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Carlos Chagas Filho: diferenças entre revisões

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'''Carlos Chagas Filho''' ([[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], {{dtlink|lang=br|12|9|1910}}Rio de Janeiro, {{dtlink|lang=br|16|2|2000}}) foi um [[médico]], [[professor]], [[diplomata]], [[cientista]] e [[ensaísta]] [[brasil]]eiro. Ocupou a cadeira 9 da [[Academia Brasileira de Letras]]. Ao largo de sua carreira cientifica publicou vários artigos científicos com destaque para os trabalhos sobre o sistema neuromuscular do peixe elétrico (''[[Poraquê|Electrophorus eletricus]]''), provendo dados para o estudo das doenças neuromusculares, as relacionadas com o mecanismo para a geração de corrente elétrica e também realizou avançada pesquisa sobre o "[[curare]]" um veneno vegetal paralisante usado por tribos indígenas da América do Sul.<ref>{{citar livro|título=Ellos creían en Dios, Biografías de científicos creacionistas|ultimo=SILVA|primeiro=Rodrigo|editora=Asociación Casa Editora Sudamericana|ano=2014|local=Buenos Aires|página=|páginas=133-134}}</ref>
'''Carlos Chagas Filho''' ([[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[12 de setembro]] de [[1910]][[16 de fevereiro]] de [[2000]]) foi um [[médico]], [[professor]], [[diplomata]], [[cientista]] e [[ensaísta]] [[brasil]]eiro.
Fundador do [[Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho|Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil]] (atual UFRJ), em sua longa carreira cientifica, publicou vários artigos com destaque para os trabalhos sobre o sistema neuromuscular do peixe elétrico (''[[Poraquê|Electrophorus eletricus]]''), provendo dados para o estudo das doenças neuromusculares relacionadas com o mecanismo para a geração de corrente elétrica e também realizou avançada pesquisa sobre o "[[curare]]" um veneno vegetal paralisante usado por tribos indígenas da [[América do Sul]].<ref>{{citar livro|título=Ellos creían en Dios, Biografías de científicos creacionistas |ultimo=SILVA |primeiro=Rodrigo |editora=Asociación Casa Editora Sudamericana |ano=2014 |local=Buenos Aires |páginas=133-134}}</ref>

Tendo ocupado a cadeira 9 da [[Academia Brasileira de Letras]] e membro titular da [[Academia Brasileira de Ciências]], Carlos Chagas Filho era o presidente da [[Pontifícia Academia das Ciências]] na ocasião que reabilitou a reputação de [[Galileu Galilei]].<ref>{{Citar web |url=http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/vol02a21.pdf |título=Reabilitação de Galileu |publicado=Sociedade Brasileira de Física |editor=José Goldenberg |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref><ref name=FAPESP>{{Citar web |url=https://revistapesquisa.fapesp.br/fe-e-religiao-conciliadas/ |título=Fé e religião conciliadas |publicado=Revista Pesquisa FAPESP |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref>


== Biografia ==
== Biografia ==
Filho do renomado médico [[Saúde Pública|sanitarista]] [[Carlos Chagas]] e Íris Lobo Chagas, ambos originários de [[Minas Gerais]]. Cursou no Rio de Janeiro o Colégio Resende e depois prestou exames preparatórios no [[Colégio Pedro II]]. Matriculou-se na [[Faculdade de Medicina da UFRJ|Faculdade de Medicina]] da atual [[Universidade Federal do Rio de Janeiro]] em 1926. No segundo ano, começou a trabalhar no [[Hospital São Francisco]] e no [[Instituto de Manguinhos]].
Nascido na capital fluminense, em 1910, era filho do renomado médico [[Saúde Pública|sanitarista]] [[Carlos Chagas]] e Íris Lobo Chagas, ambos originários de [[Minas Gerais]]. Cursou o Colégio Resende e depois prestou exames preparatórios no [[Colégio Pedro II]].<ref name=FGV/> Aos 16 anos, se matriculou na [[Faculdade de Medicina da UFRJ|Faculdade de Medicina]] da atual [[Universidade Federal do Rio de Janeiro]] em 1926. No segundo ano, começou a trabalhar no [[Hospital São Francisco]] e no [[Fiocruz|Instituto de Manguinhos]].<ref name=ABC>{{Citar web |url=http://www.abc.org.br/membro/carlos-chagas-filho/ |título=Carlos Chagas Filho |publicado=Academia Brasileira de Ciências |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref><ref name=ABL>{{Citar web |url=https://www.academia.org.br/academicos/carlos-chagas-filho/biografia |título=Carlos Chagas Filho |publicado=Academia Brasileira de Letras |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref>

