Notícia do Brasil

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Notícia do Brasil
Tratado descritivo do Brasil
Autor(es) Gabriel Soares de Sousa
Idioma língua portuguesa
País Brasil
Gênero Literatura de informação
Lançamento 1587

Notícia do Brasil, também conhecido como Tratado Descritivo do Brasil e Descrição verdadeira de todo o Estado pertencente à Coroa de Portugal, da fertilidade dessa província, de todas as aves, animais, peixes, bichos, plantas, que nelas há, e dos costumes dos seus naturais, é uma das obras capitais do século XVI sobre o Brasil. Foi escrito por Gabriel Soares de Sousa e publicado em 1587.

Comentários[editar | editar código-fonte]

Francisco Adolfo de Varnhagen, se o encareceu, não o exagerou demasiado escrevendo, ele que mais do que ninguém o estudou e conheceu:

Como corógrafo o mesmo é seguir o roteiro de Soares que o de Pimentel ou de Roussin; em topografia ninguém melhor do que ele se ocupou da Bahia; como fitólogo faltam-lhe naturalmente os princípios da ciência botânica; mas Dioscórides e Plínio, o Velho não explicam melhor as plantas do velho mundo que Soares as do novo, que desejava fazer conhecidas. A obra contemporânea que o jesuíta José de Acosta publicou em Sevilha em 1590, com o título de 'História natural e moral das Índias' e que tanta celebridade chegou a adquirir, bem que pela forma e assuntos se possa comparar à de Soares, é-lhe muito inferior quanto à originalidade e cópia de doutrina. O mesmo dizemos das de Francisco Lopes de Câmara e de Gonzalo Fernández de Oviedo. O grande Azara, com o talento natural que todos lhe reconhecem, não tratou instintivamente, no fim do século passado, da zoologia austro-americana melhor que o seu predecessor português; e numa etnografia geral de povos bárbaros, nenhumas páginas poderão ter mais cabida pelo que respeita ao Brasil, o que nos legou o senhor do engenho das vizinhanças de Jequiriçá. Causa pasmo como a atenção de um só homem pôde ocupar-se em tantas cousas 'que juntas se veem raramente', como as que se contêm na sua obra, que trata a um tempo, em relação ao Brasil, de geografia, de história, de topografia, de hidrografia, de agricultura entretrópica, de horticultura brasileira, de matéria médica indígena em todos os seus ramos e até de mineralogia.

Não é excessivo este juízo, e quem o emitia tinha competência para o fazer.

Diz o autor da obra "Brasiliana da Biblioteca Nacional":

O grande valor histórico e etnográfico desse texto é o de ter conseguido o milagre de ter retirado seu autor do anonimato a que fora relegado por cerca de três séculos. Gabriel Soares de Sousa é uma das principais figuras lusitanas que souberam perceber o sentido grandioso, ufanista, da terra brasileira como 'novo reino, pois está capaz para se edificar nele um grande império, o qual com pouca despesa destes reinos se fará tão soberano que seja um dos Estados do mundo'.

E ainda:

é um dos livros capitais sobre o Brasil quinhentista como literatura de informação pois registra de maneira quase enciclopédica a natureza e o homem nos trópicos, servindo de modelo a inúmeras obras que lhe seguiram os passos. Não se conhece o original nas circulou por meio de várias cópias anônimas até que Francisco Adolfo de Varnhagen preparasse a sua primeira edição completa publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com o título Tratado descritivo do Brasil, em 1851. Varnhagen continuou a trabalhar no texto do Tratado e em 1879 lançou em livro outra edição mais correta e com aditamento.

Conteúdo do livro[editar | editar código-fonte]

Primeira parte: Roteiro geral da costa brasílica[editar | editar código-fonte]

Segunda parte: Memorial e declaração das grandezas da Bahia[editar | editar código-fonte]

