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Museu da República - Palácio do Catete[editar | editar código-fonte]

Palácio do Catete
PCelsoCorrea/Testes
Nomes anteriores Palacete do Largo do Valdetaro
Palácio de Nova Friburgo
Nomes alternativos Palácio das Águias
Estilo dominante Neoclássico
Arquiteto Carl Friedrich Gustav Waehneldt
Início da construção 1858 (166 anos)

O Museu da República é um museu histórico cuja sede é o Palácio do Catete, situado no bairro do Catete, zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O Palácio do Catete é um importante exemplar da arquitetura neoclássica brasileira do final do século XIX. A missão do Museu da República é preservar, investigar e comunicar os objetos e documentos que testemunham a memória e a história da forma de governo republicana no Brasil. Integra a estrutura do Instituto Brasileiro de Museus, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo.

A transformação do Palácio do Catete em Museu da República remonta ao período que antecedeu a mudança da capital federal para Brasília. Último presidente a ocupar o palácio, Juscelino Kubitschek foi convencido da necessidade de integrá-lo ao patrimônio histórico nacional, reconhecendo sua importância na vida política e social do país. Assim, por meio do Decreto nº 47.883, de 8 de março de 1960 [1], o Palácio do Catete se tornou sede da Divisão de História da República (DHR), novo órgão da estrutura do Museu Histórico Nacional, que seria responsável pela sua gestão.

De acordo com o decreto, a DHR seria responsável por “receber, classificar, catalogar, pesquisar, expor e conservar objetos adquiridos, doados ou transferidos, ligados, direta ou indiretamente, à História da República Brasileira”. A adaptação do palácio para sua nova função coube à equipe do Museu Histórico Nacional, então dirigido pelo jornalista e escritor Josué Montello. A maior parte do acervo da nova instituição também veio transferida daquele museu.

O Museu da República foi fundado em 1960, no dia 15 de novembro, data na qual também se comemora oficialmente a Proclamação da República no Brasil. Com o museu em funcionamento, o jardim do palácio também passou a ser aberto ao público.

Em julho de 1983, o Museu da República separou-se administrativamente do Museu Histórico Nacional, passando a ser uma estrutura de gestão autônoma. Entre 1984 e 1989 o Museu da República esteve fechado para realização de obras de restauração dos elementos decorativos e arquitetônicos do Palácio e dos edifícios anexos [2]. A reabertura ao público aconteceu em 15 de novembro de 1989, ocasião do centenário da proclamação da República no Brasil.

Em 2005, o Museu da República passou a ser responsável pela gestão do Palácio Rio Negro, antiga residência de verão dos Presidentes da República em Petrópolis.

Antecedentes históricos[editar | editar código-fonte]

Residência aristocrática[editar | editar código-fonte]

Quadro em óleo sobre tela, de autoria de Emil Bausch (1867). Retrata o Barão de Nova Friburgo, acompanhado da Baronesa, com alusões à suas propriedades mais importantes, como o Solar do Gavião em Cantagalo (ao centro), a planta da Estrada de Ferro de Cantagalo e a maquete do Palácio Nova Friburgo. (Acervo Museu da República).

A região que abrange o atual bairro do Catete começou a ser ocupada ainda no século XVI, quando o “Caminho do Catete” ligava o centro político-administrativo da cidade colonial aos engenhos e fortalezas dos subúrbios mais ao sul. No século XIX, abrigava diversas chácaras de nobres, cafeicultores e comerciantes do Império Brasileiro.

Entre 1858 e 1860, o português Antônio Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo, adquiriu as casas de número 159, 161 e 163 do Caminho do Catete e seus respectivos terrenos de fundos, que se estendiam até a Praia do Flamengo, entre a Rua do Príncipe (atual Rua Silveira Martins) e a Rua Ferreira Viana[3]. Fazendeiro e comerciante de café, banqueiro e industrial, o barão chegou a ser o homem mais rico do Brasil durante o Segundo Império.

