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Liberalismo social: diferenças entre revisões

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{{Liberalismo}}O '''liberalismo social''', '''social liberalismo''', '''novo liberalismo''','''<ref name="shaver2">{{citar periódico |url=http://www.sprc.unsw.edu.au/dp/dp068.pdf |título=Liberalism, Gender and Social Policy |data=julho de 1997 |acessodata=18 de maio de 2008 |periódico=EconPapers |autor=Shaver, Sheila |formato=[[PDF]] |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080530164222/http://www.sprc.unsw.edu.au/dp/dp068.pdf# |arquivodata=30 de maio de 2008 |urlmorta=yes}}</ref>''' ou '''liberalismo moderno<ref name="richardson2">{{citar livro|título=Contending Liberalisms in World Politics: Ideology and Power|último=Richardson|primeiro=James L.|data=2001|publicado=Lynne Rienner Publishers|local=Colorado|id=155587939X}}</ref>''' é uma [[filosofia política]] e uma variante do [[liberalismo]] que apoia a [[justiça social]], os [[serviços sociais]], uma [[economia mista]] e a expansão dos [[Direitos civis|direitos civis e políticos]], em oposição ao [[liberalismo clássico]] que apoia o [[Laissez-faire|capitalismo laissez faire]] não regulamentado com muito [[Estado mínimo|poucos serviços governamentais]].
{{Liberalismo}}
O '''social liberalismo''', '''liberalismo social''', '''novo liberalismo''',<ref name="shaver">{{citar periódico |autor= Shaver, Sheila |título= Liberalism, Gender and Social Policy |periódico= EconPapers |data= julho de 1997 |url= http://www.sprc.unsw.edu.au/dp/dp068.pdf |formato= [[PDF]] |acessodata= 18 de maio de 2008 |arquivourl= https://web.archive.org/web/20080530164222/http://www.sprc.unsw.edu.au/dp/dp068.pdf# |arquivodata= 30 de maio de 2008 |urlmorta= yes }}</ref> ou '''liberalismo moderno'''<ref name="richardson">{{citar livro|último = Richardson |primeiro = James L. |título= Contending Liberalisms in World Politics: Ideology and Power |publicado= Lynne Rienner Publishers |data= 2001 | id = 155587939X |local= Colorado}}</ref> é um desenvolvimento do [[liberalismo]] no início do [[século XX]] que, tal como outras formas de liberalismo, vê a [[Liberdades negativas|liberdade individual]] como um objetivo central. A diferença está no que se define por liberdade. Para o [[liberalismo clássico]], liberdade é a inexistência de compulsão e coação nas relações entre os indivíduos, já para o liberalismo social a falta de oportunidades de emprego, educação, saúde etc. podem ser tão prejudiciais para a liberdade como a compulsão e coação.


Economicamente, baseia-se na [[economia social de mercado]] e considera o [[bem comum]] como harmonioso com a liberdade do indivíduo.<ref>De Ruggiero, Guido (1959). ''The History of European Liberalism''. pp. 155–157.</ref> Os liberais sociais sobrepõem-se aos [[Social-democracia|social-democratas]] na aceitação da [[Intervencionismo (economia)|intervenção económica]] mais do que outros liberais;<ref name="Slomp 2000">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/europeanpolitics0000slom|título=European Politics Into the Twenty-First Century: Integration and Division|ultimo=Slomp|primeiro=Hans|editora=[[Greenwood Publishing Group]]|ano=2000|localização=Westport|isbn=0275968146|url-access=registo}}</ref> a sua importância é considerada auxiliar em relação aos social-democratas.<ref>{{Citar revista|sobrenome=Margalit|primeiro=Avishai|data=2013|título=Liberal or Social Democrat?|url=https://www.dissentmagazine.org/article/liberal-or-social-democrat|urlmorta=live|revista=Dissent|número=Primavera de 2013|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220920171322/https://www.dissentmagazine.org/article/liberal-or-social-democrat|arquivodata=20-09-2022|acessodata=19-09-2022}}</ref> As ideologias que enfatizam a sua política económica incluem o '''liberalismo do bem-estar''',<ref>{{Citar web|url=https://www1.udel.edu/htr/American/Texts/weliber.html|titulo=Main Ideas of General-welfare Liberalism|acessodata=19-09-2022|website=www1.udel.edu|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220126113324/https://www1.udel.edu/htr/American/Texts/weliber.html|arquivodata=26-01-2022|urlmorta=live}}</ref> o [[Liberalismo nos Estados Unidos|liberalismo do New Deal]] nos Estados Unidos,<ref>{{Citar web|url=https://www.americanprogress.org/article/think-again-how-classical-liberalism-morphed-into-new-deal-liberalism/|titulo=How Classical Liberalism Morphed Into New Deal Liberalism|data=26-04-2012|acessodata=19-09-2022|website=Center for American Progress|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220920172614/https://www.americanprogress.org/article/think-again-how-classical-liberalism-morphed-into-new-deal-liberalism/|arquivodata=20-09-2022|urlmorta=live}}</ref> e '''o liberalismo keynesiano'''.<ref>{{Citar web|ultimo=kanopiadmin|url=https://mises.org/library/was-keynes-liberal|titulo=Was Keynes a Liberal?|data=07-04-2010|acessodata=19-09-2022|website=Mises Institute|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220920172801/https://mises.org/library/was-keynes-liberal|arquivodata=20-09-2022|urlmorta=live}}</ref> O [[liberalismo cultural]] é uma ideologia que destaca os seus aspetos culturais. O mundo adotou amplamente políticas sociais liberais.<ref name="Faulks2">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=FAtlVdPhEFAC&q=Political+Sociology:+A+Critical+Introduction&pg=PA73|título=Political Sociology: A Critical Introduction|ultimo=Faulks|primeiro=Keith|data=10-12-1999|editora=Edinburgh University Press|isbn=9780748613564|acessodata=10-12-2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230117052034/https://books.google.com/books?id=FAtlVdPhEFAC&q=Political+Sociology:+A+Critical+Introduction&pg=PA73|arquivodata=17-01-2023|via=Google Books}}</ref>
As ideias e partidos que adotam o liberalismo social são considerados de [[Centro (política)|centro]], com alguns setores de [[centro-direita]] e [[centro-esquerda]].<ref name="adams"/><ref name="slomp">{{citar livro|último =Slomp |primeiro =Hans |título=European Politics Into the Twenty-First Century: Integration and Division |publicado=[[Greenwood Publishing Group]] |isbn=0275968146 |ano=2000 |local=Westport}}</ref><ref name="modern">{{citar livro|título=Liberalism in Modern Times: Essays in Honour of Jose G. Merquior|autores=Ortiz, Cansino; Gellner, Ernest; Geliner, E.; Merquior, José Guilherme; Emil, César Cansino|data=1996|publicado=Central European University Press|local=Budapest|id=185866053X}}</ref><ref name='hombachbodo'>{{citar livro|último = Hombach |primeiro = Bodo |autorlink = |título= The politics of the new centre |publicado= Wiley-Blackwell |ano= 2000 |local= |páginas= | url = http://eu.wiley.com/WileyCDA/WileyTitle/productCd-074562460X.html | doi = | id = | isbn = 9780745624600 }}</ref> Derivando disso, os liberais sociais se encontram entre os mais fortes defensores dos [[direitos humanos]] e das liberdades civis, embora combinando esta vertente com o apoio a uma economia em que o [[estado]] desempenha essencialmente um papel de regulador e de garantidor do acesso a todos (independentemente da sua capacidade econômica), aos serviços públicos que asseguram os direitos sociais considerados fundamentais.<ref name=":0">{{citar livro|título=O Liberalismo Social: a doutrina do Partido Liberal|ultimo=Valle|primeiro=Alvaro|editora=Nórdica|ano=1992|local=[[Rio de Janeiro]]}}</ref> Todavia no liberalismo social, o estado não tem obrigatoriamente de ser o fornecedor do serviço público, tendo apenas de garantir que todos os cidadãos têm acesso a serviços públicos básicos, independentemente da sua capacidade económica.<ref name=":0" /> Nos [[Países Baixos]], por exemplo, apenas um terço das escolas da rede pública de educação são detidas e geridas pelo estado, sendo as restantes dois terços detidas e geridas por privados.<ref>{{Citar periódico|titulo=Education in the Netherlands: A guide to the Dutch education system|url=https://www.expatica.com/nl/education/Education-in-the-Netherlands_100816.html|idioma=en}}</ref>


As ideias e os partidos sociais liberais tendem a ser considerados de [[Centro (política)|centro]] ao [[centro-esquerda]], embora haja desvios destas posições tanto para a [[Espectro político|esquerda como para a direita política]].<ref name="Slomp 2000" /><ref name="hombachbodo2">{{Citar livro|url=http://eu.wiley.com/WileyCDA/WileyTitle/productCd-074562460X.html|título=The politics of the new centre|ultimo=Hombach|primeiro=Bodo|editora=Wiley-Blackwell|ano=2000|isbn=9780745624600|acessodata=06-04-2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090803105747/http://eu.wiley.com/WileyCDA/WileyTitle/productCd-074562460X.html|arquivodata=03-08-2009}}</ref><ref name="womenpower">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/womensaccesstopo0000unse|título=Women's access to political power in post-communist Europe|ultimo=Matland|primeiro=Richard E.|ultimo2=Montgomery|primeiro2=Kathleen A.|editora=Oxford University Press|ano=2003|localização=Oxford|isbn=978-0-19-924685-4|url-access=registo}}</ref> É expectável a abordagem de questões económicas e sociais, como [[pobreza]], [[segurança social]], [[Infraestrutura (engenharia)|infraestrutura]], [[Assistência médica|saúde]] e [[educação]] usando intervenção governamental, ao mesmo tempo em que se enfatiza os direitos individuais e a autonomia, sob um [[governo]] social liberal.<ref>{{Citar periódico |url=http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online&aid=7548652 |título=The Origins of Social Liberalism in Germany |data=09-1964 |acessodata=21-05-2013 |periódico=[[The Journal of Economic History]] |número=3 |ultimo=Rohr |primeiro=Donald G. |arquivourl=https://web.archive.org/web/20160108024518/http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online&aid=7548652 |arquivodata=08-01-2016 |volume=24}}</ref><ref>{{Citar enciclopédia|ultimo=Courtland|primeiro=Shane D.|url=http://plato.stanford.edu/entries/liberalism/#NewLib|titulo=The 'New Liberalism'|data=Primavera de 2011|acessodata=21-05-2013|enciclopédia=[[The Stanford Encyclopedia of Philosophy]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180908003440/https://plato.stanford.edu/entries/liberalism/#NewLib|arquivodata=08-09-2018|urlmorta=live}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Derbyshire|primeiro=John|url=http://www.newstatesman.com/uk-politics/2010/07/social-liberalism-hobhouse|titulo=The origins of social liberalism|data=12-07-2010|acessodata=21-05-2013|website=[[New Statesman]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20151222122744/http://www.newstatesman.com/uk-politics/2010/07/social-liberalism-hobhouse|arquivodata=22-12-2015|urlmorta=live}}</ref> No discurso político moderno, o liberalismo social está associado ao [[progressismo]],<ref>{{Citar livro|título=America in White, Black, and Gray: A History of the Stormy 1960s|data=2007|editora=Bloomsbury Publishing USA|editor-sobrenome=Klaus P. Fischer}}</ref><ref>{{Citar livro|título=The Modern Political Tradition: Episode 17: Progressivism and New Liberalism|data=2014|editora=Great Courses|editor-sobrenome=Great Courses}}{{Falta ISBN}}</ref><ref>{{Citar livro|título=Japanese Constitutional Revisionism and Civic Activism|data=2021|editora=Rowman & Littlefield|editor-sobrenome=Helen Hardacre|páginas=136, 162|editor-sobrenome2=Timothy S. George|editor-sobrenome3=Keigo Komamura|editor-sobrenome4=Franziska Seraphim}}{{Falta ISBN}}</ref> um liberalismo de esquerda em contraste com o [[neoliberalismo]] de direita,<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=lQzWDwAAQBAJ&dq=Progressivism+%22left-liberalism%22&pg=PA83|título=Towards a Malaysian Criminology: Conflict, Censure and Compromise|data=2020|editora=Springer Nature|editor-sobrenome=Muzammil Quraishi|isbn=9781137491015}}</ref> e combina o apoio a uma [[economia mista]] com o liberalismo cultural.<ref>{{Citar livro|título=Fighting for the Progressive Center in the Age of Trump|data=2014|editora=ABC-CLIO|editor-sobrenome=Joseph M. Hoeffel}}{{Falta ISBN}}</ref>
A palavra social é utilizada nesta versão do liberalismo com um duplo sentido.<ref name=":0" /> Um primeiro como forma de diferenciação dos grupos que defendem correntes do liberalismo como o liberalismo clássico, o [[neoliberalismo]] e o [[libertarianismo]].<ref name=":0" /> Um segundo como forma de se aproximar de ideais progressistas ao nível da defesa das liberdades individuais e em oposição às ideias defendidas pelos partidos conservadores. O Liberalismo Social é uma filosofia política que enfatiza a colaboração mútua através de instituições liberais, em oposição à utilização da força para resolver as controvérsias políticas.<ref name=":0" /> Rejeitando quer a versão "laissez-faire" do [[capitalismo]], quer os elementos revolucionários da escola socialista, o liberalismo social coloca a sua ênfase nas [[Liberdade positiva|liberdades positivas]], tendo como objetivo aumentar as liberdades dos desfavorecidos da sociedade.<ref name=":0" />