==Carreira==
Concluindo o curso em 1931, Carlos recebeu a [[Medalha Antonia Chaves Berchon des Essarts]], concedida ao alunos que obtiveram as melhores notas no decurso da faculdade. A seguir, passou o ano de 1932 dirigindo o [[Hospital de Lassance]], mantido pelo Instituto de Manguinhos, onde seu pai, [[Carlos Chagas]], descobriu a [[doença de Chagas|doença de que leva o seu nome]].<ref name=ABC/><ref name=ABL/>

Encaminhou-se para as carreiras básicas de Medicina Biológica, tendo trabalhado com Costa Cruz, [[Miguel Osório de Almeida]] e Carneiro Felipe que provavelmente foi o mestre em ciências que mais o influenciou. Um ano após sua formatura, prestou concurso para a docência-livre de [[física biológica]] e passou a Assistente desta cadeira na Faculdade de Medicina. Com a morte do Prof. Lafayette Rodrigues Pereira, vagou-se a cátedra de Física Biológica e Chagas se apresentou ao concurso, do qual participaram 6 candidatos; tendo vencido as provas, assumiu o cargo de Professor Titular.<ref name=ABL/>

Com recursos próprios, decidiu viajar à [[Europa]], onde trabalhou com [[René Wurmser]] e [[Alfred Fessard]] em [[Paris]] e [[Archibald Vivian Hill]] na [[Inglaterra]].<ref name=ABL/>


Em seu retorno ao Brasil, dedicou-se à organização de um grupo de pesquisadores para o laboratório de Biofísica em que faria prevalecer seu lema "A Universidade é um local onde se ensina porque se pesquisa". Em 1945, o laboratório veio a se transformar em Instituto de Biofísica e em pouco tempo, com a vinda ao [[Brasil]] de vários cientistas estrangeiros, tornou-se um centro de estudos de renome, onde se realizaram vários colóquios e simpósios de nível internacional em que se destacaram aqueles cujo tema era a Bioeletrogênese.<ref name=ABL/><ref name=Lima/>
Casou-se com Ana Leopoldina de Melo Franco, filha de [[Afrânio de Melo Franco]] e de sua esposa Sílvia Alvim, sendo, portanto, irmã de [[Afonso Arinos de Melo Franco]] (1905-1990) e concunhado de José Tomás Nabuco, que era casado com Maria do Carmo de Melo Franco.


Foi a partir das pesquisas sobre o sistema neuromuscular do peixe elétrico (''[[Poraquê|Electrophorus eletricus]]'' que Carlos conseguiu introduzir a prática da ciência experimental naquela universidade, criando princípios hoje consolidados no meio acadêmico, tais como a articulação ensino-pesquisa e a 'invenção' da biofísica como campo autônomo de investigação.<ref name=Lima>{{Citar periódico |url=https://doi.org/10.1590/S0104-59702005000100010 |título=Ciência, política e paixão: o arquivo de Carlos Chagas Filho |periódico=História Ciências e Saúde-Manguinhos |volume=12 |número=1 |data=2005 |nome=Ana Luce Girão Soares de |sobrenome=Lima |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref>
Findado o curso em 1931, recebeu a [[Medalha Antonia Chaves Berchon des Essarts]], concedida ao alunos que obtiveram as melhores notas no decurso da faculdade. A seguir, passou o ano de 1932 dirigindo o [[Hospital de Lassance]], mantido pelo Instituto de Manguinhos, na terra onde seu pai, [[Carlos Chagas]], descobriu a [[doença de Chagas|doença de que leva o seu nome]]. Em 1935, casou-se com Ana Leopoldina de Melo Franco, com quem teve quatro filhas.