Em 1858, a demolição da casa número 159 marcou o início da construção do Palácio Nova Friburgo, que seria a residência do barão e de sua família, projetado pelo arquiteto alemão Carl Friedrich Gustav Waehneldt. O jardim foi organizado de acordo com o projeto atribuído ao paisagista francês Auguste François Marie Glaziou [4].

O Palácio Nova Friburgo também era chamado de “Palácio do Largo do Valdetaro”, pois ocupava terreno antes pertencente ao escrivão português Manoel Valdetaro, em frente ao qual havia um largo com um chafariz público.

A construção do palácio terminou oficialmente em 1866, embora as obras de acabamento continuassem por mais uma década. Porém, o Barão e a Baronesa de Nova Friburgo não viveram muito tempo na casa nova, pois ele morreu em 1869 e ela, sua esposa (e prima) Laura Clementina da Silva, morreu no ano seguinte. Depois disso, o Palácio foi ocupado por um dos filhos do casal, Antônio Clemente Pinto Filho, o Conde de São Clemente. Em 1889, ele vendeu o imóvel para um grupo de investidores da Companhia Grande Hotel Internacional, que planejava transformá-lo num hotel de luxo.

Meses depois, a República foi proclamada. A companhia faliu após a crise especulativa do Encilhamento e seus títulos foram comprados pelo acionista majoritário, o conselheiro Francisco de Paula Mayrink, que se tornou o único proprietário do Palácio. Em 1895, o conselheiro hipotecou o imóvel como garantia de crédito ao então denominado Banco da República do Brasil[3]. No ano seguinte, esta hipoteca foi extinta mediante a venda do imóvel à Fazenda Federal, que o incorporou ao patrimônio da União.

Sede da Presidência da República[editar | editar código-fonte]

Em 1896, enquanto o presidente Prudente de Morais estava afastado do cargo por motivos de doença, o vice-presidente Manuel Vitorino requisitou o antigo Palácio Nova Friburgo para que nele fosse instalada a sede da Presidência da República, que até então havia sido o Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Durante aquele ano, o Palácio do Catete passou por uma reforma geral comandada pelo engenheiro e urbanista Aarão Reis. As principais mudanças consistiram na adaptação de salões privados, domésticos e sociais como espaços de trabalho burocrático. O jardim também foi remodelado sob a coordenação do paisagista francês Paul Villon. Para o serviço da Presidência, nele foram construídos cocheiras, alojamentos de funcionários e da guarda presidencial e uma usina elétrica.

O Palácio do Catete foi um dos primeiros prédios da cidade a ser iluminado por energia elétrica. A instalação dos serviços de eletricidade foi coordenada pelo engenheiro Adolfo Aschoff. A energia vinha de uma usina elétrica exclusiva, construída na lateral com a atual Rua Ferreira Viana, abastecida de carvão por um ramal da linha férrea. Posteriormente, a usina foi desativada e o prédio foi transformado em garagem presidencial [3]. Atualmente serve de espaço expositivo ao vizinho Museu do Folclore Edison Carneiro.

O antigo Palácio Nova Friburgo foi oficialmente inaugurado como sede da Presidência da República em 24 de fevereiro de 1897, no sexto aniversário da primeira Constituição republicana.

O Palácio do Catete em 1897, com as esculturas alegóricas na platibanda do prédio. Foto de Marc Ferrez (Acervo Instituto Moreira Salles).

Por volta de 1900, no lugar das águias de ferro originalmente existentes no topo da fachada do prédio, foram colocadas sete esculturas alegóricas de bronze, das quais cinco ficavam na fachada externa, representando a República, a Agricultura, a Primavera, a Justiça e o Outono; e duas na parte interna, voltada para o jardim, simbolizando o Inverno e o Verão.

Em 1910, essas esculturas foram substituídas pelas sete harpias de bronze (cinco na frente e duas nos fundos), de autoria de Rodolfo Bernardelli [3], que renderam ao prédio o apelido, ainda que incorreto, de “Palácio das Águias”.