Título 1 — História da colonização da Bahia[editar | editar código-fonte]
Título 2 — Descrição topográfica da Bahia[editar | editar código-fonte]
  • 6. Clima da Bahia: curso dos ventos na costa e das águas nas monções
  • 7. Cidade do Salvador
  • 8. Sítio da cidade
  • 9. Como corre esta da Sé (da cidade do Salvador) por diante
  • 10. Como se segue por este rumo até o cabo
  • 11. Como corre a mesma da banda da praça para a banda do sul
  • 12. Outras partes que a cidade tem para se notar
  • 13. Como se tratam os moradores do Salvador e algumas qualidades suas
  • 14. Como se pode defender a Bahia com mais facilidade
Título 3 — Da enseada da Bahia, suas ilhas, recôncavos, ribeiros e engenhos[editar | editar código-fonte]
  • 15. Grandes qualidades que tem a Bahia
  • 16. Barras que tem e como está arrumada a ilha de Itaparica
  • 17. Como se navega para entrar na baía
  • 18. Tamanho do mar da baia e de algumas ilhas
  • 19. Terra da Bahia, da cidade até a ponta de Tapagipe, e suas ilhas
  • 20. Engenhos de açúcar de Pirajá
  • 21. Fazendas que há da barra de Pirajá até o rio de Matoim
  • 22. Tamanho do rio de Matoim e engenhos que tem
  • 23. Feição da terra da boca de Matoim até o esteiro de Mataripe e mais engenhos
  • 24. Da terra da boca do esteiro do Mataripe até a ponta de Marapé e dos engenhos que em si tem
  • 25. Rio de Seregipe e terra dele à boca do Paraguaçu
  • 26. Grandeza do rio Paraguaçu e seus engenhos
  • 27. Terra do rio de Paraguaçu tocante à capitania de D. Álvaro
  • 28. Como corre a terra do rio de Paraguaçu ao longo do mar da Bahia até a boca do Jaguaripe e por este rio acima
  • 29. Tamanho e formosura do rio Irajuí e seus recôncavos
  • 30. Da boca da barra de Jaguaripe até Juquirijape e daí até o rio Una
  • 31. Do rio Una até Tinharé e da ilha de Taparica, com outras ilhas
  • 32. Quantas igrejas, engenhos e embarcações tem a Bahia
  • 33. Fertilidade da Bahia e como se nela dá o gado
Título 4 — Da agricultura da Bahia[editar | editar código-fonte]
Título 5 — Das árvores e plantas indígenas que dão fruto que se come[editar | editar código-fonte]
  • 52. De algumas árvores que dão frutos
  • 53. Da árvore dos umbus
  • 54. De algumas árvores de frutos afastadas do mar; sapucaia, piquiá, macugé, jenipapo, etc.
  • 55. Em que se contêm muitas castas de palmeiras, que dão fruto
  • 56. Ervas que dão fruto
  • 57. Dos ananases
Título 6 — Das árvores medicinais[editar | editar código-fonte]
Título 7 — Das ervas medicinais[editar | editar código-fonte]
  • 61. Das ervas de virtude: tabaco, etc.
  • 62. Como se cria o algodão e de sua virtude e de outros arbustos
  • 63. Virtudes de outras ervas menores
Título 8 — Das árvores reais e paus de lei[editar | editar código-fonte]
  • 64. Do vinhático e cedro
  • 65. Do pequi e de outras madeiras reais
  • 66. Em que se acaba a informação das árvores reais
Título 9 — Das árvores meãs com diferentes propriedades, dos cipós e folhas úteis[editar | editar código-fonte]
  • 67. Da camaçari e guanandi
  • 68. Das árvores que dão a embira
  • 69. De algumas árvores muito duras
  • 70. Árvores que se dão ao longo do mar
  • 71. De algumas árvores moles
  • 72. Algumas árvores de cheiro
  • 73. Arvores de que se fazem remos e hastes de lanças
  • 74. Algumas árvores que têm ruim cheiro
  • 75. Árvores que dão frutos silvestres, que se não comem
  • 76. Dos cipós e para o que servem
  • 77. Folhas proveitosas que se criam no mato
Título 10 — Das aves[editar | editar código-fonte]
Título 11 — Da entomologia brasílica[editar | editar código-fonte]
Título 12 — Dos mamíferos terrestres e anfíbios[editar | editar código-fonte]
Título 13 — Da herpetografia e dos batráquios e vá[editar | editar código-fonte]
Título 14 — De vários himenópteros, etc.[editar | editar código-fonte]
Título 15 — Dos mamíferos marinhos e dos peixes do mar, camarões, etc.[editar | editar código-fonte]
  • 125. Das baleias
  • 126. Do espadarte e de outro peixe não conhecido que deu à costa
  • 127. Do que o autor julgava homens marinhos
