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Candomblé: diferenças entre revisões

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'''Candomblé''', culto dos [[orixá]]s, de origem totêmica e familiar, é uma das [[religiões afro-brasileiras]] praticadas principalmente no [[Brasil]], pelo chamado [[povo do santo]], mas também em outros países como [[Uruguai]], [[Argentina]], [[Venezuela]], [[Colômbia]], [[Panamá]] e [[México]]. Na [[Europa]]: [[Alemanha]], [[Itália]], [[Portugal]] e [[Espanha]].
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Revisão das 17h11min de 12 de julho de 2010

Candomblé, culto dos bixas q n tem o q faze orixás, de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá e México. Na Europa: Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.

A religião que tem por base a anima (alma) da Natureza, sendo portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus Orixás/Inquices/Voduns, sua cultura, e seu idioma, entre 1549 e 1888.

Diz Clarival do Prado Valladares em seu artigo «A Iconologia Africana no Brasil», na Revista Brasileira de Cultura (MEC e Conselho Federal de Cultura), ano I, Julho-Setembro 1999, p. 37, que o «surgimento dos candomblés com posse de terra na periferia das cidades e com agremiação de crentes e prática de calendário verifica-se incidentalmente em documentos e crônicas a partir do século XVIII». O autor considera difícil para «qualquer historiador descobrir documentos do período anterior diretamente relacionados à prática permitida, ou subreptícia, de rituais africanos». O documento mais remoto, segundo ele, seria de autoria de D. Frei Antonio de Guadalupe, Bispo visitador de Minas Gerais em 1726, divulgado nos «Mandamentos ou Capítulos da visita».

Candomblé

Ilê Axé Iyá Nassô Oká - Terreiro da Casa Branca - casa mais antiga de Salvador Bahia

Religiões afro-brasileiras


Princípios Básicos

Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi


Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Quimbanda
Macumba | Omoloko
Tambor-de-Mina | Terecô | Umbanda
Xambá | Xangô do Nordeste
Sincretismo | Confraria


Literatura afro-brasileira
Terminologia
Sacerdotes
Hierarquia


Religiões semelhantes
Religiões Africanas Santeria Palo Arará Lukumí Regla de Ocha Abakuá Obeah



Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião.[1] Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, (Universidade Federal da Bahia) Mapeamento dos Terreiros de Candomblé de Salvador. Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e muitos povos de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente[2]. Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro.

O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo Mundo, como o Vodou haitiano, a Santeria cubana, e o Obeah, em Trinidade e Tobago, os Shangos (similar ao Tchamba [3][4] africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Ourisha, de origem yorubá, os quais foram desenvolvidas independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.

Nações

Barracão de Candomblé em Pernambuco - Foto Clodomir Oshagyian - Recife - Pernambuco.

Os negros escravizados no Brasil pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os yoruba, os ewe, os fon, e os bantu. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.

A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas:

Crenças

Adeptos do Candomblé
(foto: Elza Fiúza/ABr)

Candomblé é uma religião "monoteísta"[6], embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu[7] é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.

Os Orixás/Inquices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas de animais, vegetais e minerais, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia-a-dia dos membros do terreiro, como é o caso do Deus Cristão que na maioria das vezes são confundidos.

O Candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm "qualidades", que podem ser cultuadas como um diferente Orixá/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos Orixás do Ketu podem ser "identificados" com os Voduns do Jejé e Inquices dos Bantu em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.

Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês Xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará. Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.

Sincretismo

No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus Orixás, Inkices e Voduns usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os assentamentos escondidos, segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.

Depois da libertação dos escravos começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do Cristianismo. Crucifixos e imagens eram exibidos nos templos, Orixás eram frequentemente identificados com Santos Católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades caboclos, que eram consideradas pagans como os Orixás.

Mesmo usando imagens e crucifixos inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não sabendo nem o que era isso.

Nos últimos anos, tem aumentado um movimento "fundamentalista" em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos Cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos Africanos.

Templos

Ilê Axé Opó Afonjá.

Os Templos de candomblé são chamados de casas, roças ou Terreiros.