''O liberalismo social'' também pode referir-se às posições [[Progressismo nos Estados Unidos|progressistas americanas]] sobre questões socioculturais,<ref>{{Citar web|url=https://news.ycombinator.com/item?id=26495780|titulo=They retain meaning across populations and through time. That's the whole point ... &#124; Hacker News|acessodata=03-11-2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230117052049/https://news.ycombinator.com/item?id=26495780|arquivodata=17-01-2023|urlmorta=live}}</ref> como os [[direitos reprodutivos]] e o [[casamento entre pessoas do mesmo sexo]], em contraste com o [[Conservadorismo social nos Estados Unidos|conservadorismo social americano]]. O liberalismo cultural é frequentemente referido como ''liberalismo social'' porque expressa a dimensão social do liberalismo; no entanto, não é o mesmo que a ideologia política mais ampla conhecida como liberalismo social. Na [[Política dos Estados Unidos|política americana]], um ''liberal social'' pode ter opiniões [[Conservadorismo fiscal|conservadoras]] ([[Liberalismo económico|liberais económicos]]) ou opiniões liberais ([[Progressismo económico|progressistas económicos]]) sobre a [[Política orçamental|política fiscal]].<ref>{{Citar livro|título=Trust: Reaching the 100 Million Missing Voters and Other Selected Essays|ultimo=Chideya|primeiro=Farai|editora=Soft Skull Press|ano=2004|páginas=33–46|capitulo=The Red and the Blue: A Divided America|isbn=9781932360264}}</ref><ref>{{Citar periódico|titulo=Education in the Netherlands: A guide to the Dutch education system|url=https://www.expatica.com/nl/education/Education-in-the-Netherlands_100816.html|idioma=en}}</ref>

A palavra social é utilizada nesta versão do liberalismo com um duplo sentido.<ref name=":0">{{citar livro|título=O Liberalismo Social: a doutrina do Partido Liberal|ultimo=Valle|primeiro=Alvaro|editora=Nórdica|ano=1992|local=[[Rio de Janeiro]]}}</ref> Um primeiro como forma de diferenciação dos grupos que defendem correntes do liberalismo como o liberalismo clássico, o [[neoliberalismo]] e o [[libertarianismo]].<ref name=":0" /> Um segundo como forma de se aproximar de ideais progressistas ao nível da defesa das liberdades individuais e em oposição às ideias defendidas pelos partidos conservadores. O Liberalismo Social é uma filosofia política que enfatiza a colaboração mútua através de instituições liberais, em oposição à utilização da força para resolver as controvérsias políticas.<ref name=":0" /> Rejeitando quer a versão "laissez-faire" do [[capitalismo]], quer os elementos revolucionários da escola socialista, o liberalismo social coloca a sua ênfase nas [[Liberdade positiva|liberdades positivas]], tendo como objetivo aumentar as liberdades dos desfavorecidos da sociedade.<ref name=":0" />


== Origens ==
== Origens ==
No final do século XIX e início do século XX, na Inglaterra, um grupo de pensadores Ingleses, conhecidos como os Novos Liberais considerou que o laissez-faire defendido pelo Liberalismo Clássico não era necessariamente promotor da liberdade individual e que por isso seria necessária alguma intervenção do Estado na vida social, econômica e cultural de um país. Os Novos Liberais, que incluíam pensadores como T. H. Green e [[Leonard Trelawny Hobhouse]], consideravam por isso que a defesa da liberdade individual se deveria centrar na defesa de liberdades positivas, e que as liberdades que idealizavam para todos apenas poderiam ser alcançadas sob as condições económicas e sociais certas. Por forma a alcançar estas condições estavam dispostos a que existisse um Estado social e intervencionista.


=== Reino Unido ===
== Comparação com liberalismo clássico ==
[[Ficheiro:Leonard_Trelawny_Hobhouse,_c1910.jpg|miniaturadaimagem|[[Leonard Trelawny Hobhouse|Leonard Hobhouse]] foi um dos criadores do liberalismo social, nomeadamente através do seu livro ''Liberalism'', publicado em 1911.]]
O Liberalismo Clássico acredita que a defesa da liberdade se deve concentrar na defesa das liberdades individuais e consequentemente num Estado laissez-faire. Já o Liberalismo Social vê um papel para o Estado no garantimento de liberdades positivas para o indivíduo. Para o liberal social, a falta de liberdades positivas como oportunidades econômicas, educação e saúde podem ser consideradas ameaças à liberdade.
No final do século XIX, as quedas no crescimento económico desafiaram os princípios do [[liberalismo clássico]], uma consciência crescente da pobreza e do desemprego presentes nas cidades industriais modernas, e a agitação do [[Movimento operário|trabalho organizado]]. Uma reação política significativa contra as mudanças introduzidas pela [[industrialização]] e pelo [[capitalismo]] ''[[laissez-faire]]'' veio dos [[Conservadorismo de uma nação|conservadores one-nation]] preocupados com o equilíbrio social e com a introdução da famosa [[Lei da Educação de 1870]]. No entanto, o [[socialismo]] tornou-se mais tarde uma força mais importante para a mudança e a reforma. Alguns escritores vitorianos - incluindo [[Charles Dickens]], [[Thomas Carlyle]] e [[Matthew Arnold]] - tornaram-se os primeiros críticos influentes da injustiça social.<ref>Richardson, pp. 36–37.</ref>


[[John Stuart Mill]] contribuiu enormemente para o pensamento liberal ao combinar elementos do liberalismo clássico com o que eventualmente ficou conhecido como o novo liberalismo. Mill desenvolveu esta filosofia ao liberalizar o conceito de [[consequencialismo]] para promover um sistema baseado em direitos.<ref>{{Citar web|url=https://www.cambridge.org/us/academic/subjects/history/history-ideas-and-intellectual-history/utilitarianism-and-new-liberalism,%20https://www.cambridge.org/us/academic/subjects/history/history-ideas-and-intellectual-history|titulo=Utilitarianism and the New Liberalism {{!}} History of ideas and intellectual history|acessodata=29-09-2022|website=Cambridge University Press|lingua=en}}</ref> Ele também desenvolveu o seu dogma liberal combinando a ideia de usar uma base [[Utilitarismo|utilitarista]] com a ideia de direitos individuais.<ref>{{Citar livro|url=https://academic.oup.com/book/12215/chapter-abstract/161685296?redirectedFrom=fulltext|título=Mill's Progressive Principles|ultimo=Brink|primeiro=David O.|data=18-04-2013|páginas=214–233|língua=en|capitulo=Liberalism, utilitarianism, and rights|doi=10.1093/acprof:oso/9780199672141.003.0009|isbn=978-0-19-967214-1|acessodata=30-09-2022|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230117052049/https://academic.oup.com/book/12215/chapter-abstract/161685296?redirectedFrom=fulltext|arquivodata=17-01-2023}}</ref> Os novos liberais tentaram adaptar a velha linguagem do liberalismo para enfrentar estas circunstâncias difíceis, que eles acreditavam que só poderiam ser resolvidas através de uma conceção mais ampla e intervencionista do Estado. Garantir que os indivíduos não interferissem fisicamente uns com os outros ou simplesmente formulassem e aplicassem leis de forma imparcial não poderia estabelecer um direito igual à liberdade. Foram necessárias medidas mais positivas e proativas para garantir que todos os indivíduos tivessem [[Igualdade de oportunidades|oportunidades iguais]] de sucesso.<ref name="eatwell">{{Citar livro|título=Contemporary Political Ideologies|ultimo=Eatwell|primeiro=Roger|ultimo2=Wright|primeiro2=Anthony|editora=Continuum International Publishing Group|ano=1999|isbn=9780826451736}}</ref>
Os Liberais Sociais, consequentemente, defendem uma [[Capitalismo|economia essencialmente de mercado]], mas onde o Estado também pode fornecer alguns serviços directamente, garantir o seu fornecimento ou regular a economia. Por exemplo, alguns Liberais Sociais defendem que deve existir uma seguro de saúde universal e obrigatório, com o Estado a pagar um nível de serviço básico aos mais desfavorecidos da sociedade. É também habitual ver-se Liberais Sociais a defender políticas anti-monopólio, a criação de entidades reguladoras ou o estabelecimento de um salário mínimo. Mesmo a acumulação de riqueza por um pequeno grupo de interesse pode ser vista por um liberal social como uma excessiva concentração de poder numa fracção demasiado pequena da sociedade e consequentemente ser considerada uma ameaça à liberdade.


==== Novos Liberais ====
Liberais clássicos como Nozick rejeitam o Liberalismo Social como uma forma pura de liberalismo. Para estes autores o governo não tem qualquer dever de intervir na sociedade para ajudar os mais desfavorecidos pois tal traduz-se em retirar riqueza aos outros sob a forma de imposto. Consideram também que interferir no mercado é destruir a liberdade e fazer isto para dar mais liberdade ao indivíduo constitui uma contradição.<ref name="adams">{{citar livro|último = Adams |primeiro = Ian |título= Political Ideology Today (Politics Today) |publicado= Manchester University Press | id = 0719060206 |data= 2001 |local= Manchester}}</ref>
[[Ficheiro:Thomashillgreen.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|[[T. H. Green|Thomas Hill Green]]]]
No final do século XIX e início do século XX, um grupo de pensadores britânicos conhecidos como Novos Liberais defendeu o liberalismo clássico ''laissez-faire''. Argumentou a favor da intervenção estatal na vida social, económica e cultural. O que eles propuseram é agora chamado de liberalismo social.<ref name="freeden">[[Michael Freeden|Freeden, Michael]] (1978). ''The New Liberalism: An Ideology of Social Reform''. Oxford: Oxford University Press.</ref> Os Novos Liberais, incluindo os intelectuais [[T. H. Green|Thomas Hill Green]], [[Leonard Trelawny Hobhouse|Leonard Hobhouse]] e [[John A. Hobson]], viam a liberdade individual alcançável apenas sob circunstâncias sociais e económicas favoráveis.<ref name="adams2">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/politicalideolog0000adam|título=Political Ideology Today (Politics Today)|ultimo=Adams|primeiro=Ian|editora=Manchester University Press|ano=2001|localização=Manchester|isbn=0719060206|url-access=registo}}</ref> Na sua opinião, a pobreza, a miséria e a ignorância em que muitas pessoas viviam tornavam impossível o florescimento da liberdade e da individualidade. Os Novos Liberais acreditavam que através da ação coletiva coordenada por um Estado forte, orientado para o bem-estar e intervencionista poderia aliviar estas condições.{{Citação necessária}}


Os governos [[Partido Liberal (Reino Unido)|liberais]] de [[Henry Campbell-Bannerman]] e [[Herbert Henry Asquith|H.H. Asquith]], principalmente graças ao [[Chanceler do Tesouro]] e mais tarde ao primeiro-ministro [[David Lloyd George]], estabeleceram as bases do [[Estado de bem-estar social]] no Reino Unido antes da Primeira Guerra Mundial. O Reino Unido após a Segunda Guerra Mundial, embora realizado principalmente pelo [[ministério Attlee]] do [[Partido Trabalhista (Reino Unido)|Partido Trabalhista]], foi significativamente concebido por dois liberais, nomeadamente [[John Maynard Keynes]] (que lançou as bases da economia com a [[Revolução Keynesiana]]) e [[William Beveridge]] (cujo [[Relatório Beveridge]] foi usado para projetar o sistema de bem-estar social).<ref name="adams2" />
== Comparação com liberalismo conservador ==
Ambas as formas de Liberalismo partilham as preocupações com a defesa da liberdade individual, mas enquanto o termo Liberalismo Social é adequado para descrever alguns partidos liberais que se situam à esquerda do centro no que toca a questões económicas e suportam um vasto conjunto de direitos democráticos, o [[Liberalismo conservador]] coloca a ênfase na defesa da liberdade económica e tende a situar-se à direita do centro. Por exemplo, partidos liberais conservadores como o Holandês VVD e o Alemão FDP adotam uma agenda economicamente conservadora, defendendo um Estado mínimo na economia. Alguns autores, como Merquior, defendem que o Liberalismo Conservador se baseia no conceito de liberdade negativa (“onde não existe lei não existe transgressão”), são moralmente pluralistas, defendem o progresso, o individualismo e um Estado controlável pelo cidadão, enquanto os partidos liberais sociais, como o Holandês D66 e o Dinamarquês Radikale Venstre, se focam na ilegitimidade de um Estado tirânico que controla em demasia a vida dos cidadãos e nas condições sociais que tornam esse governo possível.


