Guerra de Troia: diferenças entre revisões

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[[Imagem:J G Trautmann Das brennende Troja.jpg||thumb|right|300px|A queda de Tróia, por Johann Georg Trautmann (1713–1769). Da coleção dos granduques of Baden, Karlsruhe.]]
[[Imagem:Helen of Troy.jpg|thumb|[[Helena de Tróia|Helena]] de [[Tróia]]]]


A '''guerra de Tróia''' foi um episódio sangrento da [[Idade Antiga|antiguidade]], que teve lugar muito provavelmente entre [[Segundo milénio a.C.|1300 a.C.]] e 1200 a.C, que culminou com a destruição da [[cidade-Estado|cidade]] de [[Tróia]] e facilitou o fim da [[Idade do Bronze]] no [[Mar Mediterrâneo|Mediterrâneo]]. A causa daquele conflito de mais de dez anos foi o rapto de [[Helena (mitologia)|Helena]], [[rainha]] de [[Esparta]], por [[Páris]], [[príncipe]] de Tróia. Segundo a [[mitologia]], a cidade de Tróia acabou por ser tomada, após um longo cerco, através de um estratagema (o [[Cavalo de Tróia]]), engendrado por [[Odisseu]] (Ulisses).
A '''guerra de Tróia''' foi um episódio sangrento da [[Idade Antiga|antiguidade]], que teve lugar muito provavelmente entre [[Segundo milénio a.C.|1300 a.C.]] e 1200 a.C, que culminou com a destruição da [[cidade-Estado|cidade]] de [[Tróia]] e facilitou o fim da [[Idade do Bronze]] no [[Mar Mediterrâneo|Mediterrâneo]]. A causa daquele conflito de mais de dez anos foi o rapto de [[Helena (mitologia)|Helena]], [[rainha]] de [[Esparta]], por [[Páris]], [[príncipe]] de Tróia. Segundo a [[mitologia]], a cidade de Tróia acabou por ser tomada, após um longo cerco, através de um estratagema (o [[Cavalo de Tróia]]), engendrado por [[Odisseu]] (Ulisses).
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A guerra de Tróia se deu quando os [[aqueus]] atacaram Tróia, para recuperar Helena, raptada por Páris. Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos, que compartilhavam uma cultura e língua comuns, mas na época se enxergavam como vários reinos, e não como um povo só.
A guerra de Tróia se deu quando os [[aqueus]] atacaram Tróia, para recuperar Helena, raptada por Páris. Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos, que compartilhavam uma cultura e língua comuns, mas na época se enxergavam como vários reinos, e não como um povo só.


[[Imagem:Helene Paris David.jpg|thumb|Helena e Páris]]
A [[lenda]] conta que a [[deusa]] ([[Ninfa (mitologia)|ninfa]]) do [[mar]] [[Tétis]] era desejada como esposa por [[Zeus]] e por [[Posídon]]. Porém [[Prometeu (mitologia)|Prometeu]] fez uma profecia que o filho da deusa seria maior que seu pai, então os deuses resolveram dá-la como esposa a [[Peleu]], um mortal já idoso, intencionando enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos foi [[Aquiles]], e sua mãe, visando fortalecer sua natureza mortal, o mergulhou quando ainda bebê nas águas do mitológico rio [[Estige]]. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde a mãe o segurou para mergulhá-lo no rio (daí a expressão “[[Tendão de Aquiles|calcanhar de Aquiles]]”, significando ponto vulnerável). Aquiles se torna o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda é mortal. Mais tarde, sua mãe profetisa que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Tróia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, porém ser logo esquecido. Aquiles escolhe a glória.
A [[lenda]] conta que a [[deusa]] ([[Ninfa (mitologia)|ninfa]]) do [[mar]] [[Tétis]] era desejada como esposa por [[Zeus]] e por [[Posídon]]. Porém [[Prometeu (mitologia)|Prometeu]] fez uma profecia que o filho da deusa seria maior que seu pai, então os deuses resolveram dá-la como esposa a [[Peleu]], um mortal já idoso, intencionando enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos foi [[Aquiles]], e sua mãe, visando fortalecer sua natureza mortal, o mergulhou quando ainda bebê nas águas do mitológico rio [[Estige]]. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde a mãe o segurou para mergulhá-lo no rio (daí a expressão “[[Tendão de Aquiles|calcanhar de Aquiles]]”, significando ponto vulnerável). Aquiles se torna o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda é mortal. Mais tarde, sua mãe profetisa que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Tróia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, porém ser logo esquecido. Aquiles escolhe a glória.


