Usuário(a):Paith/migração nordestina

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Cena do interior do Nordeste do Brasil. Aqui, moradores do município de Caraúbas do Piauí são transportados uma camionete ao estilo "pau-de-arara".

Migração nordestina ou Êxodo Nordestino é um processo migratório secular de populações oriundas da região nordeste do Brasil para outra partes do país, em especial o centro-sul. Esse movimento demográfico teve e tem grande relevância na história da migração no Brasil, desde a época do Império.

A estagnação econômica, as constantes secas e a prosperidade econômica de outras regiões do Brasil foram fatores determinantes no início do processo migratório nordestino.[1] Com o início do "Primeiro Ciclo da Borracha" em 1879, os nordestinos migraram para a região da Amazônia, fato que se repete com o "Segundo Ciclo da Borracha" durante a Segunda Guerra Mundial. Com o auge da industrialização do Brasil, entre as décadas de 1950 e 1980, a migração nordestina para a região Sudeste, em especial para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, foi intensa, tornando as capitais destes estados (São Paulo e Rio de Janeiro) grandes polos de atração para essas populações.

Com a melhoria estrutural de outras regiões do Brasil, somada aos problemas que surgiram nas grandes cidades por causa da superpopulação, a migração nordestina diminuiu consideravelmente. Apesar de Rio de Janeiro e São Paulo continuarem sendo importantes pólos de atração, a migração "polinucleada" tornou-se mais evidente. Entre as décadas de 1980 e 1990 o fluxo migratório para o Sudeste diminuiu e surgiram também migrações para a região do Distrito Federal e mais uma vez para a região amazônica.

Causas[editar | editar código-fonte]

No sertão nordestino ainda existem vítimas das estiagens, que são constantes. Os estados com maior concentração de pobreza extrema são Maranhão, Alagoas e Piauí.[2]

A migração nordestina para o Sudeste do país, em especial para a São Paulo, foi um fenômeno demográfico bastante relevante até principalmente a partir da década de 1930 (durante a Era Vargas), quando o número de migrantes nacionais superou o de imigrantes vindos de outros países, tornando essa migração muito intensa.[1]

O forte processo de desenvolvimento econômico-industrial pelo qual passavam os locais de destino dos migrantes nordestinos nesse período (1930-1980), ou seja, o sudeste, em especial São Paulo, graças ao acúmulo de capital do setor cafeeiro desde o século XIX e à políticas protecionistas e de substituição de importações que relativamente favoreceram a região. Em oposição, a região nordeste, ainda mantinha características antigas: agricultura atrasada e pouco diversificada, economia estagnada, grandes latifundiários, concentração de renda e uma indústria pouco diversificada e de baixa produtividade; além do fenômeno natural de secas constantes (ver: Polígono das secas). As distintas características dessas duas regiões, além de acentuar as desigualdades regionais, formaram um cenário propício à migração nordestina, em especial às áreas urbanas.[1]

Outro fator que contribuiu para o aumento do fluxo migratório nordestino nesse período foi a construção de Brasília, no centro-oeste, que atraiu grandes grupos populacionais para trabalhar nas obras da então nova capital federal do Brasil.[3]

Fluxos migracionais[editar | editar código-fonte]

Amazônia[editar | editar código-fonte]

No ano de 1877 o nordeste brasileiro sofria com as consequências da seca. Muitos nordestinos, pricipalmente do Ceará, foram estimulados a migrarem para a Amazônia, para assim trabalharem na extração do látex.[4] Este destino de migração foi ainda popular durante a seca de 1915, confome escreveu Raquel de Queiroz no romance O Quinze.

A migração para a Terra da Fartura, foi sempre estimulada com o aval dos governos estaduais nordestinos, porém com os Acordos de Washington assinados por Getúlio Vargas em 1943, esta passou a ser estimulada e organizada pelo Governo Federal. O órgão responsável por este movimento migratório foi Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia ou mais conhecido como SEMTA. Calcula-se que mais de 60.000 pessoas migraram para a região amazônica para trabalharem como Soldados da Borracha.{{carece de fontes}}

Centro-sul[editar | editar código-fonte]

Devido principalmente ao problema da exploração social e do trabalho na economia rural nordestina, relacionada e eventualmente justificada pela seca, somados com a grande oferta de empregos de outras regiões principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, em especial na região Sudeste, verificou-se um pronunciado fluxo migratório de parte da população nordestina para outras regiões do país. A migração de nordestinos para o estado de São Paulo teve início antes da metade do século XIX basicamente fundamentada na industrialização paulista e na diferença do desenvolvimento dos estados. A migração nordestina para o estado do Rio de Janeiro se concentrou da região metropolitana fluminense, e se deu continuamente a partir da década de 1950.{{carece de fontes}}