O historiador Peter Weiler argumentou:<blockquote>Embora ainda parcialmente informada pelas antigas preocupações liberais com o carácter, a autossuficiência e o mercado capitalista, esta legislação marcou, no entanto, uma mudança significativa nas abordagens liberais ao Estado e à reforma social, abordagens que os governos posteriores expandiriam lentamente e que se transformariam no Estado de bem-estar social após a Segunda Guerra Mundial. O que havia de novo nestas reformas era a suposição subjacente de que o Estado poderia ser uma força positiva, que a medida da liberdade individual... não era o quanto o Estado deixava as pessoas sozinhas, mas se ele lhes dava a capacidade de se preencherem a si próprios como indivíduos.<ref>Weiler, Peter (2016). "New Liberalism". In Leventhal, Fred M., ed. (1995). ''Twentieth-century Britain: An Encyclopedia''. Garland. pp. 564–565.</ref></blockquote>
== Comparação com neoliberalismo ==
O Liberalismo Social é muito diferente do termo ambíguo Neoliberalismo, que é frequentemente atribuído aos vários proponentes de mercados livres.<ref name="Faulks" /> A palavra Neoliberalismo tem sido usada para descrever as políticas económicas liberais de Ronald Reagan e Margaret Thatcher.<ref name="Faulks">[http://www.google.com/books?id=FAtlVdPhEFAC&lpg=PP1&dq=Political%20Sociology%3A%20A%20Critical%20Introduction&pg=PA73#v=onepage&q=&f=falseFauks, Keith. Political Sociology: A Critical Introduction. Edinburgh University Press, 1999, pages 71–75]</ref> Como um corpo de pensamento, o Neoliberalismo defende posições contrárias a muitas das que são tomadas pelos Liberais Sociais, especialmente no que toca ao desmantelamento das medidas de apoio social.<ref>[https://www.idrc.ca/sites/default/files/openebooks/888-0/index.html AFRICAN VOICES ON STRUCTURAL ADJUSTMENT]</ref>


=== Alemanha ===
== Comparação com social-democracia ==
Na Alemanha da década de 1860, políticos liberais de esquerda como [[Max Hirsch]], [[Franz Duncker]] e [[Hermann Schulze-Delitzsch]] estabeleceram [[Sindicato|sindicatos]] - modelados nos seus homólogos britânicos - para ajudar os trabalhadores a melhorar as condições económicas e de trabalho através da reconciliação de interesses e da cooperação com os seus empregadores, ao invés da luta de classes. Schulze-Delitzsch é também o fundador do [[História do movimento cooperativo|movimento cooperativo]] alemão e o organizador das primeiras [[Cooperativa de crédito|cooperativas de crédito]] do mundo. Alguns economistas liberais, como [[Lujo Brentano]] ou [[Gerhart von Schulze-Gävernitz]], estabeleceram a [[Verein für Socialpolitik]] (Associação Económica Alemã) em 1873 para promover a reforma social baseada na [[Escola historicista alemã de economia|escola historicista da economia]] e, portanto, rejeitando a [[economia clássica]], propondo uma terceira via entre o [[Escola de Manchester|Liberalismo de Manchester]] e a revolução socialista no [[Império Alemão]] fundado em 1871.{{Citação necessária}}
As grandes diferenças entre o Liberalismo Social e a [[Social Democracia]] centram-se essencialmente na relação do Estado com o indivíduo.

No entanto, o movimento liberal de esquerda alemão fragmentou-se em alas e novos partidos ao longo do século XIX. Os principais objetivos dos partidos liberais de esquerda – o [[Partido Progressista Alemão|Partido do Progresso Alemão]] e os seus sucessores – eram a liberdade de expressão, a liberdade de reunião, o governo representativo, o sufrágio secreto e igualitário, mas obrigatório, e a proteção da propriedade privada. Ao mesmo tempo, opunham-se fortemente à criação de um [[Estado de bem-estar social|Estado de bem-estar]], que chamavam de [[socialismo estatal]] . As principais diferenças entre os partidos liberais de esquerda foram:{{Citação necessária}}

* As ambições nacionais.
* Os diferentes subestados dos objetivos das pessoas.
* [[Livre-comércio|Livre comércio]] contra ''a Schutzzollpolitik.''
* ''A'' construção da economia nacional.

O termo 'liberalismo social' ({{Lang-de|Sozialliberalismus}}) foi usado pela primeira vez em 1891 pelo economista e jornalista [[Áustria-Hungria|austro-húngaro]] [[Theodor Hertzka]].<ref>Theodor Hertzka: ''Socialdemokratie und Socialliberalismus'' (German). Dresden/Leipzig: Pierson. 1891.</ref>{{Nre|Hertzka was from [[Pest, Hungary|Pest]], part of [[Budapest]], now the capital of [[Hungary]]. At the time of his birth, Hungary was the territory of the [[Austrian Empire]].}} Posteriormente, em 1893, o historiador e [[Reformismo|reformador social]] [[Ignaz Jastrow]] também usou esse termo e ingressou na [[Verein für Socialpolitik|Associação Económica Alemã]]. Ele publicou o manifesto [[Socialismo democrático|socialista-democrata]] "Liberal Social: Tarefas para o Liberalismo na Prússia" para criar um "grupo de ação" para o bem-estar geral do povo no [[Partido Social-Democrata da Alemanha|Partido Social Democrata da Alemanha]], que eles rejeitaram.<ref>{{Citar livro|título=Sozialreform oder Revolution: Gesellschaftspolitische Zukunftsvorstellungen im Naumann-Kreis 1890–1903/04|ultimo=Na|primeiro=Inho|editora=Tectum Verlag|ano=200}}</ref>
[[Ficheiro:Portrait_Friedrich_Naumann_(ca._1911).jpg|miniaturadaimagem|[[Friedrich Naumann]]]]
A [[Associação Nacional-Social]], fundada pelo pastor protestante [[Friedrich Naumann|Friedrich Naumann,]] também manteve contactos com os liberais de esquerda.<ref>{{Citation|first1=Joshua|last=Derman|title=Max Weber in Politics and Social Thought: From Charisma to Canonization|publisher=Cambridge University Press|place=Cambridge|year=2012|page=25}}</ref> Ele tentou afastar os trabalhadores do [[marxismo]], propondo uma mistura de nacionalismo e liberalismo social de flexão de valores protestantes-cristãos para superar os antagonismos de classe por meios não revolucionários. Naumann chamou isso de “liberalismo integral proletário-burguês”. Embora o partido não tenha conseguido ganhar nenhum assento e logo se dissolvesse, ele permaneceu influente no liberalismo de esquerda teórico alemão.{{Citação necessária}}

Na [[República de Weimar]], o [[Partido Democrático Alemão]] foi fundado e herdou o passado liberal de esquerda e tinha uma ala social de esquerda<ref>{{Citar livro|título=Securing the Communist State: The Reconstruction of Coercive Institutions in the Soviet Zone of Germany and Romania, 1944-48|ultimo=Van De Grift|primeiro=Liesbeth|editora=Lexington Books|ano=2012|isbn=978-0-7391-7178-3}}</ref> e uma ala económica de direita, mas favorecia fortemente a constituição democrática em detrimento de uma monarquista. As suas ideias de uma economia socialmente equilibrada com solidariedade, deveres e direitos entre todos os trabalhadores tiveram dificuldades devido às sanções económicas do [[Tratado de Versalhes (1919)|Tratado de Versalhes]], mas influenciaram as empresas [[Cooperativismo|cooperativas]] locais.<ref name="Kurlander">{{Citar livro|título=The Price of Exclusion: Ethnicity, National Identity, and the Decline of German Liberalism, 1898–1933|ultimo=Kurlander|primeiro=Eric|editora=Berghahn Books|ano=2006|isbn=1-8454-5069-8}}</ref>

Depois de 1945, os [[Partido Democrático Liberal|Democratas Livres]] incluíram a maioria dos liberais sociais enquanto outros aderiram à [[União Democrata-Cristã|União Democrata Cristã da Alemanha]]. Até a década de 1960, o [[ordoliberalismo]] do [[pós-guerra]] foi o modelo para a Alemanha. Teve uma influência liberal social teórica baseada em deveres e direitos.<ref name="cis.org.au">{{citar web|ultimo=Marc Hartwich|primeiro=Oliver|url=https://www.cis.org.au/temp/op114_neoliberalism.pdf|titulo=Neoliberalism: The Genesis of a Political Swearword|data=21-05-2009|acessodata=27-02-2024|website=The Centre for Independent Studies|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091025161041/http://www.cis.org.au/temp/OP114_Neoliberalism.pdf|arquivodata=25-10-2009|urlmorta=sim}}</ref> À medida que os Democratas Livres descartaram as ideias liberais sociais numa abordagem mais conservadora e economicamente liberal em 1982,<ref>{{Citar web|url=https://www.deutschlandfunk.de/trennung-nach-13-gemeinsamen-jahren.724.de.html?dram:article_id=98885|titulo=Trennung nach 13 gemeinsamen Jahren|data=17-09-2007|acessodata=15-09-2021|jornal=Deutschlandfunk|lingua=de-DE|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210915121308/https://www.deutschlandfunk.de/trennung-nach-13-gemeinsamen-jahren.724.de.html?dram:article_id=98885|arquivodata=15-09-2021|urlmorta=live}}</ref> alguns membros deixaram o partido e formaram os [[Liberais Democratas (Alemanha)|Liberais Democratas]] liberais sociais.<ref>{{Citar web|url=https://www.bundestagswahl-2021.de/parteien/|titulo=Bundestagswahl 2021: alle teilnehmenden Parteien|data=14-12-2020|acessodata=15-09-2021|website=bundestagswahl-2021.de|lingua=de-DE|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210914172805/https://www.bundestagswahl-2021.de/parteien/|arquivodata=14-09-2021|urlmorta=live}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://liberale-demokraten.de/geschichte/|titulo=Geschichte|acessodata=15-09-2021|website=Liberale Demokraten - Die Sozialliberalen|lingua=de-DE|arquivourl=https://web.archive.org/web/20211125124958/https://liberale-demokraten.de/geschichte/|arquivodata=25-11-2021|urlmorta=live}}</ref>

=== França ===
Em França, pensadores [[Solidariedade|solidários]], incluindo [[Alfred Fouillée]] e [[Émile Durkheim]], desenvolveram a teoria liberal-social na Terceira República. A [[sociologia]] inspirou-os e influenciaram políticos radicais como [[Léon Bourgeois]]. Explicaram que uma divisão mais extensa do trabalho causava mais oportunidades e [[individualismo]] e inspirava uma interdependência mais complexa. Argumentavam que o indivíduo tinha uma dívida para com a sociedade, promovendo a tributação progressiva para apoiar obras públicas e regimes de segurança social. Contudo, queriam que o Estado coordenasse em vez de gerir, incentivando esquemas de seguros cooperativos entre indivíduos. O seu principal objetivo era remover as barreiras à mobilidade social, em vez de criar um Estado-providência.<ref>Eatwell, Roger; Wright, Anthony (1999). ''Contemporary Political Ideologies'' (1999). pp. 35–36.</ref>
[[Ficheiro:FDR_in_1933.jpg|miniaturadaimagem|177x177px|[[Franklin D. Roosevelt]], o 32º [[Presidente dos Estados Unidos]], cujas políticas internas do [[New Deal]] definiram o [[Liberalismo clássico nos Estados Unidos|liberalismo americano]] para o terço médio do século XX.]]