A partir da fundação do [[CNPQ]], em 1951, teve participação ativa no Conselho Deliberativo. Participou, como Delegado do Brasil, na 1ª Conferência Geral da [[UNESCO]], em [[Paris]], assim como na 2ª Conferência desta entidade realizada no México. A seguir, foi convidado para o Comitê de Pesquisa da Organização Pan-americana de Saúde em que atuou até 1962 e em 1963 organizou, como secretário especial, a 1ª Conferência das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento.<ref name=ABL/><ref name=FGV>{{Citar web |título=Entrevista de Carlos Chagas Filho |url=http://www.fgv.br/cpdoc/historal/arq/Entrevista441.pdf |publicado=Fundação Getúlio Vargas |editor=Maria Clara Mariani |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref>
Encaminhou-se para as carreiras básicas de Medicina Biológica, tendo trabalhado com Costa Cruz, [[Miguel Osório de Almeida]] e Carneiro Felipe que provavelmente foi o mestre em ciências que mais o influenciou. Um ano após sua formatura, prestou concurso para a docência-livre de [[física biológica]] e passou a Assistente desta cadeira na Faculdade de Medicina. Com a morte do Prof. Lafayette Rodrigues Pereira, vagou-se a cátedra de Física Biológica e Chagas se apresentou ao concurso, do qual participaram 6 candidatos; tendo vencido as provas, assumiu o cargo de Professor Titular.


Foi nomeado Presidente do Comitê Especial das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento, função que exerceu por seis anos quando também fundou, junto com [[Abdus Salam]], a ''International Federation of Institutes for Advanced Sciences ([[IFIAS]])''. Em 1966, foi nomeado [[Embaixador do Brasil]] junto a UNESCO. De 1965 a 1967 foi eleito Presidente da [[Academia Brasileira de Ciências]] retornando também à direção do Instituto de Biofísica que passou a levar seu nome.<ref name=ABL/>
Com recursos próprios, decidiu viajar à Europa, onde trabalhou com [[René Wurmser]] e [[Alfred Fessard]] em [[Paris]] e [[Archibald Vivian Hill]] na [[Inglaterra]].


Em 1972, Carlos Chagas foi nomeado pelo [[Papa Paulo VI]], como presidente da [[Pontifícia Academia das Ciências]], cargo que exerceu durante 16 anos, tendo organizado mais de 80 reuniões científicas em [[Roma]], das quais participaram renomados cientistas.<ref name=ABL/>
À sua volta, dedicou-se à organização de um grupo de pesquisadores para o laboratório de Biofísica em que faria prevalecer seu lema "A Universidade é um local onde se ensina porque se pesquisa". Em 1945, o laboratório veio a se transformar em Instituto de Biofísica e em pouco tempo, com a vinda ao [[Brasil]] de vários cientistas estrangeiros tornou-se um centro de estudos de renome, onde se realizaram vários colóquios e simpósios de nível internacional em que se destacaram aqueles cujo tema era a Bioeletrogênese.


==Homenagens==
A partir da fundação do [[CNPQ]], em 1951, teve participação ativa no Conselho Deliberativo. Participou, como Delegado do Brasil, na 1ª Conferência Geral da [[UNESCO]], em [[Paris]], assim como na 2ª Conferência desta entidade realizada no México. A seguir, foi convidado para o Comitê de Pesquisa da Organização Pan-americana de Saúde em que atuou até 1962 e em 1963 organizou, como secretário especial, a 1ª Conferência das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento.
Carlos Chagas Filho recebeu 16 títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades nacionais e internacionais. No decurso de sua vida Acadêmica, recebeu 19 condecorações entre as quais Comendador-Ordre Nationale de la Légion d'Honneur - [[França]], 1979; é Membro, entre outras academias científicas, da [[Académie des Sciences]] de l'Institut de France.<ref name=ABL/>


Membro titular ou correspondente de várias outras academias, entre as quais a [[Academia Brasileira de Ciências]], [[Pontifícia Academia das Ciências]], [[Academia das Ciências de Lisboa]], [[Institut de France]], [[American Academy of Arts and Sciences]], [[American Philosophical Academy]], [[Academia Nacional de Medicina da França]], [[Academia Real da Bélgica]], [[Academia de Ciências da Romênia]] e [[Academia Internacional de História das Ciências]].<ref name=ABC/>
Foi nomeado Presidente do Comitê Especial das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento, função que exerceu por seis anos quando também fundou, junto com [[Abdus Salam]], a ''International Federation of Institutes for Advanced Sciences ([[IFIAS]])''. Em 1966, foi nomeado [[Embaixador do Brasil]] junto a UNESCO. De 1965 a 1967 foi eleito Presidente da [[Academia Brasileira de Ciências]] retornando também à direção do Instituto de Biofísica que passou a levar seu nome.