As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:

  • Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou iyalorixá dono da casa e pelo Orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguineos, caso não tenha um sucessor interessado em continuar a casa é desativada. Não há nenhuma administração central.
  • Casas grandes, que são organizadas tem uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade Civil ou Beneficente.
    • Casas de linhagem matriarcal: (só mulheres) assumem a liderança da casa como Iyalorixá.
      • Ilé Axé Iyá Nassô Oká - Casa Branca-Engenho Velho - considerada a primeira casa a ser aberta em Salvador, Bahia
      • Ilê Maroiá Lájié - Mãe Olga de Alaketu - Fundada em 1636 no Matatu de Brotas por Otampé Ojarô
      • Ilé Iyá Omi Axé Iyámase do Gantois - Terreiro do Gantois - Salvador, Bahia
      • Ilé Axé Opó Afonjá - Opó Afonjá - Salvador, Bahia e Coelho da Rocha, Rio de Janeiro
      • Kwe Kpodaba - Asé Podaba - fundado em 1851 - Rio de Janeiro
      • Ilé Omo Oyá Legi - Mesquita, Rio de Janeiro
      • Zoogodô Bogum Malê Rondó - Terreiro do Bogum - Salvador, Bahia
      • Querebentan de Zomadônu - Casa das Minas - fundada +/- 1796 - São Luiz, Maranhão
      • Ile Axé Íyà Atara Magbá - Santa Cruz da Serra - RJ. Fundada e dirigida até hoje por Omindarewa de Yemanja

A lei federal nº. 6.292 de 15 de Dezembro de 1975 protege os terreiros de candomblé no Brasil, contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.

A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório Opele-Ifa ou jogo de búzios. Entretanto a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, e conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. Há somente três ou quatro casas em Brasil que viram seu 100° aniversário.

Hierarquia

No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi, são separados por tipo de iniciação do sacerdócio.

Sacerdócio

Nas Religiões Afro-brasileiras o sacerdócio é dividido em:

Livros

Temas polêmicos

Brasília - Mães de Santo falam na Abertura da Conferência Regional das Américas sobre os Avanços do Plano de Ação contra o Racismo, a Discriminaçâo Racial, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas.
Luta contra o racismo e discriminação religiosa.

Manuel Raimundo Querino foi um abolicionista ferrenho, lutou contra às perseguições existentes aos praticantes das religiões afro-brasileiras que eram rotuladas de religiões bárbaras e pagãs.

Procópio de Ogum teve o seu reconhecimento por ter participado da legitimação da religião do candomblé, durante a perseguição às religiões afro-brasileiras promovida pelas autoridades do Estado Novo. Nesse período, o Ilê Ogunjá foi invadido pela polícia baiana, sob a supervisão do famoso delegado Pedrito Gordo. Procópio foi preso e espancado. O jornalista Antônio Monteiro foi uma das pessoas que ajudou na libertação de Procópio. Tal acontecimento - caso Pedrito - registrou o nome de Procópio na história popular baiana, chegando mesmo a fazer parte de uma letra de samba-de-roda:

"Procópio tava na sala, esperando santo chegá, quando chegou seu Pedrito, Procópio passa para cá. Galinha tem força n'asa, o galo no esporão, Procópio no candomblé Pedrito no facão". (samba-de roda, autor desconhecido)

Brasília - Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial para Políticas de Promoção da Igualdade , com a Baiana Mãe de Santo Raida, na Conferência Regional das Américas.

A intolerância e a perseguição às religiões afro-brasileiras continua [11] até os dias atuais, a Liberdade religiosa constante da Constituição Brasileira nem sempre é respeitada.

  • Cultura yoruba Palestra de Juarez Tadeu de Paula Xavier [12]

Abdias do Nascimento conta em uma entrevista concedida ao Portal Afro: "Os cultos afro-brasileiros eram uma questão de polícia. Dava cadeia. Até hoje, nos museus da polícia do Rio de Janeiro ou da Bahia, podemos encontrar artefatos cultuais retidos. São peças que provavam a suposta deliquência ou anormalidade mental da comunidade negra. Na Bahia, o Instituto Nina Rodrigues mostra exatamente isso: que o negro era um camarada doente da cabeça por ter sua própria crença, seus próprios valores, sua liturgia e seu culto. Eles não podiam aceitar isso."

Homossexualidade

A homossexualidade está presente na maioria das religiões, porém oculta, indiscutivelmente abafada e muitas vezes negada pelos ditos ex-homossexuais.