[[Imagem:Helene Paris David.jpg|thumb|Helena e Páris]]
Para o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados, menos [[Éris]] (ou Discórdia). Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “À mais bela”. As deusas [[Hera]], [[Atena]] e [[Afrodite]] disputaram o título de mais bela e o pomo. Zeus não quis ser o juiz, para não descontentar duas das deusas, então ordenou que o príncipe troiano Páris, à época sendo criado como um [[pastor]] ali perto, resolvesse a disputa. Para ganhar o título de “mais bela”, Atena ofereceu a Páris poder na batalha e sabedoria, Hera ofereceu riqueza e poder e Afrodite, o amor da mulher mais bela do mundo. Páris deu o pomo à Afrodite, ganhando sua proteção e o ódio das outras duas deusas contra si e contra Tróia.
Para o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados, menos [[Éris]] (ou Discórdia). Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “À mais bela”. As deusas [[Hera]], [[Atena]] e [[Afrodite]] disputaram o título de mais bela e o pomo. Zeus não quis ser o juiz, para não descontentar duas das deusas, então ordenou que o príncipe troiano Páris, à época sendo criado como um [[pastor]] ali perto, resolvesse a disputa. Para ganhar o título de “mais bela”, Atena ofereceu a Páris poder na batalha e sabedoria, Hera ofereceu riqueza e poder e Afrodite, o amor da mulher mais bela do mundo. Páris deu o pomo à Afrodite, ganhando sua proteção e o ódio das outras duas deusas contra si e contra Tróia.


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Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática, apaixonou-se por Helena e ambos fugiram para Tróia, enfurecendo Menelau. Este apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamenon então assumiu o comando de um exército de mil [[nau]]s e atravessou o [[mar]] [[Egeu (mar)|Egeu]] para atacar Tróia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima a Tróia e iniciaram um cerco que iria durar dez anos e custaria a vida a muitos heróis de ambos os lados. Dois dos mais notáveis heróis a perderem a vida na guerra de Tróia foram Heitor e Aquiles.
Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática, apaixonou-se por Helena e ambos fugiram para Tróia, enfurecendo Menelau. Este apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamenon então assumiu o comando de um exército de mil [[nau]]s e atravessou o [[mar]] [[Egeu (mar)|Egeu]] para atacar Tróia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima a Tróia e iniciaram um cerco que iria durar dez anos e custaria a vida a muitos heróis de ambos os lados. Dois dos mais notáveis heróis a perderem a vida na guerra de Tróia foram Heitor e Aquiles.


[[Imagem:BarocciAeneas.jpg|thumb|right|250px|''Enéas fugindo do incêndio de Tróia'' [[Federico Barocci]], 1598 [[Galleria Borghese]], Roma]]
Finalmente, a cidade foi tomada graças ao artifício concebido por Odisseu (Ulisses): fingindo terem desistido da guerra, os gregos embarcaram em seus navios, deixando na praia um enorme cavalo de madeira, que os troianos decidiram levar para o interior de sua cidade, como símbolo de sua vitória, apesar das advertências de [[Cassandra]]. À noite, quando todos dormiam, os soldados gregos, que se escondiam dentro da estrutura ôca de madeira do cavalo, saíram e abriram os portões para que todo o exército (cujos navios haviam retornado, secretamente, à praia), invadisse a cidade. Apanhados de surpresa, os troianos foram vencidos e a cidade incendiada. As mulheres (inclusive a raínha [[Hécuba]], a princesa Cassandra e [[Andrômaca]], viúva de Heitor) foram escravizadas. O rei [[Príamo]] e maioria dos homens foram mortos (um dos poucos sobreviventes foi [[Enéas]]).
Finalmente, a cidade foi tomada graças ao artifício concebido por Odisseu (Ulisses): fingindo terem desistido da guerra, os gregos embarcaram em seus navios, deixando na praia um enorme cavalo de madeira, que os troianos decidiram levar para o interior de sua cidade, como símbolo de sua vitória, apesar das advertências de [[Cassandra]]. À noite, quando todos dormiam, os soldados gregos, que se escondiam dentro da estrutura ôca de madeira do cavalo, saíram e abriram os portões para que todo o exército (cujos navios haviam retornado, secretamente, à praia), invadisse a cidade. Apanhados de surpresa, os troianos foram vencidos e a cidade incendiada. As mulheres (inclusive a raínha [[Hécuba]], a princesa Cassandra e [[Andrômaca]], viúva de Heitor) foram escravizadas. O rei [[Príamo]] e maioria dos homens foram mortos (um dos poucos sobreviventes foi [[Enéas]]).



Revisão das 11h10min de 20 de outubro de 2008

A queda de Tróia, por Johann Georg Trautmann (1713–1769). Da coleção dos granduques of Baden, Karlsruhe.

A guerra de Tróia foi um episódio sangrento da antiguidade, que teve lugar muito provavelmente entre 1300 a.C. e 1200 a.C, que culminou com a destruição da cidade de Tróia e facilitou o fim da Idade do Bronze no Mediterrâneo. A causa daquele conflito de mais de dez anos foi o rapto de Helena, rainha de Esparta, por Páris, príncipe de Tróia. Segundo a mitologia, a cidade de Tróia acabou por ser tomada, após um longo cerco, através de um estratagema (o Cavalo de Tróia), engendrado por Odisseu (Ulisses).