=== Estados Unidos ===
O liberalismo social foi um termo nos Estados Unidos para diferenciá-lo do [[Liberalismo clássico nos Estados Unidos|liberalismo clássico]] ou ''[[laissez-faire]]''. Dominou o pensamento político e económico durante vários anos, até que a palavra se ramificou em torno da [[Grande Depressão]] e do [[New Deal]].<ref>{{Citar periódico |url=http://www.utdallas.edu/~cjwilson/prof/BJPS00.pdf |título=The Past in the Present: A Cleavage Theory of Party Response to European Integration |data=07-2000 |periódico=British Journal of Political Science |número=3 |ultimo=Marks |primeiro=Gary |ultimo2=Wilson |primeiro2=Carole |paginas=433–459 |doi=10.1017/S0007123400000181 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080625032020/http://www.utdallas.edu/~cjwilson/prof/BJPS00.pdf |arquivodata=25-06-2008 |volume=30}}</ref><ref name="richardson3">{{Citar livro|título=Contending Liberalisms in World Politics: Ideology and Power|ultimo=Richardson|primeiro=James L.|editora=Lynne Rienner Publishers|ano=2001|localização=Colorado|isbn=155587939X}}</ref> Nas décadas de 1870 e 1880, os economistas americanos [[Richard T. Ely|Richard Ely]], [[John Bates Clark]] e [[Henry Carter Adams]] — influenciados tanto pelo [[socialismo]] como pelo movimento [[Evangelicalismo|protestante evangélico]] — criticaram severamente as condições causadas pelas fábricas industriais e expressaram simpatia pelos [[Sindicato|sindicatos]]. No entanto, nenhum deles desenvolveu uma filosofia política sistemática e mais tarde abandonaram os seus flertes com o pensamento socialista. Em 1883, [[Lester Frank Ward]] publicou os dois volumes ''Dynamic Sociology''. Ele formalizou os princípios básicos do liberalismo social e ao mesmo tempo atacou as políticas ''de laissez-faire'' defendidas por [[Herbert Spencer]] e [[William Graham Sumner]]. O historiador [[Henry Steele Comager|Henry Steele Commager]] classificou Ward ao lado de [[William James]], [[John Dewey]] e [[Oliver Wendell Holmes, Jr.|Oliver Wendell Holmes Jr.]]<ref>Commager, Henry Steele, ed. (1967). ''Lester Ward and the Welfare State''. New York: Bobbs-Merrill.</ref> Um escritor de 1884 até a década de 1930, John Dewey – um educador influenciado por Hobhouse, Green e Ward – defendeu métodos socialistas para alcançar objetivos liberais. A crescente popularidade de John Dewey como economista também coincidiu com o maior movimento [[Georgismo|georgista]] que surgiu na década de 1910, culminando com a presidência de [[Woodrow Wilson]].<ref>{{Citar tese|titulo=Land and Liberty: Henry George, The Single Tax Movement, and the Origins of 20th Century Liberalism|url=https://repository.library.georgetown.edu/handle/10822/1029879|tipo=thesis|lingua=en|nome=Christopher William|sobrenome=England}}</ref> Mais tarde, a América incorporou algumas ideias liberais sociais no [[New Deal]],<ref>Richardson, pp. 38–41.</ref> que se desenvolveu como uma resposta à [[Grande Depressão]] quando Franklin D. Roosevelt assumiu o cargo.{{Citação necessária}}

== Implementação ==
[[Ficheiro:David_Lloyd_George_c1911.jpg|miniaturadaimagem|203x203px|[[David Lloyd George]], que se tornou intimamente associado a este novo liberalismo e apoiou vigorosamente a expansão do bem-estar social.]]
O Estado de bem-estar social cresceu gradual e desigualmente a partir do final do século XIX, mas desenvolveu-se plenamente após a Segunda Guerra Mundial, juntamente com a [[Economia mista|economia mista de mercado]] e o [[Capitalismo do bem-estar social|capitalismo de bem-estar]].<ref>{{Citar web|url=https://www.dol.gov/general/aboutdol/history/dolchp02|titulo=Chapter 2: The 1920s and the Start of the Depression 1921-1933 {{!}} U.S. Department of Labor|acessodata=22-09-2022|website=www.dol.gov|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220922155123/https://www.dol.gov/general/aboutdol/history/dolchp02|arquivodata=22-09-2022|urlmorta=live}}</ref> Também chamado de [[liberalismo integrado]], as políticas sociais liberais ganharam amplo apoio em todo o espetro político porque reduziram as tendências disruptivas e polarizadoras da sociedade sem desafiar o sistema económico capitalista. As empresas aceitaram o liberalismo social face à insatisfação generalizada com o ciclo de [[Ciclo econômico|expansão e recessão]] do sistema financeiro anterior, pois parecia-lhes ser um mal menor do que os modos de governo mais esquerdistas. As características do liberalismo social eram a cooperação entre grandes empresas, Governo e sindicatos. Os governos puderam assumir um papel vital porque a economia do tempo de guerra tinha reforçado o seu poder, mas a medida em que isso ocorreu variou consideravelmente entre as democracias ocidentais.<ref>Richardson, pp. 137–138.</ref> O liberalismo social também é uma ideologia geralmente [[Internacionalismo|internacionalista]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/2623634 |título=Social and Cosmopolitan Liberalism |data=1999 |acessodata=22-09-2022 |periódico=International Affairs |número=3 |ultimo=Beitz |primeiro=Charles R. |paginas=515–529 |doi=10.1111/1468-2346.00091 |issn=0020-5850 |jstor=2623634 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20220922144721/https://www.jstor.org/stable/2623634 |arquivodata=22-09-2022 |volume=75}}</ref> O liberalismo social também tem sido historicamente um defensor do [[Feminismo liberal|feminismo liberal,]] entre outras formas de progresso social.<ref>{{Citation|last=Baehr|first1=Amy R.|title=Liberal Feminism|date=2021|url=https://plato.stanford.edu/archives/spr2021/entries/feminism-liberal/|editor-last=Zalta|editor-first=Edward N.|edition=Spring 2021|publisher=Metaphysics Research Lab, Stanford University|access-date=30-09-2022|archivedate=23-04-2021|archiveurl=https://web.archive.org/web/20210423220618/https://plato.stanford.edu/archives/spr2021/entries/feminism-liberal/}}</ref>

Os liberais sociais tendem a encontrar um compromisso entre os extremos percebidos do [[capitalismo]] desenfreado e de [[Socialismo estatal|socialismo de Estado]] para criar uma economia construída sobre o [[capitalismo regulado]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=f0EHEAAAQBAJ&dq=%22social+liberalism%22+%22regulated+capitalism%22&pg=PT193|título=Canadian Political Economy|ultimo=Whiteside|primeiro=Heather|data=03-11-2020|editora=University of Toronto Press|língua=en|isbn=978-1-4875-3091-4|acessodata=23-10-2022|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230117052028/https://books.google.com/books?id=f0EHEAAAQBAJ&dq=%22social+liberalism%22+%22regulated+capitalism%22&pg=PT193|arquivodata=17-01-2023}}</ref> Devido à confiança no que consideram ser um [[Governo centralizado|governo demasiado centralizado]] para atingir os seus objetivos, os críticos chamaram esta vertente do liberalismo de uma posição ideológica mais autoritária em comparação com as escolas originais de pensamento liberal, especialmente nos Estados Unidos, onde os conservadores chamaram os presidentes [[Franklin D. Roosevelt]] e [[Lyndon B. Johnson]] autoritários.<ref>{{Citar web|ultimo=Hornberger|primeiro=Jacob G.|url=https://www.fff.org/2016/11/23/dont-forget-fdrs-authoritarianism/|titulo=Don't Forget FDR's Authoritarianism|data=23-11-2016|acessodata=20-09-2022|website=The Future of Freedom Foundation|lingua=en-US|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220921140330/https://www.fff.org/2016/11/23/dont-forget-fdrs-authoritarianism/|arquivodata=21-09-2022|urlmorta=live}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Carlin|primeiro=David|url=https://www.forbes.com/sites/davidcarlin/2019/10/18/democratic-authoritarian-laissez-faire-what-type-of-leader-are-you/|titulo=Democratic, Authoritarian, Laissez-Faire: What Type Of Leader Are You?|acessodata=20-09-2022|website=Forbes|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220921140329/https://www.forbes.com/sites/davidcarlin/2019/10/18/democratic-authoritarian-laissez-faire-what-type-of-leader-are-you/|arquivodata=21-09-2022|urlmorta=live}}</ref>

=== Reino Unido ===
[[Ficheiro:National-insurance-act-1911.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Panfleto britânico do [[Partido Liberal (Reino Unido)|Partido Liberal]] expressando apoio à [[Lei do Seguro Nacional de 1911]] e à legislação que previa benefícios aos trabalhadores doentes e desempregados, marcando um marco importante no desenvolvimento da [[segurança social]].]]
A primeira implementação notável de políticas sociais liberais ocorreu sob o [[Partido Liberal (Reino Unido)|Partido Liberal]] na Grã-Bretanha de 1906 a 1914. Estas iniciativas ficaram conhecidas como as [[Reformas de bem-estar social liberais|reformas liberais da previdência social]]. Os principais elementos incluíram pensões para idosos pobres e [[Lei do Seguro Nacional de 1911|seguros de saúde, doença e desemprego]]. Estas mudanças foram acompanhadas por [[Imposto progressivo|tributação progressiva]], particularmente no [[People's Budget|Orçamento Popular]] de 1909. O antigo sistema de caridade baseado nas [[Poor Laws]] e complementado por instituições de caridade privadas, cooperativas públicas e companhias de seguros privadas estava em crise, dando ao Estado um impulso adicional para a reforma. A bancada do Partido Liberal eleita em 1906 também continha mais profissionais, incluindo académicos e jornalistas, simpatizantes do liberalismo social. Os grandes empresários tinham, na sua maioria, abandonado os liberais pelos [[Partido Conservador (Reino Unido)|conservadores]], tornando-se estes últimos o partido favorito para os interesses comerciais. Tanto os interesses empresariais como os sindicatos opuseram-se regularmente às reformas. Os liberais mais identificados com estas reformas foram o primeiro-ministro [[Herbert Henry Asquith|H. H. Asquith]], [[John Maynard Keynes]], [[David Lloyd George]] (especialmente como [[Chanceler do Tesouro]]), e [[Winston Churchill]] (como [[Presidente da Comissão do Comércio]]), além do funcionário público (e mais tarde Deputado liberal) [[William Beveridge]].<ref>Feuchtwanger, pp. 273–317.</ref>

A maioria dos partidos [[Social-democracia|social-democratas]] na Europa (notavelmente o [[Partido Trabalhista (Reino Unido)|Partido Trabalhista Britânico]]) assumiram fortes influências da ideologia liberal social. Apesar dos dois principais partidos da Grã-Bretanha provirem das tradições do socialismo e do conservadorismo, os debates políticos e económicos mais substantivos dos últimos tempos foram entre conceitos liberais sociais e liberais clássicos.<ref name="Vincent_54">{{Citar livro|título=Modern Political Ideologies|ultimo=Vincent|primeiro=Andrew|editora=John Wiley & Sons|ano=2010|edição=Third}}</ref>

=== Alemanha ===
[[Ficheiro:Alexander_Rüstow.jpg|miniaturadaimagem|[[Alexander Rüstow|Alexander Rustow]]]]
[[Alexander Rüstow]], um economista alemão, foi o primeiro a propor a variante alemã do liberalismo economicamente social. Em 1932, ele apelidou este tipo de social liberalismo de [[neoliberalismo]] enquanto discursava na Associação de Política Social. No entanto, esse termo carrega agora um significado diferente daquele proposto por Rüstow. Rüstow queria uma alternativa ao socialismo e à economia liberal clássica desenvolvida no [[Império Alemão]]. Em 1938, Rüstow reuniu-se com vários pensadores económicos – incluindo [[Ludwig von Mises|Ludwig Mises]], [[Friedrich Hayek]] e [[Wilhelm Röpke]] – para determinar como e o que poderia renovar o liberalismo. Rüstow defendeu um Estado poderoso para impor mercados livres e intervenção estatal para corrigir [[Falha de mercado|falhas de mercado]]. No entanto, Mises argumentou que os monopólios e cartéis funcionavam devido à intervenção estatal e ao protecionismo e afirmou que o único papel legítimo do Estado era abolir as barreiras à entrada no mercado. Ele via as propostas de Rüstow como uma negação da liberdade de mercado e considerava-as semelhantes ao socialismo.<ref name="cis.org.au" />

Após a Segunda Guerra Mundial, o governo da Alemanha Ocidental adotou o neoliberalismo de Rüstow, agora geralmente chamado de [[ordoliberalismo]] ou [[economia social de mercado]], sob [[Ludwig Erhard]]. Ele foi Ministro da Economia e mais tarde tornou-se Chanceler. Erhard suspendeu os controlos de preços e introduziu mercados livres. Embora a recuperação económica da Alemanha no pós-guerra se devesse a estas políticas, o Estado-providência – que Bismarck tinha estabelecido – tornou-se cada vez mais dispendioso.<ref name="cis.org.au" />