No Candomblé a homossexualidade é amplamente aceita e discutida nos dias atuais, mas já teve um período que homens e homossexuais não podiam ser iniciados como rodantes (termo usado para pessoas que entram em transe), não era permitido em festas que um homem dançasse na roda de candomblé mesmo que estivesse em transe.

O mais famoso e revolucionário homossexual do candomblé foi sem dúvida Joãozinho da Goméia, que afrontou as matriarcas e ocupou seu espaço tornando-se conhecido internacionalmente. Tiveram muitos outros, mas nenhum conseguiu suplantá-lo em ousadia e popularidade.

Interrupção da gravidez

Nas religiões afro-brasileiras que na maioria são religiões derivadas das religiões tribais africanas, são contra o aborto e um dos motivos é o religioso, o africano vê o filho como a continuação da própria vida, filho é o bem mais precioso que o homem africano possa ter, em consequência disso, foram trazidos para o Brasil alguns conceitos.

  • No conceito social: Amparam e orientam adolescentes e mulheres grávidas.
  • No conceito religioso: Oxum é quem rege o processo de fecundidade, cuida do embrião, evita o aborto espontâneo, não aprova o aborto provocado, mantém a criança viva e sadia na barriga da mãe até o nascimento. Uma mulher quando não consegue engravidar, recorre à Oxum.
  • No conceito jurídico: Só aprova a interrupção da gravidez, nos casos previstos em lei.

Mas como em toda religião, quando acontece uma gravidez indesejada, muitas mulheres procuram soluções alternativas fora dos Terreiros, como: chás, remédios e até mesmo clínicas de aborto.

Em virtude do grande número de abortos clandestinos que são feitos e as inúmeras mortes ocorridas, algumas pessoas estão lutando por essas causas relacionadas às mulheres.

  • Leila Linhares Barsted, (advogada) atua na Comissão Estadual de Segurança da Mulher, que monitora e pressiona o governo em ações como manutenção de abrigos para vítimas de violência e delegacias especializadas.
  • Maria José de Oliveira Araújo (médica) comandou o setor de saúde da mulher da Prefeitura de São Paulo e implementou, pela primeira vez no país, o serviço de aborto em hospitais públicos para os casos previstos em Lei.
  • Silvia Pimentel, (advogada) em janeiro de 2005, assumiu o cargo de vice-presidente da mais alta instância de defesa dos direitos da mulher, o Comitê Cedaw da ONU.
Mudança de hábitos e costumes

As casas de candomblé são frequentadas e habitadas por um número variável de pessoas, pode variar de 20 a 300 pessoas dependendo do tamanho da casa e da ocasião ou do evento. Fora do período de festas na casa só ficam as pessoas residentes, mas nas obrigações e festas além dos residentes virão os outros filhos-de-santo da casa e os visitantes e convidados. Quanto maior o número de pessoas, maior será a preocupação com a higiene e alimentação. Os animais são abatidos e limpos e as comidas são preparadas sempre sob a vigilância da Iyabassê encarregada da cozinha e responsável pela qualidade dos alimentos tanto para os Orixás como para as pessoas.

A maior preocupação nas casas de candomblé e das outras religiões afro-brasileiras sempre foi com as doenças infecciosas principalmente a tuberculose e hepatite, por serem transmissíveis através de copos e talheres, por esse motivo cada filho da casa deve ter seu prato e caneca identificados, iyawos durante o período de recolhimento não usam talheres só passam a usá-los depois da caída de quelê. A higiene com pratos, talheres e copos sempre foi constante. Nos tempos modernos quando já existem os materiais descartáveis ficou um pouco mais fácil de lidar com o problema.

Com o surgimento de novas doenças como HIV ou Aids muitos hábitos e costumes do candomblé tiveram que ser mudados. Na iniciação os Iyawos tinham suas cabeças raspadas e curas feitas por uma única navalha que a Iyalorixá recebia de sua mãe-de-santo quando da posse do cargo, isso passou a ser feito com mais cuidado, adotando-se navalhas individuais ou descartáveis.

Um dos maiores problemas enfrentados nas casas de candomblé tem sido com a dengue, principalmente nas regiões onde os focos do mosquito estão sendo combatidos. Os potes de abô (infusão de folhas sagradas) foram esvaziados para evitar possível proliferação do mosquito, os banhos são preparados com água e folhas frescas e usados imediatamente.

Referências

Ver também

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Ligações externas