Os gregos antigos acreditavam que a guerra de Tróia era um fato histórico, ocorrido no período micênico, mas durante séculos os estudiosos tiveram dúvidas se ela de fato ocorreu. Até à descoberta do sítio arqueológico na Turquia, por Heinrich Schliemann, acreditava-se que Tróia era uma cidade mitológica.

A Ilíada, de Homero, descreve os acontecimentos finais da guerra, que incluem as mortes de Pátroclo, Heitor e Ájax (que se matou com a espada que Heitor lhe havia presenteado). A obra Odisséia é a continuação da Ilíada, que conta a volta de Odisseu (Ulisses) a Ítaca, onde passou mais dez anos até chegar a seu destino.

Mito

A guerra de Tróia se deu quando os aqueus atacaram Tróia, para recuperar Helena, raptada por Páris. Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos, que compartilhavam uma cultura e língua comuns, mas na época se enxergavam como vários reinos, e não como um povo só.

Helena e Páris

A lenda conta que a deusa (ninfa) do mar Tétis era desejada como esposa por Zeus e por Posídon. Porém Prometeu fez uma profecia que o filho da deusa seria maior que seu pai, então os deuses resolveram dá-la como esposa a Peleu, um mortal já idoso, intencionando enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos foi Aquiles, e sua mãe, visando fortalecer sua natureza mortal, o mergulhou quando ainda bebê nas águas do mitológico rio Estige. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde a mãe o segurou para mergulhá-lo no rio (daí a expressão “calcanhar de Aquiles”, significando ponto vulnerável). Aquiles se torna o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda é mortal. Mais tarde, sua mãe profetisa que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Tróia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, porém ser logo esquecido. Aquiles escolhe a glória.

Para o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados, menos Éris (ou Discórdia). Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “À mais bela”. As deusas Hera, Atena e Afrodite disputaram o título de mais bela e o pomo. Zeus não quis ser o juiz, para não descontentar duas das deusas, então ordenou que o príncipe troiano Páris, à época sendo criado como um pastor ali perto, resolvesse a disputa. Para ganhar o título de “mais bela”, Atena ofereceu a Páris poder na batalha e sabedoria, Hera ofereceu riqueza e poder e Afrodite, o amor da mulher mais bela do mundo. Páris deu o pomo à Afrodite, ganhando sua proteção e o ódio das outras duas deusas contra si e contra Tróia.

A mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e de Leda, esposa de Menelau, rei de Esparta, que a conquistara disputando contra vários outros reis pretendentes, tendo todos jurado protegê-la, qualquer que fosse o vencedor da disputa.

Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática, apaixonou-se por Helena e ambos fugiram para Tróia, enfurecendo Menelau. Este apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamenon então assumiu o comando de um exército de mil naus e atravessou o mar Egeu para atacar Tróia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima a Tróia e iniciaram um cerco que iria durar dez anos e custaria a vida a muitos heróis de ambos os lados. Dois dos mais notáveis heróis a perderem a vida na guerra de Tróia foram Heitor e Aquiles.

Enéas fugindo do incêndio de Tróia Federico Barocci, 1598 Galleria Borghese, Roma

Finalmente, a cidade foi tomada graças ao artifício concebido por Odisseu (Ulisses): fingindo terem desistido da guerra, os gregos embarcaram em seus navios, deixando na praia um enorme cavalo de madeira, que os troianos decidiram levar para o interior de sua cidade, como símbolo de sua vitória, apesar das advertências de Cassandra. À noite, quando todos dormiam, os soldados gregos, que se escondiam dentro da estrutura ôca de madeira do cavalo, saíram e abriram os portões para que todo o exército (cujos navios haviam retornado, secretamente, à praia), invadisse a cidade. Apanhados de surpresa, os troianos foram vencidos e a cidade incendiada. As mulheres (inclusive a raínha Hécuba, a princesa Cassandra e Andrômaca, viúva de Heitor) foram escravizadas. O rei Príamo e maioria dos homens foram mortos (um dos poucos sobreviventes foi Enéas).

E assim, Menelau recuperou sua esposa, Helena (tendo matado Dêifobo, com quem ela se casara, após a morte de Páris), e levou-a de volta a Esparta.


Trecho inicial da Ilíada

Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida

(mortífera!, que tantas dores trouxe aos Aqueus e tantas almas valentes de heróis lançou no Hades, ficando seus corpos como presa para cães e aves de rapina, enquanto se cumpria a vontade de Zeus), desde o momento em que primeiro se desentenderam

o Atrida, soberano dos homens, e o divino Aquiles.

Referências

  • Homero, Ilíada, tradução do grego de Frederico Lourenço, ISBN:972-795-118-X

Ligações externas

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