Apesar de ter sido local de trabalho comum a todos os presidentes, poucos usaram o Palácio do Catete como moradia. A maioria preferia residir nos outros imóveis oficiais da Presidência da República na cidade, como o Palácio Guanabara e o Palácio Laranjeiras.

Em 06 de abril de 1938, o Palácio do Catete e seu Jardim foram tombados pelo recém-criado Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O tombamento do jardim do Palácio é um instrumento de proteção e preservação de seus traços paisagísticos, que não podem ser alterados sem autorização prévia do IPHAN.

Da inauguração em 1897 até a mudança da capital federal em 1960, dezenove pessoas ocuparam o Palácio do Catete como Presidentes da República: Manuel Vitorino (vice, 1897) Prudente de Moraes (1897-1898; seu mandato começou em 1894), Campos Sales (1898-1902), Rodrigues Alves (1902-1906), Afonso Pena (1906-1909), Nilo Peçanha (vice, 1909-1910), Hermes da Fonseca (1910-1914), Venceslau Braz (1914-1918), Delfim Moreira (vice, 1918-1919), Epitácio Pessoa (1919-1922), Arthur Bernardes (1922-1926), Washington Luís (1926-1930), Getúlio Vargas (1930-1945 e 1954), José Linhares (interino, 1945-1946) Eurico Gaspar Dutra (1946-1950), Café Filho (vice, 1954-1955), Carlos Luz (interino, 1955), Nereu Ramos (interino, 1955-1956) e Juscelino Kubitschek (1956-1961). [5]

Espaço físico e instalações[editar | editar código-fonte]

Palácio do Catete[editar | editar código-fonte]

O Palácio do Catete é uma construção de estilo predominantemente neoclássico, inspirada nos palácios renascentistas de Veneza e Florença, na Itália que, por sua vez, eram releituras das construções da Antiguidade romana[6]. O emprego de elementos de outros estilos arquitetônicos de cunho historicista o torna também um exemplar do ecletismo, que se reflete também na temática variada dos elementos decorativos da área interna.

1º andar (térreo)[editar | editar código-fonte]

A escadaria principal do Palácio do Catete. À direita e à esquerda, aparecem as esculturas "Leitura" e "Escrita".

No andar térreo, o requinte das pinturas e ornamentos e a distribuição e localização dos cômodos sugerem que esse espaço tenha sido destinado às salas de visita e de estar, quando da ocupação do prédio pela família do Barão de Nova Friburgo. Durante a República, a área foi redefinida para abrigar setores burocráticos como secretaria, biblioteca, gabinetes, salas de despachos e de audiências

A entrada no Palácio é feita por um portão de ferro fundido na Alemanha. No saguão, seis colunas de mármore levam à escada principal. Na reforma para a chegada da Presidência, o espaço recebeu luminárias novas e estuques no teto com as Armas da República. O saguão é decorado por quatro pares de esculturas alegóricas: "O Pudor" e "A Glória", "Caçada ao Leão" e "Caçada ao Jaguar", "Ubirajara" e "Perseu", "Leitura" e "Escrita".

A escada principal foi construída na Alemanha em módulos pré-fabricados de ferro fundido, uma das primeiras deste tipo a serem utilizadas no Brasil. [3] O saguão da escada era iluminado naturalmente pela clarabóia de vidro colorido no teto, à qual se somaram, nos tempos da Presidência, as luzes das lâmpadas elétricas.  

O painel central e os arcos são decorados por cenas mitológicas copiadas dos afrescos pintados pelo renascentista italiano Rafael na Villa Farnesiana em Roma [6]. Os vitrais laterais são de fabricação alemã e retratam musas e outras figuras mitológicas ligadas à ciência e às artes. Em um nicho na parede ao centro há uma cópia em metal da escultura Afrodite de Cápua, do Museu Nacional de Nápoles.

Salão Ministerial

Mesa de reuniões do Salão Ministerial. Ao fundo, o quadro Compromisso Constitucional, de Aurélio de Figueiredo (1896).

Na época do Barão de Friburgo, esse salão era usado para pequenas recepções informais, que podiam se estender rumo ao jardim graças à varanda que se abre para o pátio interno. No teto, uma composição retrata os personagens da mitologia grega Dionísio, deus do vinho e Ariadne.