=== Turquia ===
O modelo económico kemalista foi concebido por [[Mustafa Kemal Atatürk]] na década de 1930, fundador da República da Turquia, após uma tentativa frustrada de abraçar uma [[Mercado regulamentado|economia de mercado regulamentada]] desde o [[Congresso Económico de Izmir]] até à [[Grande Depressão|Depressão de 1929]]. Atatürk colocou o princípio do “[[Kemalismo|estatismo]]” nas suas [[As Seis Flechas|Seis Flechas]] e afirmou que o [[Kemalismo|estatismo]] era um sistema económico único para a Turquia e que era diferente do [[socialismo]], do [[comunismo]] e do coletivismo.<ref>{{Citar livro|título=Medeni Bilgiler (Örgün Yayınları)|editora=Afet İnan|ano=1930s|páginas=212}}</ref> Atatürk explicou a sua ideia económica da seguinte forma:<blockquote>{{Citação2|O Estado não pode substituir os indivíduos, mas deve levá-los em consideração para que se melhorem e se desenvolvam. O estatismo inclui o trabalho que os indivíduos não realizam porque não conseguem obter lucro ou o trabalho que é necessário para os interesses nacionais. Tal como é dever do Estado proteger a liberdade e independência do país e regular os assuntos internos, o Estado deve zelar pela educação e saúde dos seus cidadãos. O Estado deve cuidar das estradas, ferrovias, telégrafos, telefones, animais do país, todos os tipos de veículos e da riqueza geral da nação para proteger a paz e a segurança do país. Durante a administração e proteção do país, as coisas que acabamos de contar são mais importantes do que canhões, espingardas e todo o tipo de armas. (...) Os interesses privados são geralmente o oposto dos interesses gerais. Além disso, os interesses privados baseiam-se em rivalidades. Mas não se pode criar uma economia estável apenas com isto. Pessoas que pensam assim estão a delirar e serão um fracasso. (...) E o trabalho de um indivíduo deve permanecer como a principal base do crescimento económico. Não impedir o trabalho de um indivíduo e não obstruir a liberdade e a iniciativa do indivíduo com as atividades do próprio Estado é a principal base do princípio da democracia.<ref>{{Citar livro|título=Medeni Bilgiler ve M.Kemal Atatürk'ün El Yazıları|editora=Afet İnan|ano=1930s|páginas=46–47}}</ref>}}</blockquote>Além disso, Atatürk disse isto no seu discurso de abertura em 1 de Novembro de 1937: "A menos que haja uma necessidade absoluta, os [[Economia de mercado|mercados]] não podem sofrer intervenção; além disso, nenhum mercado pode ser completamente livre."<ref>{{Citar livro|url=https://www.tbmm.gov.tr/tarihce/ataturk_konusma/5d3yy.htm|título=Atatürk'ün Meclis Açılış Konuşmaları|data=01-11-1937|editora=Turkish Grand National Assembly|acessodata=22-06-2022|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060113042205/https://www.tbmm.gov.tr/tarihce/ataturk_konusma/5d3yy.htm|arquivodata=13-01-2006}}</ref> Também foi dito por [[İsmet İnönü]] que o princípio de [[Kemalismo|estatismo]] de Atatürk era [[Escola keynesiana|keynesiano]] e uma variante turca do [[New Deal]].<ref>{{Citar livro|título=Yunus Emre, CHP, Sosyal Demokrasi ve Sol|editora=İletişim Yayınları|língua=tr}}</ref>

=== Resto da Europa ===
Os governos do pós-guerra de outros países da Europa Ocidental também seguiram políticas liberais sociais. Estas políticas foram implementadas principalmente por [[Democracia cristã|democratas-cristãos]] e [[Social-democracia|sociais-democratas]] à medida que os partidos liberais na Europa diminuíam de força desde o seu auge no século XIX.<ref>Adams, p. 32.</ref>

=== Estados Unidos ===
O discurso político americano resistiu a esta viragem social no liberalismo europeu. Embora as políticas económicas do [[New Deal]] parecessem [[Escola keynesiana|keynesianas]], não houve revisão da teoria liberal em favor de iniciativas estatais mais significativas. Embora os Estados Unidos não tivessem um movimento socialista eficaz, as políticas do New Deal pareciam frequentemente radicais e eram atacadas pela direita. Como resultado, o liberalismo americano acabaria por evoluir para uma ideologia mais [[Anticomunismo|anticomunista]].<ref>{{Citar web|ultimo=Aldridge|primeiro=Daniel W.|url=http://www.hartford-hwp.com/archives/45a/689.html|titulo=A Militant Liberalism: Anti-Communism and the African American Intelligentsia, 1939-1955|data=12-2003|acessodata=29-09-2022|website=Hartford Web Publishing|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220525074220/http://www.hartford-hwp.com/archives/45a/689.html|arquivodata=25-05-2022|urlmorta=live}}</ref> O [[Excepcionalismo americano|excecionalismo americano]] foi provavelmente a razão para o desenvolvimento separado do [[Liberalismo nos Estados Unidos|liberalismo moderno nos Estados Unidos]], que manteve a ideologia americana dominante dentro de uma faixa estreita.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=FM_tCJk51yQC&dq=contending%20liberalisms%20in%20world%20politics&pg=PA38|título=Contending Liberalisms in World Politics: Ideology and Power|ultimo=Richardson|primeiro=James L.|data=2001|editora=Lynne Rienner Publishers|página=38-41|lingua=en}}</ref>

A principal obra de [[John Rawls]], ''[[A Theory of Justice|Uma Teoria da Justiça]]'' (1971), pode ser considerada uma exposição emblemática do pensamento social liberal, conhecida pelo uso da [[filosofia analítica]] e pela defesa da combinação da liberdade individual e de uma distribuição mais justa de recursos.<ref>{{Citar livro|url=https://www.hup.harvard.edu/catalog.php?isbn=9780674000780|título=A Theory of Justice — John Rawls|data=30-09-1999|editora=Belknap Press|língua=en|isbn=9780674000780|acessodata=29-09-2022|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220929164001/https://www.hup.harvard.edu/catalog.php?isbn=9780674000780|arquivodata=29-09-2022}}</ref> De acordo com Rawls, cada indivíduo deveria poder escolher e perseguir a sua conceção do que é desejável. Ao mesmo tempo, a sociedade em geral deve manter uma distribuição de bens socialmente justa. Rawls argumentou que as diferenças na riqueza material são toleráveis se o crescimento económico geral e a riqueza também beneficiarem os mais pobres.<ref>{{Citar livro|título=Contemporary liberalism|ultimo=Browing|primeiro=Gary|editora=SAGE Publications|ano=2000|páginas=154–155}}</ref> ''Uma Teoria da Justiça'' contrariou o pensamento [[Utilitarismo|utilitário]] na tradição de [[Jeremy Bentham]], seguindo em vez disso o conceito [[Immanuel Kant|kantiano]] de [[contrato social]], retratando a sociedade como um acordo mútuo entre cidadãos [[Racionalidade|racionais]], produzindo direitos e deveres, bem como estabelecendo e definindo papéis e tarefas do Estado. Rawls colocou o princípio da liberdade igual em primeiro lugar, proporcionando a todas as pessoas igual acesso ao mesmo conjunto de [[Direitos fundamentais|liberdades fundamentais]], seguido pela igualdade justa de oportunidades e diferenças, permitindo assim desigualdades sociais e económicas sob a pré-condição de que posições privilegiadas sejam acessíveis a todos, que todos tenham oportunidades iguais e que mesmo os membros menos favorecidos da sociedade beneficiem deste quadro. Este quadro repetiu-se na equação de ''[[Justice as Fairness]]'' (''Justiça como Equidade''). Rawls propôs estes princípios não apenas aos adeptos do liberalismo, mas como base para todas as políticas democráticas, independentemente da ideologia. A obras promoveu imensamente as ideias sociais liberais na academia política e filosófica da década de 1970.<ref>{{Citar livro|título=Degrees of Freedom: Liberal Political Philosophy and Ideology|ultimo=Harr|primeiro=Edwin van de|editora=Transaction|ano=2015}}</ref> Rawls pode, portanto, ser um “santo padroeiro” do liberalismo social.<ref name="Vincent_54" />

== Declínio ==
Após os problemas económicos nas décadas de 1960 e 1970, o pensamento liberal sofreu alguma transformação. A gestão financeira keynesiana enfrentou críticas por interferir no mercado livre. Ao mesmo tempo, o aumento das despesas sociais financiadas por impostos mais elevados suscitou receios de menor investimento, menores [[Despesa do consumidor|gastos do consumidor]] e a criação de uma “cultura de dependência”. Os sindicatos causaram frequentemente salários elevados e perturbações industriais, enquanto que o emprego total era considerado insustentável. Escritores como [[Milton Friedman]] e [[Samuel Brittan]], influenciados por Friedrich Hayek, defenderam uma reversão do liberalismo social. As suas políticas - muitas vezes chamadas de [[neoliberalismo]] - tiveram uma influência significativa na política ocidental, principalmente nos governos da primeira-ministra do Reino Unido, [[Margaret Thatcher]], e do presidente dos Estados Unidos, [[Ronald Reagan]]. Eles seguiram políticas de [[desregulamentação]] da economia e de redução dos gastos com serviços sociais.<ref name="Faulks3">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=FAtlVdPhEFAC&q=Political+Sociology:+A+Critical+Introduction&pg=PA73|título=Political Sociology: A Critical Introduction|ultimo=Faulks|primeiro=Keith|data=10-12-1999|editora=Edinburgh University Press|isbn=9780748613564|acessodata=10-12-2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230117052034/https://books.google.com/books?id=FAtlVdPhEFAC&q=Political+Sociology:+A+Critical+Introduction&pg=PA73|arquivodata=17-01-2023|via=Google Books}}</ref>

Parte da razão para o colapso da coligação social-liberal foi um desafio, nas décadas de 1960 e 1970, dos interesses financeiros que podiam operar independentemente dos governos nacionais. Um motivo relacionado foi a comparação de ideias como a medicina socializada, defendida por políticos como Franklin D. Roosevelt, enfrentando críticas e sendo apelidada de socialista pelos conservadores durante o [[Ameaça vermelha nos Estados Unidos|Pânico Vermelho]], nomeadamente pelo já mencionado Reagan.<ref>{{Citar web|url=https://www.americanrhetoric.com/speeches/ronaldreagansocializedmedicine.htm|titulo=American Rhetoric: Ronald Reagan -- Radio Address on Socialized Medicine|acessodata=20-09-2022|website=www.americanrhetoric.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20221120172838/https://www.americanrhetoric.com/speeches/ronaldreagansocializedmedicine.htm|arquivodata=20-09-2022|urlmorta=live}}</ref> Outra causa foi o declínio do sindicalismo organizado que fazia parte da coligação, mas também apoiava ideologias de esquerda que desafiavam o consenso liberal. Relacionado a isto estavam a queda da consciência da classe trabalhadora e o crescimento da classe média. A pressão dos Estados Unidos e do Reino Unido, que tinham sido menos recetivos ao liberalismo social em prol da liberalização comercial, corroeu ainda mais o apoio.<ref>Richardson, pp. 138–139.</ref>

== Renascimento contemporâneo do pensamento social liberal ==
A partir do final do século XX, ao mesmo tempo que perdia influência política, o liberalismo social conheceu um renascimento intelectual com vários autores importantes, incluindo John Rawls (filosofia política), [[Amartya Sen]] (filosofia e economia), [[Ronald Dworkin]] (filosofia direito), [[Martha Nussbaum]] (filosofia), [[Bruce Ackerman]] (direito constitucional) e outros.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/193933532|título=The nature of political theory|ultimo=Vincent|primeiro=Andrew|data=2004|editora=Oxford University Press|localização=Oxford|isbn=978-0-19-929795-5|oclc=193933532}}</ref>

== Comparação com neoliberalismo ==
O Liberalismo Social é muito diferente do termo ambíguo Neoliberalismo, que é frequentemente atribuído aos vários proponentes de mercados livres.<ref name="Faulks4">[http://www.google.com/books?id=FAtlVdPhEFAC&lpg=PP1&dq=Political%20Sociology%3A%20A%20Critical%20Introduction&pg=PA73#v=onepage&q=&f=falseFauks, Keith. Political Sociology: A Critical Introduction. Edinburgh University Press, 1999, pages 71–75]</ref> A palavra Neoliberalismo tem sido usada para descrever as políticas económicas liberais de Ronald Reagan e Margaret Thatcher.<ref name="Faulks4" /> Como um corpo de pensamento, o Neoliberalismo defende posições contrárias a muitas das que são tomadas pelos liberais sociais, especialmente no que toca ao desmantelamento das medidas de apoio social.<ref>[https://www.idrc.ca/sites/default/files/openebooks/888-0/index.html AFRICAN VOICES ON STRUCTURAL ADJUSTMENT]</ref>


