Gradiente
Cálculo |
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No cálculo vetorial o gradiente (ou vetor gradiente) é um vetor que indica o sentido e a direção na qual, por deslocamento a partir do ponto especificado, obtém-se o maior incremento possível no valor de uma grandeza a partir da qual se define um campo escalar para o espaço em consideração. Constrói-se assim, a partir do campo escalar e de um operador denominado operador gradiente, um campo vetorial, que atrela a cada ponto do espaço o correspondente vetor gradiente para a grandeza em consideração.
O módulo do vetor gradiente indica a taxa de variação da grandeza escalar com relação à distância movida quando desloca-se na direção e sentido do vetor gradiente (deslocamentos infinitesimais).
O campo vetorial e o operador gradientes possuem diversas aplicações em matemática e ciências naturais, indo desde o cálculo de derivadas direcionais à maximização das mesmas. A exemplo, a partir do gradiente do potencial elétrico determina-se o campo elétrico; e a partir do gradiente da energia potencial determina-se o campo de força associado.
Definição
O vector gradiente ou simplesmente gradiente de um campo escalar é determinado via ênupla ordenada definida por:
ou, via notação de soma de Euler, por:
onde são os vetores unitários ortogonais que definem a base a partir da qual se coordena o espaço e representa o respectivo operador derivada parcial.
Já na notação de soma de Einstein, onde índices repetidos no mesmo fator implicam somatório, para o campo escalar φ:
O símbolo nabla foi introduzido por William Hamilton e rapidamente assimilado pela comunidade científica:
No entanto, por abuso de linguagem, é comum não se indicar a "seta" de vector e a notação poderá torna-se em:
O gradiente também pode ser generalizado em ordem – se fornecemos um campo vectorial obtemos um campo tensorial.
Exemplo
Para a função escalar
tem-se, na base cartesiana
que fornece por resposta a ênupla
ou explicitamente
para qualquer ponto definido pelas coordenadas , restando apenas a substituição dos respectivos valores x, y e z na expressão acima.
Expressões
Para todo campo escalar diferenciável em função do espaço cartesiano temos que:
O gradiente é a derivada de um campo em função do espaço:
Em uma só dimensão o gradiente de uma função que só depende do espaço:
Propriedades
Linearidade
O gradiente é linear:
Onde é um corpo constante.
Lei de Leibniz
O gradiente segue a Lei de Leibniz na multiplicação:
E na divisão:
Ortogonalidade às curvas de nível
O vector gradiente sempre será ortogonal às curvas de nível (veja no artigo "Conjunto de nível"). Seja uma função definida em e diferenciável em todo seu domínio.
Seja o conjunto onde x e y são funções de um parâmetro t tal que .
Então, temos:
(diferenciando com relação a t pela regra da cadeia)
A equação final pode ser interpretada como o produto escalar do gradiente de f por um vector tangente a f em , logo os dois são perpendiculares entre si.
Teorema do gradiente
O gradiente é revertido pelo integral de linha de acordo com o teorema do gradiente, que é análogo ao teorema fundamental do cálculo:
Derivada direcional
A derivada direcional é um escalar que representa a derivada dum campo escalar ao longo de um versor (no caso abaixo, ).
Sistemas de coordenadas
O gradiente é escrito nos diferentes sistemas de coordenadas tridimensionais nas seguintes formas:
Coordenadas cartesianas
Para coordenadas espaciais x, y e z.
Coordenadas cilíndricas circulares
Onde representa a distância ao eixo z, é o ângulo (tomado, em geral sobre o plano z=0 em relação ao eixo x) e z.
Coordenadas esféricas
Onde representa a distância à origem, é o ângulo entre a reta que liga o ponto à origem e o eixo z e é o ângulo formado pela projeção da reta que liga o ponto à origem no plano z=0 e o eixo x.
Noção intuitiva de gradiente
O gradiente é o vetor que aponta para onde a grandeza resultante da função tem seu maior crescimento[1].
Gradientes de tensão
Os gradientes de tensão em redes elétricas são, depois dos transientes, os maiores causadores de danos em circuitos eletro-eletrônicos.
O retorno da energia elétrica numa linha de transmissão longa, após uma interrupção da mesma, faz-se acompanhar por transientes de tensão elevada até à estabilização do circuito. Simultaneamente, manifesta-se na rede um movimento oscilatório de baixa frequência, composto por gradientes positivos e negativos, denominados harmônicos, que fazem elevar e reduzir a tensão, acima e abaixo do seu valor nominal.
Referências
- ↑ Pereira, Agnaldo Souza; Oliveira, Cláudio Barros Vitor Jefferson Pereira de (1 de janeiro de 2007). «Cálculo II». Universidade do Estado do Amazonas. Consultado em 11 de dezembro de 2011
Fontes externas
- Cálculo, George B. Thomas, (Décima Edição), Volume 2; Addison Wesley/Pearson Education do Brasil, São Paulo, (2002).