Com a instalação da Presidência, o salão recebeu novos móveis e passou a ser chamado de Salão de Despachos e Conferências (posteriormente, Salão Ministerial) pois recebia as reuniões do presidente com ministros, políticos e representantes da sociedade civil. Nesse salão, o visitante pode ver a mesa de mogno usada nessas reuniões, com as pastas usadas pelo Presidente e pelos titulares dos Ministérios que existiam até 1960.

Neste salão também se encontram expostos os quadros Compromisso Constitucional, de Aurélio de Figueiredo e Pátria, de Pedro Bruno.

Vista da escadaria principal do Palácio do Catete, na chegada ao segundo andar.

2º andar[editar | editar código-fonte]

Chegando ao segundo andar pela escadaria principal, o visitante se depara com quatro painéis murais representando as alegorias das artes que se integraram na construção do Palácio: Pintura, Desenho, Arquitetura e Escultura. Aqui, o Palácio aparece retratado da forma como era na época de sua construção, sustentado por um dos dois anjos que ladeiam a figura feminina que representa a Arquitetura. [3]

O segundo andar era destinado a recepções e cerimônias de gala, tanto na época do Barão quanto da Presidência da República. A riqueza e os esquemas decorativos dos salões mostram como certos setores da aristocracia do Segundo Império, cujos hábitos e negócios iam se tornando cada vez mais burgueses, procuravam demonstrar seu sucesso diante da sociedade. [6]

Capela

A forte influência política e ideológica da Igreja Católica sobre o Estado imperial brasileiro explica o porquê do Barão de Nova Friburgo ter uma sala de orações e atividades litúrgicas no pavimento mais nobre de seu palácio. Sala de temática religiosa, apresenta o teto decorado por painéis reproduzindo a figura de apóstolos e cópias de duas telas: “Transfiguração”, do italiano renascentista Rafael, cujo original encontra-se nos Museus Vaticanos; e “Imaculada Conceição”, do espanhol barroco Bartolomé Murillo, cujo original integra o acervo do Museu do Prado.[3]

Durante o período republicano, a decoração foi conservada, mas a capela virou sala de visitas. Somente foi usada com fins religiosos para o casamento da filha do presidente Rodrigues Alves em 1904 e no velório do presidente Afonso Pena em 1909 [5].

Salão Francês

Também chamado de Salão Azul, este salão localizado entre a Capela e o Salão Nobre servia de apoio às recepções e festas oferecidas no Palácio, onde os convidados podiam sentar e descansar. Seu nome vem do predomínio da decoração em estilo Luiz XVI, presente nos ornatos do teto, nas molduras dos espelhos e nas sanefas, no mobiliário e no relógio de fabricação francesa.

Com a chegada da Presidência, as paredes da sala ganharam novas pinturas em estilo art noveau, sob supervisão do pintor Antônio Parreiras.[5] Era no Salão Francês que os embaixadores estrangeiros aguardavam o momento de entregar suas credenciais ao Presidente da República, cerimônia que era realizada no Salão Nobre.

Salão Nobre

O Salão Nobre do Palácio do Catete.

O Salão Nobre ou Salão de Baile relembra a vida social e o luxo da corte. Nele eram realizadas as principais recepções do Palácio. As pinturas verticais representam cenas mitológicas associadas à música e às artes, e, na parte superior das paredes, pinturas em semicírculo referem-se à vida de Apolo, deus da música e da poesia. A presença da música é notada, ainda, nas liras que aparecem no parquet do piso. O mobiliário e os espelhos biseautés foram adquiridos pelo Barão de Nova Friburgo na França[3].

Na época da Presidência, esse salão continuou sendo o espaço mais nobre, tendo recebido sobre as portas as Armas da República. Era da varanda deste salão que o Presidente se dirigia à multidão reunida do lado de fora do Palácio, em ocasiões especiais como a cerimônia de posse. Em 1938, o painel do teto foi refeito pelo pintor acadêmico brasileiro Armando Vianna.[5]

Salão Pompeano

Detalhe do teto do Salão Pompeano, com a representação das datas históricas, incluída pela reforma da Presidência da República em 1896.