== Partidos e organizações ==
Os Liberais Sociais valorizam extremamente as liberdades individuais, considerando a propriedade privada como uma liberdade individual, essencial à felicidade do indivíduo. Adicionalmente, consideram a Democracia como um instrumento que permite manter uma sociedade onde o indivíduo pode gozar do máximo de liberdade possível. Consequentemente, a democracia e o parlamentarismo são meros sistemas políticos que se legitimam a si mesmos apenas via a liberdade que promovem. Embora considerem que o Estado tem um importante papel no assegurar das liberdades positivas, os Liberais Sociais consideram que o indivíduo é no geral capaz de decidir sobre a sua própria vida e não necessita que o conduzam em direção à felicidade.
Na Europa, os partidos sociais liberais tendem a ser partidos [[Centro (política)|centristas]] e de [[centro-esquerda]] de pequena ou média dimensão.<ref>{{citar livro|título=Liberal Parties in Western Europe|ultimo=Kirchner|primeiro=Emil|editora=Cambridge University Press|ano=2000|páginas=356-357|isbn=9780521323949}}</ref> Exemplos de partidos sociais liberais europeus bem-sucedidos que participam em coligações governamentais a nível nacional ou regional incluem os [[Liberais Democratas (Reino Unido)|Liberais Democratas]] no Reino Unido, os [[Democratas 66]] nos Países Baixos e o [[Partido Social-Liberal (Dinamarca)|Partido Social Liberal Dinamarquês]]. Na política da Europa continental, os partidos sociais liberais estão integrados no grupo [[Renovar a Europa]] no [[Parlamento Europeu]], o terceiro maior grupo no parlamento, e inclui partidos sociais liberais, partidos liberais de mercado e partidos centristas. Outros grupos, como o [[Partido Popular Europeu]], a [[Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia|Aliança Livre Verdes-Europeia]] e a [[Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas|Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas,]] também abrigam alguns partidos políticos com fações social liberais.{{Citação necessária}}


Na América do Norte, o liberalismo social (como a Europa lhe chamaria) tende a ser a forma dominante de liberalismo presente, por isso, na linguagem comum, "liberal" refere-se aos liberais sociais. No [[Canadá]], o liberalismo social é mantido pelo [[Partido Liberal do Canadá]], enquanto que nos [[Estados Unidos]], o liberalismo social é uma força significativa dentro do [[Partido Democrata (Estados Unidos)|Partido Democrata]].{{Citação necessária}}
A Social Democracia, por outro lado, tem as suas raízes no Socialismo e defende uma visão mais comunitária da sociedade. Enquanto os social democratas também defendem a liberdade individual, não acreditam que uma liberdade real possa ser atingida sem se transformar também a natureza do Estado. Tendo rejeitado o Marxismo revolucionário e pretendendo atingir os seus objetivos através do processo democrático, os sociais democratas defendem que o capitalismo necessita ser regulado ou gerido, para beneficiar a sociedade como um todo. A sua defesa de uma sociedade mais comunitária conduz muitas vezes também à defesa de uma sociedade mais igualitária que os Liberais Sociais.


É difícil fornecer uma lista exaustiva dos partidos liberais sociais em todo o mundo, principalmente porque as organizações políticas nem sempre são ideologicamente puras e as ideologias partidárias mudam frequentemente ao longo do tempo. No entanto, pares como a [[Rede Liberal da África (ALN)|Rede Liberal Africana]], o [[Partido da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa]], o [[Conselho de Liberais e Democratas Asiáticos|Conselho dos Liberais e Democratas Asiáticos]], o [[Fórum Liberal Europeu]], a [[Internacional Liberal]], e a [[Rede Liberal para a América Latina]] ou estudiosos geralmente aceitam-nos como partidos que seguem o liberalismo social como ideologia central.{{Citação necessária}}
Na prática, contudo, as diferenças entre as duas ideologias podem ser difíceis de se perceber, principalmente na atualidade onde os partidos sociais-democratas se aproximaram mais do centro económico.


=== Partidos sociais liberais ou partidos com fações sociais liberais ===
== Exemplos na atualidade ==
{{Expandir seção|data=fevereiro de 2024}}
Por exemplo na [[Países Baixos]], metade das escolas da rede pública são detidas por instituições privadas, mas o Estado garante que qualquer criança tenha acesso à educação independentemente das condições financeiras dos pais, podendo os pais escolher qualquer escola da referida rede pública. Na Países Baixos o sistema de saúde funciona apenas por seguros, todavia caso o cidadão não tenha condições financeiras para suster um seguro básico de saúde, o Estado paga-o.


* Dinamarca: [[Partido Social-Liberal (Dinamarca)|Partido Social-Liberal]]<ref name="gary2">{{citar periódico |url=http://www.utdallas.edu/~cjwilson/prof/BJPS00.pdf |título=The Past in the Present: A Cleavage Theory of Party Response to European Integration |data=julho de 2000 |acessodata=18 de maio de 2008 |periódico=British Journal of Political Science |autor=Marks, Gary and Wilson, Carole |páginas=433-459 |formato=[[PDF]] |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080625032020/http://www.utdallas.edu/~cjwilson/prof/BJPS00.pdf# |arquivodata=25 de junho de 2008 |urlmorta=yes |volume=30}}</ref><ref name="kirchner2">{{citar livro|título=Liberal parties in Western Europe|último=J. Kirchner|primeiro=Emil|data=1988|publicado=Cambridge University Press|local=Avon|id=0-521-32394-0}}</ref>
Em geral, os liberais sociais contemporâneos apoiam:
* Luxemburgo: [[Partido Democrático (Luxemburgo)|Partido Democrático]]<ref name="kirchner2" />
* Uma economia de mercado constituída essencialmente por empresas privadas, mas onde existem programas e serviços detidos ou subsidiados pelo governo de educação, saúde, cuidado infantil, etc., para todos os cidadãos;
* Reino Unido: [[Partido Liberal Democrata (Reino Unido)|Partido Liberal Democrata]]<ref name="gary2" /><ref name="kirchner2" />
* Entidades reguladoras que defendem os trabalhadores, consumidores e a competição;
* Países Baixos: [[Democratas 66]];<ref name="gary2" />
* Comércio livre;
* Um sistema básico de segurança social; podendo ser gerido por privados;
* Níveis moderados de taxação;
* Leis de proteção ambiental, embora muitas vezes não com a extensão defendida pelos ecologistas;
* Uma grande abertura à emigração, imigração e multiculturalismo;
* Uma política social laica e de alta liberdade civil, incluindo apoio a educação sexual, direitos LGBT, direitos reprodutivos, pesquisa em células estaminais, abolição da pena capital e eutanásia;
* Uma descrença na existência de crimes sem vítima (ex: drogas e prostituição) e na necessária descriminalização ou legalização destas práticas;
* Sistemas decisórios descentralizados;
* Internacionalismo, em oposição ao nacionalismo extremista;
* Uma política externa promotora da democracia, direitos humanos e sempre que possível, do multilateralismo;
* Direitos humanos, a defesa de direitos sociais e civis.
* Direito inalienável à legítima defesa, incluindo o direito de possuir armas para tal fim.<ref>carece de fontes</ref>


=== Partidos liberais sociais históricos ou partidos históricos com fações sociais liberais ===
== No mundo ==
{{Seção vazia|data=fevereiro de 2024|seção=}}
* Dinamarca: [[Partido Social-Liberal (Dinamarca)|Partido Social-Liberal]]<ref name="gary">{{citar periódico|autor=Marks, Gary and Wilson, Carole|data=julho de 2000|volume=30|url=http://www.utdallas.edu/~cjwilson/prof/BJPS00.pdf|formato=[[PDF]]|título=The Past in the Present: A Cleavage Theory of Party Response to European Integration|periódico=British Journal of Political Science|páginas=433-459|acessodata=18 de maio de 2008|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080625032020/http://www.utdallas.edu/~cjwilson/prof/BJPS00.pdf#|arquivodata=25 de junho de 2008|urlmorta=yes}}</ref><ref name="kirchner">{{citar livro|último = J. Kirchner |primeiro = Emil |título= Liberal parties in Western Europe |publicado= Cambridge University Press |data= 1988 |local= Avon | id = 0-521-32394-0 }}</ref>
* Luxemburgo: [[Partido Democrático (Luxemburgo)|Partido Democrático]]<ref name="kirchner" />
* Reino Unido: [[Partido Liberal Democrata (Reino Unido)|Partido Liberal Democrata]]<ref name="gary" /><ref name="kirchner" />
* Países Baixos: [[Democratas 66]];<ref name="gary" /><ref name="kirchner" />


== Pensadores ==
== Pensadores ==
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== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Economia social de mercado]]
* [[Liberalismo clássico]]
* [[Liberalismo clássico]]
* [[Liberalismo dos Estados Unidos]]
* [[Liberalismo dos Estados Unidos]]
* [[Ordoliberalismo|Ordoliberalismo alemão]]
* [[Ordoliberalismo|Ordoliberalismo alemão]]
* [[Progressismo]]


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Revisão das 18h47min de 29 de fevereiro de 2024

 Nota: Não confundir com Socialismo liberal, nem com Socialismo libertário, nem com Liberalismo cultural.

O liberalismo social, social liberalismo, novo liberalismo,[1] ou liberalismo moderno[2] é uma filosofia política e uma variante do liberalismo que apoia a justiça social, os serviços sociais, uma economia mista e a expansão dos direitos civis e políticos, em oposição ao liberalismo clássico que apoia o capitalismo laissez faire não regulamentado com muito poucos serviços governamentais.

Economicamente, baseia-se na economia social de mercado e considera o bem comum como harmonioso com a liberdade do indivíduo.[3] Os liberais sociais sobrepõem-se aos social-democratas na aceitação da intervenção económica mais do que outros liberais;[4] a sua importância é considerada auxiliar em relação aos social-democratas.[5] As ideologias que enfatizam a sua política económica incluem o liberalismo do bem-estar,[6] o liberalismo do New Deal nos Estados Unidos,[7] e o liberalismo keynesiano.[8] O liberalismo cultural é uma ideologia que destaca os seus aspetos culturais. O mundo adotou amplamente políticas sociais liberais.[9]

As ideias e os partidos sociais liberais tendem a ser considerados de centro ao centro-esquerda, embora haja desvios destas posições tanto para a esquerda como para a direita política.[4][10][11] É expectável a abordagem de questões económicas e sociais, como pobreza, segurança social, infraestrutura, saúde e educação usando intervenção governamental, ao mesmo tempo em que se enfatiza os direitos individuais e a autonomia, sob um governo social liberal.[12][13][14] No discurso político moderno, o liberalismo social está associado ao progressismo,[15][16][17] um liberalismo de esquerda em contraste com o neoliberalismo de direita,[18] e combina o apoio a uma economia mista com o liberalismo cultural.[19]

O liberalismo social também pode referir-se às posições progressistas americanas sobre questões socioculturais,[20] como os direitos reprodutivos e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em contraste com o conservadorismo social americano. O liberalismo cultural é frequentemente referido como liberalismo social porque expressa a dimensão social do liberalismo; no entanto, não é o mesmo que a ideologia política mais ampla conhecida como liberalismo social. Na política americana, um liberal social pode ter opiniões conservadoras (liberais económicos) ou opiniões liberais (progressistas económicos) sobre a política fiscal.[21][22]

A palavra social é utilizada nesta versão do liberalismo com um duplo sentido.[23] Um primeiro como forma de diferenciação dos grupos que defendem correntes do liberalismo como o liberalismo clássico, o neoliberalismo e o libertarianismo.[23] Um segundo como forma de se aproximar de ideais progressistas ao nível da defesa das liberdades individuais e em oposição às ideias defendidas pelos partidos conservadores. O Liberalismo Social é uma filosofia política que enfatiza a colaboração mútua através de instituições liberais, em oposição à utilização da força para resolver as controvérsias políticas.[23] Rejeitando quer a versão "laissez-faire" do capitalismo, quer os elementos revolucionários da escola socialista, o liberalismo social coloca a sua ênfase nas liberdades positivas, tendo como objetivo aumentar as liberdades dos desfavorecidos da sociedade.[23]

Origens

Reino Unido

Leonard Hobhouse foi um dos criadores do liberalismo social, nomeadamente através do seu livro Liberalism, publicado em 1911.