==Vida pessoal==
Em 1972, Carlos Chagas foi nomeado pelo [[Papa Paulo VI]], Presidente da [[Pontifícia Academia das Ciências]], cargo que exerceu durante 16 anos, tendo organizado mais de 80 reuniões científicas em [[Roma]], das quais participaram renomados cientistas.
Casou-se com Ana Leopoldina de Melo Franco, filha de [[Afrânio de Melo Franco]] e de sua esposa Sílvia Alvim, sendo, portanto, irmã de [[Afonso Arinos de Melo Franco]] (1905-1990) e concunhado de José Tomás Nabuco, que era casado com Maria do Carmo de Melo Franco.<ref name=ABL/>


==Morte==
Carlos Chagas Filho recebeu 16 títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades nacionais e internacionais. No decurso de sua vida Acadêmica, recebeu 19 condecorações entre as quais Comendador-Ordre Nationale de la Légion d'Honneur - [[França]], 1979; é Membro, entre outras academias científicas, da [[Académie des Sciences]] de l'Institut de France.
Carlos Chagas Filho morreu em [[16 de fevereiro]] de [[2000]], na capital fluminense, devido à uma falência múltipla dos órgãos, aos 89 anos.<ref name=folha>{{Citar web |url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1802200030.htm |título=Morre no Rio o cientista Carlos Chagas Filho |publicado=Folha de São Paulo |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.dgabc.com.br/Noticia/334992/carlos-chagas-filho-morre-no-rj- |título=Carlos Chagas Filho morre no RJ |publicado=Diário do Grande ABC |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref> Ele foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.<ref>{{Citar web |url=https://www.folhadelondrina.com.br/geral/morre-o-cientista-carlos-chagas-filho-enterro-sera-hoje-259973.html |título=Morre o cientista Carlos Chagas Filho; enterro será hoje |publicado=Folha de Londrina |editor=Beatriz Coelho Silva |data=16 de fevereiro de 2000 |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref>


Sua esposa, Anna Chagas, faleceu em [[9 de fevereiro]] de [[2008]], aos 93 anos, devido a um [[AVC]]. Ela foi sepultada ao lado do marido.<ref>{{Citar web |url=https://agencia.fiocruz.br/morre-dona-anna-chagas-vi%C3%BAva-de-carlos-chagas-filho |título=Morre dona Anna Chagas, viúva de Carlos Chagas Filho |publicado=Agência Fiocruz |acessadoem=20 de julho de 2021}}</ref>
Membro titular ou correspondente de várias outras academias, entre as quais a [[Academia Brasileira de Ciências]], [[Pontifícia Academia das Ciências]], [[Academia das Ciências de Lisboa]], [[Institut de France]], [[American Academy of Arts and Sciences]], [[American Philosophical Academy]], [[Academia Nacional de Medicina da França]], [[Academia Real da Bélgica]], [[Academia de Ciências da Romênia]] e [[Academia Internacional de História das Ciências]].


== Obras ==
== Obras ==
Sua obra científica é composta, de aproximadamente, 200 artigos científicos e de obras publicadas sob sua coordenação e orientação.
Sua obra científica é composta, de aproximadamente, 200 artigos científicos e de obras publicadas sob sua coordenação e orientação.


* Homens e coisas da ciência
* ''Homens e coisas da ciência''
* Carlos Chagas
* ''Carlos Chagas''
* Plaquete
* ''Plaquete''
* O minuto que vem, reflexões sobre a ciência no mundo moderno
* ''O minuto que vem, reflexões sobre a ciência no mundo moderno''
* Contribuição da ciência e da tecnologia à melhoria da qualidade de vida
* ''Contribuição da ciência e da tecnologia à melhoria da qualidade de vida''


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==Ligações externas==
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|antes=[[Arthur Alexandre Moses]]

Revisão das 00h58min de 21 de julho de 2021

Carlos Chagas Filho
Carlos Chagas Filho
Carlos Chagas, no centro, e seus filhos, Evandro Chagas, à esquerda e Carlos Chagas Filho, à direita
Nascimento 12 de setembro de 1910
Rio de Janeiro, Distrito Federal
Morte 16 de fevereiro de 2000 (89 anos)
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Íris Lobo Chagas
Pai: Carlos Chagas
Alma mater Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Ocupação Médico, professor, diplomata, cientista e ensaísta
Prêmios Comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra

Carlos Chagas Filho (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 191016 de fevereiro de 2000) foi um médico, professor, diplomata, cientista e ensaísta brasileiro.