Seguindo um tema da moda em meados do século XIX, as paredes do Salão Pompeano foram pintadas com figuras e alegorias inspiradas nos vestígios encontrados nas ruínas da cidade romana de Pompéia; o vermelho intenso evoca o vulcão Vesúvio que a soterrou. O mobiliário também foi adquirido pelo Barão de Nova Friburgo na França[3].

Nas obras de adaptação do prédio para a Presidência, apenas o teto sofreu alteração, com a colocação das Armas Nacionais e das datas históricas referentes ao Descobrimento do Brasil, Independência, Abolição da Escravatura e Proclamação da República. Era utilizado, nas festas, como área de descanso para as mulheres [7].

Detalhe da parte superior da parede do Salão Mourisco, com os relevos em estilo árabe e o afresco retratando um homem em trajes típicos norte-africanos.

Salão Mourisco

O Salão Mourisco é assim chamado pela decoração de cunho orientalista, em estilo mudéjar, característico da presença árabe na Península Ibérica e no norte da África. Era um espaço destinado ao lazer dos homens, para jogar e fumar [7]. Apresenta um lustre de bronze dourado e cristal rubi, mobiliário em marfim e palhinha e é decorado por itens como as esculturas dos "Musicistas Árabes" e um cinzeiro em forma de crocodilo. Os relevos coloridos nas paredes são inspirados na ornamentação do palácio fortaleza de Alhambra em Sevilha, na Espanha.

Salão Veneziano

O Salão Veneziano do Palácio do Catete.

O Salão Veneziano (também chamado de Salão Amarelo) era usado como sala de visitas. Seu nome decorre do estilo do mobiliário, com móveis pesados e ricamente decorados. Nele há um lustre central em bronze e cristal, candelabros e grandes espelhos.

Na República, o salão foi usado como sala de música e para a realização de saraus. Um dos espelhos existentes nos tempos do Barão de Nova Friburgo foi substituído por um painel executado pelos pintores Antonio Parreiras e Décio Vilares. [3]

Nele, em 1913, realizou-se o sarau promovido por Nair de Teffé, segunda esposa do presidente Hermes da Fonseca, no qual ela tocou ao violão a música “Corta-jaca”, maxixe composto pela maestrina Chiquinha Gonzaga. O episódio escandalizou a sociedade da época, que desprezava este tipo de música por causa de sua origem popular.

Salão de Banquetes

O Salão de Banquetes tem sua função original definida pela própria decoração. No teto do salão veem-se estuques com frutos e pinturas de naturezas mortas nos arcos. O painel central é uma cópia adaptada da obra "Diana, a caçadora", do italiano Domenichino, cujo original está na Galeria Borghese. Durante o último mandato de Getúlio Vargas no Catete, foi usado também como espaço para reuniões ministeriais. [5]

Por este salão se tem acesso à varanda, com piso de mármore branco e guarda-corpo em ferro fundido. É sustentada por seis colunas coríntias, com saia decorada com cartelas e palmetas. Na época da Presidência da República, foi palco de várias reuniões e solenidades.

O quarto do terceiro andar onde encontram-se expostos a cama, o revólver de cabo de madrepérola, a bala e o pijama utilizados pelo presidente Getúlio Vargas na ocasião de seu suicídio, em 1954.

3º andar[editar | editar código-fonte]

O último andar era destinado aos aposentos privados da família do barão de Nova Friburgo e, mais tarde, das famílias dos presidentes quando estes decidiam habitar o Palácio. Para a instalação da Presidência, novos móveis e objetos funcionais e decorativos foram encomendados. Com o passar do tempo, o mobiliário e a decoração foram sendo alterados de acordo com as necessidades e gostos de cada morador. [5] A galeria circunda todo o centro do prédio e possibilita uma visão mais aproximada da claraboia composta por 266 peças e decorada por um vitral.

