Madrid: Revistas Profesionales. Maquetren (em espanhol). 6 (71). 20 páginas Erro de citação: Código
<ref>
inválido; o nome "Maquetren2" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes - ↑ a b c d e f «CP withdrawn locomotives» (em inglês). Railfaneurope. 16 de Julho de 2010. Consultado em 15 de Fevereiro de 2011
Ver também
Ligações externas