  • 128. Do peixe-serra, tubarões, toninhas e lixas
  • 129. Do peixe-boi
  • 130. Dos peixes prezados e grandes
  • 131. Dos meros, cavalas, pescadas e xaréus
  • 132. Dos peixes de couro
  • 133. Das albacoras, bonitos, dourados, corvinas, etc.
  • 134. Peixes que se tomam em redes
  • 135. Algumas castas de peixe medicinal
  • 136. De alguns peixes que se criam na lama e andam sempre no fundo
  • 137. Da qualidade de alguns peixinhos e dos camarões
Título 16 — Dos crustáceos, moluscos, zoófitos, equinodermos, etc., e dos peixes de água doce[editar | editar código-fonte]
  • 138. Dos lagostins e uçás
  • 139. Diversas castas de caranguejos
  • 140. Das ostras
  • 141. De outros mariscos
  • 142. Da diversidade de búzios
  • 143. Estranhezas que o mar cria na Bahia
  • 144. Dos peixes de água doce
  • 145. Do marisco que se cria na água doce
  • 146. Dos caranguejos-do-mato
Título 17 — Notícia etnográfica do gentio tupinambá que povoava a Bahia[editar | editar código-fonte]
  • 147. Que trata de quais foram os primeiros povoadores da Bahia
  • 148. Proporção e feição dos tupinambás e como se dividiram logo
  • 149. Como se dividiram os tupinambás
  • 150. Linguagem dos tupinambás
  • 151. Das aldeias e seus principais
  • 152. Maneiras dos casamentos dos tupinambás e seus amores
  • 153. Dos enfeites deste gentio
  • 154. Da criação que os tupinambás dão aos filhos e o que fazem quando lhes nascem
  • 155. O com que os tupinambás se fazem bizarros
  • 156. Da luxúria destes bárbaros
  • 157. Das cerimônias que usam os tupinambás nos seus parentescos
  • 158. Do modo de comer e beber dos tupinambás
  • 159. Modo da granjearia dos tupinambás e de suas habilidades
  • 160. De algumas habilidadese costumes dos tupinambás
  • 161. Dos feiticeiros e dos que comem terra para se matarem
  • 162. Das saudades dos tupinambás e como choram e cantam
  • 163. Como os tupinambás agasalham os hóspedes
  • 164. Do uso que os tupinambás têm em seus conselhos e das cerimônias que neles usam
  • 165. De como este gentio se cura em suas enfermidades
  • 166. Do grande conhecimento que os tupinambás têm da terra
  • 167. Como os tupinambás se apercebem para irem à guerra
  • 168. Como os tupinambás dão em seus contrários
  • 169. Como os contrários dos tupinambás dão sôbre eles, quando se recolhem
  • 170. Como o tupinambá que matou o contrário toma logo nome e as cerimônias que nisso fazem
  • 171. Do tratamento que os tupinambás fazem aos que cativam e a mulher que lhes dão
  • 172. Da festa e aparato que os tupinambás fazem para matarem em terreiro a seus contrários
  • 173. De como se enfeita e aparata o matador
  • 174. O que os tupinambás fazem do contrário que mataram
  • 175. Das cerimônias que os tupinambás fazem quando morre algum e como o enterram
  • 176. Sucessor ao principal que morreu e das cerimônias que faz sua mulher e as que se fazem por morte dela também
  • 177. De como entre os tupinambás há muitos mamelucos que descendem dos franceses e de um índio que se achou, muito alvo
Título 18 — Informações etnográficas acerca de outras nações vizinhas da Bahia, como tupinaés, aimorés, amoipíras, ubirajaras, etc.[editar | editar código-fonte]
  • 178. Dos tupinaés
  • 179. Costumes e trajes dos tupinaés
  • 180. Quem são os amoipíras e onde vivem
  • 181. Vida e costumes dos amoipiras
  • 182. Da vivenda dos ubirajaras e seus costumes
  • 183. Da terra que os tapuias possuíram
  • 184. De quem são os maracás
  • 185. Sítio em que vivem outros tapuias e parte de seus costumes
  • 186. Alguns outros costumes
Título 19 — Recursos da Bahia para defender-se[editar | editar código-fonte]
  • 187. Pedra para fortificações
  • 188. Cômodo para se poder fazer cal, e como se faz
  • 189. Dos aparelhos para se fazerem grandes armadas
  • 190. Mais aparelhos para se fazerem armadas
  • 191. Aparelhos que faltam para as embarcações
  • 192. Dito para se fazer pólvora, picaria e armas
Título 20 — Metais e pedras preciosas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]