Ficava neste andar o quarto onde Getúlio Vargas suicidou-se, em 24 de agosto de 1954. Logo após a morte do ex-presidente, a mobília foi transferida do Palácio do Catete para uma sala do Museu Histórico Nacional, na qual se buscou recriar o cenário onde ocorreu o episódio. Com a inauguração do Museu da República, o quarto foi novamente montado no Palácio do Catete. Nele são expostos o pijama usado por Getúlio naquela madrugada, bem como a pistola e a bala utilizadas na ocasião.

Jardim Histórico[editar | editar código-fonte]

O Jardim Histórico do Museu da República ocupa uma área de 24.000 m2, ligando a Rua do Catete à Praia do Flamengo, paralelamente à Rua Silveira Martins[5]. Seu formato original, cujo projeto é atribuído ao paisagista francês Antoine Glaziou, apresentava árvores de grande altura, um pomar e a aléia de palmeiras, já existente no terreno desde antes de sua aquisição pelo Barão de Nova Friburgo [4].

Vista geral do lago artificial e da vegetação do jardim do Palácio do Catete.

O segundo proprietário do Palácio, o Conselheiro Mayrink, fez construir um embarcadouro para seu iate nos fundos do jardim, que terminava diretamente na Baía de Guanabara (o primeiro aterramento dessa região aconteceu em 1905, para abertura da Avenida Beira-Mar). Quando o Palácio se tornou sede do Governo Federal, este cais passou a ser de uso exclusivo da Presidência da República. Na década de 1960, quando foi construído o Aterro do Flamengo, o que restava do embarcadouro foi demolido[3].

Foto de Marc Ferrez (1897) retratando o chafariz da aléia central do jardim que, desde 1854, situava-se no antigo Largo do Valdetaro, em frente ao palácio [5]. Foi transferido para sua atual localização durante as reformas para a Presidência da República, em 1896. (Acervo Instituto Moreira Salles)

O projeto de Paul Villon, de 1896, feito para a Presidência da República, adicionou ao jardim canteiros altos, três pontes rústicas, bancos sobre rochas artificiais e a gruta artificial com cascata, de onde sai um rio artificial que alimenta dois lagos. Um antigo pavilhão do parque foi transformado em coreto para apresentações musicais. Foram construídas dependências para os mordomos e criados da presidência. Ainda no parque, seriam adaptados um piquete de cavalaria e cocheiras, próximos à entrada da Praia do Flamengo[3], no local onde hoje é o prédio da Reserva Técnica do Museu.

O coreto do jardim do Palácio do Catete, que na década de 1980 abrigava a Brinquedoteca do Museu da República. Atualmente, serve como espaço para exposições e apresentações artísticas.

Do século XIX também é o conjunto de esculturas alegóricas de bronze, de autoria de Mathurin de Moreau, que representam a África, a América, a Europa, a Ásia e a Oceania por meio de crianças que lutam contra animais típicos daqueles continentes. [4] As esculturas foram fabricadas na Fundição Val D'Osne, de onde vieram também a escultura representando a lenda do Nascimento de Vênus, colocada no topo do chafariz e as alegorias femininas que ficaram na platibanda do palácio até 1910.

No ano de 1960, com a criação do Museu da República, o jardim foi aberto ao público. Durante o período em que o Palácio esteve fechado para obras, entre 1984 e 1989, o jardim recebeu diversas atividades do Museu da República, [4] como as colônias de férias, apresentações musicais e teatrais e o programa de formação em jardinagem destinado a menores em situação de rua.

Em 1995, um novo projeto paisagístico foi elaborado para o parque, sendo realizada uma ampla reestruturação de toda a sua rede elétrica e de escoamento de água e implantado um sistema automático de irrigação. No final dos anos 90, uma nova intervenção substituiu os muros do parque erguidos ao longo da Rua Silveira Martins e da Praia do Flamengo por gradis idênticos aos que já existiam nas demais margens do Palácio, permitindo uma maior visibilidade do seu jardim. [4]

Acervo[editar | editar código-fonte]

O Museu da República, por intermédio de suas ambientações, das exposições temporárias e de longa duração e dos eventos culturais, busca oferecer ao visitante um amplo panorama da história republicana. Fotos, documentos, objetos, mobiliário e obras de arte dos séculos XIX e XX integram seu acervo, exposto nos diversos salões do Palácio.