No final do século XIX, as quedas no crescimento económico desafiaram os princípios do liberalismo clássico, uma consciência crescente da pobreza e do desemprego presentes nas cidades industriais modernas, e a agitação do trabalho organizado. Uma reação política significativa contra as mudanças introduzidas pela industrialização e pelo capitalismo laissez-faire veio dos conservadores one-nation preocupados com o equilíbrio social e com a introdução da famosa Lei da Educação de 1870. No entanto, o socialismo tornou-se mais tarde uma força mais importante para a mudança e a reforma. Alguns escritores vitorianos - incluindo Charles Dickens, Thomas Carlyle e Matthew Arnold - tornaram-se os primeiros críticos influentes da injustiça social.[24]

John Stuart Mill contribuiu enormemente para o pensamento liberal ao combinar elementos do liberalismo clássico com o que eventualmente ficou conhecido como o novo liberalismo. Mill desenvolveu esta filosofia ao liberalizar o conceito de consequencialismo para promover um sistema baseado em direitos.[25] Ele também desenvolveu o seu dogma liberal combinando a ideia de usar uma base utilitarista com a ideia de direitos individuais.[26] Os novos liberais tentaram adaptar a velha linguagem do liberalismo para enfrentar estas circunstâncias difíceis, que eles acreditavam que só poderiam ser resolvidas através de uma conceção mais ampla e intervencionista do Estado. Garantir que os indivíduos não interferissem fisicamente uns com os outros ou simplesmente formulassem e aplicassem leis de forma imparcial não poderia estabelecer um direito igual à liberdade. Foram necessárias medidas mais positivas e proativas para garantir que todos os indivíduos tivessem oportunidades iguais de sucesso.[27]

Novos Liberais

Thomas Hill Green

No final do século XIX e início do século XX, um grupo de pensadores britânicos conhecidos como Novos Liberais defendeu o liberalismo clássico laissez-faire. Argumentou a favor da intervenção estatal na vida social, económica e cultural. O que eles propuseram é agora chamado de liberalismo social.[28] Os Novos Liberais, incluindo os intelectuais Thomas Hill Green, Leonard Hobhouse e John A. Hobson, viam a liberdade individual alcançável apenas sob circunstâncias sociais e económicas favoráveis.[29] Na sua opinião, a pobreza, a miséria e a ignorância em que muitas pessoas viviam tornavam impossível o florescimento da liberdade e da individualidade. Os Novos Liberais acreditavam que através da ação coletiva coordenada por um Estado forte, orientado para o bem-estar e intervencionista poderia aliviar estas condições.[carece de fontes?]

Os governos liberais de Henry Campbell-Bannerman e H.H. Asquith, principalmente graças ao Chanceler do Tesouro e mais tarde ao primeiro-ministro David Lloyd George, estabeleceram as bases do Estado de bem-estar social no Reino Unido antes da Primeira Guerra Mundial. O Reino Unido após a Segunda Guerra Mundial, embora realizado principalmente pelo ministério Attlee do Partido Trabalhista, foi significativamente concebido por dois liberais, nomeadamente John Maynard Keynes (que lançou as bases da economia com a Revolução Keynesiana) e William Beveridge (cujo Relatório Beveridge foi usado para projetar o sistema de bem-estar social).[29]

O historiador Peter Weiler argumentou:

Embora ainda parcialmente informada pelas antigas preocupações liberais com o carácter, a autossuficiência e o mercado capitalista, esta legislação marcou, no entanto, uma mudança significativa nas abordagens liberais ao Estado e à reforma social, abordagens que os governos posteriores expandiriam lentamente e que se transformariam no Estado de bem-estar social após a Segunda Guerra Mundial. O que havia de novo nestas reformas era a suposição subjacente de que o Estado poderia ser uma força positiva, que a medida da liberdade individual... não era o quanto o Estado deixava as pessoas sozinhas, mas se ele lhes dava a capacidade de se preencherem a si próprios como indivíduos.[30]

Alemanha

Na Alemanha da década de 1860, políticos liberais de esquerda como Max Hirsch, Franz Duncker e Hermann Schulze-Delitzsch estabeleceram sindicatos - modelados nos seus homólogos britânicos - para ajudar os trabalhadores a melhorar as condições económicas e de trabalho através da reconciliação de interesses e da cooperação com os seus empregadores, ao invés da luta de classes. Schulze-Delitzsch é também o fundador do movimento cooperativo alemão e o organizador das primeiras cooperativas de crédito do mundo. Alguns economistas liberais, como Lujo Brentano ou Gerhart von Schulze-Gävernitz, estabeleceram a Verein für Socialpolitik (Associação Económica Alemã) em 1873 para promover a reforma social baseada na escola historicista da economia e, portanto, rejeitando a economia clássica, propondo uma terceira via entre o Liberalismo de Manchester e a revolução socialista no Império Alemão fundado em 1871.[carece de fontes?]

No entanto, o movimento liberal de esquerda alemão fragmentou-se em alas e novos partidos ao longo do século XIX. Os principais objetivos dos partidos liberais de esquerda – o Partido do Progresso Alemão e os seus sucessores – eram a liberdade de expressão, a liberdade de reunião, o governo representativo, o sufrágio secreto e igualitário, mas obrigatório, e a proteção da propriedade privada. Ao mesmo tempo, opunham-se fortemente à criação de um Estado de bem-estar, que chamavam de socialismo estatal . As principais diferenças entre os partidos liberais de esquerda foram:[carece de fontes?]

  • As ambições nacionais.
  • Os diferentes subestados dos objetivos das pessoas.
  • Livre comércio contra a Schutzzollpolitik.
  • A construção da economia nacional.

O termo 'liberalismo social' (em alemão: Sozialliberalismus) foi usado pela primeira vez em 1891 pelo economista e jornalista austro-húngaro Theodor Hertzka.[31][a] Posteriormente, em 1893, o historiador e reformador social Ignaz Jastrow também usou esse termo e ingressou na Associação Económica Alemã. Ele publicou o manifesto socialista-democrata "Liberal Social: Tarefas para o Liberalismo na Prússia" para criar um "grupo de ação" para o bem-estar geral do povo no Partido Social Democrata da Alemanha, que eles rejeitaram.[32]

Friedrich Naumann

A Associação Nacional-Social, fundada pelo pastor protestante Friedrich Naumann, também manteve contactos com os liberais de esquerda.[33] Ele tentou afastar os trabalhadores do marxismo, propondo uma mistura de nacionalismo e liberalismo social de flexão de valores protestantes-cristãos para superar os antagonismos de classe por meios não revolucionários. Naumann chamou isso de “liberalismo integral proletário-burguês”. Embora o partido não tenha conseguido ganhar nenhum assento e logo se dissolvesse, ele permaneceu influente no liberalismo de esquerda teórico alemão.[carece de fontes?]

Na República de Weimar, o Partido Democrático Alemão foi fundado e herdou o passado liberal de esquerda e tinha uma ala social de esquerda[34] e uma ala económica de direita, mas favorecia fortemente a constituição democrática em detrimento de uma monarquista. As suas ideias de uma economia socialmente equilibrada com solidariedade, deveres e direitos entre todos os trabalhadores tiveram dificuldades devido às sanções económicas do Tratado de Versalhes, mas influenciaram as empresas cooperativas locais.[35]

Depois de 1945, os Democratas Livres incluíram a maioria dos liberais sociais enquanto outros aderiram à União Democrata Cristã da Alemanha. Até a década de 1960, o ordoliberalismo do pós-guerra foi o modelo para a Alemanha. Teve uma influência liberal social teórica baseada em deveres e direitos.[36] À medida que os Democratas Livres descartaram as ideias liberais sociais numa abordagem mais conservadora e economicamente liberal em 1982,[37] alguns membros deixaram o partido e formaram os Liberais Democratas liberais sociais.[38][39]

França

Em França, pensadores solidários, incluindo Alfred Fouillée e Émile Durkheim, desenvolveram a teoria liberal-social na Terceira República. A sociologia inspirou-os e influenciaram políticos radicais como Léon Bourgeois. Explicaram que uma divisão mais extensa do trabalho causava mais oportunidades e individualismo e inspirava uma interdependência mais complexa. Argumentavam que o indivíduo tinha uma dívida para com a sociedade, promovendo a tributação progressiva para apoiar obras públicas e regimes de segurança social. Contudo, queriam que o Estado coordenasse em vez de gerir, incentivando esquemas de seguros cooperativos entre indivíduos. O seu principal objetivo era remover as barreiras à mobilidade social, em vez de criar um Estado-providência.[40]

Franklin D. Roosevelt, o 32º Presidente dos Estados Unidos, cujas políticas internas do New Deal definiram o liberalismo americano para o terço médio do século XX.

Estados Unidos

O liberalismo social foi um termo nos Estados Unidos para diferenciá-lo do liberalismo clássico ou laissez-faire. Dominou o pensamento político e económico durante vários anos, até que a palavra se ramificou em torno da Grande Depressão e do New Deal.[41][42] Nas décadas de 1870 e 1880, os economistas americanos Richard Ely, John Bates Clark e Henry Carter Adams — influenciados tanto pelo socialismo como pelo movimento protestante evangélico — criticaram severamente as condições causadas pelas fábricas industriais e expressaram simpatia pelos sindicatos. No entanto, nenhum deles desenvolveu uma filosofia política sistemática e mais tarde abandonaram os seus flertes com o pensamento socialista. Em 1883, Lester Frank Ward publicou os dois volumes Dynamic Sociology. Ele formalizou os princípios básicos do liberalismo social e ao mesmo tempo atacou as políticas de laissez-faire defendidas por Herbert Spencer e William Graham Sumner. O historiador Henry Steele Commager classificou Ward ao lado de William James, John Dewey e Oliver Wendell Holmes Jr.[43] Um escritor de 1884 até a década de 1930, John Dewey – um educador influenciado por Hobhouse, Green e Ward – defendeu métodos socialistas para alcançar objetivos liberais. A crescente popularidade de John Dewey como economista também coincidiu com o maior movimento georgista que surgiu na década de 1910, culminando com a presidência de Woodrow Wilson.[44] Mais tarde, a América incorporou algumas ideias liberais sociais no New Deal,[45] que se desenvolveu como uma resposta à Grande Depressão quando Franklin D. Roosevelt assumiu o cargo.[carece de fontes?]

Implementação

David Lloyd George, que se tornou intimamente associado a este novo liberalismo e apoiou vigorosamente a expansão do bem-estar social.

O Estado de bem-estar social cresceu gradual e desigualmente a partir do final do século XIX, mas desenvolveu-se plenamente após a Segunda Guerra Mundial, juntamente com a economia mista de mercado e o capitalismo de bem-estar.[46] Também chamado de liberalismo integrado, as políticas sociais liberais ganharam amplo apoio em todo o espetro político porque reduziram as tendências disruptivas e polarizadoras da sociedade sem desafiar o sistema económico capitalista. As empresas aceitaram o liberalismo social face à insatisfação generalizada com o ciclo de expansão e recessão do sistema financeiro anterior, pois parecia-lhes ser um mal menor do que os modos de governo mais esquerdistas. As características do liberalismo social eram a cooperação entre grandes empresas, Governo e sindicatos. Os governos puderam assumir um papel vital porque a economia do tempo de guerra tinha reforçado o seu poder, mas a medida em que isso ocorreu variou consideravelmente entre as democracias ocidentais.[47] O liberalismo social também é uma ideologia geralmente internacionalista.[48] O liberalismo social também tem sido historicamente um defensor do feminismo liberal, entre outras formas de progresso social.[49]

Os liberais sociais tendem a encontrar um compromisso entre os extremos percebidos do capitalismo desenfreado e de socialismo de Estado para criar uma economia construída sobre o capitalismo regulado.[50] Devido à confiança no que consideram ser um governo demasiado centralizado para atingir os seus objetivos, os críticos chamaram esta vertente do liberalismo de uma posição ideológica mais autoritária em comparação com as escolas originais de pensamento liberal, especialmente nos Estados Unidos, onde os conservadores chamaram os presidentes Franklin D. Roosevelt e Lyndon B. Johnson autoritários.[51][52]

Reino Unido

Panfleto britânico do Partido Liberal expressando apoio à Lei do Seguro Nacional de 1911 e à legislação que previa benefícios aos trabalhadores doentes e desempregados, marcando um marco importante no desenvolvimento da segurança social.