Fundador do Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil (atual UFRJ), em sua longa carreira cientifica, publicou vários artigos com destaque para os trabalhos sobre o sistema neuromuscular do peixe elétrico (Electrophorus eletricus), provendo dados para o estudo das doenças neuromusculares relacionadas com o mecanismo para a geração de corrente elétrica e também realizou avançada pesquisa sobre o "curare" um veneno vegetal paralisante usado por tribos indígenas da América do Sul.[1]

Tendo ocupado a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Carlos Chagas Filho era o presidente da Pontifícia Academia das Ciências na ocasião que reabilitou a reputação de Galileu Galilei.[2][3]

Biografia

Nascido na capital fluminense, em 1910, era filho do renomado médico sanitarista Carlos Chagas e Íris Lobo Chagas, ambos originários de Minas Gerais. Cursou o Colégio Resende e depois prestou exames preparatórios no Colégio Pedro II.[4] Aos 16 anos, se matriculou na Faculdade de Medicina da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1926. No segundo ano, começou a trabalhar no Hospital São Francisco e no Instituto de Manguinhos.[5][6]

Carreira

Concluindo o curso em 1931, Carlos recebeu a Medalha Antonia Chaves Berchon des Essarts, concedida ao alunos que obtiveram as melhores notas no decurso da faculdade. A seguir, passou o ano de 1932 dirigindo o Hospital de Lassance, mantido pelo Instituto de Manguinhos, onde seu pai, Carlos Chagas, descobriu a doença de que leva o seu nome.[5][6]

Encaminhou-se para as carreiras básicas de Medicina Biológica, tendo trabalhado com Costa Cruz, Miguel Osório de Almeida e Carneiro Felipe que provavelmente foi o mestre em ciências que mais o influenciou. Um ano após sua formatura, prestou concurso para a docência-livre de física biológica e passou a Assistente desta cadeira na Faculdade de Medicina. Com a morte do Prof. Lafayette Rodrigues Pereira, vagou-se a cátedra de Física Biológica e Chagas se apresentou ao concurso, do qual participaram 6 candidatos; tendo vencido as provas, assumiu o cargo de Professor Titular.[6]

Com recursos próprios, decidiu viajar à Europa, onde trabalhou com René Wurmser e Alfred Fessard em Paris e Archibald Vivian Hill na Inglaterra.[6]

Em seu retorno ao Brasil, dedicou-se à organização de um grupo de pesquisadores para o laboratório de Biofísica em que faria prevalecer seu lema "A Universidade é um local onde se ensina porque se pesquisa". Em 1945, o laboratório veio a se transformar em Instituto de Biofísica e em pouco tempo, com a vinda ao Brasil de vários cientistas estrangeiros, tornou-se um centro de estudos de renome, onde se realizaram vários colóquios e simpósios de nível internacional em que se destacaram aqueles cujo tema era a Bioeletrogênese.[6][7]

Foi a partir das pesquisas sobre o sistema neuromuscular do peixe elétrico (Electrophorus eletricus que Carlos conseguiu introduzir a prática da ciência experimental naquela universidade, criando princípios hoje consolidados no meio acadêmico, tais como a articulação ensino-pesquisa e a 'invenção' da biofísica como campo autônomo de investigação.[7]

A partir da fundação do CNPQ, em 1951, teve participação ativa no Conselho Deliberativo. Participou, como Delegado do Brasil, na 1ª Conferência Geral da UNESCO, em Paris, assim como na 2ª Conferência desta entidade realizada no México. A seguir, foi convidado para o Comitê de Pesquisa da Organização Pan-americana de Saúde em que atuou até 1962 e em 1963 organizou, como secretário especial, a 1ª Conferência das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento.[6][4]

Foi nomeado Presidente do Comitê Especial das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento, função que exerceu por seis anos quando também fundou, junto com Abdus Salam, a International Federation of Institutes for Advanced Sciences (IFIAS). Em 1966, foi nomeado Embaixador do Brasil junto a UNESCO. De 1965 a 1967 foi eleito Presidente da Academia Brasileira de Ciências retornando também à direção do Instituto de Biofísica que passou a levar seu nome.[6]