Museologia[editar | editar código-fonte]

O Setor de Museologia do Museu da República, que inclui a Reserva Técnica, é a área que se dedica à preservação do acervo museológico através de medidas de conservação e documentação como forma de salvaguardar o patrimônio cultural presente sob a guarda do Museu. Suas principais funções são a perpetuação do patrimônio com intuito de promover e difundir o acervo, contribuindo para a comunicação entre este e a sociedade, bem como, mediar pesquisas internas e externas.

O acervo museológico do Museu da República reúne cerca de 9.400 itens, produzidos desde fins do século XVIII até os dias atuais. Cerca de dois terços do acervo são oriundos de transferências feitas pelo Museu Histórico Nacional. Os itens estão agrupados em 74 coleções museológicas, batizadas com os nomes das personalidades da história republicana aos quais os objetos se relacionam, ou a partir de referências temáticas. Ao todo, são 63 coleções de titulares e 11 coleções temáticas, o que denota o padrão biográfico da organização do acervo, isto é, objetos que dizem respeito às vidas privadas e públicas desses personagens da história republicana. Por causa do passado do Palácio do Catete como sede da Presidência da República, 29 das coleções de titulares se referem a ex-presidentes, mesmo aqueles que ocuparam o cargo por um curto período, como o vice-presidente Delfim Moreira e os interinos José Linhares e Carlos Luz, por exemplo.[8]

Quadro "Pátria", de Pedro Bruno (1919). (Acervo Museu da República).

As duas coleções de titulares mais volumosas são a Coleção Pereira Passos, formada por objetos doados pela família do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Francisco Pereira Passos (1.457 itens); e a Coleção Getúlio Vargas (1.082 itens), formada tanto pelas doações do próprio Vargas e de seus familiares, como pelos objetos doados por cidadãos sem vínculo familiar com o ex-presidente. Nesta última, destacam-se o revólver e o pijama usados por Getúlio Vargas na noite de seu suicídio, em 24 de agosto de 1954, além de variados itens de homenagem ao presidente, como pinturas, esculturas, desenhos, medalhas, flâmulas, objetos pessoais, presentes recebidos em viagens oficiais, dentre outros.

Das coleções temáticas, a mais volumosa é a Coleção Museu da República (2.643 itens), que reúne objetos variados, sem um perfil temático específico que lhes desse lugar nas demais coleções [8]; é o caso, por exemplo, do material de propaganda política e sociocultural, como bottons, bandeiras, camisetas, faixas, dentre outros; e das diversas figurações e símbolos oficiais da República, como a Bandeira Nacional Republicana bordada pelas filhas de Benjamin Constant e o quadro Pátria, de Pedro Bruno.

A segunda coleção temática em volume é a Coleção Presidência da República (1.232 itens), que reúne objetos relacionados ao período em que o Palácio do Catete foi sede da Presidência da República e, em menor parte, ao período em que o palácio pertencia à família do Barão de Nova Friburgo. São objetos de uso interior, como cortinas, louças de porcelana, cristais, prataria, vasos decorativos, candelabros, castiçais, móveis diversos, pinturas e esculturas.

Em 2020, o museu recebeu uma coleção de 523 peças usadas pelas religiões da umbanda e do candomblé, que se encontravam até então no Museu da Polícia Civil por terem sido apreendidas em ações policiais realizadas entre os anos de 1889 e 1945.[9] Essas peças são representativas da repressão promovida durante o período republicano contra as religiões de matriz africana, com base no artigo nº 157 do Código Penal de 1890, que considerava "crime contra a saúde pública" praticar o que se chamava de "espiritismo, a magia e seus sortilégios" [10].