A primeira implementação notável de políticas sociais liberais ocorreu sob o Partido Liberal na Grã-Bretanha de 1906 a 1914. Estas iniciativas ficaram conhecidas como as reformas liberais da previdência social. Os principais elementos incluíram pensões para idosos pobres e seguros de saúde, doença e desemprego. Estas mudanças foram acompanhadas por tributação progressiva, particularmente no Orçamento Popular de 1909. O antigo sistema de caridade baseado nas Poor Laws e complementado por instituições de caridade privadas, cooperativas públicas e companhias de seguros privadas estava em crise, dando ao Estado um impulso adicional para a reforma. A bancada do Partido Liberal eleita em 1906 também continha mais profissionais, incluindo académicos e jornalistas, simpatizantes do liberalismo social. Os grandes empresários tinham, na sua maioria, abandonado os liberais pelos conservadores, tornando-se estes últimos o partido favorito para os interesses comerciais. Tanto os interesses empresariais como os sindicatos opuseram-se regularmente às reformas. Os liberais mais identificados com estas reformas foram o primeiro-ministro H. H. Asquith, John Maynard Keynes, David Lloyd George (especialmente como Chanceler do Tesouro), e Winston Churchill (como Presidente da Comissão do Comércio), além do funcionário público (e mais tarde Deputado liberal) William Beveridge.[53]

A maioria dos partidos social-democratas na Europa (notavelmente o Partido Trabalhista Britânico) assumiram fortes influências da ideologia liberal social. Apesar dos dois principais partidos da Grã-Bretanha provirem das tradições do socialismo e do conservadorismo, os debates políticos e económicos mais substantivos dos últimos tempos foram entre conceitos liberais sociais e liberais clássicos.[54]

Alemanha

Alexander Rustow

Alexander Rüstow, um economista alemão, foi o primeiro a propor a variante alemã do liberalismo economicamente social. Em 1932, ele apelidou este tipo de social liberalismo de neoliberalismo enquanto discursava na Associação de Política Social. No entanto, esse termo carrega agora um significado diferente daquele proposto por Rüstow. Rüstow queria uma alternativa ao socialismo e à economia liberal clássica desenvolvida no Império Alemão. Em 1938, Rüstow reuniu-se com vários pensadores económicos – incluindo Ludwig Mises, Friedrich Hayek e Wilhelm Röpke – para determinar como e o que poderia renovar o liberalismo. Rüstow defendeu um Estado poderoso para impor mercados livres e intervenção estatal para corrigir falhas de mercado. No entanto, Mises argumentou que os monopólios e cartéis funcionavam devido à intervenção estatal e ao protecionismo e afirmou que o único papel legítimo do Estado era abolir as barreiras à entrada no mercado. Ele via as propostas de Rüstow como uma negação da liberdade de mercado e considerava-as semelhantes ao socialismo.[36]

Após a Segunda Guerra Mundial, o governo da Alemanha Ocidental adotou o neoliberalismo de Rüstow, agora geralmente chamado de ordoliberalismo ou economia social de mercado, sob Ludwig Erhard. Ele foi Ministro da Economia e mais tarde tornou-se Chanceler. Erhard suspendeu os controlos de preços e introduziu mercados livres. Embora a recuperação económica da Alemanha no pós-guerra se devesse a estas políticas, o Estado-providência – que Bismarck tinha estabelecido – tornou-se cada vez mais dispendioso.[36]

Turquia

O modelo económico kemalista foi concebido por Mustafa Kemal Atatürk na década de 1930, fundador da República da Turquia, após uma tentativa frustrada de abraçar uma economia de mercado regulamentada desde o Congresso Económico de Izmir até à Depressão de 1929. Atatürk colocou o princípio do “estatismo” nas suas Seis Flechas e afirmou que o estatismo era um sistema económico único para a Turquia e que era diferente do socialismo, do comunismo e do coletivismo.[55] Atatürk explicou a sua ideia económica da seguinte forma:

O Estado não pode substituir os indivíduos, mas deve levá-los em consideração para que se melhorem e se desenvolvam. O estatismo inclui o trabalho que os indivíduos não realizam porque não conseguem obter lucro ou o trabalho que é necessário para os interesses nacionais. Tal como é dever do Estado proteger a liberdade e independência do país e regular os assuntos internos, o Estado deve zelar pela educação e saúde dos seus cidadãos. O Estado deve cuidar das estradas, ferrovias, telégrafos, telefones, animais do país, todos os tipos de veículos e da riqueza geral da nação para proteger a paz e a segurança do país. Durante a administração e proteção do país, as coisas que acabamos de contar são mais importantes do que canhões, espingardas e todo o tipo de armas. (...) Os interesses privados são geralmente o oposto dos interesses gerais. Além disso, os interesses privados baseiam-se em rivalidades. Mas não se pode criar uma economia estável apenas com isto. Pessoas que pensam assim estão a delirar e serão um fracasso. (...) E o trabalho de um indivíduo deve permanecer como a principal base do crescimento económico. Não impedir o trabalho de um indivíduo e não obstruir a liberdade e a iniciativa do indivíduo com as atividades do próprio Estado é a principal base do princípio da democracia.[56]

Além disso, Atatürk disse isto no seu discurso de abertura em 1 de Novembro de 1937: "A menos que haja uma necessidade absoluta, os mercados não podem sofrer intervenção; além disso, nenhum mercado pode ser completamente livre."[57] Também foi dito por İsmet İnönü que o princípio de estatismo de Atatürk era keynesiano e uma variante turca do New Deal.[58]

Resto da Europa

Os governos do pós-guerra de outros países da Europa Ocidental também seguiram políticas liberais sociais. Estas políticas foram implementadas principalmente por democratas-cristãos e sociais-democratas à medida que os partidos liberais na Europa diminuíam de força desde o seu auge no século XIX.[59]

Estados Unidos

O discurso político americano resistiu a esta viragem social no liberalismo europeu. Embora as políticas económicas do New Deal parecessem keynesianas, não houve revisão da teoria liberal em favor de iniciativas estatais mais significativas. Embora os Estados Unidos não tivessem um movimento socialista eficaz, as políticas do New Deal pareciam frequentemente radicais e eram atacadas pela direita. Como resultado, o liberalismo americano acabaria por evoluir para uma ideologia mais anticomunista.[60] O excecionalismo americano foi provavelmente a razão para o desenvolvimento separado do liberalismo moderno nos Estados Unidos, que manteve a ideologia americana dominante dentro de uma faixa estreita.[61]

A principal obra de John Rawls, Uma Teoria da Justiça (1971), pode ser considerada uma exposição emblemática do pensamento social liberal, conhecida pelo uso da filosofia analítica e pela defesa da combinação da liberdade individual e de uma distribuição mais justa de recursos.[62] De acordo com Rawls, cada indivíduo deveria poder escolher e perseguir a sua conceção do que é desejável. Ao mesmo tempo, a sociedade em geral deve manter uma distribuição de bens socialmente justa. Rawls argumentou que as diferenças na riqueza material são toleráveis se o crescimento económico geral e a riqueza também beneficiarem os mais pobres.[63] Uma Teoria da Justiça contrariou o pensamento utilitário na tradição de Jeremy Bentham, seguindo em vez disso o conceito kantiano de contrato social, retratando a sociedade como um acordo mútuo entre cidadãos racionais, produzindo direitos e deveres, bem como estabelecendo e definindo papéis e tarefas do Estado. Rawls colocou o princípio da liberdade igual em primeiro lugar, proporcionando a todas as pessoas igual acesso ao mesmo conjunto de liberdades fundamentais, seguido pela igualdade justa de oportunidades e diferenças, permitindo assim desigualdades sociais e económicas sob a pré-condição de que posições privilegiadas sejam acessíveis a todos, que todos tenham oportunidades iguais e que mesmo os membros menos favorecidos da sociedade beneficiem deste quadro. Este quadro repetiu-se na equação de Justice as Fairness (Justiça como Equidade). Rawls propôs estes princípios não apenas aos adeptos do liberalismo, mas como base para todas as políticas democráticas, independentemente da ideologia. A obras promoveu imensamente as ideias sociais liberais na academia política e filosófica da década de 1970.[64] Rawls pode, portanto, ser um “santo padroeiro” do liberalismo social.[54]

Declínio

Após os problemas económicos nas décadas de 1960 e 1970, o pensamento liberal sofreu alguma transformação. A gestão financeira keynesiana enfrentou críticas por interferir no mercado livre. Ao mesmo tempo, o aumento das despesas sociais financiadas por impostos mais elevados suscitou receios de menor investimento, menores gastos do consumidor e a criação de uma “cultura de dependência”. Os sindicatos causaram frequentemente salários elevados e perturbações industriais, enquanto que o emprego total era considerado insustentável. Escritores como Milton Friedman e Samuel Brittan, influenciados por Friedrich Hayek, defenderam uma reversão do liberalismo social. As suas políticas - muitas vezes chamadas de neoliberalismo - tiveram uma influência significativa na política ocidental, principalmente nos governos da primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, e do presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. Eles seguiram políticas de desregulamentação da economia e de redução dos gastos com serviços sociais.[65]

Parte da razão para o colapso da coligação social-liberal foi um desafio, nas décadas de 1960 e 1970, dos interesses financeiros que podiam operar independentemente dos governos nacionais. Um motivo relacionado foi a comparação de ideias como a medicina socializada, defendida por políticos como Franklin D. Roosevelt, enfrentando críticas e sendo apelidada de socialista pelos conservadores durante o Pânico Vermelho, nomeadamente pelo já mencionado Reagan.[66] Outra causa foi o declínio do sindicalismo organizado que fazia parte da coligação, mas também apoiava ideologias de esquerda que desafiavam o consenso liberal. Relacionado a isto estavam a queda da consciência da classe trabalhadora e o crescimento da classe média. A pressão dos Estados Unidos e do Reino Unido, que tinham sido menos recetivos ao liberalismo social em prol da liberalização comercial, corroeu ainda mais o apoio.[67]

Renascimento contemporâneo do pensamento social liberal

A partir do final do século XX, ao mesmo tempo que perdia influência política, o liberalismo social conheceu um renascimento intelectual com vários autores importantes, incluindo John Rawls (filosofia política), Amartya Sen (filosofia e economia), Ronald Dworkin (filosofia direito), Martha Nussbaum (filosofia), Bruce Ackerman (direito constitucional) e outros.[68]

Comparação com neoliberalismo

O Liberalismo Social é muito diferente do termo ambíguo Neoliberalismo, que é frequentemente atribuído aos vários proponentes de mercados livres.[69] A palavra Neoliberalismo tem sido usada para descrever as políticas económicas liberais de Ronald Reagan e Margaret Thatcher.[69] Como um corpo de pensamento, o Neoliberalismo defende posições contrárias a muitas das que são tomadas pelos liberais sociais, especialmente no que toca ao desmantelamento das medidas de apoio social.[70]

Partidos e organizações

Na Europa, os partidos sociais liberais tendem a ser partidos centristas e de centro-esquerda de pequena ou média dimensão.[71] Exemplos de partidos sociais liberais europeus bem-sucedidos que participam em coligações governamentais a nível nacional ou regional incluem os Liberais Democratas no Reino Unido, os Democratas 66 nos Países Baixos e o Partido Social Liberal Dinamarquês. Na política da Europa continental, os partidos sociais liberais estão integrados no grupo Renovar a Europa no Parlamento Europeu, o terceiro maior grupo no parlamento, e inclui partidos sociais liberais, partidos liberais de mercado e partidos centristas. Outros grupos, como o Partido Popular Europeu, a Aliança Livre Verdes-Europeia e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, também abrigam alguns partidos políticos com fações social liberais.[carece de fontes?]

Na América do Norte, o liberalismo social (como a Europa lhe chamaria) tende a ser a forma dominante de liberalismo presente, por isso, na linguagem comum, "liberal" refere-se aos liberais sociais. No Canadá, o liberalismo social é mantido pelo Partido Liberal do Canadá, enquanto que nos Estados Unidos, o liberalismo social é uma força significativa dentro do Partido Democrata.[carece de fontes?]

É difícil fornecer uma lista exaustiva dos partidos liberais sociais em todo o mundo, principalmente porque as organizações políticas nem sempre são ideologicamente puras e as ideologias partidárias mudam frequentemente ao longo do tempo. No entanto, pares como a Rede Liberal Africana, o Partido da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa, o Conselho dos Liberais e Democratas Asiáticos, o Fórum Liberal Europeu, a Internacional Liberal, e a Rede Liberal para a América Latina ou estudiosos geralmente aceitam-nos como partidos que seguem o liberalismo social como ideologia central.[carece de fontes?]

Partidos sociais liberais ou partidos com fações sociais liberais

Partidos liberais sociais históricos ou partidos históricos com fações sociais liberais

Pensadores

Alguns pensadores liberais sociais de referência são:

Leitura adicional

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Ver também

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