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Difteria: diferenças entre revisões

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O antídoto foi pela primeira vez desenvolvido pelo médico alemão [[Emil Adolf von Behring|Emil von Behring]], cerca de [[1890]], pelo que ganhou o [[Prémio Nobel]] da Medicina e Fisiologia. A vacina foi desenvolvida em [[1894]], pelo médico francês [[Émile Roux]].
O antídoto foi pela primeira vez desenvolvido pelo médico alemão [[Emil Adolf von Behring|Emil von Behring]], cerca de [[1890]], pelo que ganhou o [[Prémio Nobel]] da Medicina e Fisiologia. A vacina foi desenvolvida em [[1894]], pelo médico francês [[Émile Roux]].
Pegaram Lucas Matheus transando com estafilococos


== [[Corynebacterium]] diphteriae ==
== [[Corynebacterium]] diphteriae ==

Revisão das 15h09min de 6 de setembro de 2012

Corynebacterium diphteriae

A difteria ou crupe é uma doença infectocontagiosa causada pela toxina do bacilo Corynebacterium diphteriae, que provoca inflamação da mucosa da garganta, do nariz e, às vezes, da traqueia e dos brônquios.

História

Difteria vem do grego diphthera, literalmente "par de fitas em couro (cabedal)", uma alusão à pseudomembrana aderente vista no fundo da boca dos doentes, um nome escolhido pelo médico alemão Friedrich Loeffler em 1855.

A difteria foi, antes da era das vacinas, uma das doenças mais temidas e prevalentes, com epidemias mortíferas. Cerca 80% das crianças da Nova Inglaterra, EUA, morreram vítimas da doença. Nos anos 1920, houve muitos casos por todo o mundo, e 15 300 mortes só nos EUA.

O antídoto foi pela primeira vez desenvolvido pelo médico alemão Emil von Behring, cerca de 1890, pelo que ganhou o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia. A vacina foi desenvolvida em 1894, pelo médico francês Émile Roux. Pegaram Lucas Matheus transando com estafilococos

Corynebacterium diphteriae

A Corynebacterium diphteriae é uma bactéria com formas pleomórficas bacilares Gram-positivas, agrupando-se em configurações semelhantes a "caracteres chineses".

A Corynebacterium diphteriae não é invasiva e limita-se à multiplicação local na faringe. Contudo, a doença tem efeitos sistémicos potencialmente mortais, devido à produção e disseminação pelo sangue da sua poderosa toxina da difteria. Só as bactérias que estiverem elas próprias infectadas por um fago, que contém o gene da toxina, podem produzi-la e, portanto, causar a doença. A toxina é do tipo AB. A região B é específica para um receptor membranar existente nas células alvo, provocando após acoplagem a internalização da toxina por endocitose. A região A tem a atividade tóxica propriamente dita: ela bloqueia irreversivelmente o sistema da síntese de novas proteínas (tem atividade de ADP ribosil transferase, ribosila o factor de enlongação eEF2, impedindo a tradução no ribossoma), o que inevitavelmente provoca a morte celular.

A bactéria localiza-se nas vias aéreas superiores, formando-se na orofaringe a placa diftérica (pseudomembrana) que se apresenta com colaboração branco-acinzentado / branco-amarelada, recobrindo inclusive as amígdalas. A infecção pode estender-se às fossas nasais, laringe, traqueia e brônquios.

Modo de transmissão

Contato direto da pessoa doente ou do portador com pessoa suscetível (gotículas de secreção eliminadas por tosse, espirro ou ao falar). A transmissão por objetos recém contaminados com secreções do doente ou de lesões em outras localizações é pouco frequente. Outra forma de transmissão importante é através do consumo de leite cru.

Progressão e sintomas

O período de incubação é de três a cinco dias. A Corynebacterium diphteriae coloniza inicialmente as amígdalas (tônsilas) e a faringe, onde se multiplica desenvolvendo-se uma pseudomembrana de pus vísivel no fundo da boca dos individuos afectados. Também pode infectar o nariz, e a conjunctiva, assim como raramente, feridas noutras localizações. É uma possibilidade preocupante que a pseudomembrana, devido suas exotoxinas e endotoxianas, provoca uma inflamação localizada desenvolvendo um edema maciço da mucosa e provocando obstrução, fato denominado pescoço de touro,o que impede o lúmen do tubo respiratório, levando à asfixia, o que não é raro em crianças pequenas. A faringite produz sintomas como dor de garganta, febre baixa, tosse, fadiga, dificuldade em deglutir e náuseas. As crianças podem ter febres altas. Os gânglios linfáticos regionais (no pescoço) ficam muito inchados.

A produção da toxina e sua liberação sanguinea levam à morte celular, principalmente nos órgãos de alta perfusão, como fígado, rins, glândulas adrenais, coração, e nervos. Os órgãos afectados podem ficar insuficientes (com risco de morte) e os órgãos inervados pelos nervos paralisados. Sintomas da intoxicação sistémica podem incluir cardiomiopatia, hipotensão, paralisia de músculos e de nervos sensitivos.

A mortalidade total é de 5-10%, 20% em crianças pequenas.

Diagnóstico

Na imensa maioria das vezes é feito apenas clinicamente e iniciado seu tratamento assim que suspeitado, devido a imensa letalidade da mesma. A cultura e observação microscópica e através de testes bioquímicos do patogénio recolhido de amostras do exudado faringeal é importante na confirmação. Faz-se também por identificação da toxina, através do teste de Elek. Este teste consiste numa reação de imunodifusão (identificação da toxina no soro do doente através de anticorpos exógenos específicos para a toxina), além do teste de suscetibilidade imunológica à toxina pelo teste intradérmico de Schick.

Tratamento

Em casos mais severos de difteria os nódulos linfáticos no pescoço podem inchar, e fica difícil respirar e engolir. Pessoas nesse estágio devem procurar ajuda médica imediatamente, uma vez que a obstrução da garganta pode requerer traqueotomia. Ainda, uma elevação na frequência de batimentos do coração pode causar parada cardíaca. Difteria também pode causar paralisia no olhos, pescoço, garganta ou músculos do aparelho respiratório.

Prevenção

A prevenção, através de vacina, evita o surgimento da doença, que se tornou rara nos países com sistemas de vacinação eficientes. A vacina consiste na administração de toxoide, um análogo da toxina sem funções tóxicas. O sistema imunológico reage produzindo plasmócitos produtores de anticorpos contra o toxoide, e são geradas células de memória, que caso a doença surja no futuro se diferenciam rapidamente em inúmeros plasmócitos que destroem a toxina e o invasor antes que os sintomas e danos surjam.

Se há obstrução do canal respiratório pelo exudado, deve-se fazer traqueostomia (incisão de canal da traqueia para o exterior) de emergência.

Em doentes, administra-se antídoto, que é constituído por anticorpos recombinantes (produzidos em leveduras) humanos, que inativam a toxina no sangue. São também usados antibióticos, especialmente penicilina e eritromicina, para destruir as bactérias produtoras da toxina.