Na década de 1990, entretanto, devido às crises econômicas e à saturação dos mercados de várias grandes cidades, surgiu um problema generalizado de aumento do desemprego, de queda da qualidade da educação e redução gradativa da renda (aliada a sua histórica distribuição desigual). Isto fez com que parte da população de origem nordestina e de seus descendentes, os quais antes haviam migrado pela falta de recursos, mantivessem uma baixa qualidade de vida. Por causa da visão espelhada nas décadas anteriores, o falso ideal imaginário que se formou em relação à região Sudeste é da promessa de uma qualidade de vida melhor, de fácil oportunidade de emprego, salários mais altos, entre outros; iludido por esse sonho, quando um nordestino migra para o Sudeste em busca de uma melhoria na qualidade de vida, acaba encontrando o contrário, além de sofrer preconceito social no dia-a-dia.{{carece de fontes}}

Tendências atuais[editar | editar código-fonte]

Nos últimos anos, o movimento tradicional de emigração tem reduzido ou até se invertido na região Nordeste. Segundo o estudo "Nova geoeconomia do emprego no Brasil", da Universidade de Campinas (Unicamp), os estados do Ceará, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte receberam mais migrantes entre 1999 e 2004 do que enviaram para outras regiões. O estado da Paraíba, segundo a mesma pesquisa, foi o exemplo mais radical da transformação por que tem passado os padrões migratórios na região: inverteu o padrão migratório do saldo negativo de 61 mil pessoas para o saldo positivo de 45 mil. Em todos os outros estados que continuam a contar com um saldo migratório negativo, o número de migrantes diminuiu no mesmo período analisado: no Maranhão, diminuiu de 173 mil para 77 mil; em Pernambuco, de 115 mil para 24 mil; e na Bahia, de 267 mil para 84 mil.[5]

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2009, divulgados pelo IBGE, Pernambuco foi o estado nordestino com maior taxa de retorno de migrantes, seguido por Rio Grande do Norte e Paraíba.[6][7] Alguns especialistas indicam que fluxo migratório teve substancial redução com os investimentos do governo federal na região, que de fornecedora de mão-de-obra passou a empregá-la.[8]

Migrantes notáveis[editar | editar código-fonte]

Alguns migrantes nordestinos alcançaram relativo sucesso no país. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, e Luíza Erundina, eleita a primeira mulher prefeita de São Paulo, são dois exemplos de migrantes nordestinos que se destacaram no cenário político nacional.[9][10]

Outros migrantes nordestinos de grande destaque foram Assis Chateaubriand, que fundou na capital paulista o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a a TV Tupi;[11] José Ermírio de Moraes, que criou em São Paulo o Grupo Votorantim;[12] Casimiro Montenegro Filho, que fundou no estado de São Paulo o ITA e CTA, instituições que foram o embrião da Embraer, como também pioneiro do CAN;[13] Mário Schenberg, largamente considerado o físico teórico mais importante do Brasil, que foi eleito duas vezes deputado estadual por São Paulo;[14] entre outros.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Sobre a "Migração nordestina para São Paulo"
  • Trabalho apresentado no VI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Comunicação em sessão especializada: Migração e Diáspora.

Setembro de 2000. Da pesquisadora Helenilda Cavalcanti da Fundação Joaquim Nabuco / Instituto de Pesquisas Sociais / Área Temática: Cultura e Identidade.[16]

  • FERRARI, Monia - A migração nordestina para São Paulo no segundo governo Vargas (1951-1954) – Seca e desigualdades regionais.[17]

Referências

  1. a b c Monia Ferrari/UFSCar. [www.ufscar.br/~ppgcso/resumos%20disserta/monia%20ferrari.doc «A MIGRAÇÃO NORDESTINA PARA SÃO PAULO NO SEGUNDO GOVERNO VARGAS (1951-1954) – SECA E DESIGUALDADES REGIONAIS»] Verifique valor |url= (ajuda). Consultado em 4 de setembro de 2011 
  2. [1]
  3. Wagner de Cerqueira e Francisco/Brasil Escola. «A migração nordestina». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  4. Louis Forline. «As Várias Faces da Amazônia: Migrações, Deslocamentos e Mobilidade Social na Região Norte». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  5. Álvaro Kassab. «A nova geoeconomia do emprego». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  6. iG. «Gaúchos são os migrantes que mais voltam ao Estado». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  7. Maurício Moraes/BBC Brasil. «Economia e baixa natalidade diminuem migração interna no Brasil». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  8. Egídio Serpa (15 de setembro de 2009). «Nordeste cresce, aumenta emprego e reduz migração». Consultado em 24 de dezembro de 2010 
  9. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Lula
  10. a b AlgoSobre. «Luiza Erundina». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  11. Uol Educação. «Assis Chateaubriand». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  12. HistoriaNet. «Nacionalismo e Imperialismo». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  13. AEITA. «Casimiro Montenegro Filho». Consultado em 04 de abril de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  14. Ir Ktaná. «Mário Schenberg». Consultado em 4 de setembro de 2011 
  15. Biografia in Literatura Comentada - Gilberto Gil, Abril Educação, São Paulo, 1982.
  16. Documento disponível em
  17. Resumo do documento disponível em

Ligações externas[editar | editar código-fonte]