Em 1972, Carlos Chagas foi nomeado pelo Papa Paulo VI, como presidente da Pontifícia Academia das Ciências, cargo que exerceu durante 16 anos, tendo organizado mais de 80 reuniões científicas em Roma, das quais participaram renomados cientistas.[6]

Homenagens

Carlos Chagas Filho recebeu 16 títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades nacionais e internacionais. No decurso de sua vida Acadêmica, recebeu 19 condecorações entre as quais Comendador-Ordre Nationale de la Légion d'Honneur - França, 1979; é Membro, entre outras academias científicas, da Académie des Sciences de l'Institut de France.[6]

Membro titular ou correspondente de várias outras academias, entre as quais a Academia Brasileira de Ciências, Pontifícia Academia das Ciências, Academia das Ciências de Lisboa, Institut de France, American Academy of Arts and Sciences, American Philosophical Academy, Academia Nacional de Medicina da França, Academia Real da Bélgica, Academia de Ciências da Romênia e Academia Internacional de História das Ciências.[5]

Vida pessoal

Casou-se com Ana Leopoldina de Melo Franco, filha de Afrânio de Melo Franco e de sua esposa Sílvia Alvim, sendo, portanto, irmã de Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990) e concunhado de José Tomás Nabuco, que era casado com Maria do Carmo de Melo Franco.[6]

Morte

Carlos Chagas Filho morreu em 16 de fevereiro de 2000, na capital fluminense, devido à uma falência múltipla dos órgãos, aos 89 anos.[8][9] Ele foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.[10]

Sua esposa, Anna Chagas, faleceu em 9 de fevereiro de 2008, aos 93 anos, devido a um AVC. Ela foi sepultada ao lado do marido.[11]

Obras

Sua obra científica é composta, de aproximadamente, 200 artigos científicos e de obras publicadas sob sua coordenação e orientação.

  • Homens e coisas da ciência
  • Carlos Chagas
  • Plaquete
  • O minuto que vem, reflexões sobre a ciência no mundo moderno
  • Contribuição da ciência e da tecnologia à melhoria da qualidade de vida

Referências

  1. SILVA, Rodrigo (2014). Ellos creían en Dios, Biografías de científicos creacionistas. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana. pp. 133–134 
  2. José Goldenberg (ed.). «Reabilitação de Galileu» (PDF). Sociedade Brasileira de Física. Consultado em 20 de julho de 2021 
  3. «Fé e religião conciliadas». Revista Pesquisa FAPESP. Consultado em 20 de julho de 2021 
  4. a b Maria Clara Mariani (ed.). «Entrevista de Carlos Chagas Filho» (PDF). Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 20 de julho de 2021 
  5. a b c «Carlos Chagas Filho». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 20 de julho de 2021 
  6. a b c d e f g h i j «Carlos Chagas Filho». Academia Brasileira de Letras. Consultado em 20 de julho de 2021 
  7. a b Lima, Ana Luce Girão Soares de (2005). «Ciência, política e paixão: o arquivo de Carlos Chagas Filho». História Ciências e Saúde-Manguinhos. 12 (1). Consultado em 20 de julho de 2021 
  8. «Morre no Rio o cientista Carlos Chagas Filho». Folha de São Paulo. Consultado em 20 de julho de 2021 
  9. «Carlos Chagas Filho morre no RJ». Diário do Grande ABC. Consultado em 20 de julho de 2021 
  10. Beatriz Coelho Silva, ed. (16 de fevereiro de 2000). «Morre o cientista Carlos Chagas Filho; enterro será hoje». Folha de Londrina. Consultado em 20 de julho de 2021 
  11. «Morre dona Anna Chagas, viúva de Carlos Chagas Filho». Agência Fiocruz. Consultado em 20 de julho de 2021 

Ligações externas

Precedido por
Arthur Alexandre Moses
Presidente da Academia Brasileira de Ciências
1965 — 1967
Sucedido por
Aristides Azevedo Pacheco Leão
Precedido por
Marques Rebelo
ABL - terceiro acadêmico da cadeira 9
1974 — 2000
Sucedido por
Alberto da Costa e Silva