Arquivo Histórico e Institucional[editar | editar código-fonte]

O acervo do Arquivo Histórico foi formado a partir da transferência de objetos, livros e documentos relacionados ao período republicano, até então depositados no Museu Histórico Nacional. A este primeiro núcleo documental, somaram-se outras aquisições e doações relacionadas a personagens ou acontecimentos que marcaram de alguma forma a história republicana brasileira.

O acervo do Arquivo Histórico é predominantemente em suporte papel (há apenas alguns itens em suporte tecido ou couro), composto de documentos textuais (manuscritos e impressos), fotografias, plantas e mapas. A maioria das coleções é formada por arquivos de tipo pessoal.

"400 jagunços prisioneiros", título original da foto de Flávio de Barros, da Coleção Canudos, que retrata as mulheres, velhos e crianças feitos prisioneiros pelo Exército ao fim da Guerra de Canudos. (Acervo Museu da República).

Atualmente, o Arquivo Histórico reúne, preserva e disponibiliza ao público cerca de 90.000 documentos, divididos em 29 coleções. [11] Entre elas, está a Coleção Canudos, com as fotos de Flávio de Barros que são as únicas imagens remanescentes da Guerra de Canudos[12]; em 2009, esta coleção recebeu o reconhecimento do Programa Memória do Mundo, da Unesco. Destaca-se ainda a Coleção Nilo Peçanha, arquivo pessoal de uma das mais importantes lideranças políticas fluminenses da Primeira República, composto por mais de 20.000 documentos.[13]

Já a Coleção Família Passos reúne registros textuais e fotográficos da trajetória pública e familiar do ex-prefeito Francisco Pereira Passos, incluindo documentos relacionados à grande reforma urbana empreendida por ele no Rio de Janeiro entre os anos de 1902 e 1906. Em 2017, esta coleção também foi reconhecida pelo Programa Memória do Mundo da Unesco [14]. Outro acervo importante é a Coleção Memória da Constituinte [15], que reúne mais de 20.000 registros dos debates políticos e das mobilizações populares que antecederam e acompanharam a Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição Federal de 1988.

O Arquivo Institucional foi inaugurado em 2010, com a entrada de uma equipe específica e tendo como objetivo recuperar e criar registros da trajetória do Museu da República. Suas primeiras ações foram a inauguração do Programa de Memória Institucional e o início da organização do fundo Museu da República, criado  a partir de documentos acumulados pela extinta Didop (Divisão de Documentação e Pesquisa), que funcionou durante a década de 1980. Atualmente, o volume do acervo está estimado em 156.000 documentos.

Biblioteca[editar | editar código-fonte]

O primeiro registro do livro de tombo da Biblioteca data de 11 de agosto de 1964. Nessa época, o acervo da Biblioteca do Museu da República começou a ser formado por obras transferidas do acervo do Museu Histórico Nacional, acrescido por doações de nomes expressivos da história republicana brasileira ao longo dos anos.

Em 1983, após a desvinculação do Museu da República do MHN, a Biblioteca passou a fazer parte da Divisão de Documentação e Pesquisa. Entre 1986 e 1988, como parte de uma reestruturação administrativa, teve o seu acervo atualizado com a aquisição de obras de referência, por meio de um convênio com o CNPq. Atualmente, a Biblioteca do museu possui em seu acervo livros, folhetos, revistas, jornais, CDs e DVDs. Especializada na história do Brasil republicano, possui também obras de Ciências Sociais, Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia, Educação, Arte e Arquitetura, assim como informação sobre a memória institucional do Museu da República[16].

Referências Bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  1. «Portal da Câmara dos Deputados». www2.camara.leg.br. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  2. O Museu da República. Rio de Janeiro: Banco Safra. 2011 
  3. a b c d e f g h i j k l ALMEIDA, Cícero Antonio F. (1994). Catete : memórias de um Palácio. [S.l.]: Museu da República. OCLC 685250897 
  4. a b c d e CABRAL, Magaly; DAETWYLER, Carlos; MACRI, Marcus (Orgs). Jardim Histórico do Museu da República. Rio de Janeiro: Museu da República. p. 2019 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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